PodTEXT Vamos a contas | Devo investir o meu Fundo de Emergência?

Escrito por Inês de Almeida Fernandes

27.04.24

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8 min de leitura

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O podcast de sempre, agora mais inclusivo!

Como a literacia financeira é um aspeto fundamental para a boa gestão das finanças pessoais, os podcasts do Contas-poupança tornam-se agora mais inclusivos e passarão a ser publicados também em texto, nomeadamente para incluir a comunidade surda, pessoas que – não sendo surdas – têm dificuldades auditivas e, claro, todos os que ainda não perceberam como funcionam os podcasts ou que simplesmente preferem ler. Estamos também a trabalhar a possibilidade de traduzir o podcast para Língua Gestual Portuguesa, mas essa vai demorar mais tempo.

É o seu podcast de sempre, mas a partir de agora pode escolher lê-lo ou ouvi-lo. Aguardo as vossas criticas e sugestões.

O Bruno quer saber se deve investir o fundo de emergência. Vamos a Contas?

[Introdução]

[Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais e este é o Vamos a Contas, um episódio bónus, especial, semanal, do podcast Contas-poupança em que respondo às vossas perguntas em áudio que enviaram para o número do WhatsApp 92 775 37 37. A sua pergunta é muito importante. Vamos à dúvida desta semana.

[Bruno, ouvinte do podcast]

Olá, Pedro! Antes de mais, obrigado pela sua disponibilidade em ensinar tanta coisa boa a nível financeiro a leigos como eu. Acompanho-o já há algum tempo e iniciei a minha estruturação financeira há cerca de meio ano. E começava por aí. O fundo de emergência, já percebi que é mesmo isso, é um fundo de emergência que quando for preciso está ali no imediato.

Mas queria perceber com o Pedro se há, mesmo sendo no imediato, algum tipo de investimento, talvez a três meses, entre estar parado sem render nada ou estar a render o mínimo que fosse com a possibilidade de se calhar em três meses poder resgatar sem qualquer penalização ou então resgatando antes, mas aí já é uma situação de emergência. Aconselha algum tipo de investimento para o fundo de emergência? Muito obrigado.

[Pedro Andersson]

Olá, Bruno! Muito obrigado pela pergunta. Essa pergunta é um clássico, já foi feita várias vezes. A última vez que respondi a essa pergunta foi num episódio daqueles maiores, mais longos, às segundas-feiras, mas já são 200 e tal episódios, portanto, suponho que muitos de vocês não tenham ouvido todos os episódios anteriores e, por isso, vou dar uma resposta rápida e curta à sua pergunta.

De facto, é tentador, uma vez que a pessoa começa a ter algum dinheiro disponível, começar a pensar em fazê-lo crescer. Isso é óbvio e é inteligente. Mas também é uma das armadilhas das finanças pessoais, porque o nosso cérebro engana-nos porque é, vamos utilizar aqui a palavra um bocadinho entre aspas, é ganancioso e quer sempre mais. E temos alguma dificuldade em pôr travão nisso e fazer as coisas de uma forma racional. Por isso é que muitos de vocês estão a ouvir este podcast, porque a ideia é trazer racionalidade para as nossas finanças, para a nossa organização financeira.

Então, respondendo muito diretamente à questão do Bruno, parabéns por estar a fazer o seu fundo de emergência e, portanto, tal como explico no livro Ganhar Dinheiro, o primeiro passo, o primeiro dos cinco passos, é o fundo base de mil euros. Depois de ter mil euros, vai pagar todas as suas dívidas. Depois, a partir daí, pode e deve começar a fazer o seu fundo de emergência grande, robusto, entre seis e doze meses das suas despesas mensais. Costumo apontar para os cinco mil euros ou dez mil euros, para ser uma conta redonda, não sabendo eu quais são as suas despesas. Agora, uma vez que tem esse dinheiro, porque é que ele tem de estar parado?

A pergunta é óbvia e é inteligente. O que quero recordar é que o fundo de emergência é para emergências. Quando tem uma emergência é para hoje, é para amanhã, é para esta semana, é uma despesa que tem de pagar este mês até ao fim do mês. Portanto, qualquer valor que esteja preso durante três meses ou mais não pode ser um fundo de emergência. Isto é quase como se fosse uma lei, se quiser levar isto a sério e por ordem na sua vida financeira.

Agora, pergunta-me, mas então e os certificados de aforro que depois de três meses ficam disponíveis já a qualquer momento, praticamente de um dia para o outro, na conta à ordem?  Aquilo que digo às pessoas é, se se sentir confortável com essa circunstância, avance, porque já sabe que nos próximos três meses, se acontecer uma emergência, não vai ter um fundo de emergência. Se até hoje, e já tem 25, 30, 40, 45 anos e nunca teve um fundo de emergência e sempre se desenrascou, quer dizer, é só pensar que vão ser só mais três meses.

Mas atenção, não estou a aconselhar a que façam isto. Estou a dizer que as suas decisões devem ser sempre com base em pensar se consegue dormir descansado com essa decisão. Isto tira-me o sono? Não me tira o sono? E é, para mim, um bom critério para tomar decisões financeiras. Aquilo que costumo dizer às pessoas é, quando têm já um fundo de emergência robusto, podem pôr, por exemplo, metade em certificados de aforro e depois de passarem os três meses e essa metade já estar disponível, então põe a outra metade.

Passados outros três meses, já tem todo o seu fundo de emergência a render e plenamente disponível, 100% disponível, o que é já um fundo de emergência a funcionar e eficiente. Agora, a questão é: temos neste momento depósitos a prazo a três, seis, doze meses que têm juros maiores do que os certificados de aforro? Se sim, deve ponderar novamente essa hipótese e o Bruno fez referência a ela, algures aí na sua pergunta, que é se tiver um depósito a prazo com um juro superior a 2,5%, então é uma possibilidade desde que tenha uma condição e essa condição é poder mobilizar esse dinheiro, mas com a perda total dos juros ou com a regra que estiver nesse depósito a prazo.

Portanto, está a render, e se correr tudo bem, tem esse juro no final do prazo. Excelente, maravilha, pôs o seu dinheiro a render, está a ganhar dinheiro com o seu dinheiro, extraordinário, tem o melhor dos dois mundos. Se precisar dele como fundo de emergência para pagar qualquer despesa inesperada que tenha surgido, desde que esteja disponível, correu o risco, não ganhou aquilo que estava à espera, mas funcionou como fundo de emergência, perfeitamente aceitável. Portanto, tem aqui estas duas alternativas e é muito bom que pense nisso.

Ou seja, tem dinheiro disponível, tem o fundo de emergência, vou pôr a render o meu fundo de emergência, portanto, tem o fundo de emergência e está a investir ao mesmo tempo. Este investir é um bocadinho entre aspas, porque já vos disse várias vezes que ter juros de 2,5% a 3% com capital garantido não é propriamente a minha definição de investimento. É mais uma forma de não perder muito dinheiro para a inflação ou pelo menos manter o valor do seu dinheiro.

Espero ter respondido à sua pergunta. Muito obrigado por enviarem as vossas mensagens em áudio para o número do WhatsApp do Contas-poupança que é o 92 775 37 37. Não se esqueça de subscrever este podcast, de lhe dar as estrelinhas que entender, de acionar as notificações e de o partilhar com outros. Fale sobre este podcast que muda vidas a outros, porque o objetivo é chegarmos ao maior número possível de portugueses, de portuguesas, de pessoas que vivem em Portugal, para poderem viver melhor, mesmo que seja com o mesmo dinheiro.

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