Despesas com a casa, comida e mobilidade foram as que mais pesaram no orçamento familiar em 2023
A esmagadora maioria das famílias portuguesas (75%) sentiram dificuldades para pagar as contas o ano passado, de acordo com um inquérito anual realizado pela DECO Proteste, divulgado esta quarta-feira, que incluiu as respostas de quase sete mil pessoas.Em situação considerada crítica estão ainda 7% das famílias.
A crise na habitação e as taxas de juro elevadas ao longo do ano de 2023 foram apontadas como as principais responsáveis pelas dificuldades financeiras sentidas pelas famílias. A diferença é abismal quando se observa os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que indica que a taxa de juro média foi de 3,612% em 2023, quando no ano anterior, em 2022, se tinha fixado em 1,084%.
As famílias ressentiram-se face à situação da habitação, quer os que arrendam casa, quer os que compraram habitação, mas ainda a estão a pagar ao banco. Do lado do arrendamento, 23% das pessoas revelaram ter tido dificuldade em pagar a renda ao longo do ano passado, mas os que têm habitação própria e pagam empréstimo também se ressentiram. De facto, foram cerca de 28% as famílias que afirmaram ter tido problemas para conseguir pagar os seus créditos à habitação.
De acordo com os dados da Deco Proteste, as despesas com habitação, educação e atividades de lazer foram as que se tornaram mais difíceis suportar face a 2022, mas áreas com a mobilidade, a saúde e a alimentação apresentaram algumas melhorias em 2023, embora ligeiras devido ao impacto da inflação.
Entre as várias despesas que integram um orçamento familiar, dez em concreto destacaram-se por terem sofrido um maior aumento nos preços. A renda da casa, por exemplo, aumentou 11% face a 2022 e as despesas com empréstimos subiram 6%. Nos gastos com a educação superior registam-se aumentos de 4%, na saúde 4% e na compra de vegetais e fruta também 4%.
Os restaurantes passaram a ser 7% mais caros em 2023, as despesas com as “férias grandes” mais 6% e os gastos com livros e streaming e eventos culturais subiram também 4% em cada uma das categorias.
Inflação diminuiu, mas impactos ainda se sentem
A inflação foi mesmo responsável por 31% das famílias portuguesas relatarem “muito mais” dificuldades em pagar despesas essenciais, enquanto 4% descreveram a situação como “uma missão impossível”. Foram apenas 6% os agregados que afirmaram não ter sentido o efeito do aumento dos preços.
De acordo com os dados da Deco Proteste, são as famílias monoparentais, as numerosas e aquelas em que pelo menos um membro está desempregado as mais afetadas, mas as diferenças também se fazem sentir conforme a região do país. O Alentejo e o Centro foram identificados como os locais onde se vive com mais dificuldades, sendo o distrito de Castelo Branco o que concentra mais problemas. Por outro lado, o sítio onde as famílias vivem melhor é em Bragança.
Analisando os dados retirados do inquérito, a Deco Proteste prevê um cenário pouco otimista nos próximos meses de 2024, considerando, inclusive, um aumento das dificuldades financeiras face ao atual contexto de incerteza económica.
Nota – os dados para este estudo foram recolhidos entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, existindo 6734 respostas válidas. Por forma a garantir uma amostra representativa da realidade das famílias portuguesas, os resultados foram ponderados por idade, género, região e habilitações literárias.
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