[Introdução - Pedro Andersson]
Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e aproveito as minhas viagens de carro para falar consigo sobre dinheiro. Estamos a terminar 2025, ou seja, quando estou a gravar estamos a terminar 2025. Há a possibilidade de estar a ouvir este episódio já em 2026, mas, em todo o caso, é muito importante, quando chegamos ao fim do ano, fazermos uma retrospectiva e tirarmos lições que sejam úteis.
Estive aqui a matutar naquilo que aprendi, no que aconteceu no mundo, em Portugal e a mim, na minha vida pessoal, e que possa transportar para 2026 para melhorar a minha vida financeira.
Em primeiro lugar, o mundo continua muito confuso e muito instável. Isto já tinha acontecido em 2024 e nos anos anteriores. Parece que há um crescendo da instabilidade, da insegurança e de uma falta de padrões nos acontecimentos mundiais e nas decisões que vão sendo tomadas que nos afetam.
O ano de 2025 não foi exceção. Isto a nível geopolítico, guerras, conflitos entre países, decisões que alguns de nós têm dificuldade em compreender, mas que afetam a economia mundial e até em alguns casos nos afetam individualmente. Esta primeira lição é apenas para constatar que é preciso, é urgente e fundamental, termos um fundo de emergência robusto. Isto é absolutamente fundamental.
Isto quer dizer que quem não tiver um fundo de emergência de seis meses ou um ano de todas as suas despesas continua a estar em risco grave. O risco de acontecer uma crise que volte a trazer uma grande instabilidade é possível. Isto pode afetar os nossos empregos, por exemplo.
Ter um fundo de emergência é essencial. Podemos ter uma quebra brutal e todos os nossos rendimentos passam a estar em risco, isto já para não falar de situações individuais, de saúde, de uma tragédia em que se perde alguém, em que falhamos à nossa família. Esta instabilidade mantém-se.
Portanto, primeira lição, tenha o seu fundo de emergência. Comece a fazê-lo e complete-o. Estamos a falar, vamos arredondar, de cinco mil euros ou 10 mil euros e de completar esses valores o mais depressa que conseguir, demore o tempo que demorar.
A segunda lição que tiro de 2025 em relação à realidade portuguesa, é que subiram os valores dos créditos pessoais e dos créditos em geral. Isto aplica-se aos valores de créditos pessoais, portanto, pessoas que pedem dinheiro emprestado pelos mais variados motivos. Não vamos discutir se são relevantes ou não.
Para mim é escandaloso, por exemplo, fazer um crédito para ir de férias. Isso é uma coisa que para mim não faz sentido. Fazer um crédito para comprar um telemóvel de gama alta para mim é uma coisa que também me faz muita confusão. Tudo isto para mim é muito confuso e acho que é estarmos a cavar um buraco, mas cada um faz o que muito bem entender.
Obviamente há pessoas que estão a fazer créditos para fazer obras em casa, para comprar coisas que precisam, crédito automóvel para comprar um carro, é uma questão de verem se precisam mesmo de comprar um carro novo ou se poderiam fazer o mesmo um crédito, mas para comprar um carro seminovo.
Mas o crédito à habitação, meus amigos, isso é uma bomba-relógio. E quero alertar para isto mais uma vez, sendo que não tenho uma solução para esse problema. As pessoas precisam de comprar casa, os jovens solteiros e casais jovens precisam de uma casa para morar, mas uma casa “normal” custa 400 mil euros, 300 mil euros. Isto significa que estão a começar a vida com um crédito inimaginável há cinco ou 10 anos o que, consequentemente, significa que vão começar a vida com uma prestação altíssima para o resto da vida.
E embora, neste momento, a prestação esteja estável – e essa é a outra lição que podemos tirar deste ano –, as descidas da Euribor estancaram e já há uma ligeiríssima subida. Se agora tem uma prestação de 800, 900, 1000, 1100, 1200 euros, e se é comportável neste momento com sacrifício, se a Euribor subir para 3%, essa prestação vai subir para 1500, 1700, dois mil euros. Atenção a isso.
A lição que devem retirar desta situação é evitar compromissos deste género, mas, se for necessário fazê-los, então comecem conscientemente a amortizar o mais depressa possível esses créditos, para que caso haja subidas da Euribor no futuro, porque vão acontecer, o impacto seja menor.
E também quem já tem créditos agora deve aproveitar para renegociar os créditos de habitação e todos os créditos que tem e também pensar em transferir se encontrarem soluções melhores. As taxas de juro estão estabilizadas, mas já pararam de cair, pelo que devemos precaver-nos para o futuro.
A terceira lição tem a ver com a idade legal da reforma, que voltou a subir. Já estamos a falar de quase 67 anos. Isto quer dizer, e esta é a parte boa, que estamos a viver mais, há um aumento da experiência de vida, mas, por outro lado, torna ainda mais urgente a preparação da reforma. Esta é outra lição.
É cada vez mais importante começarmos a preparar a reforma o mais cedo possível, com produtos financeiros de vários tipos. Pode ser um PPR, pode ser ETFs, podem ser fundos de investimento, etc. No entanto, já sabe que o fundo de emergência é para estar em certificados de aforro ou depósitos a prazo mobilizáveis que, idealmente, rendam pelo menos o valor da inflação.
Mas para ganhar de facto dinheiro e ter 100 mil, 200 mil, 300 mil euros quando chegar à idade da reforma, não há outra forma, a menos que tenha rendimentos altíssimos, senão investir arriscando um pouco mais e sabendo o que faz. É por isso que a literacia financeira é fundamental, para que possa dar esse passo.
Eu estou a continuar a dar esses passos, que já iniciei há cerca de cinco anos, e até ao momento tenho tido bons resultados. Não quer dizer que vá continuar a ter bons resultados, mas não estou nada arrependido de ter iniciado esse caminho do investimento.
E assim chegamos à quarta lição: os mercados sobem e descem. Se olharmos para 2025, no princípio do ano os mercados estavam lá em cima e tudo parecia fabuloso, mas de repente vieram as tarifas do presidente Trump e os mercados vieram por aí abaixo. Houve quedas de cerca de 20% nos mercados, que afetam obviamente os ETFs, afetam os fundos PPR, afetam todos os investimentos que estão relacionados com as bolsas.
O que é que eu fiz nessa altura? Tal como vos tenho vindo a dizer, pus mais dinheiro. Primeiro porque o tinha, porque tendo a nossa vida organizada conseguimos ter o tal fundo de oportunidade. Neste momento, de forma genérica, já estou a crescer mais do que antes dessa queda em abril. Portanto, não esquecer que os mercados sobem e descem constantemente.
Outra coisa que, a nível pessoal, posso partilhar convosco é que aproveitei o facto de o ouro estar a subir de forma inusitada e resolvi investir em fevereiro em dois ETFs relacionados com ouro. A minha conclusão, que vale o que vale, é que estou a ganhar 80% no ETF das empresas mineradoras de ouro. Reparem, em 10 meses, imaginem que eu tinha investido 10 mil euros, teria ganho oito mil euros e assim proporcionalmente.
No ETF do ouro mesmo, do ouro físico, que na verdade não se chama ETF, chama-se ETC, porque em vez de ser um Traded Fund, é um Traded Commodity, estou a ganhar 30% ou 40% em 10 meses.
Qual é a lição que aproveito para partilhar? É que devemos aproveitar as oportunidades quando elas surgem, obviamente correndo o risco de não correr como estávamos à espera. Por isso é que devemos ter sempre uma pequena margem de manobra, um pequeno fundo de maneio, para aproveitar os investimentos quando eles acontecem.
Agora, o meu problema, que é aquilo a que chamo problemas bons, é quando é que decido liquidar e vender esses ETFs e realizar mais valias. A minha vontade era já tê-lo feito, mas como vos expliquei num artigo, ainda não o fiz para fins pedagógicos. Ou seja, ainda não o fiz para poder partilhar convosco, arriscando perder dinheiro no futuro ou não ganhar tanto.
A quinta lição é que a inflação está estabilizada, isto é, estabilizou em 2025 e continua à volta dos 2%. Anda a subir e a descer em Portugal, mas aquilo que dá para entender é que a instabilidade continua a ser tão grande que a qualquer momento a inflação pode subir. A economia portuguesa é muito dependente do que acontece lá fora e, portanto, se houver um aumento da inflação no mundo ou na Europa, vamos ser muito impactados.
Surge, assim, mais uma vez a necessidade de pormos o nosso dinheiro em ferramentas que rendam pelo menos a inflação para estarmos protegidos. Porque se tivermos o nosso dinheiro quietinho, numa gaveta ou numa conta à ordem, quando a inflação subir, esse dinheiro vai desvalorizar ainda mais rapidamente e vamos conseguir comprar menos coisas. A opção de deixar o dinheiro parado é quase criminosa em relação a nós próprios.
Em resumo, é muito importante percebermos que o mundo continua muito confuso. A forma de darmos a nós próprios alguma estabilidade é termos as nossas finanças pessoais controladas, saber o que ganhamos todos os meses e quanto gastamos todos os meses e, obrigatoriamente, termos uma pequena margem de lucro na nossa empresa individual. Todos nós somos empresários em nome individual. Temos de gerir a nossa família como uma empresa.
É imprescindível evitar dívidas, evitar créditos, sobretudo com juros altos, investir com disciplina, tentar escolher sempre produtos que rendam o máximo possível, mesmo que seja pouco. E não ter medo de procurar informações sobre como funcionam os produtos, ou seja, sobre como aumentar a nossa literacia financeira.
Temos de começar a preparar a nossa reforma o mais cedo possível, a nossa e dos nossos filhos, caso tenhamos essa oportunidade, e manter sempre o fundo de emergência, porque vamos precisar dele, só não sabemos quando.
Estas foram as principais lições que retirei de 2025. Espero que 2026 seja um ano em que possamos manter as nossas finanças pessoais controladas e, de preferência, melhorá-las. Espero que consigamos encontrar ferramentas de investimento ou de negócio que nos permitam ter uma vida equilibrada e fazer crescer o nosso património ao longo do tempo, tendo em conta os nossos objetivos a médio e longo prazo.
Muito obrigado por me terem acompanhado em mais esta boleia financeira. Juntos vamos encontrando maneiras de continuarmos neste caminho, porque é possível, com cabeça, termos uma vida financeira sem ansiedade.
Boas poupanças!
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Em Portugal, ficou mais claro que ter uma reforma digna e a garantia de um Estado Social que resolve todos os problemas continua a ser uma miragem. Se nada mudar de forma estrutural, poupar e investir para o futuro não é uma opção — é uma obrigação.
Os mercados financeiros oscilaram ao longo do ano: subiram, corrigiram e voltaram a subir, enquanto alguns ativos mais especulativos continuaram em queda. A lição repete-se, mas muitos insistem em ignorá-la: diversificar é essencial e só faz sentido investir no que se compreende, usando apenas dinheiro que não faz falta no dia a dia.
2025 também mostrou que ganhar mais não significa, automaticamente, ficar melhor. Houve quem aumentasse rendimentos e ficasse mais frágil financeiramente, e quem ganhasse o mesmo e reforçasse a sua segurança. A diferença esteve, muitas vezes, nas decisões: saber comparar, questionar, ler contratos e perceber riscos teve mais impacto no património do que aumentos salariais ou bónus pontuais.
Veja como pode aprender das lições de 2025 para ter um 2026 melhor. Boas poupanças!
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