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PodTEXT | Não seja enganado com as promoções da Black Friday

Estamos na semana da Black Friday. Por todo o lado há publicidade às promoções e a descontos imperdíveis. Por isso, deixo já este alerta: prepare-se para resistir à tentação que leva muitos portugueses a gastar mais do que deviam nesta altura do ano. 

Embora algumas destas promoções possam realmente valer a pena, muitas são apenas campanhas normais, ou até enganadoras. Como garantir que está realmente a fazer boas compras? Vou deixar-lhe aqui algumas dicas essenciais.

PodTEXT | Não seja enganado com as promoções da Black Friday

[Introdução - Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e aproveito as minhas viagens de carro para falar consigo sobre dinheiro. Esta semana, é oficialmente Black Friday.

Embora considere que a maior parte de vocês já está preparado para lidar com as tentativas das empresas para que façam compras por impulso, não compras inteligentes, vão estar a apelar a todos os nossos sentidos para nos levar a gastar dinheiro. Portanto, vou recordar dicas essenciais para fazermos compras inteligentes.

Como sabe, não tenho nada contra a Black Friday, ou seja, todas as oportunidades que tivermos de fazer compras ao menor preço possível, acho que são de aproveitar. Nunca me ouvirá dizer mal da Black Friday. E as empresas, instituições e todos os vendedores farão o seu máximo para que você lhes compre coisas, não apenas na Black Friday, mas ao longo de todo o ano, porque é disso que eles vivem.

Aquilo que quero sempre sublinhar é que quem tem de ter cuidado somos nós, os consumidores. O dinheiro é seu, custa-lhe a ganhar, portanto, só vai gastar – e este é o princípio fundamental das finanças pessoais –, nas coisas que quer e precisa, mas sempre ao melhor preço possível.

Se esse preço mais baixo estiver na Black Friday, aproveita. Se esse preço mais baixo não estiver na Black Friday, é simplesmente sorrir e acenar e esperamos por outra oportunidade em que possamos comprar aquilo que queremos ao preço que estamos dispostos a pagar. Vou, então, recordar dicas muito simples para aumentar a nossa literacia financeira.

O primeiro ponto é definir exatamente o que lhe faz falta. O facto de haver uma Black Friday não significa que vá fazer boas compras. Uma compra que você faça, mesmo que tenha 70% de desconto, valor que já deveria fazer-nos desconfiar, é dinheiro que vai sair do seu bolso e que já não volta e vai ficar com uma coisa que, se não precisa, é um desperdício de 100%.

Portanto, a minha dica essencial para todo o ano é criar uma folha de Excel ou uma folha num caderninho, onde quiser, com todas as coisas de que precisa e que quer comprar ao longo dos próximos meses. Basta isso para mudar completamente a sua filosofia de consumo.

Imagine que precisa de substituir um eletrodoméstico que se estragou, claro que a Black Friday pode ser uma possibilidade para conseguir algo mais barato, mas ainda assim deve procurar sempre saber quanto custavam essas coisas antes da Black Friday, para ter a certeza de que vai mesmo fazer uma compra que vale a pena.

Mas regressando à lista, é importante termos essas coisas que queremos ou precisamos de comprar apontadas, mas também uma lista de coisas fixas que precisamos de comprar todos os anos. Por exemplo, prendas de aniversários ou Natal, convém ter essas datas apontadas e ir pensando no que precisa de comprar para quem nessas datas. Mesmo que seja uma prenda que só vai dar no ano que vem, se encontrar realmente uma boa oportunidade na Black Friday, pode já comprar e até com poupança.

O critério é só este. Na Black Friday, ou noutra circunstância, é comprar abaixo do preço normal de mercado. O ideal até era fazer isto com o seu companheiro ou companheira, o seu cônjuge, ou até com os seus filhos. Se os seus filhos querem comprar uma determinada coisa pode ver se poderá fazer sentido avançar com essa compra nesta altura ou não.

Outro ponto importante é, as compras em promoção, nesta data ou noutras, não podem nunca prejudicar o seu orçamento. Por isso é que deve estabelecer o valor que pode gastar nestas alturas. Assim já sabe que se gastar mais do que esse valor que definiu, vai estar a prejudicar o seu orçamento futuro, porque o pior que pode acontecer é aproveitar agora montes de promoções e ficar supersatisfeito consigo próprio, mas daqui a uns meses, quando tiver alguma despesa inevitável, não vai ter dinheiro porque gastou na Black Friday.

E neste tipo de situação, não poupou nada, prejudicou foi o seu eu futuro. É isto que quero que vocês percebam: não há nenhum problema em gastar dinheiro, desde que não prejudique o seu orçamento mensal e anual.

Outra coisa, voltando um bocadinho à questão de acompanhar os preços, é, quando já sabe que quer comprar uma determinada coisa, verifique os preços que teve nas semanas ou meses anteriores à promoção que está anunciada. Isto, mais uma vez, tanto vale para descontos da Black Friday como para outros saldos quaisquer.

Pode utilizar comparadores de preços para poder ver as flutuações dos últimos meses ou, pelo menos, dos últimos 30 dias. Isto porque, de acordo com a lei, a promoção deve ser feita em comparação com o preço mais baixo registado nos últimos 30 dias.

O que é que a experiência mostra? Que há algumas empresas que não fazem isso e colocam o desconto sobre o preço de venda ao público recomendado, que é o preço que a empresa que fabrica o produto diz que é o preço normal. Portanto, nós consumidores é que temos de estar atentos e só cada um é que sabe aquilo que quer comprar e o preço que está disposto a dar.

Depois, nesta semana e na Black Friday propriamente dita, tem de comparar os preços entre as várias lojas. Porque se um equipamento está com 40% de desconto, mas custa 50 euros, pode haver outra loja ao lado em que o desconto é só de 20%, mas custa 30€. Nada disto é uma coisa rigorosa. Vai ter mesmo de trabalhar para poupar. Ir a várias lojas, ver vários preços até que encontra, ou não, um preço que seja razoável.

Atenção a outro detalhe muito importante, que é confirmar as políticas de devolução. Já me aconteceu fazer uma boa compra, na minha opinião, na Black Friday depois verifiquei que não cabia no sítio em que pretendia colocar. O erro foi meu, claro, mas quando fui para devolver – porque tinham-me dito que podia devolver –, afinal a devolução só era possível em cartão ou talão, o que me obrigava a comprar outra coisa naquela loja que eu não queria.

Portanto, tenha mesmo a certeza de que precisa do produto, porque às tantas tem outras coisas lá em casa que substituem aquilo que quer comprar. Se calhar em termos de roupa não precisa realmente porque na arrecadação tem um casaco parecido ou um equipamento parecido que faz com que a sua compra seja um prejuízo de 100%. Veja a sua conta bancária antes de fazer compras para ter mesmo a certeza de que não está a gastar dinheiro que realmente precisa.

Evite compras impulsivas. Não é por estar com 50% de desconto que faz com que a compra seja inteligente e racional. Não faça compras para diminuir a sua ansiedade, para reduzir o seu stress, para se sentir mais satisfeito, para se compensar do seu cansaço, porque depois vai sentir novamente essa ansiedade, ou até pior, porque descobriu que afinal continua com a mesma ansiedade e com menos dinheiro.

Tenha em atenção um outro pequeno detalhe que ouço poucas vezes falar, que é, normalmente, quando fazemos uma compra de um eletrodoméstico, propõe-nos sempre uma extensão de garantia. Nada contra, mas aumenta o valor do produto e provavelmente acaba a comer completamente o desconto que teve, porque o que não pagou a mais no produto, pagou a mais em extensão de garantia.

Volto a dizer, nada contra estender garantias, mas repare, três anos são suficientes para ver se o aparelho tem algum defeito de fabrico ou não. Avalie bem estas situações. Se achar que vale a pena, força, avance, mas se tiver dúvidas, não seja impulsivo.

Há outra coisa a que deve ter atenção: produtos com descontos muito grandes, como telemóveis por exemplo, por vezes estão prestes a ser descontinuados porque vai sair outro modelo. Antes de avançar, verifique mesmo se não se trata de um modelo que vai acabar, porque ter desconto não significa que seja bom. Queria dar-lhe também uma dica suplementar que não ouço falar muito, são assinaturas.

Isto é, normalmente, quando pensamos em Black Friday, associamos mais a produtos eletrónicos ou outro tipo de bens, mas uma coisa que pode valer muito a pena nesta altura é rever as despesas que tem anualmente com assinaturas. Por exemplo, revistas, sites, jogos, às vezes aproveitando esta altura para rever ou fazer novas subscrições, consegue preços melhores.

E até com os bancos isto acontece, porque as empresas, por causa do marketing, quase são obrigadas a apresentar qualquer coisa para a Black Friday. E, portanto, por exemplo, créditos de bancos ou depósitos a prazo bancários feitos neste dia podem trazer pequeninas vantagens, ou grandes vantagens, para poupar dinheiro daí para a frente. Nem tudo são coisas para pôr numa prateleira ou em cima da bancada.

Além disso, tenha muita atenção às burlas. As Black Fridays são uma mina para os burlões que criam páginas falsas, iguaizinhas às originais, às empresas verdadeiras, e nesta altura é ainda mais propício. Nunca ponha o número do seu cartão de crédito verdadeiro na internet, em vez disso, vai ao homebanking ou ao MB Way e cria um cartão de crédito virtual, ou um cartão de pagamento virtual temporário, só para essa compra. Assim, se perder o dinheiro, não perde tudo, só perde o dinheiro dessa compra e não vão à sua conta ou ao seu cartão de crédito e tiram-lhe o plafond todo.

Idealmente, faça sempre esta pergunta a si próprio: se esta coisa que estou a pensar comprar não estivesse em promoção, comprava na mesma? Se não comprava, não compre só porque está em promoção. Analise o impacto de cada compra que fizer nesta altura nos seus objetivos financeiros para o ano completo. Se há uma coisa que quer comprar daqui a uns meses, este dinheiro que agora vai gastar vai atrasar esse objetivo que se calhar é mais importante.

Pense sempre nisto. Racional e não emocional. Depois, se verificar que o desconto não foi bem feito ou que não era exatamente aquilo que lhe tinham dito, não se esqueça de reclamar. Porque também conheço muitas pessoas que tiveram situações assim, mas depois não quiseram dar-se ao trabalho de ir reclamar. Por favor, o dinheiro é seu, portanto, já que teve o trabalho de a comprar, tenha o trabalho de reclamar para que as coisas sejam exatamente como lhe prometeram ou como estava convencido de que seria.

Uma dica adicional, e isto sim são compras inteligentes, é aproveitar a Black Friday para fazer compras de consumíveis caros como, por exemplo, tinteiros de impressora. São caríssimos. Se vir uma promoção e estiver a precisar de comprar, avalie com base em tudo o que já falamos, e se estiver tudo ok, aproveite para comprar. São coisas que são muito caras e que, se for possível comprar mais quantidade e mais barato, é de aproveitar.

E não se esqueça de procurar oportunidades de Black Friday nas grandes empresas de retalho, mas também no comércio local. Até porque, muitas vezes, no comércio local consegue melhores preços, não só no dia-a-dia, mas também na Black Friday. E qual é a vantagem do comércio local? Tem uma maior atenção, vão lá entregar a casa, pode tirar mais dúvidas, enfim, pelo menos eu tenho tido sempre boas experiências com o comércio local.

Por último, para acabar em beleza, não se esqueça de que a maior poupança é não comprar, se não precisar realmente. Aí a poupança é de 100%. É o mais eficaz. A segunda melhor é comprar em segunda mão. Há coisas novas que nunca foram usadas e que estão à venda nas diversas plataformas na internet. Portanto, se quer comprar uma coisa, veja se o consegue comprar em segunda mão. E já que estamos a falar em segunda mão, pode aproveitar para fazer o oposto, que é vender aquilo que já não precisa e ainda ganhar algum dinheirinho.

Portanto, dei-lhe aqui várias sugestões para aproveitar a Black Friday de forma inteligente. Dizem que a Black Friday é a Black Fraude, que é para enganar as pessoas, mas não considero isso. Ou seja, acho que as empresas, as que acharem que são espertinhas, vão ser prejudicadas.

Não só a ASAE anda em cima disso, como os consumidores estão cada vez mais bem informados, felizmente. Reclamar também é cada vez mais fácil e cada vez mais público, qualquer pessoa pode fazer queixa e qualquer pessoa pode ler a queixa nas vias online, por exemplo.

Agora, fazer um preço e colocar um preço e fazer um cartaz a dizer que tem uma promoção não é ilegal nem é enganar as pessoas. Eu é que me posso sentir enganado por mim próprio por estar a fazer uma compra que depois verifiquei que podia ter sido melhor. Mas fui eu que comprei, fui eu que decidi. Fui eu que passei o multibanco na caixa, fui eu que tirei o dinheiro da carteira e paguei. Portanto, só eu sou responsável. E gostava muito que todos nós fôssemos cada vez mais responsáveis e usássemos o nosso dinheiro com responsabilidade para vivermos cada vez melhor.

Muito obrigado por me ter acompanhado em mais este episódio do podcast. Vamos continuar a fazer compras inteligentes, a poupar, a investir, a viver melhor com o mesmo dinheiro ou até, em alguns casos, conseguir maneiras de termos mais dinheiro. Nós é que mandamos no nosso dinheiro e nós somos os generais das nossas tropas financeiras.

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