Estamos na semana da Black Friday. Por todo o lado há publicidade às promoções e a descontos imperdíveis. Por isso, fica este alerta: prepare-se para resistir à tentação que leva muitos portugueses a gastar mais do que deviam nesta altura do ano. Conheça as dicas que o vão ajudar a não ser enganado e a fazer compras verdadeiramente.
Boas poupanças!
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Atenção à Black Friday!
[Introdução - Pedro Andersson]
Olá! Sou o Pedro Anderson, jornalista especializado em finanças pessoais, e aproveito as minhas viagens de carro para falar consigo sobre dinheiro.
Faço de conta que vai aqui ao meu lado e juntos vamos encontrando maneiras de gerirmos com inteligência o nosso dinheiro. Seja muito, seja pouco, não se esqueça de subscrever este podcast, de dar as estrelinhas que entender e de acionar o sininho das notificações para ser avisado sempre que houver um episódio novo.
Há episódios novos às segundas-feiras, às quartas-feiras e às vezes às sextas-feiras quando tenho uma entrevista que considero que é interessante partilhar convosco.
Nesta semana em que estou a gravar, estamos na semana da Black Friday. O mês da Black Friday já começou há imenso tempo e há publicidade a rodos. Estamos todos a ser bombardeados com publicidade de todas as empresas e mais algumas e, portanto, é difícil não ser impactado ou influenciado por toda esta publicidade cheia de descontos.
E o que nós gostamos de descontos. O português, não sei como é lá fora, mas o português delira com promoções e com descontos. É uma espécie de troféu que levamos para o trabalho para dizermos aos colegas que conseguimos comprar não sei o quê com 50% de desconto ou 30% de desconto. Falamos das nossas poupanças de 100 ou 50 euros como se tivéssemos sido super-heróis que conseguiram ganhar alguma coisa, como se nos estivessem a dar dinheiro.
O que acontece é que gastamos dinheiro para alguém ganhar dinheiro e é muito importante que percebam isto em relação a todas as compras que façam. Qualquer compra que façamos de algo que não precisamos realmente para a nossa sobrevivência, bem-estar ou conforto, é porque estamos a dar a ganhar dinheiro a alguém que nos quer vender um produto. Isso tem alguma coisa de mal? Não, zero, mas é assim que o mundo funciona. Muitos de vocês são comerciantes e mesmo assim também são consumidores.
É normal, mas o que me preocupa do ponto de vista das finanças pessoas é sentir que muitas vezes, enquanto consumidores, não nos sabemos defender mentalmente e emocionalmente nestas alturas de apelo ao consumo. E quando gastamos dinheiro, é dinheiro que não volta, com ou sem desconto.
Portanto, uma vez que é dinheiro que não volta, convém que compremos coisas de que realmente precisamos, ou que mesmo não precisando, nos façam felizes, nos deixem satisfeitos a longo prazo. Porque, infelizmente, muitas vezes fazemos compras, ficamos satisfeitos no momento, mas depois chegamos a casa e descobrimos que afinal já tínhamos uma coisa igual ou parecida.
Ou chegamos a casa com um telemóvel novo e depois não sabemos o que fazer com o antigo, porque na verdade ainda funciona, ainda faz chamadas. Entretanto, acaba por ficar guardado numa gaveta qualquer durante meses. Podia ter sido vendido no OLX ou podíamos ter dado a alguém, mas foi para a gaveta e passado algum tempo, já ninguém o quer. Outras vezes compramos uma televisão só porque saiu um modelo novo que tem mais um botão, tem mais uma funcionalidade, enfim.
Não quero dar lições de moral, que já sabem que cada um compra o que quer e quando quer, desde que tenha o dinheiro para o fazer. Ou mesmo que não tenha, se quiser assumir a responsabilidade de uma dívida ou crédito, não há problema nenhum, desde que queira. Aquilo que quero dizer é que, nesta altura do ano, isto é um clássico.
E as promoções, muitas delas, nem são o que parecem. Uma promoção de 60% ou 50% em alguma coisa, não significa que esteja a poupar 50% ou o que for. Não é assim que funciona. Muitas vezes os preços são inflacionados de propósito antes das promoções para parecer que o desconto é maior.
É só isso, uma percentagem. Muitas vezes estamos a comprar uma percentagem e não um produto, porque aquilo parece tão imperdível que é quase inevitável. É impensável perder aquela oportunidade. Não deixe que isso aconteça consigo. Se segue o Contas-poupança já percebeu que a estratégia para termos uma vida equilibrada financeiramente é comprar apenas aquilo que precisamos e queremos.
Então quais são as dicas essenciais? Primeiro tem de saber o que é que quer comprar, mas isso é em qualquer altura do ano, não é só nesta altura. Mas aquela coisa de ir ver que promoções é que há na Black Friday é um crime financeiro, é como ir aos saldos.
Nós não vamos aos saldos, nós vamos comprar uma coisa aproveitando o facto de pensarmos que, provavelmente naquele dia em que vamos, consigamos um preço mais barato do que aquele que tínhamos visto anteriormente. Mas isso é que é uma poupança, ter visto o preço no passado e depois constatar que desceu 50%, pelo menos que tenha um termo de comparação.
Portanto, em qualquer altura do ano e especialmente agora na Black Friday e depois na altura antes do Natal, tenho de saber o que é que quero comprar, o que é que preciso? Se precisa de uma televisão nova, de um telemóvel ou de um portátil, ótimo, mas tem que ser uma decisão e uma compra consciente. Se precisa de comprar roupa nova, muito bem, mas de que roupa precisa? Quantas camisas, que cores fazem falta, de que estilo?
É fazer uma lista, mas uma lista clara na nossa mente e verificar o roupeiro antes de comprar. É verificar se de facto aquilo que tem já não aguenta mais utilização ou se a compra não é assim tão urgente.
Aliás, até pode avaliar que coisas é que eventualmente pode vender e depois aproveitar o valor que ganhar para compensar a compra que vai ter de fazer. Tudo isto é importante. Repare, o simples facto de fazer uma compra já não é poupar, porque mesmo com descontos continua a gastar 100% do que quer que pague pelo produto. É dinheiro que voou e já não volta.
Vou fazer um exercício com vocês. O que diriam se fossem, por exemplo, jantar fora e tivessem de deixar uma gorjeta de 30, 40 ou 50 euros. Achava normal? Se fossem ricos, se calhar não fazia diferença nenhuma, mas se calhar com os rendimentos e salários que temos já faz. Outro exemplo: se recebessem uma fatura de eletricidade de 50 euros habitualmente e de repente recebem uma de 80 euros, não acabavam a chamar alguns daqueles nomes simpáticos à empresa, partindo o princípio que não haveria uma justificação para esse aumento de preço?
Em qualquer uma das situações, de certeza que barafustava nem que fosse um bocadinho. Posto isto, sempre que compramos uma coisa que implica um gasto adicional, não previsto e não necessário, por 30, 40, 100 euros, o que seja, é como estar a dar uma gorjeta. É verdade que depois fica com um bem, mas acho que todos também temos a experiência de já termos comprado, por exemplo, peças de roupa que nunca usámos ou usámos muito pouco.
Eu já comprei. Inclusive, já cheguei a comprar roupa a pensar: ok, esta camisa se calhar fica um bocado apertada, mas gosto dela, está a um bom preço e vou emagrecer uns quilos e depois vai servir-me. Meus amigos, nunca vesti aquela camisa, está no sótão à espera do momento mágico no futuro em que me vai servir.
Fico chateado comigo próprio? Bem, não, porque vivemos assim, acabamos a desculpar-nos a nós próprios, porque também não podia ser de outra maneira. Temos de viver connosco todos os dias e nem todos damos a importância ao dinheiro que poderíamos dar. Isso não tem mal nenhum, mas temos é de pensar que se queremos viver melhor financeiramente, então temos de fazer melhores escolhas financeiras.
Este foi o primeiro ponto da lista. Depois disto, temos de perceber quanto é que o produto que queremos comprar custa agora e quanto é que custou nos últimos meses. Ou seja, temos de perceber qual foi o preço mais baixo a que já esteve, comparar entre lojas diferentes que vendam o mesmo produto e comparar também nas lojas online, que por vezes são mais baratas.
Às vezes também fazem promoções na Black Friday e se não encontrar na Black Friday, não é obrigado a comprar. Se não conseguiu um bom preço, não é obrigado a comprar. Fica à espera até encontrar um bom preço, porque se precisar mesmo daquele produto vai ter de o comprar, seja qual for o preço a que ele estiver, é tão simples quanto isto. Agora, podendo escolher, podendo esperar, podendo comparar, é melhor fazê-lo. Só não fazemos boas compras se não quisermos. Todos os anos dou estas dicas.
Para produtos eletrónicos ou informáticos deve usar sempre duas aplicações: uma chama-se KuantoKusta e a outra é uma página na internet da DECO, que se chama Comparador de Preços. Coloca o nome ou referência do produto e a aplicação vai dizer-lhe qual foi o preço mais baixo dos últimos três meses. Assim não é enganado em relação a esses produtos.
Quanto a roupa ou outras coisas não eletrónicas, aí vai mesmo ter de comparar entre lojas, pesquisar na internet ou ver se não consegue encontrar o que procura em segunda mão, numa plataforma como o OLX, a Vinted, o Marketplace do Facebook, enfim, nas diversas plataformas onde é possível fazer compras em segunda mão. E às vezes, apesar de serem em segunda mão porque já tiveram um primeiro dono, até se encontram coisas que estão novas, às vezes até a estrear.
Às vezes há pessoas a vender móveis, por exemplo, porque afinal não cabiam na sala ou porque compraram e depois a loja já não aceitou a devolução. E esse é outro detalhe, principalmente a comprar coisas de elevado valor: confirme sempre as condições de troca. Já me aconteceu comprar um determinado produto e perguntar se podia devolver. A resposta foi positiva, mas quando lá voltei para devolver, a devolução era feita em cartão ou talão, o que não me servia para nada porque queria era comprar outra coisa noutra loja.
Ou seja, eu queria a devolução do dinheiro, mas estava escrito nas condições que essa não era uma opção. Mas isto aconteceu porque eu não li, não perguntei, não confirmei. Portanto, essa é outra coisa, confirmar sempre as condições de troca e devolução, particularmente nestas alturas como a Black Friday, que muitas vezes têm condições diferentes das que se aplicam no resto do ano. Muita atenção a isso.
Aproveito também para, tendo a tal lista de coisas a comprar – porque isto agora já não tem a ver só com a Black Friday –, também tem a ver com a compra das prendas e não é só de Natal. Por exemplo, quando já sabemos que vamos ter de oferecer uma prenda, seja em que altura for, se soubermos em que data vamos ter cada uma dessas despesas e quanto dinheiro queremos ou podemos gastar com cada uma, é mais fácil de gerir essas compras e poupar dinheiro.
Lembro-me de uma situação, e aprendi a minha lição, em que tinha de oferecer uma prenda a alguém e deixei passar o tempo. Até tinha um alarme no telemóvel para me lembrar com antecedência, mas chegou a véspera e eu ainda não tinha comprado nada. O que é que fiz? Fui a correr a um centro comercial, a percorrer lojas sem critério nenhum e a fazer contas à vida. Ainda por cima, as lojas estavam quase a fechar. Ora, o que é uma pessoa faz nessas ocasiões? A primeira coisa que vê que acha que a pessoa vai gostar, compra, independentemente do preço.
Ou seja, é a lei da oferta e da procura. Se procuro com muita urgência, então será a primeira coisa que vir. Claro que vou acabar por gastar mais do que aquilo que tinha previsto inicialmente. Isto para dizer que é muito importante não fazer compras por impulso. Aquela coisa do “está tão barato” e mete para o carrinho em jeito de aproveitar antes que acabe, lá está, aproveite o que entender, mas faça um orçamento.
Só depois de saber exatamente o que precisa é que vai comprar, não vá ao acaso ver o que há. Isso é um disparate financeiro. Não é um disparate em si, mas é um disparate financeiro. Portanto, se quiser fazer as coisas como deve ser e pôr as suas contas em ordem, é guardar para si todo o dinheiro, o máximo que conseguir, e para quê? Para depois usá-lo da forma que muito bem entender.
Ou seja, estamos a dar lucro a nós, em vez de dar lucro às empresas. E essa é que é a grande diferença, porque as empresas nestas alturas vão vender o quê? Aquilo que já não lhes está a dar tanto lucro. Ou seja, às vezes são aquilo a que chamamos os monos. É o que querem despachar, que não se vendeu tão bem ou que já sabem que a seguir vem aí um novo modelo e aquele vai ficar obsoleto.
Ou colocam na publicidade promoções maravilhosas, que também as há, mas são cinco ou seis unidades disponíveis. Depois uma pessoa chega lá e está esgotado, porque essas promoções extraordinárias estão previstas no orçamento das empresas como perda para depois dar lucro no resto.
Como é óbvio, as empresas não estão lá para perder dinheiro, estão lá para despachar aquilo que não lhes interessa, que não lhes dá tanto lucro ou então confiar na sorte de aparecerem muitos clientes e que, ponham lá o preço que puserem, as pessoas comprem na mesma porque vão com aquela motivação de comprar.
E eu gostava muito que quem ouve este podcast e segue o Contas-poupança tivesse já esta consciência muito bem apurada e afinada que é: eu sou um consumidor profissional e só compro aquilo que quero, ao melhor preço sempre e o ano inteiro. Dito isto, aproveite a Black Friday, a Cyber Monday, os saldos, as promoções, tudo aquilo que encontrar ao longo do ano, pensando de uma forma consciente. E dessa forma fica mais dinheiro no seu bolso para gastar ou usar naquilo que realmente é importante para si.
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Muito obrigado, boas poupanças e boas compras, porque de vez em quando também é preciso, mas com cabeça!
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Boa viagem e boas poupanças!















