URGENTE – Se quiser isenção de comissões do MBWay e homebanking tem de pedir

Escrito por Pedro Andersson

16.04.20

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6 min de leitura

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Isenção de comissões, mas só se pedir

Não é automático

Cada vez estou mais convencido de que Portugal é o país do “Tem direito, mas só se pedir”. Falo do Atestado multiuso e dos respectivos direitos associados e de muitos outros casos. Mas este voltou a surpreender-me.

Como sabem, o parlamento aprovou uma lei que acaba de entrar em vigor (dia 10 de Abril) que suspende o pagamento de comissões de transferências bancárias pelo homebanking e do MBWay para evitar que as pessoas toquem nos multibancos, cartões e dinheiro. Excelente medida.

Confesso que pensei que estava já em vigor e que seria para todos automaticamente. Supostamente, já poderia fazer, neste período de Estado de Emergência, transferências a partir de casa (para pagar a escola ou o condomínio ou outra coisa qualquer) pelo homebanking e que não pagaria nada por isso. Em nenhum banco. Mas de facto não há nada como ler a Lei.

E foi o que fez a ACOP (Associação de Consumidores de Portugal).

Enviaram um comunicado a alertar que os bancos não estão a cumprir com a lei e que continuam a cobrar as comissões. Acusaram os bancos, no comunicado inicial, de estarem a violar a lei. Mas fui ler melhor as letras “pequeninas”, neste caso, a alínea seguinte. E o que diz lá, no detalhe, é que o cliente bancário TEM DE MANDAR para o banco O COMPROVATIVO DE QUE ESTÁ COM QUEBRA DE RENDIMENTO e só depois fica isento dessas comissões, Já pediu? É importante para si?

A lei e o detalhe

Lei n.º 7/2020

Artigo 5.º

Impedimento de cobrança de comissões

1 – Fica suspensa a cobrança de comissões devidas pela utilização e realização de operações de pagamento através de plataformas digitais dos prestadores de serviços de pagamentos, designadamente de homebanking ou de aplicações com instrumento de pagamento baseado em cartão, para as pessoas que estejam em situação de isolamento profilático ou de doença ou que prestem assistência a filhos ou netos, conforme estabelecido no Decreto-Lei n.º 10-A/2020, de 13 de março, na sua redação atual, ou que tenham sido colocadas em redução do período normal de trabalho ou em suspensão do contrato de trabalho, em virtude de crise empresarial, em situação de desemprego registado no Instituto do Emprego e Formação Profissional, I. P., bem como para as pessoas que sejam elegíveis para o apoio extraordinário à redução da atividade económica de trabalhador independente, nos termos do artigo 26.º do referido decreto-lei, ou sejam trabalhadoras de entidades cujo estabelecimento ou atividade tenha sido objeto de encerramento determinado durante o período de estado de emergência, nos termos do artigo 9.º do Decreto n.º 2-B/2020, de 2 de abril.

2 – Para beneficiar da suspensão prevista no presente artigo, o beneficiário envia ao prestador de serviços de pagamento um documento comprovativo da respetiva situação no quadro das medidas de contenção da epidemia SARS-CoV-2

Quem tem direito às isenções

Como pode ler na lei acima, tem direito a PEDIR a isenção as pessoas:

  • Em isolamento profilático ou de doença
  • Que prestem assistência a filhos ou netos
  • Que tenham sido colocadas em redução do período normal de trabalho ou em suspensão do contrato de trabalho, em virtude de crise empresarial
  • Em situação de desemprego registado no Instituto do Emprego e Formação Profissional, I. P.,
  • Pessoas que sejam elegíveis para o apoio extraordinário à redução da atividade económica de trabalhador independente
  • Trabalhadoras de entidades cujo estabelecimento ou atividade tenha sido objeto de encerramento determinado durante o período de estado de emergência

Portanto, em resumo, se quer poupar nestas comissões (não são as de manutenção de conta) de transferências, pagamentos e MBWay deve mandar o respectivo comprovativo para o seu gestor de conta ou apoio ao cliente e garantir que não pagará mais comissões a partir desse momento.

Caso veja no extrato essas comissões a partir da data em que enviou o comprovativo deve reclamar junto do banco, no livro de reclamações eletrónico.

A ACOP  (depois de eu os ter alertado para o detalhe de o cliente ter de pedir já corrigiu o comunicado e menciona o pormenor de ter de pedir) sugere que faça queixa no Ministério Público mas parece-me manifestamente exagerado face aos valores.

Aliás é uma acusação grave. O banco só estará a incumprir se a pessoa pediu e mesmo assim continuam a cobrar-lhe comissões. Se ninguém pediu e os bancos cobram, está tudo bem de acordo com a lei aprovada, certo?

Uma nota: Tudo o que escrevo no blogue é puramente pessoal e não como jornalista. Aqui são apenas as minhas opiniões e experiências. Caso contrário para dizer o que acabei de dizer teria de ouvir as opiniões dos bancos e da ACOP. Ficou clara a minha posição? Serve para todos os artigos do blogue. As reportagens na televisão são outra coisa.

Acho que pelos valores deve ir primeiro pela queixa simples, talvez no formulário do Banco de Portugal, e quando muito, mais à frente num Centro de Arbitragem. Mas pelos valores envolvidos acho que devem levar isto com calma e alguma bonomia (boa vontade).

Não devia ser automático para todos?

O que a mim me deixa aborrecido é que isto devia ser automático para TODOS e de forma imediata. Então eu se não fui afetado pela crise já posso ir “alegremente” ao multibanco infetar ou ser infetado? Não seria melhor eu fazer tudo em casa, como se pretende, sem ter de estar a fazer contas ao dinheiro das comissões? Perdeu-se uma boa oportunidade. Mais uma vez, um bom direito, sem aplicação prática razoável.

Se está em dificuldades financeiras, a lei diz que os bancos não podem cobrar-lhe comissões, mas primeiro tem de mandar um email com o comprovativo a pedir. Agora, terá de avaliar se o faz ou se continua a pagar comissões ou se vai ao multibanco fisicamente.

Saúde e proteja-se.

(Olhe que apesar de tudo, e contra mim falando, a saúde é muito mais importante que o dinheiro. O dinheiro vai e vem, a saúde e a vida não).



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6 Comentários

  1. Camilo Loureiro

    Para não pagarem comissões mudem para o Banco CTT ou Active Bank

    Responder
    • fly

      Com esse pode não pagar comissões, mas corre maior risco de também não pagar as compras…

      Responder
  2. Valéria Moreira pereira

    Olá Pedro,
    concordo consigo. A isenção das comissões deveriam ser para todos, porque o princípio de propagar o vírus por contacto deveria prevalecer face à redução dos rendimentos.
    Após a sua dica, negociei com o BES as minhas comissões, em fevereiro . Estava a pagar 7,50 por mês pela gestão de conta e passei para 5,40, podendo passar para 2,5 se efetuasse 100 euros em compras mensais por multibanco. O mês de março paguei 2,50 e o mês de abril, também. Como estou em confinamento em casa e em teletrabalho, desde 12 de março, estou a efetuar todos os pagamentos por transferência bancária (compras de mercearia, hipermercados, padaria, farmácia), com entregas ao domicílio ou levantamento das encomendas na loja. Não sei se esse valor irá manter-se nos próximos meses, mas espero que seja tida em consideração a situação em que vivemos. Se, eventualmente, o valor do próximo mÊs passar para 5,40, irei contactar o banco para “renegociar”.
    Veremos a posição do banco nessa altura.
    obrigada pelas suas dicas e intervenções pertinentes

    Responder
  3. Luis Verdasca

    Sou cliente millenium nunca me cobraram nada do MBWay!
    E farto de usar no dia-a-dia, mesmo antes de isto tudo começar!!

    Responder
  4. Pedro Cerqueira

    Ola Pedro,

    Excelente artigo e concordo a 100% consigo. Para dar mais informação eu sou santander dado ter o meu credito habitacao la…e transferencias no netbanco nao estou a pagar comissoes nenhumas. Acontece que no MBway a dias utilizei e iam me combrar 0,90 cent, o que fez como que eu utilizasse o netbanco e nao o MBWay. O que posso garantir neste momento o Santander não esta a cobrar comissoes no netbanco.
    Já a minha mulher era Santander e com os seus artigos alterei para o Active Bank e agora nao paga nadinha 🙂

    Grande Abraço e continuaçao de excelente trabalho

    Responder
  5. Arsénio

    Se não é para todos não é para prevenir o contágio.
    Ficamos assim a perceber o que os bancos contribuem quer para a resolução do problema quer para a economia.

    Então quem está a trabalhar e (em certas condições) tem maior probabilidade de estar infectado sem saber vai continuar a usar multibanco e dinheiro?
    Foi uma pena quando tivemos de “dar” dinheiro aos bancos não ter sido obrigatório enviar um formulário a cada português a pedir autorização…

    Se é para prevenir o contágio, os bancos teriam de suspender as taxas para todos os utilizadores e comerciantes, pois muitos não aderiram ao contactless porque como sempre era mais uma taxa que o banco queria.

    Responder

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