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PodTEXT | Fundos de investimento: o que são e como funcionam para ganhar dinheiro?

Ao longo do tempo, já vos falei sobre muitos tipos de investimento. Falei-vos sobre PPR, ETF, ações, criptomoedas, mas há muito tempo que não vos falo sobre outra ferramenta que são os fundos de investimento. Será que tenho alguma coisa contra os fundos de investimento? Será que são maus? Nada disso! Neste episódio, explico quais são as características dos fundos de investimento: como são fáceis de subscrever no seu banco e também quais são os cuidados que deve ter se decidir investir neste tipo de ferramenta financeira.

PodTEXT | Fundos de investimento: o que são e como funcionam para ganhar dinheiro?

[Introdução - Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e aproveito as minhas viagens de carro para falar consigo sobre dinheiro. Faço de conta que vai sentado ou sentada aqui ao meu lado e juntos vamos encontrando maneiras de ganharmos mais dinheiro com o nosso dinheiro.

Ora, no episódio de hoje quero falar-vos sobre fundos de investimento. É um tema que já não abordo há vários anos e que vem na sequência de uma pergunta vossa. Quero dizer-vos que foi por aí que comecei a minha saga de mini investidor, porque, como já vos contei várias vezes, para mim arriscar um cêntimo que fosse era quase um crime para a minha família.

Acontece que na altura das reportagens do Contas-poupança, isto já foi há vários anos e numa altura em que os depósitos a prazo estavam a render zero ou quase zero, havia tantas perguntas vossas a questionar qual era a alternativa para colocar dinheiro, que fui investigar.  

Falei com vários especialistas, felizmente enquanto jornalista tenho essa vantagem, e todos me disseram que a forma mais simples de começar a investir é com os fundos de investimento. Não são os mais rentáveis, pelo menos em média, mas é a forma mais simples de começar e de ganhar mais do que com os depósitos a prazo ou os Certificados de Aforro.

Então falei com especialistas da DECO, falei com especialistas em vários bancos e mostraram-me, explicaram-me porque eu não sabia, o que é que era um fundo de investimento. A ideia que tinha é que um fundo de investimento era uma espécie de empresa de gente muito rica que compra e vende coisas e ganha dinheiro com isso. Pronto, era essa a ideia errada que tinha, embora também haja esses fundos de investimento, como é óbvio.

Então, o que me ensinaram foi que um fundo de investimento é um produto financeiro. Imagine que é um depósito a prazo, mas que se mexe. Enquanto o depósito a prazo que conhecemos é aquela taxa fixa e ao fim de três meses, seis meses, um ano, dois anos, três anos, cinco anos, rende aquilo e vai o dinheiro para a nossa conta, é comprar na mesma um depósito a prazo, mas em que o valor varia todos os dias.

Sei que para quem sabe bem como isto funciona, a comparação pode parecer ridícula, mas estou a tentar explicar de forma simples e também deixar claro que é algo que pode fazer no seu banco. Não é preciso abrir conta numa corretora, embora possa fazer isso, mas para quem quiser experimentar também este produto financeiro, pode ser no banco, mesmo que seja caro em termos de comissões.

Neste momento estamos a falar de literacia financeira e não de ficar rico. E vai na mesma ganhar dinheiro, muito mais, em princípio, do que num depósito a prazo ou em Certificados de Aforro, desde que estejamos a falar, obviamente, de períodos de três, cinco ou mais anos.

Tem fundos de investimento em todos os grandes bancos. Qualquer um deles, em princípio, terá fundos de investimento. Terá ainda mais em bancos mais ligados ao investimento, como o AtivoBank, o Best, o Big, etc. Mas o que lhe quero dizer é que é um produto tão acessível como depósitos a prazo.

O seu banco quase de certeza que tem. Basta ligar para o seu gestor de conta ou ligar para o apoio ao cliente do banco e dizer que quer experimentar um fundo de investimento, mesmo que não saiba ainda como é que funciona, pergunte pelo menos se o seu banco tem.

Se tiver, o que lhe vão dizer é que tem de abrir uma subconta no seu banco, que é aquilo a que se chama uma conta de investimento, e vai ter de responder a um inquérito com perguntas para avaliar o seu perfil. Depois, vai transferir para essa subconta o valor que entender e depois de o ter feito, vai usar esse montante para comprar ou subscrever unidades de participação de um fundo de investimento.

Mas pronto, agora acabei por avançar para as coisas mais específicas, mas vamos dar um passo atrás para vos explicar melhor o que é um fundo de investimento. Em princípio, o que está dentro do fundo de investimento é uma cesta com ações, obrigações, moedas, etc., podem ser várias coisas, e aquilo que está a comprar é um pedacinho dessa cesta.

E há milhares de cestas diferentes. Por exemplo, há cestas relacionadas com metais preciosos, há cestas relacionadas com tecnologia, há cestas relacionadas com empresas de grande consumo, há empresas do setor financeiro, há cestas da área da saúde, da área do ambiente. Enfim, o que quiser. Há um fundo de investimento para cada coisa que se lembre. Mas isso já lá vamos.

Portanto, há uma empresa e uma equipa de gestores que fica responsável por essa cesta e o desafio deles é que essa cesta valorize o máximo possível ao longo do tempo para que mais pessoas comprem essa cesta e para que, consequentemente, eles receberem cada vez mais em comissões. É assim que funciona. Ou seja, é como se estivesse a contratar uma equipa de pessoas para ganharem dinheiro com o seu dinheiro.

O que é que vai fazer? Vai comprar unidades de participação dessa cesta, fatiazinhas, e vai comprá-la ao valor a que estiver no dia em que a subscrever. E é a partir desse dia que começa a valorizar ou a desvalorizar, conforme o desempenho das ações, obrigações e outros produtos que esses gestores escolheram. E todos os dias eles fazem a conta, a conta é que a média de tudo subiu ou desceu e é isso que vai valorizar ou desvalorizar.

Portanto, qual é aqui o risco que corre? É o risco de, em determinados momentos, o conjunto, a média do fundo de investimento que subscreveu, desvalorizar. Nessas alturas o que é que faz? Ou nada, ou compra mais uma, duas, três, quatro, vinte, cinquenta, cem unidades de participação, porque estão baratas.

E essas unidades de participação vão começar a crescer, ou a desvalorizar também, em relação a esse dia que subscreveu. Portanto, cada vez que subscreve novas unidades de participação, é como se fosse uma nova gaveta de um grande armário onde vai pondo o seu dinheiro. Não tem de ter trabalho a analisar ação a ação ou a ver todos os dias se subiu ou desceu.

Aquilo é um bolo e todos os dias vai ao home banking e vê quanto é que está a render, quanto é que está a valorizar ou desvalorizar cada um dos fundos de investimento. Isto é o que eu faço.

Eu tenho quatro ou cinco fundos de investimento que subscrevi na altura ainda do pré-Covid e durante o Covid, e antes de gravar este episódio fui ver quanto é que estavam a valorizar ou a desvalorizar, e o que vos posso dizer é que, apesar das quedas muito grandes das bolsas agora em março, abril e maio de 2025, por causa das tarifas do Presidente Trump, das várias guerras que vão acontecendo e porque o mundo está de pantanas, aquilo que vos quero dizer é que, apesar dessas quedas, neste momento, os meus fundos de investimento ainda estão a valorizar 20%, 30%, 40%, 50% e 60%. Porquê? Porque já os fiz há vários anos.

Portanto, aquilo que foram crescendo ao longo do tempo, agora está a suportar estas quedas de 10%, 15% e 20% mais recentes. O que quer dizer que neste momento estes fundos de investimento que subscrevi, de alguma forma – e não me interpretem mal –, já têm capital garantido para quedas de 50%. Porque como já cresceram 50%, se houver quedas de 50%, posso resgatar na mesma e terei lá o dinheiro que investi.

Se os mercados caírem mais de 60%, aí já terei uma perda de 10%. Espero que tenha compreendido aqui o meu raciocínio. É uma forma de vos explicar também que esta ideia do capital não garantido, de facto, é verdade. É verdade, mas para perder todo o dinheiro que lá coloquei, todas as empresas que estão dentro dessas cestas teriam de ir à falência ao mesmo tempo.

E agora queria falar-vos sobre as vantagens e desvantagens dos fundos de investimento. Primeira vantagem é ser extremamente fácil, portanto, não precisa de abrir uma nova conta num sítio que não conhece ou do qual desconfia ou não confia totalmente, porque dentro do seu banco pode subscrever fundos de investimento.

É simples, alguns deles têm valores muito baixos de subscrição, do tipo 25 euros, 50 euros, 70 euros, 100 euros, e pode comprar as unidades de participação que entender. Não tem de ter o trabalho de estar a escolher especificamente, vai precisar de ajuda numa primeira fase porque eles têm graus de risco diferentes.

Portanto, isto é uma vantagem também: pode escolher se quer uma coisa muito arriscada, que pode ganhar muito dinheiro, ou se quer uma coisa mais calminha, em que já sabe que não vai ganhar tanto dinheiro como arriscando noutro. Tem a ajuda de profissionais, que vão ajudar a escolher e depois de escolher já sabe que há pessoas a pensar naquilo de manhã à noite, em princípio, que sabem o que estão a fazer e cujo objetivo é que aquilo cresça o máximo possível.

Caso não esteja satisfeito com esse fundo de investimento, a desvantagem é que não pode transferi-lo para outro, vai ter de o resgatar ou aguardar que melhore. O que é que pode fazer? Olhar para o histórico dele. Cada fundo de investimento tem um ficheiro com os dados históricos e que diz quais são as empresas, quais são as comissões, como é que aquele fundo de investimento se comportou desde o início ao nível de resultados, etc. Assim tem uma perspetiva clara.

Nunca faça isto às cegas! Pode pedir aconselhamento, mas não fique por aí. Veja estes documentos com estas informações todas e analise, porque há vários tipos de fundos de investimento, com diferentes graus de risco, como estava a dizer há bocado. Há fundos de investimento defensivos, moderados e agressivos, e apenas com base nestas classificações já pode ter uma conversa consciente com a pessoa que o vai aconselhar.

Não o faça sem falar primeiro com alguém dessa área do banco, é o meu conselho. Foi assim que fiz e foi útil, porque o que aconteceu foi que eles assim perceberam o meu perfil e, com base nisso, enviaram-me algumas sugestões que achavam que se adequavam.

Outra vantagem, mas que deve confirmar, é que estes fundos de investimento vivem à parte da entidade que os comercializa. Portanto, se acontecer alguma coisa ao banco ou à corretora onde eles estão, aquilo continua a ser seu, porque estão ligados às empresas, às instituições, aos produtos financeiros que estão metidos dentro dessa cesta.

O que é que lhe quero dizer mais? Pode resgatar quando quiser, não é como nos depósitos a prazo em que só pode, em alguns casos, tirar esse dinheiro passado um determinado período, ou que até pode, mas é penalizado. No caso dos fundos de investimento, não. É aquele valor, no dia em que está, em que quiser resgatá-los, é esse dinheiro que vai receber após as comissões, se de facto elas estiverem incluídas.

Outra vantagem em relação aos depósitos a prazo é que os fundos de investimento têm agora uma nova fiscalidade. Também pagavam 28% sobre as mais-valias na altura de os resgatar. Se fossem fundos nacionais era logo na altura do resgate, ficavam retidos na fonte.

No caso de serem fundos internacionais, depois provavelmente vai ter de os declarar no IRS no ano seguinte, no anexo J, mas depois também eles com certeza vão ajudá-lo nesse sentido, ou fala com um contabilista. O que é que eu queria dizer com a nova fiscalidade? É que passados oito anos já só vai pagar 19,6% em vez de 28%, o que também é uma vantagem em relação aos depósitos a prazo e aos Certificados de Aforro.

Agora, quais são algumas desvantagens? Normalmente, os fundos de investimento têm comissões de gestão que são relevantes, de 1, 1,5%, 2% ou às vezes até mais. Veja isso no tal documento do fundo de investimento. Porque é que isso é relevante? Porque, por exemplo, os fundos PPR são fundos de investimento, só que com a tal fiscalidade melhorada de 8,6% passados oito anos.

Portanto, ainda têm uma fiscalidade melhor e são na mesma fundos de investimento. Têm é menos escolha, são menos setoriais e tem de ver também quais são as comissões desse fundo PPR que eles cobram para saber se vale a pena ou não.

Como é que compara? Pela rentabilidade ao longo dos últimos anos. Portanto, se há um PPR, um fundo PPR, que ao longo dos últimos anos cresceu 8% em média e há um fundo de investimento que também cresceu 8% em média, mas que não é PPR, e se têm as mesmas comissões, se calhar é mais vantajoso, em termos de benefícios fiscais à saída, o fundo PPR.

Pelo contrário, se está a escolher um fundo de investimento que nos últimos anos rendeu 10%, mas está a comparar com um fundo PPR que rendeu 4% ao ano em média, aí, apesar da fiscalidade, mais vale o fundo de investimento, como é óbvio, não é? Aquilo que o deve orientar é a rentabilidade após X tempo para comparar valores iguais e rentabilidades iguais. E que tenham o mesmo tipo de risco.

Um outro conselho: fundos de investimento, fundos PPR ou mesmo ETFs, porque repare, também deve comparar com os ETFs, porque um ETF, que também é um conjunto de ações, obrigações, seja lá o que for que ele tenha lá dentro, é um fundo de investimento também, mas como não há ninguém a geri-lo, é aquilo e acabou. Têm comissões muito, mas muito mais baixas.

Portanto, um ETF tem comissões de gestão de 0,2%, 0,3%, 0,4%, e se comparar um fundo de investimento que tenha uma comissão de gestão para pagar a tal empresa que está sempre a cuidar dele, de 2% oo 2,5%, isso após alguns anos pode ser uma diferença muito grande. Portanto, mais uma vez, compara rentabilidades para tomar a sua decisão.

Para pessoas que dão muita importância à questão ambiental e da sustentabilidade, há cada vez mais fundos de investimento ESG, ou seja, fundos que levam isso em conta, há requisitos legais que têm de preencher a nível de sustentabilidade, a nível ambiental, a nível de governança. Portanto, também é um critério que pode ter em atenção. Em resumo, são uma boa opção os fundos de investimento.

Também tenho fundos de investimento que reforço quando entendo e, sobretudo, quando estão em queda e em áreas muito específicas que escolhi. Tenho fundos de investimento ligados a áreas de grande consumo, por exemplo, tenho fundos de investimentos relacionados com as maiores empresas dos Estados Unidos também, que no fundo sobrepõem-se ao ETF SP500, mas lá está, fiz primeiro os fundos de investimento antes de fazer ETFs. Foi por aí que comecei e foi por aí que percebi que podia ganhar dinheiro com o meu dinheiro.

E isto para mim foi um momento fundamental de passagem, de transição, entre um perfil extremamente conservador para um perfil de investidor, primeiro moderado, e agora um investidor agressivo. Assim, o que lhe sugiro é que, caso tenha ainda receio de ir logo para os ETFs ou fundos PPR, então dentro do seu banco comece por fazer um fundo de investimento adequado ao seu perfil.

Já sabe, os níveis de risco vão de um a sete, mas para começar escolha quatro, por exemplo, e depois pode experimentar um sete com dinheiro que não precise e que possa perder, para ver de facto se pode ou não ganhar dinheiro que se veja com o seu dinheiro.

Muito obrigado por me ter acompanhado em mais uma boleia financeira. Espero que continuem a achar interessantes estas conversas. Não é para lhe vender nada. Atenção que o facto de eu lhe falar destes produtos não é um conselho para você fazer, é apenas partilha de conhecimento e de literacia financeira. E partilho estas coisas convosco porque fizeram muita diferença na minha vida financeira e da minha família.

Mas tem sempre de pensar pela sua própria cabeça, é o seu dinheiro, não é o meu, portanto, tem de saber se lhe faz falta ou não, nunca deve investir dinheiro que lhe faça falta. Ponto. E que sobretudo faça falta nos próximos dois anos, três anos, cinco anos.

Além disso, não se esqueça que nenhum rendimento é garantido. O mundo está muito confuso, portanto, pode ganhar muito com isso, como pode perder muito se resgatar numa altura em que os mercados estão em perda. Estando em perda, é esperar até que recuperem. São as lições principais que qualquer pessoa pode e deve entender.

Para ter uma ideia de como isto é simples, a minha mãe com 80 anos tem um fundo de investimento na Caixa Geral de Depósitos, que sou eu que estou a gerir, mas é para vos dar o exemplo de que qualquer pessoa pode ter fundos de investimento ou qualquer outro produto financeiro. Muito obrigado!

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