
A revolução nas telecomunicações
A DIGI entrou em Portugal com preços surpreendentemente baixos, a partir de 4 e 5 euros por mês. As fidelizações baixaram dos habituais 2 anos para apenas 3 meses e já se nota uma pequena revolução no mercado das telecomunicações.
3 empresas de telecomunicações dividiram o mercado praticamente sem concorrência durante muitos anos: a MEO, a NOS e a Vodafone. A Nowo e outras (como a LigaT) tinham e têm algumas ofertas interessantes, mas muito localizadas. Agora existe mais uma opção. A DIGI é uma empresa romena que também já está em Espanha, Itália e que está a começar na Bélgica.
Os preços baixos, grandes volumes de dados e internet rápida surpreenderam muitos consumidores e suscitaram muita curiosidade. Para além disso, experimentar o serviço quase não tem risco porque só há fidelização na internet fixa, e apenas por 3 meses.
A DIGI já prometeu que não vai mexer nos preços em Janeiro (como as grandes empresas costumam fazer por causa da inflação) e garante preços - sem promoções e descontos - durante longos períodos.
Já vamos comparar com a resposta da concorrência, mas a oferta da DIGI traz a novidade de escolher apenas o que quer, sem ter de contratar pacotes fechados.
Se só quiser internet em casa, tem velocidade de 1 giga por 10 euros por mês. A fidelização é de apenas 3 meses, em vez de 2 anos.
Se quiser só telemóvel, tem ofertas a partir de 50 gigas por mês, por 4 euros (já com IVA). Os dados não usados acumulam para o mês seguinte, as chamadas nacionais são ilimitadas, mas, por outro lado, as SMS para redes fora da DIGI custam 2 cêntimos cada uma.
Se quiser o pacote completo de Net+TV+1 telemóvel, paga 26 euros por mês.
A DIGI diz que já tem os serviços disponíveis a 93% da população (não do território) e já têm cobertura em 2 milhões de lares.
Os serviços da DIGI ainda não estão a 100%
Mas há ainda vários problemas por resolver. A cobertura de rede e de fibra ótica ainda falha em muitos locais, há espaços específicos onde ainda não existe de todo, como no Metro de Lisboa e alguns espaços com muito movimento, onde é preciso instalar antenas interiores. E há situações dessas em que a instalação está a demorar mais do que o previsto.
Para além disso, na oferta de canais de Televisão, a DIGI tem cerca de 60 canais, mas ainda faltam canais relevantes como a SIC (com quem ainda está em negociações), e ouros canais por cabo. Também não dá acesso - mesmo pagando à parte - a canais desportivos que para alguns consumidores são muito importantes.
Tem havido também algumas dificuldades de configuração manual de telemóveis, que acabam por se resolver com a ajuda do apoio ao cliente que, nesta fase inicial, também tem tido alguns problemas em responder a tantos contactos.
A resposta da concorrência
As 3 grandes empresas do mercado ainda não fizeram grandes alterações nos tarifários, mas já responderam com as marcas low cost associadas. A MEO tem a UZO, a NOS tem a WOO e a Vodafone tem a Amigo.
A UZO oferece internet a 15 euros, com uma fidelização de 3 meses. Se juntar canais de televisão passa a pagar 25 euros. Se juntar um telemóvel com 200 gigas, fica a pagar 32 euros por mês.
A WOO, da NOS, desceu os preços da internet a 1 giga de velocidade para 15 euros, com 3 meses de fidelização e se quiser acrescentar canais, paga 25 euros por mês. TV, net e 1 telemóvel com 100 gigas de dados fica em 30 €.
A Amigo, da Vodafone, tem internet por fibra por 15 €. Se quiser canais de televisão passa a 22 euros, e com 1 telemóvel fica tudo em 27 euros por mês.
Concorrência “a sério” só onde a DIGI já está
Estas descidas de preços até podem ser consideradas substanciais, mas há um detalhe importante que está a chocar muitos consumidores. É que estas ofertas, que têm cobertura através das empresas-mãe (MEO, Nos e Vodafone), aparentemente só estão disponíveis nas zonas onde a DIGI já chegou e, podendo ter todos os canais disponíveis, há marcas que optaram por retirar a SIC e os outros canais que a DIGI também não tem da sua proposta.
Para a Anacom, esta atitude não é ilegal, mas sublinha que os consumidores devem tirar as suas próprias conclusões sobre a forma como as empresas estão a tratar os consumidores. Perante essa estratégia, os consumidores podem responder de uma forma que dê a entender a essas empresas que não gostaram dessa atitude.
A ANACOM ainda está a analisar todos os contratos e o impacto da DIGI nos preços, mas considera natural que os preços continuem a baixar em todas as empresas nos próximos meses. Quem vai ajudar a decidir quando e quanto, é o consumidor. Agora, é uma questão de deixar o mercado funcionar.
Veja quanto teria de pagar se sair com fidelização
Atenção a esta dica: há muitos consumidores que estão dispostos a pagar a penalização por fim do contrato nas atuais empresas porque testaram o novo serviço da DIGI e concluíram que mesmo assim a diferença de preço é tão grande, que acaba por compensar após alguns meses.
Basta olhar para a sua fatura e verá que é obrigatório por lei, todas as empresas dizerem quando é que deixa de estar fidelizado, e qual o valor da multa a pagar se desistisse hoje. É um questão de fazer as contas para saber se compensa desistir já ou se deve esperar que as fidelizações de 2 anos terminem.
A entrada da DIGI no mercado português veio agitar o mercado da telecomunicações. Neste momento já tem várias alternativas. O serviço da DIGI ainda não é completo e tem falhas, mas com o tempo será cada vez mais uma opção a considerar. E como não tem fidelizações (ou é apenas de 3 meses na fibra) pode testar e se não gostar volta para onde estava ou até pode manter e só decide sair da sua atual empresa depois de experimentar a DIGI.
Quando há mais concorrência, é o consumidor que fica a ganhar.