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Conta-quilómetros – A minha conversa (em OFF) com um inspetor de um Centro de Inspeções

O problema é grave, não é mito urbano Não identifico o inspetor do Centro de Inspeções por motivos óbvios. São eles que apanham os casos que é possível apanhar. Mas a conversa é representativa do panorama em Portugal. Tive autorização para reproduzir a conversa omitindo todos os dados de identificação. Fui contactado pelo inspector, para […]

Conta-quilómetros – A minha conversa (em OFF) com um inspetor de um Centro de Inspeções

O problema é grave, não é mito urbano

Não identifico o inspetor do Centro de Inspeções por motivos óbvios. São eles que apanham os casos que é possível apanhar. Mas a conversa é representativa do panorama em Portugal. Tive autorização para reproduzir a conversa omitindo todos os dados de identificação.

Fui contactado pelo inspector, para me explicar que mesmo que quisessem não podem denunciar os casos porque não têm autorização para isso. Não é uma deficiência que tenha a ver com a segurança “formal” do veículo. Mas têm de a registar num documento interno.

Uma conversa sobre os conta-quilómetros

Segue a conversa:

Boa noite, relativamente ao procedimento de inspeção no caso de adulteração dos kms, os centros de inspeção só devem anotar em relatório interno a discrepância. Não há deficiência a atribuir nem deve ser anotado no Certificado de Inspeção. Sou inspetor há já vinte anos e num determinado período tínhamos indicação do IMT para fazer a anotação em observações complementares, mas a determinada altura tivemos indicação para não o fazer.

Só mesmo questionando o IMT. Se calhar terá sido na mesma altura em que se consegue saber o histórico pagando. Esta questão levanto-a eu sem qualquer análise.

Os procedimentos estão descritos no Manual de Procedimentos de todos os Organismos. Não depende, ao contrário do que tenho visto nos comentários, da vontade do inspetor. Poderá também ter sido pela ausência de deficiência a atribuir. A deficiência mais aproximada seria a de “funcionamento deficiente do conta kms”, mas também não seria correto e poderia trazer dissabores ao inspetor.

Só para salvaguardar o inspetor. Para, perante uma fiscalização, notar que foi visto. No caso de haver necessidade em tribunal de haver uma prova física desse reparo.

Sim. Mesmo quando há troca de quadrante. O que também acontece.

É grave, representativo e está banalizado entre os vendedores de automóveis. Os particulares não tanto. Existem aqueles casos da barreira dos 200 mil, também já apanhei, mas raros. Mas mais difíceis de descobrir são realmente os das empresas de aluguer que o fazem antes da primeira inspeção. São veículos quase novos, mas com muitos kms.

Pode dizer-se que sim.

Na totalidade do dia. Num centro a fazer cento e poucas Inspeções. Mas mais do que um por dia. Depois também depende do centro onde se trabalha. Se se trabalha com muitos stands ou particulares. Há centros mais urbanos do que outros é isso também vai influenciar.

Arredores de (uma cidade grande).

Só vemos a última Inspeção. Pelo certificado apresentado e na falta dele pelo sistema do IMT. Pode acontecer que, se o veículo já fez no nosso centro uma Inspeção anterior à última, e foi alterado o número de kms, o próprio sistema interno dá o alerta. Mas só temos que verificar a anterior.

  • Fim da conversa.

Em resumo, se o que este inspetor refere for representativo, podemos estar a falar de mais de 70 mil novos casos por ano de carros “martelados” e apanhados pelos Centros de Inspeção, mas que não são denunciados publicamente. Fora os que não são apanhados por terem sido adulterados antes da primeira inspeção. Só para irem pensando no assunto.

Isto parece-me muito grave. É uma prática geral nacional. Acho que andamos (quase) todos com carros novos muito velhos. E muito contentes com as nossas pechinchas

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