Quanto custa um funeral?
Sim, hesitei bastante antes de abordar este tema. Tenho muitos temas em carteira bem mais simpáticos do que este. Mas pensei, se continuo a adiar o tema estou a fazer o mesmo que a sociedade tem feito ao longo de décadas. Em Portugal temos medo de falar da morte. Acho que pensamos que se falarmos dela, ela aparece ou qualquer coisa do género. A verdade é que é a coisa mais certa que temos hoje em dia.
Se com esta reportagem puser as pessoas a falar sobre a morte e agências funerárias de uma forma mais natural já ficarei feliz com o contributo. Sei que milhares de pessoas acharão o tema e a reportagem absurda ou ridícula. Tudo bem. Já estou habituado a críticas. Isso não retira importância ao tema.
Para quem já perguntou em comentários no Facebook do “Contas-poupança” se tenho noção do que referi e se já perdi alguém, só posso responder que fiz esta reportagem porque sim, já passei por isto. De outra forma provavelmente não pegaria no tema.
É um assunto que tenho em mente abordar desde que o meu pai morreu.
As minhas razões
Quando o meu pai morreu, lembro-me de me terem dado um contacto de telefone. Liguei e marquei um encontro na loja umas horas depois. Fui lá e puseram-me à frente 3 opções: uma mais ou menos, uma razoável e uma óptima. Cada uma com os seus preços.
Das 3 escolhemos uma. Disseram-nos que não tínhamos de nos preocupar com nada. Era o que queríamos ouvir naquela hora. No final de tudo, pagámos o combinado e nunca mais pensei no assunto.
Alguns meses depois, regressado ao “ambiente” do Contas-poupança, comecei a pensar: “De facto, é uma situação em que não pensamos em nada. Estamos tão fragilizados que nem nos passa pela cabeça fazer contas ou pensar em dinheiro. Afinal de contas, a última das homenagens não tem preço”.
É tabu
Em Portugal ninguém gosta de falar de funerais. Parece tabu. Espero que esta reportagem contribua um pouco para derrubar esse muro
Sabe quanto custa em média um funeral? Em Lisboa, custará cerca de 1.800 ou 2.000 euros.
Há funerais para vários preços. A sua família terá dinheiro para um funeral de que tipo? Há funerais que chegam aos 25 mil euros ou mais. Pode contratar toda a espécie de serviços, cada um com o seu preço. Pode até contratar um coro ou reportagem em vídeo ou fotográfica. Tem urnas dignas de um rei e assistentes para isto e para aquilo. É tudo uma questão de opções.
Que apoios pode esperar do Estado para ajudar a pagar as despesas?
Descobri que poucas pessoas sabem que há um apoio do Estado de cerca de 1.200 € que é entregue a todas as famílias de pessoas que descontaram para a Segurança Social. Quem não descontou só recebe cerca de 200 €.
Há uma exceção: se o beneficiário falecido esteve abrangido pelo regime especial de Segurança Social das atividades agrícolas (RESSAA) o valor do reembolso não pode ser superior a 643,35 € (corresponde a 1,5 x IAS).
Se um dia precisarem de tirar dúvidas está AQUI a informação toda da Segurança Social.
Cuidado com agências funerárias que lhe fazem orçamentos mais baixos e que depois tem de pagar todas as taxas e alguns serviços à parte. Exija sempre um orçamento discriminado, por muito que isso lhe pareça estranho na altura. Leve sempre consigo alguém com a cabeça fria.
Vamos falar sobre o assunto?
Surpreendeu-me um dos agentes funerários que entrevistei dizer que é comum as famílias desentenderem-se na altura do funeral porque uns querem a cremação e outros não. Isso acontece porque não falamos sobre o assunto de uma forma natural.
Vale a pena dizer em vida aos seus filhos se concorda com a cremação ou não? Dizer-lhes como gostava que fosse o seu funeral para lhes tirar esse peso de cima? Haverá coragem para isso? Será útil?
Funeral em vida
Apercebi-me (embora não fale disso na reportagem) que há pessoas (sobretudo estrangeiros) que preparam o funeral em vida (fica pago e tudo). Escolhem os locais do velório e a urna que querem e não deixam essa preocupação aos sobreviventes. Serão “normais”, no contexto da nossa cultura? Vale a pena pensar no assunto?
E várias pessoas já me referiram, depois da reportagem, que há seguros de Funeral. Não fui por aí porque acho que é uma opção pessoal e cada um saberá se pode ser útil ou não. Mas se tiver curiosidade, é fácil informar-se sobre esses seguros. Basta “googlar”.
Posto isto, pode ver ou rever a reportagem desta semana aqui:
Não é das reportagens que mais gostei de fazer, mas já que o critério do Contas-poupança é tratar de todos os assuntos que fazem parte da nossa vida, este é também um deles. Não há volta a dar.
Para a semana volto aos temas puramente financeiros.
Entretanto, faça a partir de amanhã uma pausa no IRS (acaba o prazo para ir ao e-Fatura) porque a partir de dia 15 de Março voltamos à carga.
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