Avalie se o seu seguro de vida é dos bons ou dos maus
Publiquei recentemente um artigo aqui no blogue sobre o “pior seguro de vida que já vi”. Podem lê-lo AQUI e ao clicarem nele verão que terá o link para esta atualização.
Quero acrescentar esta informação a esse artigo porque acho que acabei por ser injusto, sem ser essa a minha intenção.
O pior seguro de sempre (afinal não é)
Faço questão de fazer aqui este esclarecimento porque nem tudo o que parece é e estamos sempre a aprender. Antes de mais quero sublinhar mais uma vez – para quem é mais recente neste blogue – que este blogue é puramente pessoal. Chamo-me Pedro Andersson e escrevo enquanto cidadão e consumidor e não como jornalista. As reportagens emitidas na SIC, às quartas-feiras, no Jornal da Noite na SIC são (essas sim) um produto jornalístico.
Aqui falo das minhas experiências enquanto consumidor e cidadão (e não como jornalista). Obviamente que me esforço por me guiar pelos mesmos princípios, mas aqui falo livremente de produtos e empresas e digo bem ou mal ou nada conforme o que entender e tento contribuir para uma maior literacia financeira dos portugueses. Reforço que nenhum artigo é patrocinado e não tenho nenhuma ligação a empresas ou instituições. Nada me move a favor ou contra quem quer que seja.
No tal artigo inicial uma leitora contactou-me a perguntar se o seguro dela era bom ou mau. Para quem chegou agora ao blogue, “Bom” é o seguro de vida que paga a casa ao banco se ficarmos com uma invalidez para a profissão com um grau variável acima dos 60% (ITP) e o “Mau” é o seguro que só paga a casa se ficarmos absolutamente dependentes de terceiros (IAD). O dela não era nem o bom nem o mau. Só cobria a morte e nem o IAD tinha. Ora, isto fez-me muita confusão.
Como podem ver na foto abaixo, as Garantias da Apólice continham a IAD, mas depois abaixo excluíam a IAD. É este o contexto.
O casal contactou a seguradora e a resposta que obtiveram é que a apólice só cobria a morte até aos 80 anos, e excluía a invalidez absoluta quer por doença, quer por acidente.
As explicações da Seguradora
A seguradora, neste caso a Fidelidade (mas foi um mero acaso, podia ter sido outra qualquer), leu o artigo e contactou-me porque achou injusto apontar um seguro deles como “o pior seguro que já vi”. Tivemos uma longa conversa e cheguei à conclusão que devo esclarecer o que pode estar em causa neste seguro.
O meu objetivo no primeiro artigo, e agora neste segundo, é unicamente contribuir para a nossa literacia financeira. Por isso, mesmo as minhas más interpretações são extremamente úteis quer para mim – que aprendo – quer para quem pensou exatamente como eu.
Antes de mais devo sublinhar que esta apólice continua a ser a “pior” que já vi. Mas isso deve-se ao facto de não estar ligado à área dos seguros. Quem lida com seguros sabe (percebi agora) que há seguros que não podem ser melhores do que isto. E – espero que não – se alguma vez tiverem uma incapacidade grave é isto que devem esperar.
A seguradora naturalmente não me falou do caso específico porque não pode, mas explicaram-me que, genericamente e em abstrato, quando uma pessoa faz um seguro de vida quando JÁ TEM uma incapacidade nenhuma seguradora está disposta a fazer um seguro de incapacidade. Quando muito faz um seguro de vida mas coloca todos os problemas que já tem como exclusões. Mas normalmente, nem isso.
A leitora que me enviou a mensagem disse que o marido tinha 80% de incapacidade e ela 76%, e eu interpretei (pelos vistos erradamente) que essa incapacidade tinha sido adquirida após a assinatura da apólice do seguro. Já confirmei que não. Já tinham a incapacidade antes.
Ora, isso quer dizer que a Fidelidade até fez o que muitas seguradoras não fariam. Embora provavelmente com um agravamento do prémio, aceitaram fazer pelo menos o seguro de vida com a cobertura de morte. Nenhuma seguradora faria naquelas condições hipotéticas um seguro de vida com IAD e muito menos ITP porque não faria sentido cobrir um risco que já aconteceu.
Não são obrigados a fazer um seguro de vida
Pelo que me informaram, nenhuma seguradora é obrigada por lei a fazer um seguro de vida a uma pessoa com incapacidade. Por lei, só são obrigadas a fazer seguros de carros e de acidentes de trabalho. E neste caso fizeram o de vida.
Assim, acho que é da mais elementar justiça vir dizer aqui publicamente que o “pior seguro de vida que já vi” é, afinal, provavelmente o melhor seguro de vida que este casal poderia conseguir nas circunstâncias em que se encontravam.
Dizer isto não invalida o alerta para a falta de conhecimento das pessoas que assinam tudo de cruz sem saberem o que estão a assinar. Perguntem tudo até perceberem o que é pago ou não caso vos aconteça alguma coisa.
Aprendi mais algumas coisas sobre seguros de vida que partilharei convosco em futuros artigos aqui no blogue e eventualmente nas reportagens do Contas-poupança.
Verifique o seu seguro de vida
Aproveito esta oportunidade para repetir que deve saber imediatamente (enquanto há tempo) que tipo de seguro de vida tem e ALTERÁ-LO para ITP (se tiver o IAD) mesmo que isso signifique pagar mais. Fale com um (ou vários) mediadores de seguros. Depois de ter uma incapacidade será tarde demais, como no caso daquele casal.
Deixo aqui este esclarecimento porque podia ficar a ideia (embora nunca o tenha dito ou escrito) de que a seguradora agiu por má fé ou que não deu as informações completas e, nesta situação, fiquei convencido de que não foi o caso. Até aceitaram fazer um seguro de vida a pessoas em circunstâncias que outras seguradoras talvez recusassem.
Ficamos todos a saber com o que podemos contar se nos acontecer algo parecido.