O podcast de sempre, agora mais inclusivo!
Como a literacia financeira é um aspeto fundamental para a boa gestão das finanças pessoais, os podcasts do Contas-poupança tornam-se agora mais inclusivos e passarão a ser publicados também em texto, nomeadamente para incluir a comunidade surda, pessoas que – não sendo surdas – têm dificuldades auditivas e, claro, todos os que ainda não perceberam como funcionam os podcasts ou que simplesmente preferem ler. Estamos também a trabalhar a possibilidade de traduzir o podcast para Língua Gestual Portuguesa, mas essa vai demorar mais tempo.
É o seu podcast de sempre, mas a partir de agora pode escolher lê-lo ou ouvi-lo. Aguardo as vossas criticas e sugestões.
Poupo para dar entrada numa casa, faço um PPR ou invisto num ETF?
[Introdução]
[Pedro Andersson]
Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e este é o Vamos a Contas, um episódio bónus, especial e semanal, do podcast Contas-poupança. Respondo às vossas perguntas em áudio que enviaram para o número do WhatsApp 92 775 37 37. A sua pergunta é muito importante! Vamos à dúvida desta semana?
[Ouvinte do podcast]
Olá, Pedro. Sou um jovem com menos de 35 anos e atualmente poupo 900 euros por mês. São 800 euros por mês que vão para uma conta poupança que vou trocando, porque estou sempre à procura do melhor depósito a prazo. O objetivo desses 800 euros por mês é ter o maior valor possível para dar entrada para uma casa.
Os outros100 euros vão para ETF, mas também queria fazer um PPR. Devo tirar uma fatia dos 800 euros para colocar num PPR ou devo dividir os 100 euros que coloco em ETF em duas partes para investir no PPR? Ou devo manter tudo como está e os ETF servirem como uma espécie de PPR, ou seja, só levantar a longo prazo?
[Pedro Andersson]
Olá! Muito obrigado pela pergunta. Fico muito feliz por ter já as suas contas arrumadas e a sua cabeça também me parece arrumada, o que é elogiável para um jovem. Tem um objetivo muito específico, que é ter o maior valor possível para dar como entrada para uma casa. Excelente, sabe o que quer.
Está a seguir o seu rumo com 800 euros por mês para essa conta poupança que tem capital garantido. É muito importante que tenha capital garantido porque tem um prazo curto, ou seja, vou partir do princípio que quer utilizar esse dinheiro nos próximos dois ou três anos.
E quando temos um objetivo de curto prazo, é muito importante que não arrisquemos esse dinheiro. Pode parecer-lhe apetitoso pegar num valor grande que já tenha e investi-lo, mas isso pode pôr em risco o seu objetivo. Não faça isso. Porque daqui a 3 anos, quando quiser utilizar esse dinheiro justamente para dar como entrada para uma casa, pode haver um crash nas bolsas e perder dinheiro. Tudo o que não queremos é desperdiçar o fermento do tempo. Mas, portanto, primeiro objetivo atingido, que é planear a compra da casa.
Vamos agora ao segundo ponto. Pelo que entendi, a pergunta é: devo reduzir os tais 800 euros que estou a pôr de parte para a casa e fazer um PPR, além do ETF onde já ponho 100 euros por mês, ou devo manter esses 100 euros e dividi-los com 50 euros no ETF agora e 50 euros para um PPR? Para preparar a reforma, qual é o critério que devo utilizar para decidir?
Como já vos disse, não há regras, não há leis. As finanças pessoais são isso mesmo, são pessoais. Então o que é que deve fazer? Como é óbvio, a última decisão é sempre sua. O meu objetivo com estas conversas é abrir janelas para depois você escolher a vista que quiser, porque há várias vistas na nossa vida financeira. O segredo para decidir é descobrir qual é o seu número mágico da reforma.
O que é que quero dizer com isto? Qual é o critério para decidir qual é o valor necessário? Como vos estava a dizer, há um episódio lá para trás, pesquise “número mágico” no motor de busca da plataforma em que estiver a ouvir o podcast se quiser ter mais detalhes sobre esse assunto. Mas resumidamente é quanto dinheiro é que eu vou precisar no dia em que me reformar para manter a minha dignidade ou viver a vida que pretendo ter quando me reformar.
O que é que isto significa? Significa saber ou fazer uma previsão utilizando o simulador da segurança social das pensões e das reformas, qual será previsivelmente a sua reforma face aos valores que estou a ter agora. Portanto, vai ao simulador, faz essa conta, deve retirar 30% a esse valor porque vai ter de fazer descontos para o IRS.
Não vai ter o subsídio de alimentação e, portanto, será mais ou menos esse valor. Não se esqueça que o valor que o simulador der é bruto, por isso é que estou a dizer para retirar 30%. E agora vai fazer a conta para saber se esse dinheiro vai chegar para levar a vida que quer ou para manter o nível de vida. Vamos imaginar que vai ter de acrescentar 300 euros por mês ou 500 euros por mês a esse valor da reforma para ter a sua velhice digna.
Então vai multiplicar esse valor que tenha de pôr a mais, seja que valor for, por 12 meses e depois por 20 anos. A estatística diz que depois da reforma vamos viver mais ou menos mais 20 anos, o que quer dizer que vai ter de ter 100 mil, 150 mil ou 200 mil euros em poupanças por essa altura, já com capital garantido. O
u pelo menos a maior parte deve ter capital garantido, mas também depende do seu perfil de investidor e do seu perfil de poupador também, porque vai ter de retirar todos os meses esse valor, ou o que entender, para não sentir essa quebra na qualidade de vida.
Respondendo à sua pergunta, vai fazer a conta a quanto é que esses 100 euros por mês, com o crescimento que o seu ETF está a ter, se é suficiente para atingir esse objetivo. Claro que é uma média teórica, mas dá para ter uma ideia. Se sim, pode manter essa sua estratégia dos 100 euros. O meu conselho é sempre diversificar.
Não é por agora estar com um ETF a ter um bom rendimento que isso vai acontecer no futuro. Um fundo PPR também não lhe garante que vai continuar a crescer, porque está relacionado com as bolsas, que também vai continuar a crescer. A questão é que tem muito tempo pela frente, tem 30 e tal anos, mas há fundos PPR mais arriscados e fundos PPR menos arriscados. Só conhecendo o seu perfil, conhecendo-se a si próprio, é que vai decidir se quer fazer também um PPR, se vai querer fazer um seguro PPR, se quer fazer um fundo PPR arriscado ou agressivo, moderado ou conservador.
Cada um deles terá rendimentos diferentes. Porque é que aconselho a diversificar, seja retirando dinheiro para a sua casa – se achar que já tem o suficiente –, seja dividindo os tais 100 euros? O PPR tem uma grande vantagem, que é a vantagem fiscal. O que quer dizer que, uma vez que tem esse grau de poupança, presumo que faça bastante retenção na fonte.
Ao fazer um PPR e tendo a idade de um jovem, vai conseguir buscar 400 euros por mês em deduções fiscais, simplesmente por fazer dois mil euros de PPR todos os anos. Portanto, nesse ano a seguir a fazer o PPR de dois mil euros vai receber mais 400 euros de reembolso ou pagar menos 400 euros de IRS. Essa é uma grande vantagem que deve aproveitar, apesar do rendimento poder ser eventualmente inferior ao do ETF, mas isso também depende do ETF que tenha, como é óbvio.
Além disso, na altura de resgatar, passados oito anos que cumprirá esse objetivo, só vai pagar 8,6% sobre as mais-valias. Tendo um bolo muito grande na altura em que fizer esse resgate e não é obrigado a fazê-lo, pode continuar com o PPR até ao fim da vida, só já não terá os benefícios fiscais à entrada, a partir dos 60 anos, creio eu, é uma grande vantagem ou pode vir a ser uma grande vantagem também.
Portanto, esta é a resposta que lhe dou. Descubra primeiro qual é o seu número mágico da reforma para saber quanto dinheiro é que terá quando se reformar ou quando decidir deixar de trabalhar para saber se esses 100 euros são suficientes, se são demais ou se são de menos. Isso vai ajudá-lo a decidir se mantém os tais 100 euros, se os aumenta ou se os diminui. Mais uma vez, parabéns por ter conseguido fazer esta poupança para a entrada de uma casa. Quanto mais dinheiro der de entrada, menor será a sua prestação até ao fim do seu contrato do crédito à habitação.
Quanto à ideia de dividir o dinheiro entre um ETF e um PPR, aconselho a diversificação, mesmo que aparentemente um deles renda mais do que o outro, isto porque nunca sabemos o dia de amanhã e no dia em que precisar de resgatar, se precisar de fazê-lo antes do tempo, vai ter duas alternativas. Pelo menos vai escolher aquela que o prejudicar menos, porque os imprevistos acontecem. Mas as oportunidades também acontecem e quando temos dinheiro disponível em vários cestos, é sempre melhor.
Espero que esta resposta tenha sido útil. Muito obrigado! Envie as suas perguntas para o número do WhatsApp do Contas-poupança, que é o 92 775 37 37. Não se esqueça de subscrever este podcast, de partilhar, de lhe dar as estrelinhas que entender e de dar as suas sugestões de perguntas que gostaria de ver respondidas no podcast, em reportagens ou em contas-poupanca.pt.
Boas poupanças!
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“Vamos a contas” são episódios “bónus” a meio da semana, em que respondo de forma mais breve às vossas perguntas simples e diretas. Não há perguntas demasiado básicas. Se não sabe, pergunte!
O pior que pode acontecer é não saber alguma coisa sobre finanças pessoais, ter vergonha de perguntar, e tomar decisões erradas (ou nunca decidir) por causa dessa falta de informação.
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