Isto ainda vai dar que falar
Independentemente da vossa opinião sobre a reportagem sobre a falta de informação sobre os metros dos rolos de papel que vai do “Espetacular” ao “Inútil” ou “Foi só publicidade a uma marca”, a realidade é que a reportagem está a ter uma repercussão enorme.
Nunca imaginei ver meio país a falar dos rolos de papel higiénico e de cozinha. Acho que dentro de algumas semanas ou meses, a informação já lá vai estar. E é esse o meu objectivo com a reportagem. Veremos.
Foi a reportagem mais vista ontem na televisão portuguesa. 1 em cada 4 portugueses (apesar do jogo de futebol) viram o Contas-poupança. Quase 1 milhão e 200 mil espectadores. Obrigado.
Como é que as coisas vão mudar?
Eu não tenho a presunção de pensar que é uma reportagem (ainda por cima minha) que vai mudar alguma coisa. Mas todos juntos podemos conseguir.
Deixo só o exemplo de uma espectadora que me enviou cópia do e-mail que mandou ao Continente (é só replicar para todas as marcas que usam ou conhecem):
Bom dia,
Sou cliente dos produtos marca Continente. No entanto, detetei falhas na informação prestada sobre o mesmo. No programa Contas-poupança da SIC foi feito um teste ao comprimento dos rolos de papel higiénico e aos rolos de cozinha. Tendo em conta que a marca Continente não informa quantos metros têm as suas embalagens, venho por este meio, em nome da transparência e do direito à informação do consumidor, que passem a indicar quantos metros de papel higiénico e quantos metros de papel de cozinha há nas v/ embalagens. Obrigada pela atenção. Cumprimentos.
E a gramagem?
Já agora, acrescento que as empresas também devem indicar a gramagem do papel. Muitos espectadores alertaram que não é importante só os metros. Relembro que comparei no teste (com as marcas possíveis) o tipo de papel igual, baseado nas informações que traz cada embalagem. Não tenho mais para comparar a não ser os metros. Dêem-me mais informação que eu comparo com todo o gosto. É isso que quero fazer enquanto consumidor.
É por aqui o caminho. Depois de 100 e-mails as empresas começam a pensar nas coisas. Assim que uma outra marca abrir o caminho, as outras terão de ir atrás se não quiserem ficar mal vistas. E o consumidor fica a ganhar em informação. Ganhamos todos.
NOTA: Mais uma achega às razões que me levaram a não mencionar as marcas. As marcas entregam o produto aos hipermercados por um valor. Mas depois quem faz os preços é o hiper ou supermercado. A marca já não manda nisso.
Imaginem que eu dizia: “A marca X é a mais cara no preço por metro” porque comprei no hiper A a 3 euros a embalagem. Mas no Hiper B estava à venda por 2 euros (eu não posso saber a que preços está em todo o lado e em todo o país). Podia estar a “destruir” uma marca sem ela ter responsabilidade nisso. Uma diferença de 1 euro numa embalagem podia mudar a posição dela do fundo da tabela para o topo ou o contrário.
Eu sei que é muito fácil criticar e “exigir” que chame “os bois pelos nomes” mas por uma vez aceitem que o trabalho do jornalista é ser sensato e não ir atrás por vezes do mais fácil e popular. Se quisesse ter mais audiências e fosse esse o critério não acham que diria as marcas? Pensemos um pouco. Por alguma razão o jornalismo ainda faz falta, embora alguns achem que não. É a minha opinião, criticável obviamente.