Tem a certeza de que está a poupar na eletricidade?
Eu diria – pela minha experiência – que milhares de vocês acham que estão a poupar na eletricidade por terem mudado uma vez para uma empresa mais barata, ou pensam que estão a poupar por se manterem na EDP “antiga”, ou seja a atual SU – Serviço Universal. Podem estar muito enganados. Foi o tema da reportagem desta semana do Contas-poupança. Pode vê-la ou revê-la no link no fim do artigo.
Os seus preços aumentaram e não deu por isso?
Provavelmente, sim. Se é daquelas pessoas que só pagam e que não olham para a fatura de eletricidade para ver o preço do kWh todos os meses, é o mais certo.
Numa reportagem feita há mais de 1 ano no Contas-poupança já lhe demos a conhecer o Payper. É uma das várias ferramentas em Portugal que o ajudam a encontrar sempre o preço de eletricidade mais barato. Envia as suas faturas em pdf para a aplicação no telemóvel ou para a página de internet e passados uns minutos a aplicação diz-lhe qual é a fornecedora mais barata para o seu caso específico. Depois só troca se quiser.
Alguns espectadores alertam – e bem – que ao enviar as suas faturas em pdf para eles analisarem, está a ceder-lhes dados muito importantes como o seu nome, morada, NIF, etc. Toda essa informação está nas políticas de privacidade deles e tem de autorizar se quiser que eles (o computador deles) analisem as suas faturas para lhe dizerem se alguém tem preços melhores do que os que está a pagar. A análise não abrange os descontos adicionais como faturas aniversário, códigos amigo, ou descontos em hipermercados ou gasoilineiras por isso algumas pessoas sentem-se defraudadas com os resultados. Tenha isso em atenção.
Eu usei e resultou, daí ter feito a reportagem. Tem de avaliar por si.
O surpreendente estudo do Payper
Seja como for, atualmente mais de 100 mil pessoas usam a aplicação. Em pouco mais de um ano, já receberam meio milhão de faturas. De todos os tipos, formatos, cada uma com o seu tipo de letra, e com os valores em sítios diferentes. Algumas são complicadíssimas de ler.
Analisadas as faturas de dezembro e as de janeiro,chegaram a uma conclusão surpreendente. Enquanto no mercado regulado a eletricidade desceu 0,6%, no mercado liberalizado subiu em média cerca de 7%.
Como pode ver nos gráficos acima, ao contrário do mercado regulado em que os preços desceram 0,6%, praticamente todas as empresas fornecedoras de eletricidade aumentaram de dezembro para janeiro tanto a energia como a potência contratada, entre 2 e 7%, na maioria dos casos.
Há duas exceções, a Galp desceu a potência contratada mas compensou subindo o preço da energia e a MEO Energia não mexeu nos preços, mas continua com o quinto preço mais caro na lista da Payper.
Por exemplo, nesta fatura da EDP Comercial, em dezembro este consumidor pagava 0,1511 por kWh e em janeiro passou a pagar 0,1569. A potência contratada subiu de 0,5549 para 0,5864. Numa da Endesa, o preço subiu de 0,1677 para 0,1735 em Janeiro. E noutra da Iberdrola a energia passou de 0,1394 para 0,1437. São apenas exemplos, praticamente todas as empresas fizeram isto.
Alguns espectadores, logo nos minutos a seguir à reportagem comentaram – desiludidos – que isto não podia ser verdade porque têm preços inferiores aos mencionados na reportagem.
Relembro que os valores e gráficos mencionados na reportagem são valores MÉDIOS, de 500 mil faturas REAIS analisadas por computador.
Portanto, a minha primeira conclusão (e deles) é que dentro da mesma empresa há milhares de clientes com preços completamente diferentes conforme o dia e a hora em que fizeram o contrato com essa empresa. E os novos clientes têm quase certamente melhores preços agora do que os preços que eles estão a pagar há anos porque simplesmente deixaram andar.
É ESSA A MENSAGEM QUE QUIS PASSAR COM ESTA REPORTAGEM: Se não fizer nada de 6 em 6 meses para confirmar que continua a ter os preços mais baixos dentro e fora da sua empresa o mais provável é que lhe aconteça o que o estudo do Payper revelou. As empresas aumentas os preços como e quando querem e você não dá por nada.
O melhor mesmo éfazer o que eu faço. Uma folhinha de Excel em que vou anotando os preços que estou a pagar pelo kWh e pela potência contratada. Mês a mês. Não custa assim tanto. Assim que notar uma alteração nos preços, liga para lá e exige que lhe baixem o preço para a melhor oferta que tê. Se não o fizerem, ameace mudar para a concorrência (se fizerem melhores preços, claro) e mude mesmo se não cederem. Era a minha estratégia antes de ter descoberto que usando o marketing das empresas podia ter eletricidade quase de borla. Já está quase. Em Janeiro a minha fatura de eletricidade foi de 8 euros…
Dou o meu código amigo a quem me pedir diretamente e poupamos 1 euro cada um todos os meses. Mesmo que os preços do kWh sejam mais altos do que a concorrência, compensa-me – e muito – como pode ver.
Mas para quem não tem essa paciência e contactos a melhor estratégia é mesmo ter o preço mais baixo “simples” ou recorrendo a descontos adicionais.
Mas as empresas podem aumentar quando querem?
Sim. O mercado é liberalizado (ou seja, é livre) portanto é o consumidor que tem de estar atento. Ao analisarem milhares de faturas comprovaram que as empresas mudam os preços como querem e quando querem e nós podemos nem dar por nada.
O facto de ter tido um bom preço quando aderiu não quer dizer que não tenham aumentado os tarifários entretanto sem você se aperceber. É por esta razão que de 6 em 6 meses deve ponderar mudar de empresa de eletricidade.
Não custa nada. Basta um telefonema ou um e-mail a várias empresas para perguntar se lhe fazem mais barato pelo kWh. No mínimo, ligue para a sua empresa atual e exija que lhe façam o melhor preço que estão a fazer para os novos clientes.
Com base nestes dados, o Payper calcula que um cliente que não faça nada e que se mantenha com o tarifário atual sem reclamar, só por causa dos aumentos de janeiro, vai pagar mais 71 euros este ano só pela preguiça de não fazer um telefonema a pedir para baixarem o preço.
O estudo da ERSE
Por outro lado, a ERSE também fez um estudo, mas que contempla os descontos adicionais dos vários contratos.
De acordo com a entidade reguladora, a Iberdrola, a GoldEnergy e a EDP Comercial têm as ofertas de eletricidade genericamente mais competitivas mas depende do tipo de agregado familiar.
Por exemplo, para um casal sem filhos, há 12 comercializadores que apresentam em média um preço mais competitivo do que a tarifa regulada, com a Iberdrola com a oferta comercial de eletricidade mais barata, seguida da Endesa e da Galp Power. Para outros agregados e consumos os resultados são diferentes.
Não se baseie em médias ou simuladores
Portanto, com certeza já percebeu que não pode basear as suas escolhas em médias e estudos genéricos. Tem mesmo de olhar para a sua fatura e ver o preço do kWh e da potência contratada que está a pagar atualmente. E é esse valor que tem de comparar.
A ERSE aconselha, em comunicado, os consumidores a verificarem nas faturas se o valor que pagam é maior ou menor que o do mercado regulado e a consultarem e compararem as novas ofertas de mercado no sentido de, “caso sejam mais favoráveis que os seus contratos históricos, contratarem uma nova oferta/comercializador”.
Portanto, olhe para a sua fatura e veja quanto está a pagar pelo seu kWh. E recordo mais uma vez que tem esta linha que lhe diz se está a poupar ou não em relação à “EDP antiga”. Procure-a na sua fatura. Está em todas.
Volto ao regulado?
Agora a grande pergunta: Se no mercado regulado a eletricidade desce e no liberalizado sobe, será quer vale a pena voltar para o Serviço Universal, como agora se chama?
Voltemos aos gráficos da payper. Pela analise que fizeram aos preços reais nas faturas, o preço do mercado regulado é o sexto mais caro lista. Há pelo menos 10 empresas fornecedoras de eletricidade que são mais baratas do que o mercado regulado. E as que aparecem aqui como mais caras, deve ter em atenção que não estão contabilizados os descontos adicionais como faturas aniversário, descontos de amigos ou de boas-vindas, descontos em hipermercados e gasolineiras. Na maior parte dos casos, essas promoções compensam essa diferença e ficam iguais ou abaixo do mercado regulado, como viu nas contas da ERSE.
De uma forma muito prática, o que tem de analisar na sua fatura não são os descontos mas o preço pelo kWh e trocar de empresa sempre que encontrar mais barato e confiar nessa empresa, obviamente.
Só para ter uma ideia, as empresas com os preços médios mais baratos no momento em que esta reportagem foi realizada e que não têm preços indexados (ou seja, em que o preço varia conforme o preço da eletricidade nos mercados interncionais) são provavelmente empresas que não conhece.
Abaixo dos 14 cêntimos por kWh tem a EZU Energia, a Audax, a Coopérnico, a Alfa Energia, a YLSE e MuOn. Estamos a falar de preços médios, como lhe disse, mas já dá para ficar com uma ideia. Pesquise na internet os preços atuais e compare com o preço do kWh que tem na sua fatura.
Se acha que dois ou 3 cêntimos não fazem diferença, faça esta conta comigo.
A diferença entre a empresa mais cara e a mais barata nesta lista da payper é de 3 cêntimos por kWh. Se uma família consumir 400 kWh por mês é uma diferença de 12 euros na fatura de eletricidade. Ao fim do ano estamos a falar de 144 euros que podem ficar no seu bolso sem mudar nada na sua vida. Só paga menos.
Mas como desce num lado e sobe no outro?
Pois – perguntará você – como é possível descer no regulado e subir no liberalizado? Deve compreender que os preços da ERSE são uma decisão política e que se mantém ao longo do ano independentemente das condições de mercado. Podem até eventualmente envolver algum prejuízo suportado pelo Estado. As empresas privadas compram a eletricidade com prazos e quantidades diferentes, a vários fornecedores, com despesas diferentes e visam o lucro. Logo umas podem fazer preços melhores do que outros. Como nos hipermercados, o mesmo detergente pode ter preços diferentes conforme a quantidade que compram e os descontos que podem fazer sem ter prejuízo.
É por isso que as empresas de eletricidade podem alterar os preços sempre que quiserem, quase como nos combustíveis que mudam semanalmente. Talvez não saiba mas está no contrato que assinou. Este é apenas um exemplo, mas é igual em quase todas as empresas.
Diz o contrato que a empresa pode livremente introduzir (…) alterações no Preço a pagar pelo Cliente, nas seguintes 4 situações:
- se houver alteração às tarifas publicadas pela ERSE (…)
- no caso de alterações nas leis
- Se houver alteração dos custos de aquisição da energia
- e no início de cada ano civil com base na inflação.
Em teoria basta que digam que tiveram de comprar a eletricidade mais cara para lhe aumentarem os preços e ser tudo legal, independentemente dos preços que contratou. E você só tem é de pagar, se continuar nessa empresa sem fazer nada.
Como acabou de ver, não é por ter mudado uma vez para uma empresa de eletricidade mais barata que está netse momento a poupar. Tem de verificar de 6 em 6 meses se o preço que está a pagar ainda é o mais barato. Se não o fizer pode estar a perder dinheiro que lhe faz falta para outras coisas. Dá trabalho, mas compensa. Digo eu. Você fará o que entender.
Tem aqui o link para ver ou rever a reportagem desta semana, na página da SIC Notícias:
Bom dia, alguém está com o mesmo problema ao tentar ver as reportagens? Só dá os 20seg de publicidade e nunca carrega a reportagem.
Onde posso rever? Obrigado
Boa tarde.
O vídeo não funciona.
https://sicnoticias.pt/programas/contaspoupanca/2021-02-24-Sera-que-tem-o-melhor-tarifario-de-eletricidade-
Olá. Acabei de clicar e deu…
Simulei algumas vezes no Poupar Energia e fiz pedido para mudar para a Lógica Energy. Reparei que não aparece no payper, devo ficar de pé atrás?
Eu sou membro e cliente da Coopérnico. Para além de comercializadora, a Coopérnico também é uma cooperativa 100% nacional que financia e gere a instalação de painéis fotovoltaicos em instalações de parceiros, injetando energia verde na rede nacional e obtendo ganhos financeiros para os seus membros com a venda dessa energia. A energia é toda 100% renovável (certificada) e novos projetos se avizinham!
Boa tarde Pedro quanto é que paga de iva o contador mais baixo 3.45 kW é de 23% ou 13%
Obrigado
Comprimentos
José António
Boa tarde,
Tenho seguido as suas dicas mas nunca tinha investigado a Factura da EDP. Acontece que fiquei super baralhada!!
Quis anotar numa folhinha Excel. Os valores mensais de preço KWV são facilmente identificáveis, até verifiquei que subiram no mês de fevereiro. Já para o preço da potência aparecem 2 valores, como é que é possível?? Diz tarifa de acesso às redes – 0,2397 € e depois novamente tarifa de acesso às redes DL 60/2019 – 0,1585 €. Então pagamos 2 vezes??
Aqui em casa temos contratado a potência mais baixa – 3,45 KVA e somos só 2 pessoas.
Muito Obrigada pela sua ajuda.
Judite Torgal Amaral
Bom dia.
Bom estudo. A LuzBoa aparece como a mais cara, mas, como está indexada ao MIBEL, teve janeiro como o único mês de subida, como é normal pela subida da utilização. O mês de fevereiro já fui muito mais barato. Todos os meses anteriores foram os mais baratos do Payper. A LuzBoa teve “azar” com a data do estudo, mas continuo muito satisfeito com o preçário e o atendimento. No lado oposto, cuidado ao mudarem para a ENDESA. Eles alteram os valores de início de contrato e de saída de contrato… Ainda não resolvi um duplo “engano” deles há quatro meses!
Obrigado!
Olá Pedro,
tenho apartamento no Seixal , mas sou emigrante na Suécia, a maior parte do tempo não tenho consumo de electricidade, tirando ca de duas semanas no verão, gostaria que me informasse o que fazer para pagar o minimo possivel.
(o seu nome é sueco !!! )
Agradecia informação
Obrigado Henrique
Olá. Sim. O meu pai era sueco :). Baixe a potência contratada para o mínimo possível. No mês que vem cá aumenta um mês antes. Avalie se vale a pena o esforço. Abraço.
Bom dia Pedro,
tenho apartamento no Seixal, mas sou emigrante, por isso näo consumo electricidade, tirando duas semanas que vou de ferias, gostava que me informasse a forma de eu fazer para pagar o minimo possivel, uma vez que aí não estou, o que fazer?
(o seu nome é sueco)
Agradecia informação
Obrigado Henrique
Para mim,( uma pessoa com quase 67 anos de idade, e com “mazelas” de um AC,) é impossível fazer essa pesquisa . Não há outra forma de me ajudarem? Obrigada.