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PodTEXT | Orçamento zero: a técnica que obriga cada euro a ter um destino

Neste episódio do podcast Contas-Poupança explico a importância de fazer um bom orçamento mensal e como ele pode transformar a forma como lida com o dinheiro. Muitos acreditam que basta anotar despesas ou definir limites gerais, mas um orçamento vai muito além disso: é uma ferramenta que mostra para onde está a ir cada euro, ajuda a identificar desperdícios e a dar prioridade ao que realmente importa.

Mas há diferentes formas de fazer um orçamento, e uma das mais eficazes é o chamado orçamento zero. Ao contrário do orçamento tradicional, em que pode sobrar dinheiro “sem destino”, no orçamento zero cada euro tem uma função específica. É uma estratégia simples, mas poderosa, que obriga a tomar decisões conscientes e que pode ser a chave para alcançar os seus objetivos financeiros mais depressa.

PodTEXT | Orçamento zero: a técnica que obriga cada euro a ter um destino

[Introdução - Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e aproveito as minhas viagens de carro para falar consigo sobre dinheiro. Faço de conta que vai sentado ou sentada aqui ao meu lado e juntos vamos arranjando maneira de pôr as nossas contas em ordem e começarmos a criar riqueza com o nosso próprio dinheiro. Quando eu digo criar riqueza, é vivermos melhor, com mais equilíbrio, com mais calma, com menos stress.

Tenho feito vários episódios regressando ao básico das finanças pessoais e é isso que vou tentar fazer também neste episódio. É uma forma de dar as ferramentas iniciais a quem está a começar ou a quem só encontrou este podcast agora. Mas também é uma boa forma de recordar todos os outros que já acompanham há mais tempo. Isto é como construir uma casa. Não vale a pena começar pelo telhado. Primeiro é preciso escolher um bom terreno, fazer bons alicerces e depois, por cima, é que vamos construindo tudo.

Então, neste episódio, depois de já ter explicado que temos de saber onde estamos, que é escolher o terreno, sabendo quais são os nossos objetivos, ensinei-o a definir o que é que quer, ou seja, pensar o que vai construir no terreno. Não vale a pena fazer paredes sem saber quantas divisões quer ou qual é a área do terreno que quer ocupar. Portanto, nas finanças pessoais é a mesma coisa.

Quando já sabe o que quer fazer, tem de saber quanto é que vai custar e é isso que temos de planear. Este é o coração das finanças pessoais: o orçamento mensal, pessoal ou familiar. Sem isso, nunca vais chegar a lado nenhum em termos financeiros.

Pode dizer o que quiser. Pode achar que é uma chatice. Pode achar que dá muito trabalho. Pode achar que não sabe fazer ou que não vale a pena começar porque vai desistir a meio do mês. No entanto, se não fizer isso, não adianta ouvir este podcast nem nenhum outro, porque não vai conseguir ter estrutura e o dinheiro não vai chegar para atingir os seus objetivos e vai desistir.

Vamos então a dicas para fazer um bom orçamento mensal. Se bem se recorda, no primeiro episódio desta série dos básicos das finanças pessoais, alertei-o de que é necessário fazer uma listagem de todos os seus gastos ao cêntimo. É nesta fase que vamos utilizar essa lista. Ora, uma vez que já sabemos quanto ganhamos e gastamos, agora vamos mexer nessa matéria-prima.

Para começar, se chegámos à conclusão que estamos a gastar demasiado, temos de fazer tudo ao nosso alcance para baixar esse valor. E é com o dinheiro que sobra, não é com aquele que precisa para cobrir as suas despesas, que vai trabalhar.

Quando temos essa tal listagem, seja num caderno ou numa folha de Excel, podemos simular, podemos criar vários cenários. Podemos brincar com os números e perceber o que acontece se conseguirmos gastar menos aqui ou ali. É precisamente aqui que entram os nossos gostos, preferências e necessidades.

Primeiro, vai olhar para essa listagem e perceber se o dinheiro chega. Se sim, muito bem, então vai começar a escolher as linhas onde tem gastos, mas em que não pode mexer, e vai escolher três em que pode mexer, mas sem prejudicar o seu presente e futuro.

Se chegar à conclusão que consegue novas fontes de rendimento, ótimo, acrescente essas linhas na categoria dos rendimentos. Sempre que aumenta os seus rendimentos, significa que pode gastar mais, poupar mais e, consequentemente, investir mais. Se investir mais, também vai ter mais rendimento e gastar ou poupar mais. Isto é aquilo a que nas finanças pessoais se chama uma bola de neve positiva.

Ou seja, quanto mais investir, mais aumenta os seus rendimentos, quanto mais aumenta os seus rendimentos, maior é a diferença entre o que ganha e o que gasta, e é esse dinheiro que vai aumentar a sua qualidade de vida.

Porque, na minha visão, o dinheiro não serve para poupar. O objetivo do dinheiro não é ser poupado. O objetivo do dinheiro é ser gasto em coisas que nos trazem felicidade, satisfação ou realização. Mas para isso não podemos prejudicar aquilo que precisamos e que é básico. Acho que estamos todos de acordo em relação a estes pontos. Aquilo que muda nas nossas vidas é que uns agem de acordo com isto e outros concordam, mas não agem de acordo com estes princípios.

Mas agora que temos este orçamento, é ir mexendo até que a coisa dê certo e ter uma margem de lucro, na família ou no caso pessoal, de no mínimo 10%. Todos os anos tem de pôr 10% para uma poupança. Essa poupança depois servirá para usar como muito bem entender. Mas estes 10% têm de ser o que sobra depois de pagas todas as despesas planeadas e futuras.

Esse é que é o seu verdadeiro salário, não é o dinheiro que cai na conta. Porque o valor que recebe, passado poucos dias já teve de ser direcionado para pagar as contas e outras despesas necessárias. Portanto, se o que lhe sobra no final disto tudo são 100 euros, o seu salário, desculpe que lhe diga, não são 1200 euros, o seu salário são 100 euros. Porque é 100 euros que tem liberdade para gerir. Tudo o resto já tem dono, não é seu. Cai na conta, já foi. Nem o vê.

É muito importante nesta fase de gestão do orçamento que também tente renegociar o máximo possível cada uma das linhas para que no final consiga aumentar os rendimentos. Isto faz uma diferença brutal nas nossas vidas. É desta forma que deve ver o seu orçamento e todos os meses atualizá-lo e saber, de facto, onde está a gastar o seu dinheiro. É reduzir as despesas e aumentar as receitas.

Há um outro tipo de orçamento, que é o chamado orçamento zero, em que vai ignorar tudo o que está no seu presente e vai começar tudo do zero. Vai pegar numa folha de Excel ou num caderninho e, ignorando tudo, vai apontar tudo aquilo que são necessidades importantes na sua vida ou da sua família. Coisas básicas como crédito de habitação, eletricidade, gás, água, telecomunicações, alimentação, saúde, se for o caso. Portanto, tudo o que é absolutamente necessário.

E depois disso, vai apontar aquilo que o faz feliz. É fã de futebol? Tem de ir todos os fins-de-semana ver o seu clube a jogar? Aponta. Tem de dar uma volta e passear e conhecer um sítio diferente todos os fins-de-semana? Aponta. Tem um hobby que representa uma despesa grande ou pequena? Aponta. Tem um desporto que o faz sentir realizado e isso tem um custo? Aponta. Para si, ser generoso e oferecer donativos a determinadas instituições é importante? Aponta. No final, vai ver quanto é que isso custa.

Se os seus rendimentos são suficientes para cobrir aquilo que o faz feliz, além das necessidades, isso é maravilhoso. Porquê? Porque já sabe que tem dinheiro suficiente para se sentir realizado. É para isso que o dinheiro serve.

Qual é o alerta? É que assim já sabe que qualquer despesa que lhe surja além disto que para si é o importante na sua vida, é para recusar. Se há qualquer coisa que surge e que já não cabe no orçamento, então tem de recusar, porque não pode ser atirado para o vermelho.

Portanto, temos aqui estas duas visões de orçamentos, mas o importante aqui é meter as mãos na massa. Temos de ser nós a decidir para onde vão os euros que ganhamos e que correspondam aos objetivos que temos. Reparem como tudo isto está encadeado. Começo por saber onde estou, depois tenho de saber para onde quero ir, escolher o transporte para lá chegar e quanto é que isso vai custar.

Assim é tudo mais simples, mas claro que em algumas situações vamos perceber que há coisas que gostávamos de fazer, mas que não dá. Amigos, a vida é assim. Ser adulto é fazer escolhas e eu sinto que há muitos adultos que, para não fazerem escolhas, andam sempre atrás do prejuízo. E alguns cavam buracos cada vez mais fundos de onde depois é mais difícil sair. Não é impossível, mas há situações em que de facto é mesmo muito difícil voltar cá acima.

Mais vale termos uma vida equilibrada, sensata e com bom senso, do que tentarmos levar uma vida acima das nossas possibilidades, às vezes por questões sociais de querer mostrar que somos tão bons e podemos fazer coisas tão giras que, por vezes, nos enterram em sentido financeiro. Não deixe que isso aconteça consigo.

Num próximo episódio, vamos começar a descobrir onde é que tem dinheiro e não fazia a mínima ideia. Juntos, vamos melhorar a nossa vida financeira e chegar a sítios onde nunca imaginou chegar. E é possível, tenha a idade que tiver. Muito obrigado!

Boas poupanças!

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