Os meus fundos de investimento – Balanço #62 a #73 (Julho de 2023)

Escrito por Pedro Andersson

23.07.23

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13 min de leitura

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Fundos de investimento – Balanço mensal (Julho de 2023)

Por incrível que pareça, há 1 ano que não fazia este balanço. O tempo não dá para tudo. Fui relembrado por um de vocês que sentiu falta deste balanço mensal. De facto, como durante vários meses os meus fundos de investimento estiveram negativos por causa da uerra na Ucrânia, “esqueci” que eles existiam para não me estar a preocupar demasiado.

Quando isso acontece, a minha estratégia é virar-me para o lado, e esperar que passe. Foi o que fiz durante estes meses. É escusado estar a sofrer sem necessidade. Já sei que é normal olhar para lá e ver no saldo menos do que o que lá coloquei.

Assim, passado agora exatamente 1 ano, fui lá ver como é que aquilo está. E confesso que até estão melhor do que pensava. Na soma de tudo já voltei a ter saldo positivo e regressei aos valores pré-guerra. Já vos mostro as contas.

Deve encarar este tipo de investimentos sempre a médio longo prazo (3, 5, 10 anos ou mais). NUNCA entre em pânico quando estiver em “perda”. Se resgatar, perde dinheiro definitivamente.

Se vender, é só depois de muita reflexão e com a certeza absoluta de que é impossível que o seu investimento recupere. NUNCA por medo, pânico ou desespero. É assim que se perdem boas oportunidade de lucro. O “segredo” é simples: comprar barato para depois vender caro.

Para os que chegaram agora a este blogue, todos os meses faço o balanço do que está a acontecer com os meus fundos de investimento que subscrevi com o dinheiro que poupámos cá em casa nos dois confinamentos por causa da Covid-19. Investi-os só para que você perceba que podemos fazer dinheiro com um risco calculado, em alternativa a gastá-lo ou a mantê-lo numa conta à ordem a não render nada.

Pode subscrever fundos de investimento no seu banco “normal” e em corretoras físicas ou digitais. Não é nada de muito complicado, tenho os meus fundos na CGD e no Activobank, mas também já os tive no banco BEST.

Tem o balanço deste mês dos meus fundos “Covid” com os respectivos gráficos mais abaixo, e também o dos meus outros fundos “normais”.

Os avisos do costume (repito esta informação em todos os artigos)

Recordo-lhe que não sou um profissional desta área. Sou um cidadão curioso que está a partilhar a experiência consigo. Não são conselhos para fazer o que quer que seja. A única coisa que tenho para lhe mostrar são resultados reais, absolutamente rigorosos e sem filtros. Ganho, ganho, perco, perco. É o meu dinheiro. Não é uma conta virtual. Como lhe tenho vindo a explicar ao longo do tempo, qualquer lucro em Fundos de investimento pode ser temporário e as “perdas” (desvalorizações) fazem igualmente parte do percurso. Mas só perde de facto dinheiro se resgatar ou vender as unidades que subscreveu. Se perceber isto, nunca se sentirá enganado.

Porque faço isto

Em 2019 decidi começar a investir em Fundos de Investimento. Nunca na minha vida tinha investido em produtos sem garantia de capital. Sempre tive medo destas coisas. Mas decidi arriscar e estou aqui, como um cliente bancário “normal” a partilhar consigo a minha experiência. Algumas pessoas criticam-me por estar a falar deste tipo de investimentos de risco sem ser profissional da área. Mas acredito que é isso mesmo que dá algum interesse a estes meus artigos. São MESMO as experiências de uma pessoa normal que está a aprender e a dizer-lhe o que estou a descobrir e o que estou a ganhar e a perder com isso. Para que você aprenda também.

Depois o que você faz com esta informação é consigo. Recordo-lhe que já passei por duas crises graves sem resgatar (a covid-19 e agora a guerra).

Em cada uma delas estive a “perder” (a desvalorizar) com os meus fundos cerca de 30%, mas decidi esperar e não resgatar. É duro. Concluí que de facto, para fazer crescer o nosso dinheiro, em algum momento, terá de colocar parte do seu dinheiro em produtos sem capital garantido.
Expliquei neste artigo AQUI porque estou a fazer isto, onde tem vários avisos e explicações sobre os bancos onde tenho estes fundos – que deve ler – sobre porque deve conhecer várias alternativas de investimento. Quero que perceba que, ao contrário dos depósitos a prazo, o seu dinheiro sobe e desce todos os dias. Se isso lhe faz confusão, não se meta nisto.

Balanço de Julho de 2023

Breve contexto: Em minha casa, poupámos várias centenas de euros (porque ambos continuámos a trabalhar) durante os meses da Covid-19. Decidimos pegar nesse dinheiro e (já que seria dinheiro que seria entregue às gasolineiras, restaurantes, escolas, portagens, etc.) investi-lo com mais risco. Felizmente conseguimos dar-nos a esse “luxo”. Há famílias que devem colocar este dinheiro num Fundo de emergência (depósito a prazo mobilzável ou Certificados de Aforro) e NUNCA os colocar em produtos de capital não garantido.

Subscrevi um fundo com o que a minha mulher não gastou durante o Estado de emergência (combustíveis e alimentação = 225,75 €), outro com o que o meu filho mais velho não gastou (passes e alimentação na escola = 153,12 €) e outro com o que o meu filho mais novo não gastou (a mensalidade da escola privada baixou e não teve atividades extracurriculares = 248,26 €).

Em fevereiro de 2021, poupámos mais 230 euros com o segundo confinamento. Somei esse valor a um dos fundos. Em março de 2021, reforcei novamente com o mesmo valor (mais 230 euros). Ou seja, no total, investi desde julho de 2020, em fundos de investimento 1.086,89 €.

Agora com a guerra na Ucrânia, um dos fundos estava tão “barato” que coloquei no dia 6 de maio de 2022 mais 1.050 euros do meu bolso que consegui poupar entretanto.

A situação neste momento (julho de 2023) é a seguinte:

Em julho de 2022 (há 1 ano)

Como podem ver, um dos fundos manteve o mesmo crescimento (apesar da guerra), mas o “Advantage” recuperou bastante, embora continue negativo.

Apesar das quedas brutais dos últimos meses (a chegar quase aos 50% negativos) voltei A GANHAR DINHEIRO, como poderá ver neste gráfico que atualizo todos os meses. Regressei aos valores dos ganhos pré-guerra. No total, estou a ter um lucro de cerca de 25%, ou seja, cerca de 5% ao ano, desde 2019.

NOTA: Se tiver dificuldade em ver os gráficos ou os números nas fotos, clique sobre a foto e escolha “abrir noutra página”. E vê tudo com detalhe.

Estou – apesar da guerra – com uma valorização bruta de 236 €. Seriam 170 € limpos (tirando os 28% para o Estado). Para ter este resultado em Certificados de aforro da série F, teria de ter 10 mil euros ao fim de um ano completo.

Ao resgatar, teria de descontar no ano que vem 28% para o IRS anexando o Modelo J de rendimentos no estrangeiro, ou de taxa liberatória retida na fonte se forem fundos nacionais (nos depósitos a prazo seria exatamente a mesma coisa). Não é melhor nem pior na questão de impostos. Só paga o devido de forma diferente (no IRS, no ano seguinte ao resgate).

Se um dia subscrever Fundos de Investimento pela primeira vez, sugiro que escolha em euros para ter uma leitura mais fácil para si e siga as instruções dos gestores de conta profissionais do seu banco ou corretora.

No total dos 3 fundos, no dia 16/07/2020 subscrevi 627,13 € (com um reforço de 229,80 em Fevereiro de 2021 e 229,96 em Março e agora mais 1.049,95 € em maio de 2022, ou seja 2.136,84 € no total) e se os resgatasse neste momento devolviam-me 2.373,54 €.

Se acha que são valores pequenos, só tem de multiplicar por 10. Se tivesse investido 21.000 euros nos mesmos fundos, teria hoje mais 2.360 euros brutos. Se multiplicasse por 100 (ou seja, mais ou menos 200 mil euros) teria em pouco mais de 23.600 euros para ir levantando e gastando. Ou para continuarem a crescer (ou não). Nunca sabe.

Mas se estou a “perder” (desvalorizar), também é na casa dos muitos milhares de euros. É isto que eu quero que perceba MUITO BEM logo desde o início. É assim que o nosso dinheiro pode fazer dinheiro. Numa conta a prazo, não. Assim que alguém consegue chegar ao patamar das dezenas de milhares de euros e começa a investir começa logo a notar a diferença. Para cima e para baixo. Ou seja, é desta forma que pode colocar o dinheiro a trabalhar para si.

Tendo dinheiro (poupando-o e investindo-o) pode ao longo do tempo viver melhor, sabendo os riscos que corre. Repito o alerta de sempre que esta estratégia é APENAS para uma pequena parte das suas poupanças a que se possa dar o “luxo” de perder. Não têm capital garantido. Se na altura em que precisar desse dinheiro os seus Fundos estiverem negativos, o “segredo” é fazer de conta que esse dinheiro não existe e esperar que recuperem se o puder fazer. Também pode resgatar quando quiser o valor correspondente ao “lucro ” e deixar o restante a render mais outra vez, mas perde o efeito do juros compostos.

Os meus outros fundos

Tenho um fundo “principal” que tento reforçar com regularidade, independentemente do que estiver a acontecer nas Bolsas. Veja como está este mês:

O meu fundo de investimento “principal” desvalorizou cerca de 30%. Conforme a data em que subscrevi cada unidade do mesmo fundo, uma está a crescer 54% e a “negativa” está nos -6%%. O outro fundo também já está a crescer, mas “apenas” 34%.

Tenho o meu Fundo de Emergência fora deste tipo de produtos financeiros. É um ano de todas as minhas despesas. Esse dinheiro está numa conta à ordem (nem sequer está numa conta a prazo). Está sempre disponível. Neste momento, se me acontecesse uma “desgraça” conseguiria manter o meu atual nível de vida durante 12 meses sem qualquer apoio. Demorei vários anos a atingir esse valor. E desse dinheiro não arrisco 1 cêntimo. Está sempre em produtos com capital garantido.

O resto arrisco um pouco mais. O que me sobra acima do fundo de emergência tenho uma parte em PPR, outra parte em Fundos de Investimento, outra parte de plataformas de crowdfunding e outra parte em ações e criptomoedas, com riscos e rentabilidades diferentes. É a chamada diversificação. Se uma correr mal, as outras aguentam melhor (espero).

NOTA PERMANENTE: Recordo que se resgatar um fundo, o banco começa pelas unidades mais antigas. Não posso dizer que quero resgatar “aquela” dos 30 e tal por cento. É a regra do FIFO, “first in, first out” (o primeiro a entrar é o primeiro a sair). Também deve perceber isto desde o princípio. Não pode escolher. Mas não tem de resgatar o fundo TODO. Pode ser só metade ou um terço ou um determinado valor e eles fazem as contas. Ou pode resgatar um fundo que está a dar lucro e deixar lá os que estão a dar prejuízo.

Pode investir pequenas poupanças. Não é preciso ser rico para ter um fundo de investimento (bastam 15 ou 20 euros, outros “custam” 100, 200 ou 300 euros por unidade de participação). No print screen acima tem lá os valores que investi.

O meu objetivo maior é pagar a minha casa 15 anos mais cedo e todos os meus investimentos estão a trabalhar nesse sentido. Você também deve ter um objetivo para o seu dinheiro. Qual é?

Embora tenha vários projetos em mente, vou gerindo o meu dinheiro à medida que os projetos avançam ou até as situações ou oportunidades que surjam. Mas enquanto não preciso do dinheiro ele está a crescer. A uma média de 25%, 5.000 euros teriam crescido 1.250 euros que simplesmente me apareceram na conta (tem de descontar os impostos de 28%). Ou seja, pode investir mais nos seus projetos do que se tivesse deixado o dinheiro numa conta à ordem ou a prazo. Vão crescer sempre a este ritmo? Claro que não. Posso ficar vários anos em terreno negativo, como está a acontecer neste momento. Mas estou a arriscar porque não preciso deste dinheiro para o meu dia-a-dia.

Note que pode subscrever fundos de investimento em qualquer banco ou corretora. Só deve ter em atenção as comissões de subscrição, de resgate e de guarda de títulos, se tiver. E a comissão de gestão do fundo (que está incluída na rentabilidade). Os que tem neste artigo são apenas um exemplo e não uma recomendação ou sugestão.

Quando resgato?

Os Fundos de Investimento são compostos por um “cesto” de ações e de setores de actividade mas refletem essas escolhas em várias bolsas do mundo. Tem milhares para escolher. Peça ajuda no seu banco (ou outro qualquer) para escolher um que se adeque ao seu perfil.

Pode ter duas estratégias: ou resgata sempre que atingir o seu objetivo em termos de juros ou decide manter vários anos à espera que (apesar do sobe e desce) vá sempre subindo ano após ano durante 10, 20 ou 30 anos. Mas não se esqueça de que sempre que resgata perde 28% do lucro para o Estado.

Outra dúvida que as pessoas têm é se o que cresce este ano acumula com o crescimento do ano que vem. Sim e não. Não acumula no sentido em que fica fechado o que cresceu este ano e começa outra vez do zero a 1 de Janeiro. Não é assim que funciona.

O fundo cresce (ou desce) em relação ao dia em que o subscreveu. Depende dos valores em bolsa de cada uma das empresas que fazem parte de cada fundo. Se elas cresceram em relação ao dia em que subscreveu vai ganhar (ou perder) a diferença face ao dia em que resgatar. Pode ter um fundo que cresceu 10% ao ano ao longo de 10 anos (ou seja, mais do duplicou o investimento graças ao efeito dos juros) e apanha uma “pandemia” no ano 11 e de repente volta a estar negativo e perdeu todo esse “crescimento”. Pode resgatar o valor que entender no dia que quiser.

Também pode subscrever este ano e estar a ganhar 15% no ano que vem. Só você é que pode decidir o que fazer com o que estiver a ganhar a cada momento. Está sempre tudo à distância de um clique no computador. Volto no mês que vem com a atualização deste balanço. Veja neste vídeo como subscrevi os meus fundos.

Aviso

Nunca deve ver a minha carteira de investimentos ou o que eu digo como um conselho sobre como e onde deve investir ou que fundos deve escolher. Há milhares de fundos. Não tenho qualquer formação financeira e sou um simples cliente bancário com muita curiosidade. Quando quiser subscrever fundos pela primeira vez deve contactar um gestor especializado no seu banco ou corretora. Nunca invista dinheiro de que vai precisar para outros fins. Pode perder dinheiro, se precisar levantá-lo numa altura em que estiver com valores negativos e não puder esperar meses ou anos até que eles recuperem.


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4 Comentários

  1. Marta

    Boa noite. Será uma boa estratégia resgatar um fundo PPR que esteja a desvalorizar 7% para aproveitar a atual legislação que não penaliza a amortização parcial do crédito à habitação e que permite o uso do PPR para esse fim, tendo em conta as taxas de juro atuais? Em particular para um crédito habitação muito recente? Obrigada

    Responder
    • Marina

      Olá Marta. Se fizer as contas e se, no caso de fazer a amortização do Crédito à Habitação (CH), poupar um valor bem superior aos 7% que está a perder, eu diria que sim.

      Amortizaria capital em dívida e ficaria anos a pagar menos juros.

      Informe-se sobre como se calcular o custo do seu CH. Não deve ver apenas a prestação mensal, embora esse seja um fator importante. Deve ver também, no fim do empréstimo, quanto pagou ao seu banco em juros, comissões, seguros, etc. Há aqui artigos no Contas Poupança que podem ajudar.

      Responder
  2. Hugo Mendes

    Pedro, parabéns pelo seu trabalho, sou seguidor assíduo do blog e do podcast. Mesmo um tema que já conheço, leio ou oiço a mesma, porque é sempre interessante a forma como o aborda. Gostaria de pedir uma correção no texto deste artigo, tem de apagar um zero nesta frase: “(…) Conforme a data em que subscrevi cada unidade do mesmo fundo, uma está a crescer 540% e a “negativa” está nos -6%” (…). Está 540, era bom! Passar a 54%… Um abraço!

    Responder

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