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PodTEXT | Os erros financeiros mais comuns nas férias e como evitá‑los

Milhões de portugueses estão a entrar em férias e a gozar o merecido descanso depois de um ano inteiro cheio de muito trabalho e preocupações. O problema é que muitos de nós transformam-se durante as férias e parecem outras pessoas.  Descansar não precisa ser sinónimo de gastar dinheiro sem critério. Como pode manter os seus gastos controlados durante as férias? Não sei como é consigo, mas eu tenho muita dificuldade em controlar o meu orçamento enquanto estou de férias. Anotar todos os gastos é a última coisa que quero fazer enquanto tiro uns dias para descansar. Mas esse descontrolo paga-se caro assim que voltamos à realidade. Não estrague o seu próximo ano por causa de umas férias que devem ajudá-lo a descansar e não a serem fonte de stress nos próximos meses. Deixo-lhe as minhas dicas para que aproveite as suas férias ao máximo sem "culpa".

PodTEXT | Os erros financeiros mais comuns nas férias e como evitá‑los

[Introdução – Pedro Andersson]

Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais, e aproveito as minhas viagens de carro para falar consigo sobre dinheiro. Neste momento, vou a caminho do trabalho e quero aproveitar estas últimas semanas que tenho antes de ir de férias para partilhar convosco algumas dicas para termos umas boas férias.

Atenção a isto, termos umas boas férias, não é umas férias pobrezinhas, umas férias miseráveis, umas férias em que não vou gastar dinheiro, mas sim umas boas férias, gastando aquilo que podemos e devemos gastar. Porque muitas vezes as férias são uma tragédia financeira e, às vezes, é por culpa nossa. Portanto, vou falar-vos de algumas armadilhas que devem evitar estas férias e em todas as próximas.

Ora, estamos na época de férias, o que é bom, porque todos precisamos de descansar, de tirar a cabeça do trabalho e de recarregar baterias. Mas, como vos estava a dizer, as férias podem ser uma armadilha financeira se não tivermos cuidado.

Durante os outros meses tentamos levar uma vida mais equilibrada, poupando, negociando, renegociando, acabando com algumas despesas supérfluas, etc. Só que, por vezes, nas férias desligamos um bocadinho, mas as finanças pessoais e o nosso dinheiro não se desligam, amigos, ou seja, às vezes acabamos por gastar mais do que no nosso dia-a-dia normal. Quando estamos de férias, às vezes almoçamos e jantamos fora, enquanto no trabalho se calhar só almoçamos fora.

No dia-a-dia, também não vamos tantas vezes passear, ver montras, comprar lembranças, ao cinema ou a feiras, mas nas férias se calhar vamos mais vezes. Tudo isso faz parte e é normal, mas para quem já segue o Contas-poupança há algum tempo, já sabe que há várias dicas que pode seguir e também, espero eu, já tem outra consciência financeira para encarar as férias como uma despesa normal que temos todos os anos. E, sendo uma despesa normal, é possível planear para termos maior controlo.

As férias são uma despesa como o crédito à habitação, como o crédito automóvel ou como outra despesa recorrente das nossas vidas. É como se fosse um seguro do carro, bem mais caro, que chega ali ao mês de agosto ou ao mês de julho e tem de ser pago.

Neste caso, não é pagar a alguém, em algumas situações é, se contratar uma agência de viagens ou um hotel, mas esse é dinheiro que sai para nós próprios. E é bom que valha a pena, porque gastar só por gastar, não é férias, isto é, há pessoas que acham que as férias são para gastar dinheiro sem pensar. É a forma de se recompensarem pelos sacrifícios que fizeram ao longo de todo o ano. Mas, meus amigos, isso é a receita para o desastre.

Ora, isto não pode ser, portanto, vamos a algumas dicas para usarmos bem o nosso dinheiro. Para começar, o dinheiro que vamos gastar nas férias de agora, já o devíamos ter estado a juntar desde o ano passado. Isto é o ideal. Assim que acabam as férias do ano anterior, já sabemos quanto é que gastámos e, portanto, em setembro é bom que saiba quanto é que gastou nas férias do ano passado.

Não interessa que valor gastou, mas pegue nesse valor e divida por 12 porque assim, todos os meses, põe esse dinheiro de lado para chegar às férias do ano seguinte com o dinheiro que vai precisar. Ou então, pode utilizar o subsídio de férias, de facto, para pagar as férias, mas às vezes podemos precisar de utilizar esse dinheiro para outras despesas mais urgentes ou pode esse montante não chegar. De qualquer forma, se puder e quiser usar o subsídio de férias, pronto, está resolvido.  

Caso use a opção de pôr dinheiro de lado ao longo do ano anterior, quando chegar às férias, pelo menos terá um valor igual ao que gastou no ano anterior. Ou um valor diferente, se fizer um orçamento diferente para as férias seguintes. O que interessa é que faça as contas ao dinheiro que precisa e que o junte para o ter no ano seguinte.

Assim não há stress, nem há pedir dinheiro ou fazer créditos para ir de férias. Isso, na minha opinião, nunca, é impensável. Se não há dinheiro para férias, ou se reduz o orçamento, ou não se faz férias. Agora, fazer créditos para férias, nunca. Há muitas maneiras de fazer férias em casa ou perto de casa, ou mesmo longe, mas mais baratas. Temos é de ser criativos e encontrar alternativas.

Há muitas formas. Há campismo, há alguém que talvez possa emprestar uma autocaravana, uma casa de família ou amigos, fazer turismo nas nossas próprias cidades, ir à praia perto de casa, se houver, visitar museus, etc. Repare que às vezes podemos gastar dinheiro, mas menos. Portanto, é definir um orçamento e depois não rebentar com o orçamento das férias, para não estragar o resto do ano. É encontrar um método que funcione consigo.

Por exemplo, costumo sugerir transferir esse dinheiro para uma conta bancária à parte do seu dia-a-dia, que tenha um cartão multibanco, e utilizar só esse cartão multibanco nas férias. Assim que chegar próximo do zero, já sabe que não pode gastar mais. Ou quando chegar a metade, já sabe que das duas uma, ou está bem, ou tem de começar a reduzir custos.

Há também quem levante o dinheiro, coloque em envelopes e defina os gastos por dia. Se num dia gastou mais do que o suposto, nos dias seguintes gasta menos e vice-versa. Também é importante que toda a família esteja a par dos planos, não basta pensarmos e guardar para nós. Deve definir e depois comunicar a quem não tem poder de decisão financeira qual é o plano.

Ao conversarem sobre os planos é possível chegar a acordo e perceber o que é que cada um gostava de fazer, quanto é que essa atividade custa, etc. Assim toda a gente fica satisfeita e, em princípio, consegue manter o orçamento controlado. A ideia não é tornar as férias numa coisa chata, é só não estragar o resto do ano, porque as férias servem para descansarmos e não para causarmos problemas a nós próprios.

Além disso, é aproveitar tudo o que for grátis. Vá à internet, consulte tudo com antecedência e o ideal é comprar as suas férias muito tempo antes, não em cima da hora, porque se for em cima da hora das duas uma, ou tem sorte e aproveita uma daquelas promoções de última hora porque houve alguma vaga, ou então vai ficar mais caro.

O ideal é comprar as suas férias, se forem férias compráveis, vários meses antes. Os meses ideais para comprar férias, pelo que me dizem os especialistas, é em janeiro e fevereiro de cada ano. Portanto, cerca de seis meses antes. Reparem, isto é muito interessante porque é quando as entidades, hotéis, paquetes e coisas do género, querem ter logo reservas para garantir que pelo menos os custos estão controlados. Portanto, aproveite isso, mas também pode aproveitar ofertas de última hora, embora aí já seja mais uma questão de sorte.

O segredo para poupar nas férias é, tal como em todo o resto do ano, planeamento, previsão e tratar das coisas antes. Comparar, investigar, negociar, telefonar, falar com as pessoas para depois chegar à data e ter tudo tratado. Isto é absolutamente fundamental.

Vamos fazer um resumo de algumas dicas. Em primeiro lugar, definir um orçamento, ou seja, antes das férias, já vai ter de saber quanto é que pode gastar e como é que vai gastar, precisamente para evitar surpresas desagradáveis no fim. Pode dividir o montante total pelos dias de férias para saber exatamente quanto é que pode gastar por dia sem ultrapassar o orçamento.

Se possível, evite também marcar férias para a época alta, a menos que o consiga fazer com muita antecedência. Mas às vezes evitar a época alta pode mesmo fazer diferença, por exemplo, ir ao mesmo sítio em junho, em vez de julho ou agosto, provavelmente será mais barato.

Ou se for em setembro também poderá poupar muito dinheiro. Por exemplo, no meu caso, não dá porque a minha mulher é professora, portanto, só tem férias em agosto, mas já sei isso muito bem e já me preparo de acordo.

Mas também aplico estes mesmos cuidados com os meus amigos quando nos encontramos em altura de férias. Por exemplo, esforço-me por cumprir um critério que é: almoços e jantares fora, é tudo pago a dividir. É mais simples, mais prático e não há constrangimentos.

Ou se não for ao meio, porque às vezes pode não fazer sentido dependendo do número de pessoas em cada família, pode ser por pessoa. É também, pelo menos para mim, uma outra forma de não descontrolar as minhas finanças ou as dos outros.

Outra dica simples é, se utilizar a autoestrada, não se esqueça de abastecer sempre antes de entrar, porque na autoestrada o combustível é bastante mais caro. Outra dica: em relação à alimentação, se puder cozinhar, vai obviamente poupar mais dinheiro em refeições fora. O mesmo serve para pequenos lanches, se possível, é levar de casa. Para a praia, por exemplo, isto pode significar poupar algumas dezenas de euros.

Se tiver isso planeado, não há problema nenhum. Pode aproveitar nas férias um dia ou outro para ser um dia low cost e desde que todos estejam na mesma onda isso pode funcionar muito bem. Ou seja, o dinheiro que poupam nesse dia pode ser para ter um grande dia no dia a seguir.

Além disso, evite fazer compras impulsivas. As lembranças e outro tipo de coisas podem ser muito bonitas, mas precisa mesmo? Faz sentido comprar? É pensar nisto. Às vezes acumulamos coisas que depois não usamos ou que não temos espaço para ter e acaba tudo arrumado.

A propósito disso, uma outra dica pode ser, como sei que várias pessoas vão fazendo, fazer uma limpeza anual e vender coisas que já não precisa. Esse dinheiro pode servir para juntar ao orçamento das férias.

Espero que estas dicas sejam úteis. Algumas são repetidas do ano passado, mas é sempre bom termos este chip da poupança, não no sentido da pobreza, mas sim no sentido de usarmos com inteligência os nossos recursos financeiros. Eles são curtos, portanto, vamos aproveitá-los bem para vivermos bem.

Aproveite muito bem as suas férias, divirta-se, gaste dinheiro, mas com responsabilidade e planeamento. Não prejudique o resto do seu ano. Que as suas férias sejam fonte de alegria, boas memórias e não de stress e preocupação com o que vai acontecer no fim das férias quando fizer contas.

Boas férias e boas poupanças!

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Boas poupanças!

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