
Os pagamentos efetuados através de entidade e referência vão passar a apresentar o nome do destinatário a partir desta segunda-feira, colocando em prática uma norma do Banco de Portugal (BdP) cujo aviso já tinha sido emitido em novembro do ano passado.
O objetivo da nova funcionalidade não passa apenas pela transparência de identificar o destinatário do pagamento - que até agora poderia estar oculto através de serviços contratados -, mas é também uma forma de prevenir fraudes.
Entre as empresas de pagamentos o novo mecanismo foi bem recebido. Para Eduardo Barreto, diretor-geral da Hipay em Portugal, "não há pontos negativos" na medida, uma vez que vem tornar "mais difícil" a realização de burlas através do multibanco.
"Vemos bastante positivamente esta entrada em vigor. Vai melhorar tudo, não há pontos negativos. O único ponto negativo seria para os burlões e para os criminosos", disse o responsável da Hipay em declarações à Lusa.
Outros responsáveis por empresas de pagamento também enalteceram o novo mecanismo. Para Telmo Santos, copresidente executivo da Eupago, a medida é um "passo positivo para o reforço da segurança nas transações financeiras". Filipe Moura, cofundador da Ifthenpay, também descreve a medida como "muito positiva".
"Embora os pagamentos por referência Multibanco apresentem um índice de fraude muito baixo, esta medida contribuirá para reduzir ainda mais certos tipos de fraude como, por exemplo, a conhecida fraude ‘Olá Pai, Olá Mãe’, pois o ordenante passa a ter visibilidade direta sobre o destinatário efetivo dos fundos”, explicou Filipe Moura à Lusa.
Este novo mecanismo do BdP é mais um passo no sentido de blindar o sector contra burlas ou tentativas de phishing e surge no seguimento de outras medidas, tais como a aprovada em maio de 2024, que permite identificar o titular de uma conta através do IBAN na realização de transferências.
De acordo com o responsável da Hipay Portugal, o impacto do novo mecanismo no negócio deverá ser positivo porque os clientes "até poderão preferir ter o seu nome em vez do nome da Hipay". No entanto, daqui para a frente, ambos estarão visíveis, tanto da plataforma quanto do parceiro.
Do lado da Ifthenpay a opinião é replicada, considerando que a apresentação dos dois nomes "reforça também a confiança dos consumidores".
“Em caso de problemas com a entrega de produtos ou serviços, o ordenante saberá que pode contactar a Ifthenpay para mediar o processo. Sem esta visibilidade, fraudes como a não entrega de bens ou serviços seriam mais difíceis de detetar, prevenir e travar”, explicou Filipe Moura.
Já a Eupago, embora admita que o mecanismo possa ter "algum reflexo na exposição da marca", acredita que esse impacto "não será expressivo a nível de atividade.
No geral, o balanço é positivo, com as três empresas a saudarem o aumento da transparência e a possibilidade de reduzir fraudes, como em casos de phishing ou “burlas que exploram a confiança dos utilizadores”.