PodTEXT Vamos a Contas | Posso pedir o meu salário em duodécimos?

Escrito por Inês de Almeida Fernandes

04.05.24

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9 min de leitura

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O podcast de sempre, agora mais inclusivo!

Como a literacia financeira é um aspeto fundamental para a boa gestão das finanças pessoais, os podcasts do Contas-poupança tornam-se agora mais inclusivos e passarão a ser publicados também em texto, nomeadamente para incluir a comunidade surda, pessoas que – não sendo surdas – têm dificuldades auditivas e, claro, todos os que ainda não perceberam como funcionam os podcasts ou que simplesmente preferem ler. Estamos também a trabalhar a possibilidade de traduzir o podcast para Língua Gestual Portuguesa, mas essa vai demorar mais tempo.

É o seu podcast de sempre, mas a partir de agora pode escolher lê-lo ou ouvi-lo. Aguardo as vossas criticas e sugestões.

Posso pedir o meu salário em duodécimos?

[Introdução]

[Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais e este é o Vamos a Contas, um episódio bónus, especial e semanal, do Podcast do Contas-poupança. Respondo às vossas perguntas em áudio que enviaram para o número do Whatsapp 92 775 37 37. A sua pergunta é muito importante. Vamos à dúvida desta semana?

[Bruno, ouvinte do podcast]

Olá, Pedro! Obrigado pela sua disponibilidade em ensinar tanta coisa boa a nível financeiro a leigos como eu. Pedi à minha entidade patronal para me começar a pagar o subsídio de férias e de Natal em duodécimos, em vez de receber em julho ou em dezembro um salário extra. Com esse dinheiro, quero fazer um investimento com esse valor a seis ou 12 meses de preferência.

Se recebo mil euros em julho e mil euros em Dezembro, significa que recebo dois mil euros a mais no ano, com os descontos e etc. Se conseguir ter esses dois mil euros a render até ao final do ano, se calhar desses dois mil euros já tenho alguma rentabilidade. Basicamente, quero tornar os duodécimos em investimento, à parte do fundo de emergência, para o qual já estou a poupar. Obrigado!

[Pedro Andersson]

Olá, Bruno! Obrigado por esta excelente pergunta. Se calhar até há pessoas que não sabem que podem fazer isso. Quando falamos de duodécimos é uma possibilidade prevista na lei em que vai ter com os seus recursos humanos e vai pedir para, em vez de receber o subsídio de férias e o subsídio de Natal nos meses respetivos, não recebe esse valor, mas divide-o por 12. Portanto, começa a receber o subsídio de férias e o subsídio de Natal de 1/12 em janeiro e 1/12 em fevereiro e assim sucessivamente.

Portanto, no caso mencionado pelo Bruno, fazendo as contas a mil euros de cada um dos subsídios, o valor total é de dois mil euros. Somando os dois, dá os tais dois mil euros, que a dividir por 14 meses – porque o valor dos subsídios corresponde aos dois meses extra por ano que se recebe –, dá cerca de 166 euros a mais por mês. Esta possibilidade é uma alternativa para famílias que estão com dificuldades financeiras para gerir o dia-a-dia. Só que obviamente, como já está a prever, não vai ter naqueles dois meses aquela “prenda”.

Depois, às tantas, sabe-lhe bem receber mais todos os meses, mas depois chega ao verão e ao Natal e está a contar com aquele dinheiro, porque já contou com ele durante décadas, e depois vai sentir a diferença porque já o recebeu e já o gastou com outras despesas.

Mas parabéns ao Bruno pela pergunta, porque revela que é uma pessoa racional, que faz contas, que faz planos e que tem sempre o radar ligado, como costumo dizer, para pôr o seu dinheiro a crescer. Isso é extraordinário. Essa é a grande mudança de chip que nós, enquanto consumidores e cidadãos, temos de começar a fazer. Como é que ganho dinheiro com o dinheiro que já ganho? Se ganhar mais, melhor ainda, porque posso ganhar mais dinheiro com esse dinheiro que já ia ganhar.

Portanto, é melhor ter esse dinheiro disponível desde janeiro do que apenas em junho, no caso do subsídio de férias, porque pode pôr o seu dinheiro a render durante seis meses, até ao momento em que deveria recebê-lo todo junto. Portanto, parabéns, esse é o primeiro ponto.

Onde investir esse valor?

Agora, respondendo diretamente à sua pergunta, 166 euros por mês para investir já é um valor bastante razoável e às vezes as pessoas não têm a visão global, mas esse valor por mês, ao fim de um ano ou vários anos já é um valor muito relevante. A questão é: onde pôr esse dinheiro?

Temos duas alternativas. A primeira é colocar isso em produtos com capital garantido. Depósitos a prazo, normalmente têm valores de subscrição elevados e não permitem reforços, portanto, é isso, pôs lá aquele dinheiro, seja muito ou pouco, mas não acontece nada a não ser que no fim do prazo lhe devolvem o dinheiro para a sua conta a ordem. Portanto, para este tipo de reforços constantes, vejo como primeira opção os certificados de aforro, porque a partir de dez euros já pode fazê-lo.

A primeira vez que faz um certificado de aforro da série F tem de ser 100 euros, mas a partir desse momento em que faz a primeira subscrição, depois já bastam apenas 10 euros para reforçar. Portanto, famílias que só conseguem poupar 15 ou 20 euros por mês, podem perfeitamente pôr esse valor em certificados de aforro e não têm de ir aos Correios presencialmente, embora possam fazê-lo. Basta fazer isso online e não há problema nenhum, através do aforronet.igcp.pt, basta criar um username e uma password e depois, através dessa ferramenta pode pôr lá a partir de 10 euros todos os meses. Já testei e funciona, portanto, é uma boa alternativa.

Em vez de pôr 10 ou 20 euros por mês, pode pôr os tais 166 euros todos os meses em certificados de aforro e passados três meses já pode utilizar esse dinheiro. Ou seja, o dinheiro começar a ficar disponível três meses depois de cada um dos reforços que for fazendo, o que é a uma excelente alternativa para ter o seu dinheiro disponível e a render ao mesmo tempo.

Agora, se quiser optar por produtos que têm uma maior rentabilidade histórica, aí tem de abdicar do capital garantido. Aí não há hipótese, porque já estamos a falar do seu perfil de investidor. Se isso não lhe fizer confusão e perceber que esse dinheiro vai oscilar ao longo do tempo, vai haver alturas em que vai haver lá mais dinheiro, muito mais do que aquilo que lá pôs, e alturas em que vai haver menos ou muito menos do que aquilo que lá pôs, é muito bom ter esse dinheiro disponível para investir.

Como já vos disse várias vezes, para os meus filhos ponho 50 euros por mês para cada um num fundo PPR, desses que andam para cima e para baixo, e têm tido rendimentos muito simpáticos, apesar de já ter passado por esta crise da guerra da Ucrânia e da guerra de Israel, da inflação, etc. Portanto, nessa altura, o valor que lá estava para eles esteve negativo, mas agora já está positivo outra vez e com um valor muito simpático.

Certamente virão próximas crises, mas o que é que faço mesmo que haja crises? Continuo a pôr lá exatamente o mesmo valor e tenho pena até de não conseguir pôr mais quando há crises, porque esse dinheiro depois vai crescer mais do que os outros valores mensais que vou pondo quando aquilo está em alta. Portanto, como é uma coisa a muito longo prazo, a 10, 15, 20 anos ou mais, se eles não resgatarem e continuarem a alimentar essa ferramenta de investimento quando começarem a trabalhar. Poderá resultar se acontecer o mesmo que aconteceu no passado, mas ninguém lhe pode garantir que isto vai acontecer no futuro.

Portanto, para terminar a resposta ao Bruno, se optar por ferramentas sem capital garantido, tem fundos PPR, tem ETF, em que sugiro SP 500 para começar, pode encontrar em todas as corretoras. Há um episódio mais lá para trás sobre ETF, basta pesquisar no motor de busca da plataforma em que estiver a ouvir e encontra a minha explicação sobre isso. Tem também fundos de investimento nos vários bancos, onde provavelmente tem conta e em bancos de investimento especificamente. Tem vários bancos mais ligados a estas áreas em Portugal. Tem o Activobank, tem o BIG, tem o Best, tem o Banco Carregosa, enfim, tem vários bancos especializados nessa área.

Tem ações, mas é mais arriscado e não lhe quero dizer para ir por aí, porque há várias coisas que tem de saber antes de ir por esse caminho. Não tem nada de mal, mas se pensar nisso, sugiro que se informe muito bem e perceba quais são as oscilações do mercado e volatilidade do mercado de capitais. Mas lá está, com 166 euros por mês já tem várias alternativas com e sem capital garantido para pôr o seu dinheiro a crescer.

Portanto, parabéns pela sua pergunta e pela sua ideia que faz todo o sentido. Tudo vai depender agora do seu perfil e dos objetivos que tem para esse dinheiro e a quanto tempo. Ou seja, perfil, montante e prazo são as questões fundamentais que tem de definir bem antes de escolher a ferramenta onde vai fazer esse investimento regular.

Muito obrigado por enviarem as vossas perguntas em áudio para Whatsapp do Contas-poupança que é 92 775 37 37. Não se esqueça de subscrever este podcast, de partilhar com outros, de acionar o sininho e de continuar nestas boleias financeiras. Tem sido um prazer saber que vocês estão aí desse lado.

Boas poupanças!

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Aproveite a minha boleia financeira (gravo em áudio uma “conversa” no carro enquanto faço as minhas viagens e faço de conta que você vai ali ao meu lado) e veja como pode aumentar-se a si próprio. São uma espécie de programas de rádio para escutar enquanto faz outras coisas. Subscreva o podcast na plataforma em que estiver a ouvir para ser avisado sempre que houver um episódio novo. Não estranhe ouvir o motor do carro, buzinadelas e o pisca-pisca. Faz parte da viagem.

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