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ANÁLISE | Ferramentas de investimento para quem não percebe nada disto

Ferramentas super simples para quem quer começar a investir sem perceber nada Recebo muitas vezes esta pergunta: Eu gostava de começar a investir umas pequenas poupanças em fundos de investimento ou ETF’s, mas não percebo nada disso. Por onde começo? De facto, como eu próprio passei por essa experiência, sei bem qual é a dificuldade […]

ANÁLISE | Ferramentas de investimento para quem não percebe nada disto

Ferramentas super simples para quem quer começar a investir sem perceber nada

Recebo muitas vezes esta pergunta: Eu gostava de começar a investir umas pequenas poupanças em fundos de investimento ou ETF’s, mas não percebo nada disso. Por onde começo?

De facto, como eu próprio passei por essa experiência, sei bem qual é a dificuldade em começar. Em dar o primeiro passo. E se perco este dinheiro? E se estou a escolher mal? E se há outro melhor? Em que banco começo? Ou escolho uma corretora? E qual? Não conheço nenhuma? E que perguntas faço?

Todas estas perguntas fazem sentido e são absolutamente normais. Os bancos e corretoras sabem isso e estão a criar produtos que respondem em parte a estes receios e dúvidas.

São produtos ligados a fundos de investimento, a ETF’s, a obrigações e a ações, só que têm uma vantagem: Você não tem de perceber rigorosamente nada disso. Só tem de abrir uma conta nesses bancos ou corretoras, transferir para lá o dinheiro que entender, escolher numa espécie de menu de restaurante o seu tipo de risco (quanto está disposto a perder antes de começar a ganhar) e já está. Só isto. Pode também escolher investir e deixar estar ou fazer reforços automáticos a esse produto de investimento. Nenhum destes produtos tem capital garantido, OK? E só deve investir dinheiro que não lhe faça falta para coisas essenciais.

Como funcionam os investimentos “automáticos”

Nota prévia: Vou falar-vos de 2 produtos, mas há muitos mais. Não pretendo ser exaustivo sobre o que existe no mercado português, nem vos estou a “vender” nenhum destes produtos. Não recebo um cêntimo por estar a escrever este artigo. Como sabem, partilho convosco as minhas experiências e por isso faço questão de dizer os nomes das coisas para que as explicações façam sentido.

Já vos vou dizer também que estas opções são – na minha opinião – mais caras do que subscrever diretamente na “fonte”, mas não deixo de considerar que para quem não percebe mesmo nada disto é uma boa forma de começar a investir sem conhecimentos extraordinários. Basta clicar nuns botões e já está. E torna-se um “investidor”. Vou contar-vos como começou esta minha experiência. Tenho dinheiro meu nestes produtos, para poder falar com conhecimento. Não é teoria.

O RoboAdvisor do Openbank

Estou sempre muito atento às publicidades dos bancos e financeiras. Há muitas oportunidades de ganhar dinheiro “grátis” ao longo do ano. Basta andar com o radar ligado.

Vi que o Openbank (que é o banco digital do Santander) estava a oferecer 40 euros a quem abrisse conta com 500 euros. Ora, se você encontrasse 40 euros no chão na rua, não se baixava para os apanhar? Foi o que eu fiz.

Abri conta no Openbank. É grátis, não quero os cartões, faço tudo online. É um banco espanhol (com IBAN espanhol), mas por mim isso não tem problema nenhum. De acordo com a promoção, receberia passadas umas semanas na mesma conta os tais 40 euros. Foi o que aconteceu.

Se 40 euros lhe parece pouco, recordo-lhe que é o equivalente a 8% de juros líquidos. Ou seja, só por fazer uma “conta-poupança” com 500 euros ia receber 8% neste ano. A única condição era manter os 500 euros na conta durante 12 meses. Por mim, tudo bem. Não me faziam falta na altura e até ao momento também não.

Ao abrir a conta, vi que tinham uma ferramenta chamada Roboadvisor para quem quisesse investir em fundos de investimento sem ter trabalho nenhum. Tal como o nome indica, é tipo robô. Você diz quanto quer investir e o robô faz o trabalho por si.

Então tive o meu momento “Eureka”. Espera lá! Já que é para ganhar dinheiro, vou arriscar um pouco: Vou pegar nos 540 euros em vez dos 500 euros e – já que estão parados – vou tentar fazê-los crescer ainda mais. Respondi a todas as perguntas que me fizeram lá no formulário e achei interessante o conceito.

Têm 5 opções com nomes de cidades, cada uma com o seu perfil de risco. Escolhi Nova Iorque, que é a 4ª mais arriscada.

De forma muito resumida – e espero não estar a dar nenhuma informação incorreta porque estou apenas a partilhar o que eu percebi do que me explicaram – o Openbank escolheu 2 fundos de investimento: um muito conservador e outro bastante agressivo (com muitas ações). E cada “cidade” é o resultado de uma determinada proporção dos dois fundos. O mais conservador é 80% do fundo mais “calminho” e 20% do mais agressivo e o mais “agressivo” é o contrário (80% do fundo com muitas ações e 20 do mais conservador). As outras 3 “cidades” são misturas intermédias.

O que o seu valor investido vai crescer ou baixar é o resultado desta fórmula. Estou a partir do princípio que os senhores do banco queimaram algumas pestanas a escolher estes fundos que fazem parte do roboadvisor.

E as comissões?

Para mim as comissões do Roboadvisor são muito altas. Não têm comissão de subscrição, nem de resgate, mas cobram 1,3% ao ano dividido pelos 12 meses (uma vez por mês) ao que o seu valor investido tiver. Na prática, ao olhar para o valor que lá tem quando for ao homebanking, o que vê já é o valor “limpo” dessas comissões. Ou seja, se crescer 2% é porque já tiraram o valor deles.

As primeiras semanas foram um bocadinho desafiantes porque estive sempre a perder dinheiro. Os meus 540 euros valeram durante algum tempo (e podem voltar a descer e até muito mais) menos do que o valor que lá coloquei. É mesmo assim.

Neste momento em que escrevo está a crescer cerca de 2% brutos.

Em resumo, estes robôs e afins são muito práticos. Abre a conta nesse banco, subscreve e já está. Não tem de escolher fundos específicos, nem áreas de negócio, nem regiões do mundo. Fazem isso tudo por si. Naturalmente, paga mais por isso em comissões de gestão do tal robô. E pode mudar de “cidade” sempre que quiser, sem custos.

Achei interessante e de vez em quando vou fazer aqui o balanço de como está a correr mais este meu investimento.

Se estiver a pensar investir nestes produtos é OBRIGATÓRIO que os contacte para confirmar tudo isto que vos estou a dizer. Não só posso ter percebido alguma coisa mal, como as regras podem ter mudado entretanto.

O Smart Invest (que afinal também é um PPR)

Estava então eu nesta minha vidinha, quando vi outro banco também a fazer publicidade a um produto semelhante. O Banco Invest tem o chamado “Smart Invest”, pobremente traduzido por mim por qualquer coisa como “Investimento inteligente”. Tentei perceber porque seria ele inteligente.

Mais uma vez, verifiquei que é um produto super, super simples e com algumas vantagens (ou características) que não tinha ainda visto em mais lado nenhum. Como já lá tenho no banco Invest alguns dos meus PPR, com conta aberta lá, fiquei curioso. Fiz perguntas.

Basta dizer quanto quero investir (mínimo 50 euros) e digo (não são nomes de cidades) se quero um perfil conservador, moderado ou agressivo. Só isto. Não tem nada que saber… Clico e já está.

Em vez de ser baseado em fundos de investimento, o “cabaz” é composto por vários ETF’s. Ou seja, são mais diversificados do que muitos fundos de investimento porque se baseiam em índices e não em empresas específicas.

Mais uma vez, em qualquer altura do investimento posso trocar de agressivo para moderado ou conservador, ou de conservador para agressivo se estiver com vontade de arriscar mais ou menos. O perfil Conservador é 80% de um ETF e 20% de outro; O Moderado é 55% de um e 45% do outro; e o agressivo é 30% de um e 70% do outro. Depois é só fazer as contas ao resultado destas fórmulas.

Não paga nada por fazer estas alterações. Imagine que ganha bastante durante 2 ou 3 anos com o perfil agressivo e quer “garantir” esse ganho. Basta transferir para o perfil conservador. Não é capital garantido, mas fica mais protegido por ETF’s de índices mais “calmos”.

E as comissões?

O Smart Invest tem uma comissão de gestão de 1,4%. É elevada para mim. Mas pode compensar pelo tipo de rendimento dos ETF e sobretudo se levarmos em conta que está classificado como um PPR.

Uma das coisas mais importante que percebi logo no princípio, ao conversar com os gestores dos bancos, é que as comissões não têm de ser vistas como um fator de exclusão. Se para eu ganhar 10%, pagar uma comissão de 1.5% qual é o problema? Não será melhor do que pagar uma comissão de 0,5% mas só ganhar no final 4%? Temos de ver é o resultado líquido no final. Ou seja, quantos euros é que ganhei no final de tudo, após comissões e impostos? É a única conta que vale a pena fazer realmente.

Surpreendeu-me. Um investimento em ETF’s é sempre sujeito a 28% de tributação quando resgata. O gestor de conta explicou-me que este produto foi criado de propósito como um PPR para lhe dar ainda mais uma vantagem. Assim que passarem 8 anos, a taxa de tributação passa para 8% em vez de 28%. Pode ser uma opção muito interessante.

Mas não posso fazer um PPR? Pode, mas os ETF’s podem crescer mais do que os fundos associados aos PPR. Ou não. Ainda não sei. Este produto tem pouquíssimos meses. Decidi experimentar, até para comparar entre este e o Roboadvisor do Openbank.

Há várias ferramentas de investimento automáticas

O Banco Best também tem um Robot Advisor. Mas ainda não o explorei. Várias corretoras também têm produtos semelhantes em que pode andar a trocar de perfil as vezes que quiser. Confirmei que na Optimize – Sociedade Gestora de Fundos também têm algo semelhante. Vou espreitar.

Em conclusão, estou a testar estes produtos para minha experiência pessoal. Pelo conhecimento que já tenho, parece-me ser mais rentável (com comissões mais baixas) subscrever os produtos que quero diretamente.

Se quero fazer um PPR escolho o PPR diretamente. Se quero subscrever um fundo de Investimento específico, faço-o diretamente. Se quero investir num ETF, escolho-o e subscrevo-o diretamente. Aprendi a fazê-lo e a escolher a plataforma mais adequada para cada um deles.

Mas estou a verificar que, se tem muito dinheiro numa conta à ordem ou a prazo e não sabe o que fazer ou por onde começar, este tipo de prodtos (caros para mim) são uma forma muito simples e fácil de começar. Pelo menos, começa a ver o ser dinheiro crescer (ou pelo menos tem essa possibilidade) em vez de o ver definhar nos depósitos a prazo e afins.

Experimente com 100 euros e veja o que acontece. Depois, se perceber como funciona, a curiosidade (e a vontade de ganhar mais) vai fazê-lo querer subir de divisão.

Faça de conta que estes robôs são uma espécie de iniciados ou uma divisão distrital, como no futebol. Um dia tem de começar por algum lado… Avalie e pense pela sua cabeça.

Disponível online, livrarias e supermercados.