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PodTEXT | Posso ficar rico a poupar?

É possível ficar rico só a poupar? A resposta é não. A poupança é importante, mas não é suficiente para construir riqueza, para isso é preciso saber multiplicar o dinheiro e é aí que os investimentos se tornam uma vertente importante. Poupar sem investir pode até significar perder dinheiro.

PodTEXT | Posso ficar rico a poupar?

[Introdução – Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e aproveito as minhas viagens de carro para falar consigo sobre dinheiro. Faço de conta que vai aqui sentada/o ao meu lado e juntos vamos conversando sobre como podemos ter mais dinheiro ao final do mês, do ano e da vida. 

Hoje vamos falar sobre se alguém pode ficar rico a poupar. Isto vem a propósito de um comentário de um de vocês, que depois de ler mais um artigo sobre poupança e investimento, escreveu a seguinte frase: “Conheço um indivíduo que é a pessoa mais poupada que conheço na vida e nunca deixou de ser pobre”.

Ora, o que interpretei foi que esta pessoa considera que poupar não é solução para deixar de ser pobre e, portanto, que não vale a pena poupar. Foi esta a minha interpretação. Acho que isto tem a ver com a nossa falta de literacia financeira, isto é, muitos de nós ainda estamos presos aquele provérbio que nos foi ensinado de “no poupar é que está o ganho”.

No entanto, também já há muitas pessoas que estão a mudar mentalidades e fico maravilhado sempre que vos vejo dizer que já fizeram PPR ou que subscreveram ETF, isto são mudanças de mentalidade absolutamente históricas e fico felicíssimo com isso.

Mas esta história de “no poupar é que está o ganho”, com o conhecimento que fui adquirindo ao longo do tempo percebi, e acho que muitos de vocês também já perceberam, que este provérbio é uma falsidade. No poupar não há ganho nenhum. No poupar está a poupança. No ganhar está o investir. É que a poupar nunca ninguém ficou rico. Eu não conheço ninguém pelo menos.

Vocês conhecem alguém que por poupar muito ficou rico? Ou que vive muito bem? Eu não conheço. No entanto, é isto que nos dizem. Que é no poupar que está o ganho. No caso de uma pessoa que poupe, corte em tudo, que tenha uma vida de ermita, é alguém que vai chegar ao osso sem nenhuma gordurinha, é certo. Não dá para poupar mais a partir de um certo ponto, a menos que deixemos de respirar, comer, beber. Portanto, há um limite para a poupança. Por outro lado, não há um limite para o investimento.

Portanto, o que queria era partilhar este pensamento convosco e ver se pensávamos em conjunto também na falácia deste argumento de que não vale a pena poupar, porque mesmo poupando não saímos da cepa torta. Ou seja, pensar que a pessoa poupada nunca ficará rica só por ser muito poupada, também implica estar a pensar erradamente, na minha opinião, que a única forma de alcançar riqueza ou património é não gastar e pôr esse dinheiro de lado.

A poupança, ao contrário do que nos ensinaram, é perder dinheiro. Todos temos de perceber isto e mudar o nosso chip. Poupar é perder dinheiro. Porquê? Por causa da inflação. Uma pessoa que tenha poupado 10 mil euros, 20 mil euros, 50 mil euros, 100 mil euros, até ao ano 2000 ou até ao ano 2010, hoje tem lá muito menos dinheiro do que aquilo que poupou, porque consegue comprar muito menos coisas.

Veja o preço das casas, já não consegue. Uma casa que era facilmente comprada por 100 mil euros em 2010, atualmente é impensável conseguir fazê-lo. Então, essa pessoa ganhou ou perdeu dinheiro? Perdeu fisicamente dinheiro? Não. Perdeu o valor do seu dinheiro físico? Perdeu claramente.

Portanto, a única forma de manter o nosso património é por investir pelo menos, ou ter o nosso dinheiro em poupanças ou ferramentas, que rendam pelo menos a inflação. E a inflação, em alguns anos, é impossível conseguir ferramentas financeiras que rendam isso. Agora, temos de pensar que há várias variáveis que temos de levar em conta se quisermos alterar o nosso chip da poupança para o investimento.

O investir, de uma forma inteligente, implica procurarmos ferramentas que, de facto, rendam acima da inflação. Por exemplo, é comum ouvir a frase “invisto em Certificados de Aforro”. Mas não, não investe em Certificados de Aforro, coloca o seu dinheiro em Certificados de Aforro para ele ficar estagnado. Dinheiro parado é dinheiro perdido e isso é a primeira coisa que temos de perceber.

A outra questão que é fundamental é que uma pessoa pobre não é por poupar que vai mudar a sua vida. Uma pessoa pobre tem de encontrar maneiras de aumentar os seus rendimentos. Uma família em que ambos ganham o salário mínimo nacional e não estão satisfeitos com essa vida financeira, qual é a solução além de não gastar em coisas supérfluas? Essas famílias, um ou ambos, têm de fazer um esforço todos os dias da sua vida para aumentarem os seus rendimentos.

De que formas? Mudando de emprego, tendo um segundo emprego, mantendo o atual ou sendo promovido com maiores rendimentos dentro do seu trabalho, dentro da sua empresa, se quiserem manter-se lá e se estiverem satisfeitos. Não há outra maneira.

Não é por poupar ainda mais, sendo que já não é possível poupar mais, não é isso que vai mudar a vida financeira dessas pessoas. Não. Tem de ser aumentando os seus rendimentos para depois fazer o quê? Dar o passo seguinte que é investir e multiplicar essas poupanças. Porque manter apenas esses valores, voltamos ao princípio, estão a perder dinheiro, não estão a ganhar, não estão a construir riqueza, estão a construir pobreza.

O terceiro ponto, que é essencial, é de facto definirmos o nosso estilo de vida, porque uma pessoa com altos rendimentos, mas também com altas despesas, também é um pobre ou pode vir a ser. Uma pessoa que ganha bem, mas que gasta tudo o que ganha, também são pobres.

Podem não ser pobres em sentido literal, mas são pobres de espírito financeiro porque não compreenderam, não deram ainda o passo seguinte, que é gerir os seus recursos de uma forma profissional. Para quê? Para conseguirem ser mais eficientes na gestão das suas finanças pessoais e dessa forma criarem prosperidade para elas próprias.

Depois, também temos de compreender uma outra coisa que é: a pobreza nem sempre, aliás, diria que na maior parte dos casos, se não quase todos à exceção deste último que mencionei, é que a pobreza muitas vezes é resultado de fatores externos, nomeadamente, poucos rendimentos. Há pessoas que trabalham e mesmo assim ganham muito, muito pouco.

Às vezes devido à sua educação, que tiveram ou não tiveram, isso não lhes permite saltar para empregos mais rentáveis. Às vezes há falta de oportunidades. Às vezes há questões de saúde. Portanto, alguém que tenha alguma incapacidade ou alguém em casa com uma incapacidade, obviamente está deparado com condicionantes sérias que podem impedir de dar todos estes passos no sentido de construir poupança e começar a investir. Portanto, às vezes há também essa falta de acesso a oportunidades.

Depois, também há situações que podem levar a essa pobreza, que são imprevistos. Imprevistos pessoais, individuais, e imprevistos relacionados até com a história da humanidade. A pandemia foi um bom exemplo disso. Naquela altura, eu até podia ter um excelente negócio, ser um bom gestor, mas se fecha tudo e fico sem clientes, vou à falência. E que culpa tive? Nenhuma, são circunstâncias que podem afetar qualquer pessoa.

Outro exemplo: posso ser um excelente profissional e, de repente, a minha empresa reduz os quadros ou descobre-se que foi à falência e vai entrar em insolvência e vão todos para a rua. O que é que posso fazer? Começar do zero, não é?

Portanto, estou a usar estes argumentos no sentido da frase inicial sobre conhecer uma pessoa muito poupada que nunca saiu da pobreza. Pois, poderá ter a ver com todas estas condicionantes que não dependem da vontade da própria pessoa. Uma pessoa super poupada, superorganizada, até pode querer começar a juntar, aumentar essa poupança e começar a investir, mas não ter essa possibilidade por outras razões.

Portanto, esta frase deve ser relida face a este novo contexto de termos mais literacia financeira. Poupar e gerir o dinheiro de forma eficaz não são sinónimos. Cortar gastos não significa gerir bem o nosso dinheiro. Não gastar, ser aquilo que chamamos um forreta não significa gerir o dinheiro de uma forma inteligente. Pelo contrário, às vezes significa o inverso.

Podemos perfeitamente poupar e investir e, gerindo bem o nosso dinheiro, podemos ter alguma qualidade de vida, às vezes até acima da média. Porque, reparem, até posso ter uma grande poupança e as pessoas não saberem, nem têm nada a saber, mas não uso esse dinheiro para nada.

Às vezes ouvimos aquelas notícias de pessoas que morreram e que deixaram uma fortuna de um milhão de euros, dois milhões de euros, três milhões de euros e as pessoas não faziam a mínima ideia. Porque quem olhava para aquela pessoa que vivia numa casa, se calhar com poucas condições, tinha um carro velho, não ia de férias e, no entanto, tinha aquele dinheiro todo poupado. Ou às vezes até investido. Mas para que é que essas pessoas quiseram fazer essa poupança ou esses investimentos? Que objetivos é que tinham na vida?

Reparem como esta conversa nos levou longe. Há aqui várias condicionantes, mas aquilo que vos quero dizer é que poupar não vos vai fazer ricos nem vai aumentar o vosso património. Aquilo que vai realmente fazer a diferença é reduzir todos os gastos que não são importantes, renegociar todas as despesas para termos apenas aquilo que queremos ao preço mais baixo possível e toda esta estratégia é no sentido de aumentar a nossa taxa de poupança para termos um valor cada vez maior.

Primeiro, para criarmos o nosso fundo de emergência e, assim que estiver completo, começarmos a investir. Mas investir não é poupar ou acumular. Não é pôr em Certificados de Aforro, a menos que tenha um perfil totalmente conservador.

Porque aquilo que vai fazer crescer o seu dinheiro é, de facto, arriscar um pouco esses valores em produtos financeiros com os quais se sinta confortável e que conheça, sempre sabendo como é que eles funcionam ao longo do tempo e quando é a melhor altura para entrar e a melhor altura para sair. E aproveitar o efeito dos juros compostos para multiplicar várias vezes a sua poupança ao longo dos próximos anos.  

Muito obrigado por me ter acompanhado em mais uma boleia financeira. Não se esqueça de subscrever este podcast, de assinar a newsletter e de subscrever os canais de informação nas redes sociais.

Boas poupanças!

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Aqui estão os principais pontos do episódio:

  • Poupar vs. Investir: Porque a poupança tem um limite, mas o investimento não.
  • A inflação como inimiga: Como o dinheiro parado perde valor ao longo do tempo.
  • Aumentar rendimentos: Porque cortar gastos não é suficiente para sair da pobreza (ou do salário em salário).
  • Estilo de vida e mentalidade: Como gastar menos do que se ganha e investir de forma inteligente pode mudar tudo.
  • Fatores externos: Como imprevistos e falta de oportunidades podem ter um forte impacto na nossa vida financeira.

Se já se perguntou por que, mesmo sendo poupado, ainda não alcançou a liberdade financeira, este episódio é para si. Vamos juntos mudar o chip da poupança para o investimento e descobrir como multiplicar seu dinheiro ao longo do tempo.

Boas poupanças!

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