Multirriscos

VÍDEO – Como saber se está a pagar Seguro Multirriscos a mais

Está a pagar seguro a mais? Quem tem casa, tem quase obrigatoriamente um seguro multirriscos. O que poucos sabem é que em algumas situações, pode estar a pagar a mais por uma cobertura que a seguradora nunca pagará, porque há limites na lei. O seguro multirriscos é o chamado “seguro das paredes”. Provavelmente não sabe […]

VÍDEO – Como saber se está a pagar Seguro Multirriscos a mais

Está a pagar seguro a mais?

Quem tem casa, tem quase obrigatoriamente um seguro multirriscos. O que poucos sabem é que em algumas situações, pode estar a pagar a mais por uma cobertura que a seguradora nunca pagará, porque há limites na lei.

O seguro multirriscos é o chamado “seguro das paredes”. Provavelmente não sabe como se calcula o valor do prémio que está a pagar. Pode estar a pagar o preço justo, pode estar a pagar a mais ou pode estar a pagar a menos. Acontece o mesmo para quem tem um seguro de recheio. Faremos essa reportagem proximamente. Na reportagem desta semana do Contas-poupança explicámos como fazer as contas para não ter surpresas desagradáveis.

O que é o seguro multirriscos

O seguro Multirriscos é um seguro que os bancos obrigam sempre a fazer, para garantir que se houver um incêndio ou uma tragédia e a casa for danificada, alguém paga a reconstrução do imóvel. Por isso, quando pede um crédito à habitação, um perito avaliador do banco diz quanto vale a casa no mercado e quanto vale a casa para o seguro. São valores diferentes. Mas nem sempre isso se reflete no seguro que tem.

Por exemplo, vamos imaginar que pede um crédito de 200 mil euros para comprar uma casa, mas se acontecer uma catástrofe o que o seguro vai pagar não é quanto ela vale, mas sim apenas o valor dos tijolos, do cimento e da mão-de-obra. Pode ser 50 ou 60 mil euros. Nem mais um cêntimo. Por aqui já está a ver que podia ser um disparate estar a fazer um seguro multirriscos pelo valor que deu pela casa, porque não leva em conta nem o terreno nem a localização.

Ontem, verifiquei por vários comentários que muitas vezes são os próprios funcionários dos bancos (que percebem de banca, mas nada de seguros) que sugerem/obrigam a fazer o seguro multirriscos com o valor do crédito. Vou acreditar que é por ignorância e não por má fé.

Numa grande parte dos casos o valor do perito do banco está correto. Mas a DECO, que entrevistei para a reportagem que pode ver no link mais abaixo, conhece inúmeras situações em que as pessoas andaram a pagar valores gigantes sem necessidade nenhuma. A boa notícia é que está no seu contrato que se verificar que isso aconteceu por falta de infomração da sua parte, pode pedir à seguradora que devolva o que pagou a mais nos últimos 2 anos. Está na apólice que assinou. Procure.

Portanto, o que lhe sugerimos é que confirme assim que puder que está mesmo a pagar o preço justo e não mais do que isso. Mas como é que pode saber qual é o valor da cobertura correta para as paredes da sua casa?

Como fazer as contas

Comecemos pelo princípio. Tem de ir buscar a sua apólice ao arquivo e ler o que assinou. Se não tem, peça uma segunda cópia à sua seguradora.

Vamos a um caso prático. Há dois dados que precisa colocar num papel: Os metros quadrados que estão na apólice e o valor seguro. Este cliente verificou que no documento original a casa está com 127 m2 e que o valor coberto é de 110 mil euros.

Como é que eu sei quanto é que o seguro me vai pagar se acionar o seguro?

A fórmula é simples. É o número de metros quadrados vezes o preço de reconstrução ou substituição do m2 de cada zona do país.

O país está dividido em 3 zonas e cada uma delas tem um valor máximo de reconstrução. Simplificando bastante, a zona 1 é a mais cara e abrange todos os concelhos que são sede de distrito e à volta de Lisboa e Porto.
A zona 2 são cidades relevantes, mas que não são capitais de distrito.
E a zona 3 são todos os outros concelhos do país.

Para saber a sua zona, pesquise no google “preço zonas de reconstrução”. Encontra logo. Até 2014 o preço era definido por uma portaria, mas atualmente é calculado por um índice definido pela APROSE (Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros).

Tem AQUI o link com as regiões.

e AQUI neste link do blogue “Site dos Seguros” que encontrei com os preços para 2020.

Portanto, o máximo que a sua seguradora lhe vai pagar se ocorrer um sinistro em 2020 é 826,73 € por m2 (se a sua casa está na zona 1), 722,68 € por m2 (se está na zona 2), e 654,74 € (se está na zona 3).

A partir daqui é simples. É só multiplicar o valor da sua zona pelos m2 da sua casa que estão na apólice e fazer a conta. Se não consegue encontrar, ligue para o apoio ao cliente da sua seguradora e pergunte esses dados e confirme o que lhe dissemos na reportagem.

No caso do exemplo que dei na reportagem, 127 m2 vezes 826,73 dá 104.994 €. O valor coberto atualmente é de 114.920,20 € porque o seguro tem atualização automática. Há portanto uma diferença de 10.000 €. Está perfeitamente dentro do razoável. Mais 10 mil, menos 10 mil do que o valor real que a seguradora pagará em caso de sinistro está dentro da margem de tolerância de 10 ou 20%. A DECO aconselha a que seja 15 ou 20% superior ao valor exato para a seguradora não dar a desculpa de que a cobertura não chega para atingir o valor dos 100% da indemnização.

Não se esqueça de que a área da sua casa inclui a sua parte de áreas comuns, não é só a área da sua casa. Portanto será a área que tem na escritura mais alguns metros que à primeira vista não saberá de onde vêm. São as partes comuns.

Um caso em que está quase a pagar o dobro do que devia

Mas agora repare neste outro caso. Isto acontece sobretudo a quem constrói uma moradia ou reconstrói uma casa e é ele próprio a sugerir o valor à seguradora, ou o valor foi sugerido pelo funcionário do banco. Por falta de informação, deu o valor do empréstimo: 245 mil euros.

Fazendo a conta, nesta situação, com 185 m2, e vivendo na zona 2, em caso de sinistro grave o seguro pagaria no máximo 133.695 euros. Ou seja estaria a pagar um prémio sobre 111.300 € a mais.

É importante que perceba que nestas situações a seguradora não está a enganar ninguém. A seguradora aceita o valor que você disser. O perito só irá confirmar se bate certo ou não, se houver um sinistro e aí já será tarde demais.

Da mesma forma, é importante que não dê valores a menos a pensar que vai baixar o prémio. Porque se verificarem que é abaixo do tal máximo legal, eles só vão pagar a indemnização à proporção. Ou seja, se o valor das paredes é 100.000 euros e deu o valor de 75 mil euros, a seguradora só irá pagar 75% do valor da destruição. O resto paga você. Cuidado. Isto está tudo previsto legalmente na sua apólice que assinou.

Tem a certeza de que tem a cobertura de sismo?

Outro alerta. Talvez pense que se houver um sismo, tal como o que aconteceu em 1755 em Lisboa, o seu seguro multirriscos lhe paga a reconstrução. Mas o mais provável é que a sua apólice não tenha essa cobertura. É muito cara mas existe. Vai ter de a pedir especificamente se a quiser ter. E há seguradoras que nem a fazem. Deve perceber que se acontecer um sismo ninguém lhe vai pagar a casa se não tiver essa cobertura.

Em resumo, por uma questão de princípio, deve ir à sua apólice mais atual e ver qual é o valor da sua cobertura do seguro multirriscos. Se não souber qual é a sua zona, pode multiplicar os metros quadrados da sua casa (mais alguns metros para as partes comuns) que tem na apólice por 800 euros. Não é um valor exato mas dá-lhe uma ideia. Se o valor coberto andar à volta do mesmo valor, pode ficar descansado. Se der uma diferença muito grande pegue nos papéis e peça ajuda a um mediador de seguros para saber o que deve fazer para não estar a pagar a mais de seguro sem necessidade nenhuma.

Tem AQUI o link para a reportagem em VÍDEO na página da SIC Notícias.

Quero acreditar que a maior parte dos portugueses está a pagar o preço justo, mas não custa nada verificar o seu caso. É que se acontecer uma tragédia, é importante que saiba que o seguro não vai pagar mais do que o que está na lei, independentemente da sua cobertura.
O importante é aproximar o mais possível os dois valores. Se tem dúvidas, contacte a sua seguradora.



 

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