Estou arrependido de não ter feito um PPR mais cedo
É a minha principal conclusão 3 meses depois de ter feito os meus primeiros PPR. Tenho 47 anos e só agora percebi o tempo e dinheiro que andei a perder desde os meus 20 anos.
Recordo-me claramente de ter pensado com 20 e tal anos na possibilidade de fazer um PPR. Já nessa altura se falava dos famosos Planos de Poupança Reforma, mas com a falta de literacia financeira que tinha na altura pensei – e suponho de mihares continuem a pensar o mesmo hoje – que isso era coisa para mais tarde para quando estivesse perto da reforma. Era uma perda de tempo e de dinheiro estar a gastar o meu dinheiro com uma coisa que só veria décadas lá mais para a frente. Eu queria era “aproveitar a vida”, fosse isso o que fosse…
Se tivesse começado a fazer o PPR com 25 anos, talvez hoje já tivesse dinheiro para quase pagar a minha casa ao banco na totalidade. Ou pagar outras coisas que me daria jeito agora ou ainda lá mais para ao futuro. Teria pelo menos mais opções.
A lição que aprendi (só agora) é que o PPR não é só para a reforma, pode ser visto como um investimento MUITO rentável se bem escolhido. Recordo-lhe que há centenas de PPR comercializados em Portugal. E que os mais rentáveis são os Fundos PPR e não os Seguros PPR (que a maior parte dos bancos e seguradoras vendem, ou que as pessoas pedem porque só estes têm capital garantido).
Assim, decidi fazer um PPR para mim, outro para a minha mulher, outro para o meu filho mais velho e outro para o meu filho mais novo. E estou a partilhar convosco o crescimento de cada um deles (foram subscritos em 4 instituições diferentes e têm componentes diferentes de ações e obrigações). Uns são mais arriscados do que outros.
É importante que saiba que faço isto RECUSANDO colocar estes PPR no IRS para receber os benefícios fiscais que o Estado dá e que podem chegar aos 400 euros por ano. Assim posso levantar o dinheiro quando quiser sem qualquer penalização por parte do Estado. Quero ter essa liberdade e é uma opção minha. Neste artigo expliquei porque fiz esta escolha. Pode ler AQUI no balanço do mês #2.
Quanto estou a ganhar com os meus PPR?
Subscrevi, em Novembro de 2020, 4 PPR para que juntos acompanhemos quanto rendem de facto estes produtos de investimento/poupança e de que forma seguem ou não o desempenho das bolsas mundiais. Fiz estes (podiam ser outros, mas tenho por princípio ser o mais transparente possível convosco):
PPR Alves Ribeiro (Banco Invest)
PPR Stoik (SGF – Sociedade Gestora de Fundos)
PPR Optimize Agressivo (Optimize)
NB PPR (GNB) Pode subscrever em vários bancos (Activobank, Best, Novo Banco)
Balanço dos meus PPR – Mês #3
PPR Alves Ribeiro (Banco Invest)
Passados 3 meses, o meu PPR está a crescer 7,63%. Sim, tive a “sorte” de ter subscrito o PPR numa semana em que as bolsas estavam em queda, portanto acabei por ter alguns ganhos substanciais logo nas primeiras semanas, quando elas recuperaram. Como poderá ver mais abaixo, nos PPR que subscrevi semanas depois, os ganhos já foram muito mais pequenos.
Ou seja, com 1.000 euros, ganharia 76 euros brutos se o levantasse hoje. Antes de 1 ano, teria de pagar uma comissão de resgate de 1% ao banco. É o que está no contrato deste PPR (cada um tem as suas próprias regras).Leia sempre as condições TODAS antes de assinar/clicar “subscrever”.
Tenho aqui também os PPR dos meus filhos (estão mesmo em nome deles e não no meu), que reforço todos os meses com o valor que defini. Isto quer dizer que a percentagem de crescimento dos PPR deles será sempre uma média com o crescimento de cada reforço em relação à data em que foi subscrito. Isso irá baixar ou aumentar a média em relação a estes 1.000 euros “originais”.
No homebanking do Banco Invest consigo ver todos os dias (se quiser) se o PPR está a ganhar ou a perder. Naturalmente, não faço isso. Basta ir lá uma vez por semana ou uma vez por mês, senão ficamos quase viciados.
As contas que vou partilhar convosco ao longo do tempo será sempre em relação a estes 1.000 euros originais subscritos no dia 2 de Novembro de 2020, com o valor de subscrição da unidade de participação nessa data específica. Rendimentos passados não garantem rendimentos futuros, OK?
PPR STOIK
O meu segundo PPR mais rentável está a ser o STOIK, da SGF, uma corretora. Não tenho de abrir nenhuma conta num banco (ao contrário do Alves Ribeiro e do NB PPR). Mas tenho de abrir “conta” na corretora e transferir dinheiro para lá.
Foi subscrito exatamente no mesmo dia do Alves Ribeiro, e está a crescer quase o mesmo: 7,35%. A forma como estão constituídos é diferente. Este tem uma percentagem maior de ações do que o AR PPR. A minha expectativa é que a longo prazo cresça mais do que o AR PPR. Vamos ver.
É interessante que uns PPR me fornecem os dados diariamente e outros só alguns dias depois. Estou a habituar-me aos ritmos de informação de cada um. A informação sobre a cotação do Stoik anda normalmente uma semana atrasado no calendário. Isso chateia-me um bocadinho. Ainda não reclamei.
Se resgatasse o PPR Stoik hoje, teria um “lucro” de 73,41 € bruto (a tributação seria de 21,5%). Só isto já é uma vantagem em relação aos Fundos de investimento, por exemplo, que são tributados a 28%.
PPR Optimize Agressivo
O terceiro PPR foi subscrito 15 dias depois dos dois primeiros, numa altura em que as bolsas já tinham recuperado da queda do início de Novembro, por isso naturalmente cresceram menos até hoje.
Mesmo assim cresceu 5,93%, ou seja, cerca de 65 euros brutos.
NOTA: por ter usado o protocolo da revista Proteste Investe da DECO, eles “ofereceram” 5 euros. Estou a incluir esse valor no meu resultado final para o cálculo da percentagem de crescimento.
Este é o PPR com maior percentagem de ações no cabaz. Isto quer dizer que tanto pode disparar, como pode rapidamente entrar em terreno negativo. Daí o nome “Agressivo” na descrição. Esta corretora também tem PPR menos arriscados.
Foi o que teve o maior crescimento de todos no mesmo espaço de tempo, como poderão ver no gráfico final comparativo.
NB PPR
O meu quarto PPR é o NB PPR. Foi o último a ser subscrito e portanto, também é natural que seja o que cresceu menos até ao momento em que escrevo este artigo.
Já esteve negativo, mas neste momento está a crescer 0,83%. Feitas as contas, os meus 1.000 euros renderam até hoje 8 € brutos.
Este é o PPR em que deposito menos expectativas de crescimento, mas por outro lado se no futuro precisar deste dinheiro numa altura de grave crise financeira (nas bolsas) este será o mais defensivo. Portanto, se precisar de levantar dinheiro em “stress”, será este que perderá menos. Logo, será o primeiro a resgatar com menos prejuízo. É uma espécie de rede nos meus investimentos em PPR.
O gráfico
Para todos estes números terem alguma leitura para si (e para mim) decidi fazer um gráfico em Excel com o comparativo de todos os meus 4 fundos PPR ao longo do tempo.
Acredito que visualizar o crescimento dos PPR com estas linhas vai ajudar a perceber como cada um deles se comporta quando os mercados (bolsas) estão em alta e em queda. Reparem no crescimento extraordinário do Optimize Agressivo.
Feitas as contas, com 4.000 € (4 PPR de 1.000 € cada um) ganharia em 3 meses cerca de 220 € brutos se os regatasse esta semana. Haverá semanas (ou meses) no futuro em que poderei estar a perder dinheiro (caso resgatasse). Nessas situações é esperar que passe a “tempestade”. Caso fossem 40 mil euros, estaria a ganhar neste momento 2.200 € para além do que investi. Agora imagine isto a crescer (não a este ritmo e com quedas temporárias) durante 10 ou 20 anos…
Já lhe expliquei que não me interessam os Seguros PPR com capital garantido. Quero arriscar ter ganhos maiores em vez de simplesmente garantir o que tenho, com ganhos mínimos. Quando chegar aos 60 anos (ou quando atingir o valor que tenho como objetivo) será altura de transferir para um PPR com capital garantido.
Mas respeito muito quem opta por produtos com capital garantido. É uma decisão pessoal. Cada um tem o perfil que tem. Mas ganha historicamente muito menos. A diferença é que não perde nunca nada do que lá tem. Mas também nunca ganhará nada de muito significante e que faça diferença na sua vida. É a diferença que faz pôr o dinheiro a trabalhar para si…
Se quer largar as amarras dos produtos com capital garantido, sugiro estes passos:
- Fazer um bom Fundo PPR (veja rendimentos e comissões, e defina o seu perfil – defensivo, moderado ou agressivo)
- Subscrever ETF
- Subscrever Fundos de Investimento
- Investir em ações (em plataformas com baixas comissões)
- Arriscar em plataformas de crowdfunding
- investir em imobiliário (quando perceber no que se está a meter)
- Reinvestir os ganhos em novos investimentos
Boas,
Pondero investir no NB PPR, mas há algo que me preocupa. Dos 4 PPRs que fala é o único que não encontro na CMVM:
https://web3.cmvm.pt/sdi/fundos/app/pesquisa_nome_fundos_shp.cfm?nome=cHBy&src=shp
Terá outro nome?
Encontra na apfipp : https://www.apfipp.pt/fundos_act_det.aspx?MenuCode=FIM&ItemCode=FM_FA&fun=PT
Obrigado.
Já agora, existe alguma razão para haver diferenças entre os fundos listados entre a CMVM e a APFIPP?
Cumprimentos e muito obrigado pelo seu trabalho na educação financeira 😉
Bom dia. Todos os títulos têm um identificador único e internacional, chamado de código ISIN. No caso do NB PPR é o PTYESALM0007. O AR PPR terá o seu, tal como os fundos de investimento, ações, ETF etc que tiverem na carteira. Podem usar aguns sites para encontrar informação detalhada sobre a rendibilidade (histórica) dos títulos, risco, composição da carteira, comissões, cotações etc. Eu acho mais útil do que o site dos bancos porque, no caso de terem a carteira dispersa por várias entidades (bancos, corretoras), podem ter um sítio único para a acompanharem. Podem usar, por exemplo, o site da própria Morningstar, mas eu uso o Investing.com. Podem adicionar à vossa lista de visualização todos os títulos que têm na carteira, tem um conjunto de gráficos e estatísticas interessantes para acompanharem a evolução de vários indicadores e até podem juntar alguns títulos que ainda não têm na carteira mas que querem ir acompanhado para investir um dia. Não é um site para subscreverem títulos, mas sim para monitorizarem a evolução dos mesmos de forma mais centralizada.
Bom dia,
Para Subscrever o PPR Alves Ribeiro (Banco Invest), é preciso abrir conta no Banco Invest. As comissões de manutenção de conta terão que ser cobradas. Alguma isenção?
os melhores cumprimentos
Bom dia.
Abri conta no final do ano passado, para já só para subscrever o PPR. De acordo com a informação que me foi prestada na altura, “será cobrada uma comissão de manutenção de contas paradas de 7,50€ por trimestre nas Contas Invest Plus DO com património total em conta (somatório de todos os produtos) inferior a 5.000€ e que, cumulativamente, não tenham realizado nenhum movimento durante um ano.”. Ou seja, se tiver um património no banco inferior a 5000 euros, basta fazer uma transferência para a conta num período de 12 meses, mesmo que seja só para reforçar o PPR, que fica isento da comissão de manutenção.
obrigado pela resposta
Obrigado pela resposta, mas abertura de conta exige mínimo de 5.000€ ?
Bom artigo Pedro.
Na sua opinião, um (ou mais) PPR em Portugal é uma boa solução para um português residente no estrangeiro?
Cumprimentos.
Olá.Nao vejo porque não. Mas talvez tenha produtos semelhantes ou melhores no seu país… Tem de comparar. A ideia é fazer crescer o seu dinheiro o mais possível até às idade que definir.
Bom dia – estou hesitante em investir no PPR Alves Ribeiro ou no novo PPR do mesmo banco, o Smart Invest. Parece ter alguns beneficios em termos de comissões cobradas, mas não tenho um histórico para comparar a performance…
Pedro, desculpe a pergunta sei que já explicou mas fiquei na dúvida.
Por ex: invisto na Alves Ribeiro sem capital garantido, preciso de ter os 5 mil ou posso com 1000 euros?
Olá Joana. Deve ligar para o Banco Invest. Eu subscrevi com base no protocolo da DECO. É diferente…
«Planos de Poupança Florestal» (PPF) que sejam regulamentados ao abrigo do «Programa para Estímulo ao Financiamento da Floresta», a que se refere a Resolução do Conselho de Ministros n.º 157-A/2017, de 27 de outubro, com consagração, por um lado, de (i) norma de isenção, em sede de IRS, aplicável aos juros obtidos provenientes de PPF e, por outro lado, de (ii) dedução à coleta, nos termos do artigo 78.º do Código do IRS, correspondente a 30 % dos valores em dinheiro aplicados no respetivo ano por cada sujeito passivo, mediante entradas em PPF, tendo como limite máximo € 450,00 por sujeito passivo. .gostava de uma boa informação. obridado