
Quando chegar a Primavera, vou dizer-lhe o contrário do que lhe vou dizer agora.
Escrevo este artigo duas vezes por ano: quando chega o frio e quando chega o calor.
Uma das formas mais eficazes de poupar é consumir menos o produto ou serviço. Se eu gastar menos água, obviamente vou pagar menos na fatura, se desligar as luzes quando não estou numa divisão vou consumir menos kWh, se gastar menos gás, vou baixar a fatura do gás.
Por isso, sempre que os dias aquecem, reduzo a temperatura do esquentador porque não faz sentido pôr a água a ferver para depois juntar água fria. Por isso, poupei muito gás, desde a Primavera. Esta semana, senti que a água já estava menos confortável e, por isso, naturalmente, subi a temperatura do esquentador em dois ou três graus, conforme as preferências do resto da família.
Daqui a uns meses, com a chegada dos dias mais quentes, deixa de ser necessário, sem reduzir o conforto, que a água saia tão quente do esquentador ou da caldeira. Para quê gastar mais quantidade de gás (ou de eletricidade) para ter água quentíssima se depois temos de misturar água fria?
O truque óbvio do esquentador
O conselho foi-me dado um dia (há vários anos), quando tive de chamar a casa um técnico para fazer uma inspeção à canalização do gás. Muito simpático, o técnico chegou ao pé do esquentador e disparou: “Sabe que está a gastar uma brutalidade de gás sem necessidade, não sabe?”
Não, não sabia - e a explicação é simples: raramente abrimos a porta do esquentador e olhamos para ele. Ligamos a água quente e pronto: esperamos que saia água quente da torneira. Normalmente, só vamos verificar o esquentador quando a água sai fria.
Ora o meu esquentador, sabe-se lá porquê, nesse dia estava a debitar água a 54 graus. Ou seja, estava a gastar todos os dias gás (e água) a mais para aquecer a água a 54 graus, quando o corpo humano considera confortável a água a uma temperatura muito inferior, sobretudo no verão (coloco a 39º). Para nós, cá em casa, chega perfeitamente. Cada um tem de testar a temperatura que é confortável para todos.
Há uma indicação de que por cada grau que baixarmos no esquentador, o consumo de gás pode baixar 7% (há um limite de temperatura em que essa conta deixa de ser proporcional). E já agora, encurte o tempo do duche. Tenho um aparelho que, quando atinge os 35 litros de débito de água, apita, tipo alarme. É procurar nas lojas, ou na internet.
AS CONTAS
Coloquei o meu esquentador no máximo (60ºC) e sentei-me em frente ao contador do gás. Em 10 minutos, gastou 0,27 m3 de gás. Logo a seguir, baixei a temperatura da água para 42ºC. Nos mesmos 10 minutos, o contador registou um consumo de apenas 0,15 m3 de gás.
Conclusão, para o mesmo banho/duche de 10 minutos com água a correr é possível baixar os custos da fatura do gás para quase metade.
Um banho por dia, com 4 pessoas cá em casa, a 60º C representaria ao fim do mês 32,40 m3 de gás. Baixando a temperatura para os tais 42º C o consumo desce para 18 m3.
Faça o teste e veja se está a desperdiçar gás sem necessidade. Acima de 42º, provavelmente está a desperdiçar dinheiro sem necessidade e sem aumentar o seu conforto. Esta dica aplica-se a todos os tipos de gás, nomeadamente de botija.
Como lhe disse, neste momento vou - conscientemente - poupar menos. Primeiro está o conforto, depois a poupança.
E claro, veja em que empresa tem o seu gás natural. O mais barato é o mercado regulado.