Mais 70% dos portugueses cortam gastos diários – Intrum
Um estudo da Intrum (empresa que cobra dívidas de consumidores a empresas) concluiu que 74% dos portugueses estão a cortar nos gastos, enquanto 30% pensam utilizar as poupanças para pagar contas do dia-a-dia dada a inflação e a subida dos juros.
Ora, pergunto eu, será preciso fazer um estudo para confirmar esta situação? Bem, sim. É importante perceber o cenário geral, porque o que a maior parte de nós faz é fazer um auto-retrato da sua situação (que é o que devemos sempre fazer), mas verifico que em muitos casos essa selfie financeira é muito mal feita. Normalmente, essa análise pessoal e da nossa família fica terrivelmente desfocada e fugimos a definir claramente a nossa situação. Sabermos que estamos mal ou que podíamos estar muito melhor faz o quê? Responsabiliza-nos. E nós não gostamos disso. Preferimos não pensar no assunto.
Estes estudos são úteis na medida em que percebemos em que “categoria” estamos. Há mais pessoas como nós e ao olharmos para os outros conseguimos ter um termo de comparação sobre a nossa situação específica.
Onde é que você está?
Ainda consegue pagar todas as suas contas? Parabéns! Muitos já não conseguem e deixam passar alguns prazos de pagamento e entram em incumprimento.
“Embora 74% procurem cortar nos gastos diários e 30% planeiem utilizar as suas poupanças para pagar despesas e contas do dia-a-dia, estas são apenas soluções temporárias. Eventualmente, quando o seu dinheiro acabar, os consumidores deixarão de pagar algumas contas”, revelou, no entanto, o European Consumer Payment Report 2023 — Portugal da Intrum, a que a Lusa teve acesso.
Cerca de 16% das pessoas afirmaram ter agora menos dinheiro para gastar, após pagarem as contas e os bens essenciais, do que no ano anterior.
O estudo concluiu que 22% dos consumidores não pagaram, pelo menos, uma fatura dentro do prazo no ano passado. Verificou-se um número crescente de incumprimentos entre a geração X (geração de 80) e os millenials (geração de 90).
Aproximadamente 3 em cada 10 pessoas disse que sentiria menos culpa por ignorar o pagamento de uma conta agora, do que há alguns anos. Já mais de 40% espera que as empresas não se preocupem em adotar medidas contra os consumidores que têm pagamentos em atraso.
Na minha opinião esta perspetiva é preocupante. Significa que muitos estão a normalizar o incumprimento em vez de fazerem esforços sérios para pôr as suas contas em ordem.
Não estou a dizer que seja fácil, mas não é “normal” só nos preocuparmos com as nossas finanças pessoais quando já estamos aflitos. Tem de ser antes, muito antes.
PODCAST | #194 – Para criar riqueza, onde (ainda) posso cortar no meu orçamento?
“À medida que os rendimentos reais dos consumidores estagnam ou diminuem, uma grande parte dos consumidores terá que fazer escolhas difíceis sobre como irá enfrentar a situação nos próximos seis meses: 63% podem cancelar gastos em férias e 72% dizem que podem gastar menos no Natal”, lê-se no documento.
Esta situação referida acima é sintomática. Já no ano passado os gastos em férias tinham de ter sido cancelados ou muito reduzidos face ao que sabíamos que ia acontecer. Alertei para isso muitas vezes. Só com a prestação da casa ao banco, muitas famílias gastaram quase mais 5 mil euros por ano com a subida da Euribor. Iam buscar esse dinheiro onde? Pois. Ter uma vida organizada financeiramente exige escolhas difíceis, mas inteligentes. Quando uma pessoa ou família só corta em férias e em despesas de festividades quando já não consegue pagar contas, é porque ainda não percebeu nada. Tem de ser antes. Pense nisso, quando receber agora o subsídio de Natal e planear as suas despesas para os próximos meses. Não faça de conta que está tudo bem. Não está.
Recorrer ao crédito para manter o nível de vida
Nos últimos seis meses, um em cada quatro inquiridos pediu dinheiro emprestado para pagar contas e 12% podem necessitar de um crédito adicional para pagar as suas despesas diárias.
O grande erro dos portugueses é fazer créditos para manter as suas despesas em vez de cortar ou reduzir essas despesas. Não estou a falar de comida na mesa, OK? É em tudo o resto.
Menos de 40% dos portugueses têm uma poupança equivalente a um mês de rendimento ou abaixo disto, enquanto um em cada cinco não tem uma “almofada”.
PODCAST | #185 – De quanto dinheiro preciso para começar a poupar?
O relatório mostrou também que 19% das pessoas não conseguem fazer poupanças para responder a despesas inesperadas, acima dos 18% verificados em 2022 e dos 16% do ano anterior.
Mais de metade (54%) dos consumidores acredita que a sua situação financeira vai melhorar nos próximos 12 meses e a maioria espera que a inflação se mantenha nos próximos anos. Esta contradição é extraordinária e é tipicamente portuguesa. Continuamos a ser optimistas, mas sem qualquer base lógica. É o clássico “Vai correr tudo bem” quando eles próprios reconhecem que os números dizem que isto tem muito para correr mal.
PODCAST | #177 – Como posso poupar com inteligência nestas FÉRIAS?
Não vá atrás da multidão. Não empurre o problema com a barriga. Corte já em tudo o que puder que não seja essencial. Renegoceie TODOS os seus contratos. Qualquer poupança que consiga com essas renegociações coloque logo de lado mensalmente na conta do seu Fundo de Emergência (6 a 12 meses de todas as suas despesas mensais e anuais). Só esta atitude vai colocá-lo nos 5% mais inteligentes financeiramente em Portugal. Saia destas estatísticas trágicas.
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Exemplar!
É necessário meter o sal na ferida para conter a infecção.
Há 3 dias dei conta de uma grande atualização na app homebanking da Caixa Geral Depósitos. Basicamente, integraram as funcionalidades da antiga app Dabox na app principal homebanking da Caixa. Perfeito!
Com esta atualização, passamos a ter as funcionalidades da nossa “Vida Financeira” e podemos categorizar os movimentos na nossa conta bancária.
Podemos, categorizar despesas e receitas até ao tutano.
Todavia, há um tipo específico de movimentos financeiros que não é possível categorizar com a devida clareza: as poupanças e investimentos.
Depois falamos sobre a literacia financeira de povinho….