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PodTEXT | Tenho um spread de 2.5% e ainda devo 96 mil euros. Pode ajudar-me?

A Fátima ainda deve 96 mil euros no crédito à habitação e tem um spread de 2,5% com taxa variável. Uma brutalidade. Ela acha que está a pagar muito, mas não sabe o que fazer. Neste episódio, vou tentar ajudá-la a poupar muitos milhares de euros.

PodTEXT | Tenho um spread de 2.5% e ainda devo 96 mil euros. Pode ajudar-me?

[Introdução - Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e este é o Vamos a Contas, um episódio bónus, especial e semanal, do podcast Contas-poupança. Respondo às vossas perguntas em áudio que enviaram para o número do WhatsApp 92 775 37 37. A sua pergunta é muito importante! Vamos à dúvida desta semana.

[Fátima, ouvinte do podcast]

Bom dia! O meu nome é Fátima. Muito obrigada pela sua disponibilidade para nos ajudar com estas questões. É o seguinte: neste momento no banco em que estou, que é o Banco Santander, o total em dívida de crédito à habitação é de 96 mil euros, mas gostaria de obter ajuda para resolver uma questão em relação ao spread que, neste momento, está em 2,5%.

A Euribor é uma taxa variável, a 12 meses, e a taxa de juro é de 4,9%. Gostaria de saber se me pode ajudar de alguma forma a resolver esta situação. Ou seja, provavelmente, mudar o crédito para outro banco ou outra solução, porque realmente é um valor muito elevado. Muito obrigada!

[Pedro Andersson]

Olá! Muito obrigado pela sua pergunta. Fico sempre muito satisfeito quando vejo as pessoas a começar a fazer perguntas, a ter dúvidas, a ponderar, a fazer alguma coisa para melhorar a sua vida financeira e este é o caso. Já há muito tempo que não encontrava alguém com um spread tão alto no crédito à habitação.

Estes spreads de 2%, 2,5%, às vezes 3%, o spread é o lucro do banco para além da Euribor. No fundo, é para quem tem crédito à habitação indexado a uma taxa variável, que é aquilo que a Euribor diz que for naquele mês, mais o lucro do banco. Portanto, no caso desta nossa amiga, é a Euribor mais 2,5%. É uma brutalidade.

Entretanto, houve a subida da Euribor, mas ainda antes disso fiz várias reportagens a dizer às pessoas como é que se fazia para transferir o crédito à habitação de um banco para outro, baixando o spread. Dezenas de milhares de pessoas fizeram isso por terem ouvido no Contas-poupança ou porque ouviram de amigos ou familiares.

E, portanto, como estava a dizer, na última subida da Euribor, as pessoas assustaram-se novamente e perceberam que podiam mudar de banco, fazer a transferência do crédito à habitação ou até renegociar dentro do próprio banco.

Desde essa altura que já não me apareciam spreads superiores a 2%, então, revolvi responder a esta pergunta desta nossa ouvinte, justamente porque se calhar há pessoas aí desse lado, das duas uma, ou que não sabem sequer que spread é que têm – o que é muito, muito grave, porque é o maior negócio das vossas vidas –, ou então ainda não se aperceberam da gravidade da situação. Ou seja, sabem que estão a pagar muito ao banco, mas acham que é normal. Não é normal.

Neste momento, ter mais do que 1% de spread não é normal, porque já há muitos, muitos bancos a fazer 0,7%. Portanto, se tem mais do que 0,7% de spread atualmente, veja lá isso, porque muito provavelmente podia estar a pagar muito menos. Este episódio é sobretudo para essas pessoas, porque podem baixar muito a vossa prestação do crédito à habitação.

Em primeiro lugar, pedindo ao seu próprio banco para renegociar, nomeadamente dizendo que se para novos clientes estão a oferecer spreads mais baixos, então a que propósito estão a pagar 2,5%? Ou baixam o spread, mantendo as restantes condições ou até melhorando – como pôr o seguro de vida para fora do banco ou reduzindo também o seguro de vida –, ou então vai-se embora para outro banco.

Normalmente, os bancos aceitam negociar, mas se não aceitarem, é simples, muda de banco. Não têm de ter medo. Quem manda no vosso dinheiro são vocês. A casa continua a ser vossa, simplesmente passa a ser paga a outro banco. É tão simples quanto isto.

Acho que ainda deve haver aí muita, muita gente a pagar demasiado pelo crédito à habitação sem se aperceberem do porquê. Acham que tem de ser assim. Não, não tem de ser assim. Houve pessoas que pouparam 130 mil euros até ao final do contrato por mudarem de banco ou por reduzirem o spread. Outras 70 mil, outras 50 mil, outras 30 mil, outras 20 mil, outras 15 mil, não interessa.

Ou seja, tanto é uma poupança até ao final do prazo, como é uma poupança na prestação mensal. Se está a pagar uma prestação de 600 euros, ou 500, ou 400, seja lá o que for, e pode baixar 200 ou 300 euros, ou mesmo que sejam 100 euros, ao longo dos próximos 15, 20, 30 anos, não vale a pena? Claro que vale a pena!

Mas agora se calhar alguns estão a perguntar: mas como é que isso se faz? Das duas uma, ou faz o seu trabalho de casa e vai a vários bancos com a papelada toda e investiga quanto é que cada um está a cobrar, ou então recorre a uma das várias empresas em Portugal que fazem mediação de crédito. Recorre a um intermediário de crédito que não lhe cobra nada, porque eles recebem comissão do banco novo que você escolher para o seu crédito.

Posso referir aqui algumas, mas lembrando que não tenho qualquer ligação a qualquer uma destas empresas, instituições, associações, seja o que for. É simplesmente uma indicação informativa e vou dizer com uma ordem totalmente aleatória.

Tem, por exemplo, o Doutor Finanças, a Decisões e Soluções, a Max Finance, o Compara Já, a Reorganiza, portanto, uma série de nomes que pode investigar no Google e a quem pode pedir informações e orçamentos específicos para o seu caso.

Vai ter de dar as suas informações pessoais, o mapa de responsabilidades do crédito, ou seja, todas as informações necessárias sobre si e sobre o crédito. Além disso, e também para reforçar que não há qualquer ordem nestes nomes que indiquei, ou qualquer ligação da minha parte, também pode simplesmente pesquisar por intermediários de crédito diretamente na sua localidade.

Provavelmente vai encontrar vários nomes de pessoas individuais ou pequenas empresas. Tenha só atenção de confirmar sempre se essas pessoas ou empresas estão registadas na base de dados do Banco de Portugal. No site do Banco de Portugal há um motor de busca para intermediários de crédito. Desde que estejam lá registados, estão autorizados a fazer esse trabalho. E se optar por um intermediário ou empresa local pode até obter resultados diferentes, e vice-versa, porque trabalham todos com entidades diferentes.

Agora, o que quero dizer a esta nossa amiga é que trate disto o mais depressa possível, porque está a desperdiçar milhares, ou dezenas de milhares, de euros. Quanto mais depressa baixar o spread de 2,5% para 0,7%, seja no seu banco ou em outro qualquer, melhor.

Aproveite para tentar também reduzir o prazo que tem atualmente para menos anos, para renegociar o seguro de vida associado ao crédito à habitação ou, se possível, retire-o do banco e faça numa seguradora independente. E porquê? Porque assim, ao longo do tempo, pode também mudar de seguradora para a que faça o mais barato e com melhores coberturas. Nunca mudar para piores, ok?

Aquilo que deve ter em conta sempre que fizer esta mudança é a TAEG e o MTIC – montante total imputado ao consumidor. A TAEG é a taxa de juro total, incluindo todas as taxas e taxinhas. Agora, tem de pedir em todos os bancos o mesmo valor e o mesmo prazo, senão a comparação fica falseada.

Portanto, missão para si, urgente e que não é impossível, é reduzir já esse spread de 2,5% para 0,7%, seja onde for. Ao fazer isso, vai melhorar imediatamente a sua vida financeira porque fica com mais dinheiro na sua conta bancária para depois fazer com esse dinheiro o que muito bem entender. Isto é muito importante. Não é preciso ser licenciado em finanças ou economia. Qualquer pessoa pode saber estas coisas. E também não temos de ter medo dos bancos.

Muito obrigado por me ter acompanhado em mais uma boleia financeira. O objetivo é gerirmos melhor as nossas finanças pessoais, o que é possível com conhecimento e literacia financeira.

Boas poupanças!

Aprenda a gerir melhor o seu dinheiro

Deve haver muitos milhares de portugueses na mesma situações que estão a pagar centenas de euros a mais todos os meses sem nenhuma necessidade. Mas é preciso ter literacia financeira para saber o que pedir no banco e como rebater algumas das objeções. Você consegue! Não é preciso ser licenciado em finanças ou economia.

Já sabe que às quartas-feiras respondo às vossas perguntas. Saber é poder (nas finanças pessoais também). Disponível nas principais plataformas de podcasts:

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Aproveite a minha boleia financeira (gravo em áudio uma “conversa” no carro enquanto faço as minhas viagens e faço de conta que você vai ali ao meu lado) e veja como pode aumentar-se a si próprio. São uma espécie de programas de rádio para escutar enquanto faz outras coisas. Subscreva o podcast na plataforma em que estiver a ouvir para ser avisado sempre que houver um episódio novo. Não estranhe ouvir o motor do carro, buzinadelas e o pisca-pisca. Faz parte da viagem.

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