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PodTEXT | 10 maneiras inteligentes (mais uma de bónus) de usar o seu reembolso do IRS em 2025

Recebeu (ou vai receber) o reembolso do IRS e quer conhecer algumas sugestões para o usar da forma mais inteligente possível do ponto de vista financeiro? Mesmo que o valor seja mais pequeno do que nos anos anteriores, há formas de o fazer render e ganhar alguma folga financeira.

PodTEXT | 10 maneiras inteligentes (mais uma de bónus) de usar o seu reembolso do IRS em 2025

[Introdução - Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e aproveito as minhas viagens de carro para falar consigo sobre dinheiro. Juntos vamos arranjando formas de nos aumentarmos a nós próprios e de gerirmos melhor os nossos recursos.

Ora, maio e junho são dois meses do ano em que aqueles que têm direito a reembolso do IRS acabam por receber o dinheiro na conta, alguns ainda vai atrasando depois para agosto, também depende das nossas circunstâncias, uns recebem mais cedo, outros recebem mais tarde.

Este ano, especificamente, muita gente está a queixar-se que não vai receber reembolso ou que o reembolso é muito menor, Há também uns quantos que pela primeira vez na vida vão pagar IRS, porque a retenção na fonte não foi suficiente para pagar o imposto que cada um de nós deve pagar, portanto, se calhar este ano há menos pessoas para aplicarem as dicas que vou dar.

Em todo o caso, é muito importante perceber que há várias alternativas inteligentes para usarmos rendimentos extra ao longo do ano. Tanto pode ser o reembolso do IRS, como é o caso, como pode ser o subsídio de férias, como pode ser o subsídio de Natal, pode ser um prémio de desempenho da empresa, pode ser uma herança, pode ser uma prenda dos pais, dos tios, ou de um familiar distante rico, não interessa.

Surgiu uma nova fonte de rendimento na sua conta, o dinheiro caiu lá, venha de onde vier, e agora a pergunta é: o que é que faz com ele? Todos os anos tenho esta conversa convosco, vou tentando atualizá-la face aos contextos atuais, mas também depende um pouco da fase de vida em que estamos.

E há pessoas para quem este reembolso do IRS, seja grande, seja pequenino, é absolutamente fundamental para pagar despesas do dia-a-dia, para pagar o IMI, para pagar os seguros do carro, para pagar uma outra despesa que está ali.

E faz muito bem em pagar essas dívidas, aliás, tem mesmo de ser, não há outra hipótese, mas aquilo que quero dizer às pessoas que estão nessa situação – este episódio obviamente não é para vocês –, para vocês é outro episódio que é começar já hoje a preparar as suas finanças pessoais para que isso não aconteça no ano que vem. 

Portanto, estas despesas que agora está a pagar com o reembolso do IRS vão ter de ser pagas mensalmente, a dividir por 12, pondo esse dinheiro do lado e aproveitando também todas as fontes de rendimento que for tendo, entretanto, ao longo dos meses.

E isto para que depois, quando chegar este reembolso do IRS, seja dinheiro para você escolher o que fazer com ele. Porque de outra forma estará a ser obrigado a usar esse dinheiro para fazer face a despesas que obviamente fomos nós que escolhemos fazer ou que tivemos de as fazer, mas não é uma questão opcional.

Portanto, queria dizer-vos em primeiro lugar que quase metade dos portugueses, cerca de 40% dos portugueses, não têm uma poupança suficiente para três meses das suas despesas básicas. E isto é uma situação absolutamente trágica, porque quer dizer que se bater com o carro, se tiver uma despesa grande na oficina, se tiver um problema de saúde, se avariarem dois eletrodomésticos ao mesmo tempo, se surgir algo imprevisto na sua vida que exija uma despesa, estas pessoas não têm esse dinheiro.

Vou dar aqui algumas dicas para que todas estas fontes de rendimento extra sirvam e tenham como objetivo mudar a nossa vida financeira. E a principal mudança na nossa vida é retirar a ansiedade financeira do nosso dia-a-dia, ou seja, simplesmente estarmos preocupados com coisas mais importantes do que as contas para pagar.

Obviamente, se tiver rendimentos muito, muito, muito baixos, é mais difícil, mas a partir do salário mínimo nacional, se forem dois a ganhar, é perfeitamente possível começarmos a pensar nesse planeamento. Vamos lá então às dez formas inteligentes de usar o reembolso do IRS em 2025.

1. Acabar com as dívidas de cartão de crédito

Primeiro ponto e absolutamente essencial que tem a ver com esta introdução: eliminar todas as dívidas que tenha, em primeiro lugar, com o cartão de crédito. A dívida mais venenosa que podemos ter na nossa vida financeira são cartões de crédito. Porquê? Por causa do valor elevadíssimo dos juros.

Com estes valores de juros, alguém que esteja a pagar mensalmente essas dívidas, torna essas dívidas quase eternas. Só a pagar o mínimo, ou perto disso, nunca vai conseguir acabar com essas dívidas. Portanto, se tem uma dívida parcelada de cartão de crédito em que está a pagar mensalmente, o dinheiro do reembolso do IRS, do subsídio de férias ou de Natal é direitinho para acabar com isso de uma vez.

E atenção, demora o tempo que demorar. Se o dinheiro que receber agora não é suficiente para dar cabo dessa dívida do cartão de crédito, pode demorar um ano, pode demorar dois, pode demorar três, mas enquanto não der cabo dessa dívida do cartão de crédito, não vai usar esse dinheiro para mais coisa nenhuma.

Porquê? Porque senão está a cavar sempre um buraco mais fundo. E não é isso que queremos, porque queremos é sair do buraco. Se isso envolve outras decisões difíceis porque não vai gastar o dinheiro noutras coisas que se calhar gostava mais, bom, isso é uma decisão que vai ter de tomar.

2. Acabar com as dívidas de outros créditos com juros elevados

Segundo ponto: amortizar créditos que tenham juros também altos, mas já depois de ter dado cabo das dívidas do cartão de crédito. E então aqui estamos a falar de quê? Estamos a falar de créditos pessoais, estamos a falar do crédito automóvel, por exemplo. Mais uma vez, provavelmente, estamos a falar de valores elevados, mas o segundo objetivo é dar cabo também dessas dívidas.

O cartão de crédito, crédito pessoal, crédito automóvel são aspiradores do seu dinheiro. Chegam ali e chupam o dinheiro todo E é dinheiro que podia estar a utilizar para seu benefício. E às vezes não nos apercebemos disto. Portanto, qualquer liquidação ou amortização antecipada que faça destes créditos, está a ter imediatamente um ganho líquido.

É como se fosse um investimento com capital garantido, com retorno garantido líquido. Porquê? Porque é dinheiro que fica no seu bolso. Obviamente que este tipo de créditos vai demorar mais tempo a amortizar, mas lembre-se sempre que mesmo amortizações pequenas de 500 euros, 1000 euros, 1500 euros, são extremamente benéficas para as suas finanças pessoais.

Porquê? Porque vai reduzir as mensalidades futuras, se for o caso, ou então os juros totais a pagar no total do seu crédito. Veja, por favor, antes de fazer essa liquidação, quais são as penalizações, se tiver, para fazer esse tipo de amortizações. Ao fazer isso, vai obviamente libertar rendimento mensal e ganhar tranquilidade, paz financeira para o resto do ano.

3.  Se ainda não existe, criar um fundo de emergência

Terceira forma de usarmos o reembolso do IRS: se ainda não o temos, então vamos criar o fundo de emergência. É aquele colchão financeiro que nos vai amparar em qualquer queda que surja. Devemos ter entre seis e 12 meses de todas as nossas despesas essenciais. Alimentação, habitação, transportes, eletricidade, gás, a escola dos miúdos, seja lá o que for.

É muito importante reforçar esse fundo de emergência até enchermos esse balde que nos vai acompanhar para o resto da nossa vida. Use o reembolso do IRS para isso se tiver essa oportunidade.

4. Investir em melhor eficiência energética em casa

Quarto ponto, e é uma coisa que às vezes as pessoas não pensam muito, mas que pode ter reflexos que não vemos, mas que a muito longo prazo são muito importantes. Por exemplo, se tiver 1000 euros de reembolso do IRS,  pondere melhorar a eficiência energética da sua casa.

Isto envolve o quê? Por exemplo, mudar as janelas para o frio não entrar e o calor não sair, o que vai reduzir a sua fatura energética, a sua fatura da luz ou do gás, se for o caso.

E as casas dos portugueses são um filme de terror em sentido energético, portanto, se ainda não o fez, aproveite este dinheiro de forma inteligente para melhorar o conforto térmico da sua casa. Vai ter uma vida mais confortável, para si e para a sua família, e ao mesmo tempo vai poupar na luz porque vai ter de gastar menos eletricidade para manter a sua casa aquecida ou menos gás, se for o caso.

5. Guardar dinheiro antecipadamente para despesas previsíveis

A quinta sugestão que quero dar é: se já sabe que vai precisar de gastar dinheiro no futuro, comece já a transformar-se no seu próprio banqueiro. Pode precisar de comprar um computador novo, de mudar de telemóvel, de trocar os pneus do carro, uma peça, umas férias que quer fazer, etc., e, portanto, se já sabe que vai ter uma despesa no futuro, comece já a guardar esse dinheiro para um fim específico.

O ideal seria pôr esse dinheiro de lado numa conta bancária que lhe renda juros ou em Certificados de Aforro. A partir de dez euros pode pôr lá o dinheiro que quiser e, portanto, está a vencer a inflação. É também uma sugestão que pode ser muito útil.

6.  Guardar dinheiro para as despesas conhecidas

Outra sugestão que está relacionada com a anterior, e que é a sexta dica, é que além dos objetivos ou despesas específicas que pode ter pontualmente, há despesas anuais que já sabe de certeza que vai ter. Já sabe que vai ter de pagar o IMI no ano que vem, o seguro do carro, a escola dos miúdos, etc.

São despesas que já conhece, já sabe os valores e, portanto, pode usar o dinheiro do reembolso do IRS para pôr de parte para pagar essas despesas. É “envelopar”, como ouvi em qualquer sítio, isto é, pôr o dinheiro em envelopes para fins diferentes.

Não precisam de ser envelopes físicos, mas também podem ser. O importante é saber qual é o destino daquele dinheiro e não gastar imediatamente o reembolso do IRS em coisas que não têm ainda o nome no envelope. Só depois de sabermos exatamente o que vamos pagar é que vamos pensar em gastar o dinheiro no que bem entendermos, se estiver a sobrar.

7. Começar a preparar a reforma

Se ainda não começou a preparar a sua reforma, este dinheiro pode ser o pontapé de partida. É fundamental começar a juntar dinheiro para a reforma, embora seja um objetivo de muito longo prazo. Seja 500 euros, 800 euros, 1000 euros, o que importa é que dê o primeiro passo.

Um montante assim pode ser, por exemplo, o primeiro passo para a criação de um PPR ou para começar a investir em ETF ou outras ferramentas financeiras com que se sinta confortável. Se já tiver esse objetivo estabelecido, já sabe que pelo menos uma vez todos os anos, pode aplicar o seu reembolso do IRS em investimentos para a sua reforma.

O importante é dar ordens aos seus soldados. Cada euro que cai na sua conta é um soldadinho e vai ter de lhe dizer o que é que quer que ele faça. Isto é fundamental e muda completamente a nossa vida. Sendo que, por exemplo, no caso do PPR, é dinheiro que faz dinheiro.

Portanto, este reembolso do IRS, posto num PPR, mantendo lá com este objetivo da reforma, vai ganhar com esse dinheiro até 300 ou 400 euros. Como? Em deduções no IRS do ano que vem. Portanto, repare como conseguimos multiplicar o nosso dinheiro com o nosso dinheiro.

8.  Investir, independentemente do rendimento dos produtos

Pode utilizar esta verba do reembolso do IRS para investir em qualquer ferramenta financeira. Mesmo que lhe faça confusão os PPR ou os ETF, que andam para cima e para baixo, pode simplesmente juntar esse dinheiro em produtos financeiros com capital garantido.

Pode aplicar em Certificados de Aforro, em depósitos a prazo que rendam acima de 2% - que já são raros, mas de vez em quando aparecem –, em ferramentas como o My Savings da Fidelidade ou outros semelhantes.

São exemplos de produtos com capital garantido que pode utilizar para fazer render o seu dinheiro a muito longo prazo. Portanto, é um projeto de cinco, dez, 15 anos, até chegar à idade da sua reforma.

9. Preparar o futuro dos seus filhos

A dica número nove é fazer o mesmo, mas para os seus filhos. Portanto, se já está a tratar da sua vida financeira, então pode começar também a preparar o futuro financeiro dos seus filhos. Lá está, com o PPR, com o ETF, com outro tipo de ferramentas, mas começar a juntar para eles e para as necessidades futuras que eles vão ter.

10.  Investir em formação ou equipamentos que possam gerar dinheiro

A décima dica, que é para os mais empreendedores, é investir na sua formação ou em equipamentos que lhe permitam fazer dinheiro.

Atenção, equipamentos que permitam fazer dinheiro não são máquinas para imprimir dinheiro, não, nada disso. Portanto, se não está satisfeito com o que ganha, se não está satisfeito com a sua profissão atual ou com o ambiente na sua empresa, então está na altura de fazer alguma coisa por si e mudar a sua vida. Como é que pode fazer isso? Por exemplo, tirando um curso numa área que gosta e se calhar 700 euros, 1000 euros são suficientes para fazer esse curso.

De onde é que virá esse dinheiro? Justamente do tal reembolso do IRS, se o tiver. Se é difícil tirar dinheiro do seu dia-a-dia, do seu salário mensal, então esta pode ser uma boa oportunidade. Seja gerir redes sociais, aprender contabilidade, aprender a fazer algo que lhe permita fisicamente criar um produto ou melhorar um produto que já saiba fazer, investa nisso.

Quer aprender a gerir melhor as suas finanças pessoais? Faça um curso sobre finanças pessoais e por aí fora. Há vários cursos digitais de programação, de inteligência artificial e há aquele apoio do Estado que permite devolver 750 euros para cursos digitais.

Chama-se Cheque Mais Formação, penso que é assim. Portanto, invista em si e em equipamentos, máquinas, computadores, impressoras, o que for, que lhe permitam, durante o resto do ano, ganhar mais dinheiro do que aquilo que ganha.

Dica bónus – Nunca negligenciar a saúde!

Vou dar uma dica adicional: há muitos de nós que desvalorizam e negligenciam a saúde. Se eventualmente sabe que vai ter de fazer um check-up de saúde, que vai ter de fazer alguns exames que até possam ser caros, tratamentos dentários, outro tipo de tratamentos como terapia psicológica, por exemplo, siga em frente.

Porque aquilo que podia ser uma despesa mais ou menos isolada agora, se ignorar pode vir a transformar-se em grandes despesas no futuro, quer financeiras, quer emocionais. Se puder prevenir uma doença, se puder cuidar da sua saúde mental, faça-o enquanto é tratável, porque isso pode beneficiá-lo durante várias décadas daqui para a frente.

Aproveite o reembolso para tratar destas coisas se for o caso. É dinheiro muito bem gasto, acredite.

Por agora, ficam estas dicas para este episódio, mas poderia dar muitas mais. Agora que já tem algumas ideias de como pode usar o seu dinheiro de forma mais inteligente, pense no assunto e veja se alguma destas dicas o inspirou.

Só não desperdice recursos financeiros, porque cada euro que cai na sua conta, venha de onde vir, tem de ter um objetivo que o beneficie. Claro, só você saberá qual é o objetivo e o que é melhor para si. Além disto tudo, não se esqueça que também é importante celebrar a vida e estarmos vivos.

Portanto, se para si faz sentido gastar dinheiro numa experiência, numa prenda para si, numa prenda para outros, desde que o faça conscientemente, acho que é das coisas melhores que podemos fazer: usarmos o dinheiro para a nossa felicidade, não para nos causar problemas. Muito obrigado por me ter acompanhado em mais uma boleia financeira.

Boas poupanças!

Aprenda a gerir melhor o seu dinheiro

Neste episódio, partilho 10 estratégias práticas e eficazes para usar o reembolso com uma estratégia bem definida— seja para poupar, investir, reduzir dívidas ou simplesmente melhorar a sua estabilidade financeira. E no fim, há uma dica extra que pode surpreendê-lo, especialmente se acha que "não vale a pena" por ser pouco dinheiro. Mesmo um reembolso de 100 € pode fazer a diferença se souber o que fazer com ele. Se quer evitar que o dinheiro desapareça sem deixar rasto, este episódio é para si.

Boas poupanças!

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