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PodTEXT | My Savings continua a compensar? E um casal deve ter um ou dois ETF?

Até dia 31 de dezembro de 2024, o My Savings da seguradora Fidelidade, rendia mais de 3% e sem quaisquer comissões. No entanto, a taxa de juro foi atualizada a 1 de Janeiro e baixou para 2,25%. Será que continua a ser uma boa opção para ter as poupanças a render?

PodTEXT | My Savings continua a compensar? E um casal deve ter um ou dois ETF?

[Introdução – Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Anderson, jornalista especializado em finanças pessoais, e este é o Vamos a Contas, um episódio bónus, especial e semanal, do podcast Contas-poupança. Respondo às vossas perguntas em áudio que enviaram para o número do WhatsApp 92 775 37 37. A sua pergunta é muito importante. Vamos à dúvida desta semana.

[Ouvinte do podcast]

Olá, Pedro. Queria colocar-lhe duas questões rápidas. Uma delas diz respeito às taxas de juro que estão agora a ser aplicadas nas poupanças, nos depósitos com capital garantido, porque entrámos num novo ano e há alterações a esse respeito. Tenho uma aplicação na Fidelidade, o My Savings, e foi aqui que ouvi falar dele pela primeira vez e foi por isso que fui lá e apliquei algum do dinheiro que temos, mas verifiquei que agora com o início do novo ano eles baixaram a taxa de juro e por isso estou interessada em saber o que é que tem para partilhar connosco nesse campo.

Depois, a segunda pergunta diz respeito à constituição de um ETF. Gostava de o fazer, mas tenho esta dúvida de se faço apenas um ETF para mim e para o meu marido, um apenas para os dois, ou se será sempre melhor termos um cada um? Obrigada e continuação de bom trabalho.

[Pedro Andersson]

Olá! Muito obrigado pelas perguntas. A primeira está relacionada com um tema de que falei há uns meses, sobre o My Savings da Fidelidade, que na altura estava a render 3,05%, se não me falha a memória, e uma das regras deste produto que pertence à seguradora é que de seis em seis meses eles reveem a taxa de juro. Ter 3% era bom face à concorrência, acima dos Certificados de Aforro.

Eu próprio pus dinheiro na My Savings, quando estava nessa altura a 3%, e continuo a ter lá o mesmo dinheiro. Não estou a fazer reforços, é mesmo para testar e compreender o produto e partilhar convosco como é que as coisas estão a correr. Portanto, tenho lá mil euros, estão a render o que devem render e tem a grande vantagem, tal como os Certificados de Aforro, de ter juros compostos.

Todos os meses o valor aumenta. No caso dos Certificados de Aforro aumenta de três em três meses, portanto, acumula juros de três em três meses. No caso do My Savings, é mês a mês, ou seja, é a taxa de juro anual a dividir por 12, aplicando 1/12 todos os meses. Acontece que o que está escrito no contrato, e que todos devem ler antes de assinar, como é óbvio, é que a taxa de juro é atualizada para cima ou para baixo, nunca sabemos antecipadamente, no dia 1 de janeiro de cada ano e no dia 1 de julho.

Portanto, muda de seis em seis meses. E agora, baixou de 3,05% creio eu, perdoem-me se não é esse o valor, e agora o que foi anunciado é que a partir de 1 de janeiro de 2025, o valor foi revisto para 2,25% de juro ao ano, mas neste caso a ser aplicado durante seis meses. Sublinho que não tem comissões de subscrição, não tem comissões de manutenção, não tem comissões de resgate, é isto e acabou. É super simples, tem capital garantido pela seguradora, portanto, entre isso e não ter nada ou estar à ordem, é preferível ter este.

Agora, a pergunta que faz é, tudo bem, mas já não é tão bom como era antes e agora o que é que faço? Pelo menos foi assim que interpretei a sua pergunta. Nomeadamente comparando com os Certificados de Aforro que ainda estão acima, quando estou a gravar, dos 2,5%, que é o limite máximo.

Quais são as minhas indicações ou o que é que estou a pensar sobre o assunto? É que, de facto, neste momento, ou nestes dois meses, eventualmente três meses, os Certificados de Aforro são melhores do que este produto do My Savings, mas a questão é que não sabemos o que vai acontecer daqui a três meses, mas sabemos que a tendência é que a Euribor a três meses, na qual se baseia os Certificados de Aforro, vai continuar a descer e estará abaixo dos 2,5% dentro de muito pouco tempo.

Portanto, será uma questão de tempo até este My Savings da Fidelidade estar acima, outra vez, dos Certificados de Aforro, o que não é grande consolação, porque entre 2,25% e 2,5% continua a ser sempre abaixo da inflação. Ou seja, é péssimo.

Bom, se calhar estou a exagerar um bocadinho. Dá para manter mais ou menos o valor ajustado à inflação, pelo menos não está a perder muito dinheiro. Depois ainda é preciso ver a fiscalidade, porque é 2,5%, mas depois tem de retirar os 28% para o Estado.

No caso do My Savings da Fidelidade, a fiscalidade é melhor do que os Certificados de Aforro. Mas, seja como for, a diferença será mínima, a menos que estivéssemos a falar de muitas dezenas de milhares de euros. Portanto, continua a ser um produto mais ou menos.

Os produtos andarão agora nos próximos meses sempre à volta disto, 2% ou 2,5%. Não conseguirá muito melhor a não ser em depósitos a prazo de bancos mais pequenos, menos conhecidos, que oferecerão 3% ou um pouco mais durante um ano.

Tem de ver se não tem de pagar comissões de manutenção de conta para ter lá esses depósitos a prazo. Terá de abrir conta nesses bancos, terá de fazer as suas contas, porque pode compensar, pode não compensar. Depende também dos valores que estão envolvidos. Portanto, a minha resposta, ou a minha opinião sobre esta descida dos valores, é que estão a acompanhar os Certificados de Aforro e, eventualmente, estão a acompanhar também os juros do Banco Central Europeu (BCE).

Estão em linha com aquilo que se espera para os próximos meses. Não é, portanto, uma razão dramática para sair, nem é um valor que vos diga para irem a correr, porque são apenas valores normais nesta altura, sendo que estão bastante acima da média dos depósitos a prazo dos bancos ditos normais. Portanto, é morninho. Nem é mau, nem é bom. Mal não faz e muito bem também não faz, mas se tem medo de produtos sem capital garantido, continua a ser uma opção.

E quanto aos ETF?

Agora, a segunda questão que levanta que não tem nada a ver com esta, é que quer investir em Exchange Traded Funds, ou ETF, que são fundos de investimento indexados a produtos na Bolsa. A questão não é tanto se deve ou não fazê-lo, mas se deve dividir por dois ou se deve fazer esse investimento por inteiro, sendo que o valor é rigorosamente igual, ou é inteiro ou é dividir por dois.

Ora, a questão aqui põe-se de duas formas. A primeira é que, sempre que subscreve um produto numa corretora, em princípio paga uma comissão por cada um desses movimentos. Por exemplo, na Trade Republic paga um euro cada vez que subscreve um produto. E paga um euro cada vez que resgata ou vende esse produto. Portanto, por aí já está a ver a poupança que pode ter se fizer tudo só uma vez.

Se tiver 100 euros para investir todos os meses, porque é que vai pagar o dobro, ou seja dois euros para comprar e depois no futuro dois euros para vender? Se em vez de 50/50 pode fazer 100 euros de uma vez e só paga um euro para subscrever os 100 euros e um euro para depois vender esse mesmo valor, matematicamente, está explicado. Mais vale fazer só um movimento. Porquê? Porque há custos associados ao simples facto de fazer alguma coisa.

Isto torna-se ainda mais relevante se utilizar uma corretora em que o valor é mais elevado que apenas um euro. É um valor perfeitamente razoável e normal e é assim que eles ganham dinheiro, porque há corretoras ou bancos em que tem de pagar cinco euros, dez euros, 15 euros, 20 euros cada vez que faz uma dessas transações. Este é outro alerta que deixo, que é: seja qual for a instituição que esteja a utilizar para os seus investimentos, veja o preçário e os custos.

O segundo aspeto tem a ver mais com a vossa organização enquanto família, porque ninguém tem nada a ver com a forma como um casal se organiza financeiramente. O que lhe quero dizer é que conheço casais que têm apenas uma conta e cada um tem o seu cartão multibanco, o seu cartão de crédito, e gerem tudo o que há para gerir em apenas uma conta. E outros em que cada um tem o seu dinheiro.

Portanto, cada um tem a sua conta bancária e não têm de prestar contas ao outro sobre quanto ganham e sobre quanto gastam e têm ainda uma terceira conta apenas para as despesas e, portanto, cada um tem a sua carteira de investimentos.

Isto tem algum problema? Não. Envolve o dobro dos custos, como acabei de dizer, mas cada um ganha o seu dinheiro, cada um investe o seu dinheiro em ferramentas iguais ou diferentes, porque alguns casais pensam, bom, a gente sabe lá o dia de amanhã e escusamos depois de estar com coisas a dividir o dinheiro, a retirar o dinheiro dos investimentos, eu confio neste investimento, quero mantê-lo para o resto da minha vida, independentemente do que aconteça com a família e com o casamento.

Está tudo ótimo, ninguém tem nada a ver com isso, desde que o casal se entenda sobre esta forma de geria as suas finanças, não vejo problema nenhum. A vantagem, como dizia, é que ao fazer apenas uma operação para cada valor de reforço, os custos são menores, quer à entrada, quer à saída.

Simplifica todo o processo, o valor torna-se maior e torna-se mais motivador. Uma coisa é ver cinco mil mais cinco mil, outra coisa é olhar para lá e ver 10 mil e o crescimento dos 10 mil. Portanto, meçam bem essas duas questões e vejam o preçário das operações na corretora ou na instituição financeira em que estão a pensar fazer esse investimento. Isso pode ser até um critério para a escolha da instituição onde pensam fazer esse investimento de ETF, ou qualquer outro, é o que tenho a dizer sobre essa questão de dividir por dois ou fazer tudo de uma vez.

Em todo o caso, quero dar-vos os parabéns porque, pelas perguntas que fez, tem já, ou já percebeu, o critério da diversificação. Tem um produto com capital garantido a 100%, que é o My Savings neste caso, e estão a pensar em investir também em produtos sem capital garantido que, historicamente, têm um retorno maior. É isso mesmo que devem fazer. Não pôr tudo no mesmo cesto e tentar gerir de forma eficiente as suas finanças pessoais.

Muito obrigado por me terem acompanhado em mais esta boleia financeira. Continuem a enviar as vossas questões para o número do WhatsApp, que é o 92 775 37 37, e às quartas-feiras respondo a algumas das vossas perguntas.

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Boas poupanças!

Aprenda a gerir melhor o seu dinheiro

Para além da questão sobre o My Savings, a mesma ouvinte do podcast fez outra pergunta: ela e o marido querem investir em ETF, mas não sabem se devem dividir o dinheiro disponível pelos dois ou se devem ter apenas um investimento mensal conjunto. O que será mais rentável e eficiente? 

Respondo a estas duas perguntas no episódio de hoje.

pode ouvir diretamente aqui:

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Para além do episódio principal às segundas-feiras, às quartas-feiras respondo às vossas perguntas em áudio.  

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