Casos de carros “martelados” e um vendedor que me parece honesto

Escrito por Pedro Andersson

24.11.17

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4 min de leitura

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“Descobri que fui enganado”

Não imaginam as dezenas e dezenas de mensagens que estou a receber de espectadores que foram verificar os carros deles e descobriram/confirmaram que o carro deles afinal tinha mais umas valentes dezenas de milhares de quilómetros do que os que os documentos oficiais/vendedores lhes disseram.

Podem ver do que estamos a falar AQUI neste artigo que tem a reportagem que explica tudo.

Não posso falar em percentagens, mas posso dizer-vos de que estou convencido de que o problema é mesmo grave em Portugal. Se são 30, 50, 70 ou 90% não faço ideia. Mas que me parece grave é.

Vejam estas mensagens, por exemplo.

Boa noite Pedro, era apenas para dar os parabéns pelo excelente programa de ontem. No meu caso, fiquei mesmo a saber que comprei um carro com os km adulterados, na consulta que fiz no AutoDNA mostrou que o meu carro em 2016 tinha 189.000km e comprei com 116.000km. Como tudo na vida, erramos e aprendemos a lição. Obrigado pelos alertas semanais no Contas-Poupança.

Outro caso:

Após ver a reportagem sobre os kms do carro, fui ao site que indicaram e comprei o relatório, pois há muito que desconfio que fui enganada. Comprei o carro em 8/2014, o carro já me deu imensos problemas. Na altura tentei investigar mas não deu em nada… O carro tinha na altura que comprei em Agosto de 2014 à volta de 65.000km, no relatório aparece um registo de Abril de 2014 um valor de 145.429km.

Mais um. Este safou-se a tempo porque viu a reportagem :).

Estava a pensar comprar um determinado carro. O vendedor do stand anunciou que o Peugeot 308 de 2014 tinha 95.000 km mas ao pedir a cópia dos documentos verifiquei que na realidade tinha 172.000km, são viaturas de renting da Holanda. Tudo, graças ao Contas-Poupança. 😉

Há vendedores honestos, claro!

Partilho também convosco o comentário que recebi de um vendedor de automóveis usados. Sei que não se pode pôr as mãos no fogo por ninguém, mas vou arriscar pela diferença de atitude. O Filipe Paulino – que não conheço pessoalmente – (da Premium Cars, fui eu que perguntei não foi ele que me disse) contactou-me e AGRADECEU a reportagem. Diz ele que usa o site www.autoDNA.com justamente antes dele próprio comprar os carros para depois os vender, para não ser enganado e involuntariamente enganar os clientes. Diz ele que às vezes perde clientes porque não tem “pechinchas” mas dorme descansado. Vou partir do princípio que é verdade. Também será fácil comprovar se pedir o relatório antes de comprar. Diz ele:

As dicas que mostrou só servem para alertar o consumidor em geral para o mundo obscuro que existe no comércio automóvel tanto de nacionais como de importados. Curiosamente, utilizamos amplamente o AutoDna, tanto nas compras que fazemos internacionalmente (e até aí já detectamos incoerências em veículos que estávamos prestes a comprar) bem como para recomendar a potenciais clientes para os ajudar na sua decisão. Em vez de medo, só tenho a agradecer o conteúdo do seu programa.

Conselhos de vendedor

Ele próprio deu-me mais alguns conselhos para partilhar convosco. Repito que há vendedores de carros honestos e desonestos. É como na minha e na sua profissão. Não estamos a julgar nenhuma classe profissional, mas sim o comportamento de alguns. Ensina o Filipe Paulino:

Há outras maneiras de descobrir km martelados: Entre pedir registo de manutenções directamente na marca (muitas vezes os livros de revisões são falsificados), verificar peças que foram alteradas antes do tempo, desgaste de peças como volantes ou pedais,etc.
Os clientes devem SEMPRE pedir numero de chassis (algo que alguns stands recusam fornecer).
Para verificar carros acidentados (frontalmente) há uma maneira fácil: todas as marcas colocam uma etiqueta nos faróis com data de fabrico. Se a data dos faróis for mais recente que o primeiro registo do carro, alguma coisa se passou. Maneira rápida e eficaz de detectar sinistro.

Se tiverem mais dicas digam. Estou cá para as compilar e partilhar convosco.

Juntos, poupamos mais! E somos menos enganados…

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9 Comentários

  1. Silvia Barbosa

    Estes casos que refere até nem são dos mais graves, existem milhares de carros a circular que tinham 200 e 300.000 kms e agora têm menos de 100.000 kms, maioritariamente importados. Sei bem do que falo. Mas os clientes em parte também são culpados, andam sempre á procura de pechinchas, carros com poucos kms e mais baratos, mas isso não retira a culpa de quem vende, nem diminui a sua responsabilidade como é evidente.
    Mas para a sua reportagem ficar completa, devia também falar nos carros que são importados por “pseudo-particulares”, e que depois ainda passam por vários proprietários para fugir ao pagamento do IVA, e depois estão á venda na net ou em stands, por preços mais baixos que os outras viaturas importados legalmente ou nacionais. São milhões de euros que fogem ao fisco neste esquema, porque que é que ninguém fala nisto?

    Responder
  2. Eurico

    Antes de mais carros usado não é igual a carro importado e portanto fica o porquê desta reportagem não falar dos nacionais. Propósito ou lacuna? Não se falou dos salvados nacionais, carros viciados em Portugal com os contaquilometros martelados nacionais antes da primeira inspeção e os acertos de quilómetros que se fazem durante a vida destes nacionais que são muito difíceis de detectar. Não se falou da quantidade de carros nacionais roubados em Portugal que são repostos em circulação (que se fartam de falar no telejornal),as penhoras escondias nos carros nacionais. E fora isso os particulares que nem pedem facturas das intervenções aos mecânicos, não havendo provas das manutenções feitas nas suas viaturas, nem seguimento (historial) em Portugal (pois ao meu ver; não têm dinheiro, é país tão miserável que isto está assim! para poupar nem querem pagar o IVA, nem provas têm do que fazem aos seus carros e estes perdem valor e qualidade. Digam então onde o novo proprietário se pode informar ou se dirigir?! Para poder um pingo de confiança! No estrangeiro eles têm muito mais poder de compra por isso os carros lá têm muito mais seguimento!(historial). Somos mais enganados em Portugal que por lá. Os salvados (carros batidos e recuperados sem a mesma segurança de fábrica que são reposto na via pública) em Portugal é o prato do dia e os quilómetros retirados é sobretudo feito por cá. Os grandes revendedores (Dos grupos que querem monopolizar o mercado português)de carros nacionais estão revoltados por não venderem, porque o mercado internacional ainda vale muito a pena apesar da carga de impostos que se paga.Os mesmos impostos que encarecem até os nacionais. Mas ninguém se põe contra o governo pela carga de impostos ilegais sobre veículos, que há em Portugal. Pois os carros custam cá praticamente o dobro,fora o imposto de circulação elevadíssimo com fortunas de multas incompreensíveis. Mas Isso é que mata o mercado nacional. em vez de se revoltarem contra os importados deviam insurgir-se contra o governo e as seus incomportáveis impostos. Inventam se mil e uma desculpa para tapar os olhos ao povo dizendo que o que é nacional é que é bom e lá fora não presta (lá fora até de uma lâmpada e de um par de escovas de vidros nos dão historial, aqui nem do óleo!)de ideias feitas está o mundo feito estamos no século 21, há que abrir horizontes, ver por nós próprios e não comer a pazada o que os médias nos transmitem!

    Responder
  3. carlos pacheco

    É importante esclarecer se na altura das inspeções obrigatorias anuais caso uma viatura apareça com kms a menos não tem que justificar? Na verdade como cidadão pensava que sim pois esse seria um principio importante de defesa dos consumidores.

    Responder
    • Pedro Andersson

      Não. Por enquanto não tem de justificar. Ou diz que mudou o quadrante…

      Responder
  4. Pedro Duarte

    Bom dia,
    o que devemos fazer depois de termos o nº chassis? Que informação conseguimos obter com este dado?

    Responder
  5. Oliveira

    A reportagem pode de facto estar incompleta, e imagino que esteja, mas já deixou canais de fácil acesso ao comum dos consumidores que até então não sabia nem sequer destes meios para ter mais alguma confirmação. Hoje mesmo evitei uma compra de um mégane de 2013 com 72000km, que após pedir o VIN, confirmei no autoDNA que em Junho tinha 221000km e muitas marcas de mau uso. Considero esta reportagem e esta possibilidade de abrir os olhos para muita gente normal, um primeiro passo, o importante primeiro passo para se começar a descobrir mais e partilhar mais informação até que estes maus exemplos sejam apenas uma ínfima parte do negócio auto. Agora é importante, mesmo por parte do governo, criar medidas para evitar que isto aconteça, e medidas, como um utilizador mencionou, tornem o negócio automóvel competitivo e honesto para que não haja tanta tentação de martelar os Kms ou enganar os clientes finais, seja de que forma for.

    Responder
    • Pedro Andersson

      Obrigado. Vou voltar ao tema com mais detalhes. Estou a preparar uma segunda reportagem.

      Responder
  6. Delio

    Atenção que os compradores também serão vendedores mais tarde e se forem enganados na compra, deparar-se-ao com um problema quando passarem à posição reversa tendo em conta que não irão, por certo, ficar com os veículos para toda a vida.
    Pelo que, deverão de igual forma serem honestos, quando se desfizerem dos veículos.
    O facto de eventualmente cometerem um erro por ingenuidade na compra, não deverão tentar passar a “batata” ao próximo, porque assim perderão a razão toda e afinal não foram enganados na compra se apesar do erro conseguirem vender os veículos mais caros do que os compraram.
    O real problema é que ninguém gosta de ser enganado na compra e por isso é obviamente importante estar devidamente imformado e na posse de todos os elementos que lhe permitam avaliar correctamente o negócio.
    Além disso, se um veículo marca 100.000km, fácil será de constatar pelo desgaste mecânico e interiores a coerência da quilometragem. Só alguém profundamente leigo confunde o desgaste de um veículo com 200.000km com o de um com 100.000km.
    Na obsessão da compra de um veículo com poucos kms, barato e em estado “novo” deverão ponderar-se várias hipóteses.
    Assim se depreende que esses sites servem mais para manipolar a realidade em vez de clarifica-la, até porque muitos tiveram acidentes e não constam da base de dadoa e nem todoa os países têm essa base e outros já foram retirados kms antea de entrarem na base de dados.

    Responder
  7. Maria Manuela Gomes Machado Garcia Inácio

    Acabei de comprar uma viatura e verifiquei que os km foram adulterados. Os km que constam da viatura são muito inferiores aos que constam da última inspeção. O que fazer?

    Responder

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