PodTEXT Vamos a Contas | Onde invisto 100€ todos os meses para os meus filhos?

Escrito por Inês de Almeida Fernandes

13.04.24

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8 min de leitura

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O podcast de sempre, agora mais inclusivo!

Como a literacia financeira é um aspeto fundamental para a boa gestão das finanças pessoais, os podcasts do Contas-poupança tornam-se agora mais inclusivos e passarão a ser publicados também em texto, nomeadamente para incluir a comunidade surda, pessoas que – não sendo surdas – têm dificuldades auditivas e, claro, todos os que ainda não perceberam como funcionam os podcasts ou que simplesmente preferem ler. Estamos também a trabalhar a possibilidade de traduzir o podcast para Língua Gestual Portuguesa, mas essa vai demorar mais tempo.

É o seu podcast de sempre, mas a partir de agora pode escolher lê-lo ou ouvi-lo. Aguardo as vossas criticas e sugestões.

Onde ponho a render o dinheiro dos meus filhos?

[Introdução]

[Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais e este é o Vamos a Contas, um episódio bónus, especial e semanal, do Podcast do Contas-poupança. Aqui respondo às vossas perguntas em áudio que enviaram para o número do WhatsApp 92 775 37 37. A sua pergunta é muito importante. Vamos à dúvida desta semana?

[Raquel, ouvinte do podcast]

Boa tarde, doutor Pedro Andersson. Tenho dois filhos pequenos, uma menina com sete anos e um menino com quatro anos e estou a pôr de lado, por cada um, 100 euros por mês. Gostaria que me desse a sua opinião sobre onde poderei investir esse dinheiro, uma vez que só pretendo mexer no dinheiro quando eles forem mais velhos. Obrigada!

[Pedro Andersson]

Olá, Raquel! Muito obrigado pela sua pergunta! Está a pensar muito bem. Felizmente há cada vez mais pais, mães e até avós, que finalmente compreenderam que aquelas poupanças júnior, aquelas poupanças infantis dos bancos, isso não rende rigorosamente nada. Ou abrir uma conta para eles e vão lá pondo à ordem e aquilo não rende rigorosamente nada. Em vez de lhes dar algo que vai ser útil no futuro estão a dar sim algumas coisas, mas quando chegar a altura de eles, de facto, precisarem desse dinheiro, vai valer muito menos do que aquilo que vocês lhes deram.

Portanto, estão a encolher as poupanças deles. Em vez de darem uma prenda que cresce, estão a dar-lhes uma prenda que diminui, uma prenda que desvaloriza. Se percebermos isto, já vamos ter esta atitude que acabou de demonstrar que é pensar, muito bem, felizmente tem essa possibilidade de reservar mensalmente 100 euros para cada um dos seus dois filhos, há muitas famílias que não podem fazer isso, mas se calhar podem com 50, 30, 20 ou até dez euros.

Não interessa, a ideia é criar um hábito que seja regular, automático e que a partir de um determinado momento, deixe de se preocupar com isso e ele acontece naturalmente. E vai verificar, para sua surpresa, que aqueles 20,30, 40 ou 50 euros, afinal não lhe vão fazer aquela falta que pensava que iam fazer. E porquê? Porque a nossa mente, a partir do momento em que se habitua a uma determinada situação, por exemplo, uma pessoa que fique desempregada, que tem de cortar a direito e dolorosamente determinadas despesas na sua vida, que antes eram agradáveis, que lhe traziam qualidade de vida, perante aquela justificação, a pessoa corta e acabou e não pensa mais nisso.

E vive com aquilo que tem até que a situação melhore como é evidente, Até que volte a ter emprego, até que volte a ter fontes de rendimento, até que a sua situação fique melhor do que aquela que tem agora. Mas o ser humano vive com aquilo que tem, é uma capacidade que temos, felizmente, e que nos pode ser muito útil.

Ainda por cima, quando o objetivo é preparar o futuro, para proteger, para dar melhores condições às pessoas que mais amamos. Portanto, aí deixa de ser um sacrifício e passa a ser algo que fazemos de uma forma que nos traz satisfação, alegria e que nos motiva a continuar. Pelo menos é assim que vejo a forma como eu estou a retirar também dinheiro mensalmente para os meus filhos.

Fundos PPR vs Certificados de Aforro

Agora a pergunta é onde investir. Boa questão. Depende mais do seu perfil do que do perfil dos seus filhos, porque eles não fazem a mínima ideia onde é que está a pôr o dinheiro. Portanto, sente-se confortável em, por exemplo, fazer um fundo PPR para os seus filhos? Historicamente, e não lhe posso garantir que isto vá continuar assim nas próximas décadas, mas historicamente os fundos PPR são aqueles que não têm capital garantido, mas ao fim de cinco, dez ou 15 anos o crescimento deles é muito superior aos certificados de aforro, aos depósitos a prazo, aos produtos com capital garantido.

Mas lá está, não lhe posso garantir, nem ninguém lhe pode garantir, que quando chegarem aos 18 anos, aos 20, aos 25, não haja ali uma hecatombe, uma tragédia financeira global, que faça com que possa ter estado a muito dinheiro com grandes valorizações, mas depois no momento em que precisa do dinheiro aquilo baixou para metade daquilo que lá tinha ou do que lá pôs.

Mas tendo em conta que tem 15 anos pela frente, ou mais, para ver o que vai acontecer e se até, entretanto, atingir um determinado valor que acha que é fabuloso para as suas expectativas, nada a impede de retirar esse dinheiro e o colocar num produto financeiro com capital garantido, como certificados de aforro ou um depósito a prazo, e que estejam também disponíveis quando precisar.

Agora, o que lhe quero dizer é o seguinte: se tem um perfil de investimento ultraconservador e se lhe faz muita confusão ver o dinheiro dos miúdos a subir e a descer, então aí é melhor os certificados de aforro e passado 15 anos volta tudo para a conta à ordem. Portanto, se nunca mexer no dinheiro e os certificados de aforro atingirem sempre o máximo – já falei nisto num episódio anterior –, e incluindo a capitalização de juros em todos os trimestres durante 15 anos, a média de juro bruta no final dos 15 anos será de 3,3% e com este valor, que deve comparar com outros produtos que tenha, deve ver se tem algum depósito a prazo que lhe garanta 3,3% ao longo de 15 anos?

Pode, por exemplo, encontrar já com o valor que tem de 100 euros por mês, portanto, estamos a falar de 1200 euros por ano para cada um, pode fazer um depósito a prazo. Mas lá está, não permite fazer esses reforços mensais. Para responder à sua pergunta, para fazer esses reforços mensais automáticos o ideal é certificados de aforro, a menos que encontre um outro produto que ache interessante.

Há, por exemplo, algumas seguradoras que também permitem reforços regulares ou esporádicos ou sempre que lhe apetecer e que também têm o capital garantido, mas também têm sem capital garantido. Algumas seguradoras até têm aplicações para fazer isso, pesquise no Google.

Agora, o que eu estou a fazer para os meus filhos, não com 100 euros, mas com 50 euros para cada um – e se puder vir a aumentar esse valor, aumentarei –, é um fundo PPR. Portanto, a minha expectativa é que se eles nunca pararem, com base no passado, mas ninguém pode garantir que assim continue no presente, mas com os valores do passado e pelas minhas simulações, se eles continuarem a pôr lá 50 euros por mês, mesmo depois até de começarem a trabalhar, chegarão à idade da reforma com cerca de 300 mil euros. Portanto, é algo que pode fazer a diferença ao longo da vida deles.

Obviamente, eles precisarão do desse dinheiro ou para dar como entrada para uma casa ou para iniciar um negócio ou para qualquer outra coisa que queiram, mas lá está, aquelas poupanças para crianças nem pensar, a menos que rendam pelo menos 3,3% ao ano, o que duvido que encontre.

Portanto, certificados de aforro ou um fundo PPR são as duas sugestões que lhe deixo. Se quiser ideias de PPR para fazer, em contaspoupanca.pt mensalmente faço o balanço dos 10 PPR que eu tenho.

Obrigado por ter enviado a sua pergunta em áudio. Deve fazê-lo através do WhatsApp do Contas-poupança, que é o 92 775 37 37. Não se esqueça de subscrever este podcast, de partilhar com outros, acionar o sininho, dar as estrelinhas que entender e é sempre um prazer saber que está aí desse lado.

Muito obrigado e boas poupanças!

O que é um podcast?

Aproveite a minha boleia financeira (gravo em áudio uma “conversa” no carro enquanto faço as minhas viagens e faço de conta que você vai ali ao meu lado) e veja como pode aumentar-se a si próprio. São uma espécie de programas de rádio para escutar enquanto faz outras coisas. Subscreva o podcast na plataforma em que estiver a ouvir para ser avisado sempre que houver um episódio novo. Não estranhe ouvir o motor do carro, buzinadelas e o pisca-pisca. Faz parte da viagem.

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7 Comentários

  1. Fernanda

    Boa tarde, sobre os PPR tenho ainda algumas dúvidas . Um jovem com 23 anos fazer um PPR tem de depositar 2000€ todos os anos para ter 400 de benefício, ao fim de 6 anos sao 12000€. Quando pensar em comprar casa ele pode levantar esse dinheiro? Ou so poderá mexer no dinheiro aos 65 anos

    Responder
    • Pedro Andersson

      Olá. Não. Só pode levantar nas condições previstas na lei.

      Responder
  2. Sofia

    Boa noite!
    Quando fala em reforços mensais automáticos de Certificados de Aforro refere-se a fazer novos CA todos os meses, certo? Há alguma forma de automatizar esse processo?
    Obrigada!

    Responder
    • Pedro Andersson

      Olá. Correto. Novas subscrições. Ainda não conheço forma de automatizar. Mas é muito fácil fazer online através do aforronet ou do banco BIG.

      Responder
  3. Raquel

    E o que acha de etf do sp500?

    Responder
  4. Luis

    Boa tarde
    Qual é a sua opinião sobre a conta da freedam24 que oferece boas taxas de juros para capitais não investidos
    Obrigado pelo contributo para desmistificar as aplicações financeiras

    Responder
  5. Luis

    Boa tarde
    Qual é a sua opinião sobre a conta da freedam24 que oferece boas taxas de juros para capitais não investidos
    Obrigado

    Responder

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