
[Introdução – Pedro Andersson]
Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e aproveito as minhas viagens de carro para falar consigo sobre dinheiro. Nas redes sociais também tem todos os dias dicas novas que o ajudam a gerir melhor as suas finanças pessoais.
Hoje quero voltar a falar-lhe sobre a importância de planear a sua reforma. É verdade, sei que já estão todos fartos de ouvir que quando lá chegarem só vão receber o correspondente a metade do salário que tiverem na altura. Pensam vocês: mas em que é que isso muda a minha vida? Saber isso às vezes até é mais assustador do que motivador, mas quero trazer para a nossa conversa a parte da motivação.
É absolutamente imprescindível que façamos o nosso máximo para termos a melhor vida possível em termos financeiros, porque se não fizer nada, o que é que vai ter? Nada. Esse nada é uma reforma miserável da segurança social. E isto aplica-se à maior parte das pessoas, com exceção daquelas que terão reformas muito boas. Porquê? Porque tinham salários muito elevados e descontavam também grandes valores.
Alguém que tinha um salário de três mil, quatro mil ou cinco mil euros e descontava os valores respetivos, é de esperar que tenha uma reforma de dois mil, três mil ou 3500 euros ou até mais, de acordo com os descontos que fez.
Mas pessoas com salários atuais, e até à idade da reforma, de 1200, 1300, 1400 ou até 1500 euros, essas pessoas, se tudo continuar como está – e não é garantido que continue, pode até melhorar –, vão ter uma reforma entre 700 e 900 euros.
E estamos a falar de ter esses valores em 2040 ou 2050. Ou seja, se empurrar esse problema com a barriga corre o risco de ficar igual, ou até pior, do que muitos dos velhinhos que vemos nos jardins e nos cafés com reformas de 300 e 400 euros. E isso é uma vergonha agora, mas se não fizermos nada, essa talvez possa vir a ser a nossa reforma, proporcionalmente. Por isso é que é tão importante acordarmos.
Já lhe falei do número mágico. Se escrever número mágico no motor de busca do Spotify vai encontrar esse episódio em que explico a forma como contabilizo o dinheiro que cada um de nós terá de ter na reforma para ter uma velhice digna. Não é uma reforma milionária. É uma velhice digna, equilibrada. Eu com isso já fico contente.
Mas recentemente descobri no YouTube um vídeo muito interessante que falava de um conceito que quero partilhar convosco. É um conceito que desconhecia e se calhar muitos de vocês também nunca ouviram falar, que é a fórmula do 1, 3, 6 e 9.
E isto o que é? Então, um senhor brasileiro que trabalha num banco diz que registou esta ideia que surgiu da junção de uma equipa multidisciplinar com o objetivo de convencer os clientes a preparem as reformas. A equipa andou a estudar uma série de fórmulas muito matemáticas, mas não conseguiam traduzir aquilo de forma que as pessoas entendessem. Até que um dia olharam para a fórmula e perceberam que havia uma proporção que podia fazer mais sentido para as pessoas.
Basicamente, e saltando aqui vários capítulos, consiste em saber, a cada momento da nossa vida, se já temos aquilo que deveríamos ter proporcionalmente à nossa idade em relação ao valor total que deveríamos ter quando chegássemos à idade da reforma.
Uma coisa é sabermos qual é o número mágico que precisamos para a reforma, por exemplo, mas aquilo que eu digo é que alguém que precise de ir buscar às suas poupanças 500 euros por mês, depois de estar reformado, para suprir a diferença do corte da reforma, simplesmente para manter o nível de vida, teria de ter entre 100 mil e 120 mil euros aos 66 anos.
Como é que chego a esse valor? Portanto, são 500 euros vezes 12 meses, portanto, por ano, dá seis mil euros e depois esses seis mil euros vezes 20 anos – que é estatisticamente aquilo que vamos viver depois da reforma –, dá o valor de 120 mil euros, mais coisa menos coisa. Tendo esse valor em mente, já podemos ter um objetivo. É bom. Mas agora, ao longo dos anos, é importante sabermos se estamos a atingir esse objetivo ou não. E é aí que acho este conceito interessante.
A ideia é fazer balanços de dez em dez anos. E a fórmula 1, 3, 6, 9 implica assumir que a vida financeira de alguém começa aos 25 anos. Acaba o curso, começa a trabalhar, primeiro salário ou os primeiros salários, já de uma forma regular e permanente, portanto, é essa a data inicial.
Passados dez anos, aos 35 anos, já devia ter na sua poupança um ano completo do seu rendimento anual. O que, de uma forma simples, se ganha mil euros por mês, terá de ter 14 mil euros na poupança. E são 14 mil euros porque são 14 meses, contando subsídios de férias e Natal. Portanto, aos 35 anos, já seria preciso ter 14 mil euros em poupança, isto com base num salário de mil euros.
Não é simplesmente o poupar e acumular. Não. É fazer as contas aos valores que terei de investir, já depois de ter o meu fundo de emergência. Primeiro é garantir isso e depois começa a investir para aos 35 anos, assumindo que se começa aos 25 anos, ter no mínimo 14 mil euros.
Mas depois as coisas começam a complicar-se, porque dez anos mais à frente, aos 45, já é suposto ter três vezes o seu salário anual. Portanto, já estamos a falar de 14 mil vezes três, ou seja, já estamos aqui a falar de pouco mais de 40 mil euros. Aos 45 anos, quem ganhe mil euros, já devia ter 40 mil euros poupados. E quem diz poupados, diz investidos.
Quanto mais conseguir juntar, maior será o rendimento do investimento. E, portanto, tudo se torna mais fácil quando conseguimos atingir um valor relevante de poupança investida. Aos 55 anos já terá de ter esse valor anual vezes seis e quando chega à idade da reforma já terá de ter, ou idealmente deveria ter, nove vezes o seu salário anual.
Porque é que achei interessante esta fórmula, ou esta estratégia, ou esta conta? Porque vai bater mais ou menos certo com o meu número mágico, que é aquilo que me permite dar alguma coerência a estes dois conceitos.
Portanto, qual é o valor acrescentado desta fórmula 1, 3, 6, 9? É medir, ao longo da sua vida, se já atingiu ou não os seus objetivos, as várias fases intermédias, para saber se está atrasado ou se está adiantado em relação ao seu objetivo. Permite-nos ir medindo a nossa evolução histórica financeira. É muito interessante este conceito.
Mas a outra questão fundamental é como é que faço para atingir esse valor nos momentos correspondentes. É aí que entra novamente o conceito de juros compostos. Porque se simplesmente dividirmos os tais, 120 mil euros pelos 40 anos, desde os 25 até aos 65, dá um valor gigantesco que a maior parte de nós não consegue atingir.
Por outro lado, se utilizar uma calculadora ou um simulador de juros compostos vai descobrir que se começar muito cedo, aos 25 anos – preferencialmente até antes –, a investir em produtos financeiros sem capital garantido que rendam 7% ao ano, em média, incluindo quedas ao longo do caminho e anos em que vai crescer mais do que os 7%, vai conseguir atingir esse valor dos tais 120 mil euros com um valor que acho que é acessível à maior parte dos portugueses, que é de 50 euros por mês.
Repare, um casal que consiga, por exemplo, pôr 25 euros cada um numa dessas ferramentas de investimento bem escolhida, de acordo com o vosso perfil, pode tentar atingir este objetivo. Não é uma coisa só para ricos, não é uma coisa só para financeiros e doutorados em economia, nada disso.
Portanto, faça lá bem esta conta, qual é o seu salário, basta que, por exemplo, reserve 10% do seu salário, 15%, algures aqui neste intervalo, o ideal seria 20% do seu salário, ou dos vossos salários, dedicados à poupança e ao investimento, e com alguma facilidade – com rendimentos razoáveis acima do salário mínimo nacional –, é viável, pelo menos, pensar no assunto face às suas contas.
Com entre 10% e 20% dos nossos rendimentos é possível chegar a estes valores correspondentes a um ano, três anos, seis anos e nove anos dos nossos rendimentos anuais quando chegarmos à idade da reforma.
Agora, brinque com estes valores numa folha de Excel, num caderninho, porque assim que começar a pôr no papel ou começar a ver os números, começar a ver todos os meses o valor a subir e a simular quanto é que terá se mantiver o mesmo ritmo, isso vai mudar a sua perspetiva em relação ao futuro e aos objetivos que poderá atingir.
Às vezes sonhamos demasiado baixou, ou então nem sequer sonhamos, mas sem planeamento e sem objetivos nunca teremos nada. Com esta técnica do 1, 3, 6, 9 é possível, ao longo dos anos, sabermos se estamos adiantados ou atrasados.
Mesmo que isto não se aplique a si, pelo menos fica a conhecer mais uma fórmula que é utilizada na literacia financeira para conseguirmos mais facilmente atingir os nossos objetivos. Muito obrigado por ter estado desse lado em mais uma boleia financeira.
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