Como evitar os aumentos de eletricidade que vêm aí
Os preços da eletricidade na produção nunca estiveram tão altos. O governo já prometeu que não haverá aumentos em 2022 no mercado regulado, mas não garantiu nada quanto a quem está no mercado livre. Na mais recente reportagem do Contas-poupança explicamos-lhe como pode proteger-se dos aumentos que aí vêm. Tem o link para a reportagem em vídeo no final deste artigo.
(Já agora obrigado por terem visto. Foi a reportagem mais vista em toda a televisão portuguesa na quarta-feira passada).
Desde o princípio do ano, o preço a que as empresas compram a eletricidade cresceu 300%. Triplicou. Imagine que na mercearia estava habituado a comprar batatas a 50 cêntimos o quilo e agora pedem-lhe 2 euros o quilo. É o que está a acontecer às empresas que lhe vendem eletricidade a si.
Em Espanha os preços estão incomportáveis para muitas famílias e empresas, por isso o governo espanhol decidiu baixar o IVA de 21 para 10% até ao fim do ano, entre outras medidas.
Em Portugal, o mecanismo dos aumentos é diferente. Algumas empresas já anunciaram aumentos imediatos (como por exemplo a Muon que subiu 40%), mas a maioria dos clientes ainda não sentiu nada.
Este é o preço atual da Muon, antes do aumento, a 5 de outubro.
Prepare-se para aumentos em Janeiro
Se olharmos para a matemática é praticamente inevitável que isso aconteça provavelmente em Janeiro. Contudo, o ministro do Ambiente e Ação Climática já veio garantir que no mercado regulado isso não vai acontecer. Vamos aguardar pelos preços definidos pela ERSE.
Estamos a falar de quase um milhão de portugueses que ainda são clientes da SU Universal, a antiga EDP. No mercado regulado, os preços são fixados pela ERSE, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, que tem de aplicar as fórmulas previstas na lei. Se ninguém fizesse nada, no cenário atual, o preço da luz ia aumentar 3% de 3 em 3 meses. Para evitar que o preço disparasse, o governo decidiu avançar com mais de 400 milhões de euros para pagar parte desses aumentos, em vez das famílias portuguesas.
Graças a essa ajuda do Estado, esta parte da sua fatura que são as tarifas de acesso às redes vão ter um desconto de 13% em 2022. E esse desconto na fatura é para todos os consumidores domésticos.
A visão optimista do ministro só vai ser confirmada a 15 de outubro, quando a ERSE disser qual é o preço que prevê para a eletricidade no mercado regulado em 2022 e a decisão final, depois de ouvido o governo, será só a 15 de Dezembro. Vamos ter de esperar.
Não vai aumentar, mas já aumentou
O que deve perceber desde já é que, mesmo que o preço não aumente no ano que vem no mercado regulado, ele já aumentou 6% só este ano. 3% em Julho e mais 3% a de 1 de outubro. E esses aumentos já não voltam atrás.
Há dois pontos importantes a fixar: Se ainda está no mercado regulado sempre esteve a pagar demais face a empresas concorrentes, e com estes aumentos de 6% ainda vai ficar a pagar mais sem necessidade.
Em segundo lugar, tem de saber escolher as empresas mais baratas porque no mercado liberalizado tem também preços que são mais caros do que a SU Serviço Universal. E muitos consumidores não sabem comparar.
Se é o seu caso, há uma linha na sua fatura de eletricidade de que já lhe falámos num outro Contas-poupança que lhe diz em poucos segundos se está a desperdiçar dinheiro ou não. Com estas ou outras palavras, a fatura diz-lhe se está pagar mais ou menos do que no mercado regulado. Se está a pagar a mais, está claramente na altura de mudar de fornecedora de eletricidade ou de renegociar o seu tarifário.
Não mudam porquê?
Um inquérito da DECO feito em março revelou que nos últimos 12 meses, 9 em cada 10 portugueses não mudaram de empresa de eletricidade. Ora, isso significa que ou estão todos super satisfeitos com o que estão a pagar, ou então que há muita preguiça ou medo de mudar. Respeito, mas custa-me a compreender porquê pagar mais se posso pagar menos fazendo um telefonema ou clicando num botão numa página na internet.
Se até pensa em mudar mas não sabe para onde, basta que vá a um simulador da DECO, da ERSE ou outro, preenche os dados que lhe pedirem e fica logo a conhecer algumas alternativas mais baratas.
Por exemplo no simulador da ERSE basta escolher a opção simulação persoinalizada, escolher a sua potência contratada, tarifa simples ou bi-horária, pode escolher a opção “1 mês” como exemplo, coloque 200 kWh se não souber o valor exato que está na sua fatura, e pode até escolher “não” se não souber ler a sua fatura. Pede para ver os resultados, selecione apenas a opção menor oferta de comercializador e já tem por onde começar a escolher. São os preços mais baratos em Portugal. Depois decide mudar ou não, a decisão é sua.
Em resumo, se quiser baixar a sua fatura de eletricidade, obrigatoriamente vai ter de andar a saltar de empresa em empresa nos próximos meses. Se não tem paciência para isso, o mercado regulado pode ser uma solução, mas tem de ter a consciência de que está a pagar mais sem necessidade.
E independentemente dos preços da eletricidade ao longo do tempo, deve lembrar-se sempre de que o kiloWatt mais barato é aquele não chega a consumir. E é aí que entram os comportamentos em casa, os equipamentos mais eficientes A+++ e os painéis solares que produzem eletricidade. É aí que está a grande poupança.
Ajude os seus pais ou avós com menos literacia financeira a ver se estão a desperdiçar dinheiro e mexa-se enquanto tem várias alternativas. Em último caso, volte para a SU Eletricidade. Financeiramente falando, é daqueles tarifários que não são nem bons nem maus. São uma média mais ou menos “controlada”, mas não são a melhor empresa no mercado.
Tem aqui a reportagem em vídeo na página da SIC Notícias: https://sicnoticias.pt/programas/contaspoupanca/2021-09-29-Como-evitar-os-aumentos-na-fatura-da-eletricidade-3acae0af
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