Pode usar o seu PPR para pagar a prestação da casa sem penalização

Escrito por Pedro Andersson

04.04.20

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6 min de leitura

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Em caso de aflição, pode usar o PPR

Milhares de famílias ficaram – de forma completamente inesperada – numa situação financeira difícil. E não tiveram culpa nenhuma. É daquelas coisas que acontecem uma vez na vida. Bem, neste caso específico até mais do que isso. Ninguém se lembra de uma coisa assim que parou o mundo inteiro.

Passando por alto a questão da saúde, vamos à questão financeira. É preciso pagar as contas já este mês e nos próximos 2 meses, pelo menos, apesar dos seus rendimentos terem baixado dramaticamente. A questão é: onde é que vou buscar o dinheiro?

Por favor, não se endivide a juros altos para pagar contas “normais”. Vou dar-lhe ao longo dos próximos dias e semanas várias dicas sobre onde pode ir buscar dinheiro.

Neste caso específico, serve este artigo para lhe recordar que todas as pessoas que têm PPR podem usar esse dinheiro para pagar a prestação da casa, sem qualquer penalização. Aliás, relembro que essa medida foi criada por causa da crise de 2008. E continua mais do que atual. Use-a se precisar. Já sabe que se não tocar no PPR é melhor. Mas para situações duras, medidas duras. É apenas para saber que o pode fazer e é uma solução imediata. Pode ler este artigo sobre isso e ver a reportagem em vídeo AQUI.

Até pode aproveitar a moratória dos 6 meses e começar já a preparar os meses seguintes com o PPR se a situação se mantiver muito má. Veja este vídeo no coloquei no YouTube sobre as moratórias.

Desempregados de longa duração podem resgatar o PPR

Não se esqueça também que os desempregados de longa duração podem resgatar o PPR sem qualquer penalização. Atenção: NÃO SÃO DESEMPREGADOS, são desempregados de LONGA DURAÇÃO. Ou seja, só se aplica a pessoas inscritas no Centro de Emprego há mais de 12 meses. No futuro, se infelizmente for essa a sua situação, pode resgatar a totalidade do PPR (e não apenas o valor da mensalidade do crédito à habitação uma vez por mês) e não tem de pagar nenhuma multa.  Também pode ser uma alternativa.

Em caso de doença grave também pode resgatar o PPR na totalidade. Pergunte na sua seguradora ou banco se na sua situação particular pode usar esse dinheiro, caso lhe faça MESMO muita falta.

Repito, só use o PPR em último caso. Está a preparar a sua reforma. Mas se o seu presente é mais urgente que o seu futuro, não se esqueça desta possibilidade.

A Autoridade de Seguros e Fundos de Pensões já avisou as seguradoras para terem dinheiro disponível para uma eventual corrida aos PPR e para facilitarem (e não dificultarem) a vida aos clientes. São obrigados a reforçarem os capitais para que nada falhe nesta altura crucial.

Não resgate o PPR só porque está negativo

Muitas pessoas contactaram-me em privado em pânico porque o PPR que têm está negativo (em alguns casos, muito negativo). Ou seja, se levantassem hoje o dinheiro que andaram a poupar para a reforma teriam lá menos do que aquilo que colocaram ao longo dos últimos anos. Perguntam se devem resgatar já o dinheiro antes que desça mais.

Obviamente a decisão é de cada pessoa, mas quero alertá-lo para uma coisa óbvia: só perde dinheiro se resgatar o PPR. Enquanto não o resgatar (levantar) ele só está virtualmente negativo. Tem de dar-lhe tempo para recuperar. Ele teve tempo para crescer, agora sofreu uma queda. Tal como uma pessoa quando cai, tem de dar tempo para que ela se levante e recupere, se partiu uma perna ou um braço. Não pode esperar que uma pessoa com uma perna partida corra uma maratona e ganhe. Mas daqui a 1 ou 2 anos já poderá estar novamente pronta para correr.  Isto aconteceu, agora é esperar.

No meu caso pessoal, quase todos os meus Fundos de Investimento (de que são feitos os PPR) ficaram em poucos dias mais de 40% de negativos. O que fiz? Aproveitei e subscrevi mais alguns. Se tiver dinheiro disponível é agora que os especialistas em Bolsa estão a investir em força. Ao comprar agora quando estão 40% negativos, assim que voltar ao normal (esperemos que isso aconteça) já terei 40% de lucro. Só deve fazer isto se tiver uma “bolsa” com algum dinheiro disponível para investimento, para além do seu fundo de emergência de que lhe tenho falado milhentas vezes ao longo destes anos.

O Fundo de Emergência

O Fundo de Emergência serve para situações como esta que ocorreu agora por causa da COVID-19. Quem o fez no passado (ou conseguiu fazer, há muitos para quem isto é muito difícil) não tem de se preocupar com a próxima prestação da casa. Tem no banco dinheiro para pagar as próximas 6 prestações sem entrar em stress. Mas isso fica lá mais para a frente. A urgência é o agora. E estamos aqui para o ajudar a ultrapassar esta fase má e não para o criticar.

Some todo o dinheiro que tem

Em resumo, faça já uma lista de todos os saldos de todas as contas que tem e outras poupanças, como PPR e Fundos de Investimento, etc. Some tudo. Veja para quantos meses isso dá. Corte já todas as suas despesas supérfluas. E vamos com calma. Isto vai melhorar. Mas precisamos já de tratamento de choque. Vai doer mas tem de ser.

Vou ajudá-lo. Aliás, vamos ajudar-nos uns aos outros. Estamos todos no mesmo barco. Eu também. Como sabem, a comunicação social está a passar um mau bocado também. A publicidade nas TV’s caiu a pique, apesar das excelentes audiências. É só uma questão de tempo para sofrermos bastante com a crise também (como em 2008). E de forma muito dura. Estou a ver o filme todo outra vez, como se fosse uma repetição. Mas desta vez mais grave. Portanto, não pense que estou aqui a falar do alto sem saber o que estão a passar.



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10 Comentários

  1. Márcio

    Muito bom dia, acho que está errado em manter, comprar ou subscrever por “negativo” . Os PPR como certas poupanças não têm limite de perca de capital, mas tem um limite de crescimento de capital . Como posso explicar , pode perder 99% num ano, pode comprar a -99% , mas o crescimento do PPR como poupanças está limitado a 4% ao ano. Se no ano seguinte aumentar 104% só recebe o aumento de 4% e não dos 104% . Vai precisar de mais de 20 anos de crescimento superior a 4 % para recuperar o capital investido nos -99%. Está nas condições das poupanças. Limite de crescimento do PPR. Será Correto o levantamento dos PPR e poupanças similares e deixar a ordem e num futuro estável, voltar a investir. Corre o risco das pequenas poupanças pagarem a nova crise. Blindagem

    Responder
    • Pedro Andersson

      Olá. Depende do PPR que escolher. No caso dos fundos PPR não tem esse limite. Nos Seguros PPR sim, mas tem de ver as condições um a um. São todos diferentes.

      Responder
  2. João Lopes

    Esta situação aplica-se ao “PPR” da Segurança Social?

    Responder
  3. Fernando Ferreira

    Olá, pensei que os PPR não tinham nenhum risco acrescido! Afinal um PPR é uma conta poupança ou um investimento, eventualmente de risco?

    Responder
    • Pedro Andersson

      Seguro PPR não tem risco. Fundo PPR tem. Seguro rende pouco, fundo pode render muito ou perder.

      Responder
    • Marcia

      Olá,
      Subscrevi um seguro PPR há 4 anos.
      Gostaria de utilizá-lo para pagamento de crédito habitação de HPP de modo a fazer face às dificuldades trazidas pelos aumentos da inflação e da Euribor.
      Fui então à instituição onde subscrevi o PPR e disseram-me que realmente poderia fazê-lo sem ter de devolver os benefícios fiscais, mas que por causa do PPR ter menos de 5 anos teria de pagar uma taxa de resgate antecipado de 0.5%.
      Isto é habitual?

      Responder
  4. Fernando Ferreira

    Olá Pedro, obrigado pela resposta. A ideia é ter um PPR para aumentar o meu reembolso do IRS, uma vez que o dinheiro que tenho de “lado” não está a render.
    Aproveito para felicitá-lo pelo grande serviço publico que tem prestado ao longo destes anos!

    Responder
  5. Madalena

    Gostaria de lhe colocar uma questão no caso de resgate por doenças graves (oncologia) certificado multiusos com 60% de incapacidade. O contrato tem mais de 5 anos (início em 2001) Mas as entregas mensais programadas foram suspensas en 2020. A pretender-se o resgate total e para não ter penalização fiscal tem que se subtrair as entregas efectuadas nos últimos 5 anos?

    Responder
    • Pedro Andersson

      Olá. Não conheço limitações relativamente as datas de entrega mas confirme junto da instituição. Aproveito para dar uma dica. Levante sempre apenas o que precisar no mês seguinte. O restante continua a render. Não é obrigada a levantar tudo. Informe-se sobre o tema na instituição.

      Responder

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