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GÁS | Como fugir dos aumentos gigantes do gás, mudando para o regulado

Evite os aumentos gigantes no gás por mudar o gás para o mercado regulado O ministro do Ambiente garantiu hoje que os preços no mercado regulado de gás natural vão ser “menos de metade” dos valores aplicados pela Galp e EDP, que na quarta-feira anunciaram aumentos para entrar em vigor em outubro. Os preços do […]

GÁS | Como fugir dos aumentos gigantes do gás, mudando para o regulado

Evite os aumentos gigantes no gás por mudar o gás para o mercado regulado

O ministro do Ambiente garantiu hoje que os preços no mercado regulado de gás natural vão ser “menos de metade” dos valores aplicados pela Galp e EDP, que na quarta-feira anunciaram aumentos para entrar em vigor em outubro.

Os preços do gás nos mercados internacionais estão em preços absurdos e era inevitável – mais dia, menos dia – que esses aumentos passassem para o consumidor. Até ao momento só a EDP e a GALP anunciaram que iam aumentar os preços (a EDP com aumentos muito grandes e a GALP ainda não disse quanto). As outras empresas ou já foram aumentando os preços como não quem quer a coisa e outras estão a aguentar os preços por razões de concorrência.

Este é o meu primeiro ALERTA: tem de olhar para a sua fatura do gás e fazer bem algumas contas para não ser levado ao engano. Veja bem o preço do seu kWh no gás e compare com o do preço regulado. De certeza que o do mercado regulado atual é mais barato do que o seu, mas ainda temos de esperar pelos preços de outubro. Seja como for, se for como eu, eu tenho um desconto bastante grande (12 ou 14%) na minha fatura da luz e do gás por ter os dois juntos na mesma empresa. Se você tiver um desconto semelhante por ter um contrato DUAL, se sair pode perder na eletricidade o que vai poupar no gás. 

Este mês, caso queira comparar, paguei 28 euros de gás, com kWh a 0,08764 – 13% de desconto, ou seja, 0,0762 €. Compara com 0,0526 do mercado regulado que vai aumentar novamente em Outubro. Como vai subir 3,9% vai ficar em 0,055 €/kWh.  É uma diferença de 2 cêntimos em relação ao que tenho, que vou buscar ao desconto que tenho na luz por ter os dois (eletricidade e gás). Claro que tudo isto pode mudar a qualquer momento. Temos é de estar atentos, enquanto consumidores.

Não estou a dizer que não compensa sair para o mercado regulado em Outubro, só estou a dizer que tem de fazer as contas. Não se precipite.

Se está na EDP ou na GALP, quase de certeza que lhe vai compensar sair para o regulado, mas terei de fazer as contas quando forem conhecidos os preçários.

Por outro lado, há ainda empresas no mercado liberalizado em que o gás (embora mais caro do que no mercado regulado)  ainda não mexeram nos preços. Vá vendo mês a mês o que lhe compensa mais.

O meu segundo alerta é que mude assim que tiver de mudar. Não deixe que a preguiça ou o “não sei como se faz” lhe coma 20 ou 30 euros da carteira. 30 euros são o equivalente 60 litros de leite (moeda oficial do Contas-poupança) de uma vez. Todos os meses. É muito dinheiro. Se não sabe fazer, peça ajuda. E ajude também que não percebe nada disto como pessoas mais idosas ou sem literacia financeira. 

Estou convencido de que milhares de portugueses, apesar de todas estas notícias na televisão, rádio e jornais, vão ficar na mesma e não vão fazer nada a não ser queixar-se da brutalidade da fatura. e as empresas vão simplesmente dizer que avisaram e que será temporário e que podem pagar a prestações.

Pagar a prestações é a mesma coisa que pagar de uma vez, só que sai em porções mais pequeninas. O objetivo é NÃO pagar estes aumentos sem necessidade, e não pagar em prestações, mesmo que sem juros.

O que vai mudar no gás

O que se sabe até agora é que o Governo vai propor o levantamento das restrições legais existentes, para permitir o acesso às famílias e pequenos negócios ao mercado regulado de gás natural.

Esta medida vigorará pelo prazo máximo de 12 meses e pode abranger até 1,5 milhões de clientes.

O governante disse ainda acreditar que, com esta medida, “muitos consumidores passarão a ter uma fatura de gás inferior” à atual.

No caso da eletricidade, desde 2018 que é possível mudar do mercado livre para a tarifa equiparada à regulada, ou seja, permanecendo cliente de uma empresa, o consumidor pode usufruir da tarifa definida pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

A Deco lançou, em junho, uma petição para que o mesmo fosse permitido no caso do gás natural, uma vez que as tarifas no mercado regulado passaram a ser a opção mais barata para a maioria dos consumidores domésticos, comparativamente ao mercado liberalizado. Foi o que foi anunciado hoje.

Cuidado se é cliente da EDP e da GALP

Na quarta-feira, a EDP anunciou que vai aumentar o preço do gás às famílias em média 30 euros mensais, mais taxas e impostos, a partir de outubro, devido à escalada de preços nos mercados internacionais e após um ano sem atualizações.

Em declarações à agência Lusa, a presidente executiva da EDP Comercial, Vera Pinto Pereira, anunciou a decisão de aumentar o preço do gás “em média, 30 euros na fatura dos clientes” residenciais, os quais são acrescidos de “cinco a sete euros de taxas e impostos”.

Para os cerca de 433.300 (dois terços) dos 650.000 clientes residenciais, que representam os consumos mais baixos, a subida do preço do gás terá um impacto médio de 18 euros mensais, antes de taxas e impostos, ou seja, o aumento rondará os 22 euros.

Pouco depois, fonte oficial da Galp indicou à Lusa que a petrolífera também vai aumentar os preços do gás natural em outubro, “num valor a indicar brevemente”.

A DECO e vários partidos continuam a exigir também a descida do IVA, que iria também mitigar estes aumentos. Mas isso não foi anunciado.

Enquanto a EDP não tinha ainda ditado subidas este ano, a Galp avança para a terceira subida desde janeiro.

Ao contrário da eletricidade, em que um consumidor no mercado livre pode regressar ao mercado regulado através de um novo contrato com uma comercializadora, até ao momento, não era possível fazer o mesmo com o mercado regulado do gás.

Bilha Solidária vai voltar

O Governo vai relançar também a iniciativa Bilha Solidária – uma iniciativa que previa a comparticipação de 10 euros na compra de uma botija de gás de petróleo liquefeito (GPL), por mês, para famílias de baixos rendimentos. 

“A [Bilha Solidária] teve baixa adesão quando vigorou e por isso entendemos tornar a medida mais acessível“, afirmou o mesmo.

A medida vai vigorar até ao final do ano e será mais acessível aos beneficiários, contando com o apoio das juntas de freguesia e das lojas CTT, e não apenas os balcões dos CTT como aconteceu. 

Recorde-se que antes do anúncio das novas medidas e do aumento de preços das comercializadoras, o Governo já tinha avançado com uma fixação dos preços das botijas de gás engarrafado, tal como já tinha acontecido durante a pandemia de Covid-19, determinando que uma garrafa de butano de 13 quilogramas (kg) terá como valor máximo 29,47 euros, enquanto as garrafas de 12,5 kg vão custar até 28,34 euros, segundo os números da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

No caso do GPL propano T3, o máximo varia entre 29,11 euros por garrafa de 11 kg e 23,81 kg por botija de nove quilogramas. As garrafas de GPL propano T5, por sua vez, vão custar até 109,08 euros (45 kg) ou 84,84 euros (35 kg).

Segundo os dados enviados à Lusa pelo Ministério do Ambiente, estes máximos, considerando os preços reportados nos primeiros dias de agosto, representam uma poupança de 3,180 euros por garrafa no caso das botijas T3 de 13 kg. No caso da garrafa T3 de 11 kg de propano, a poupança é de 3,258 euros e na garrafa T5 de 45 kg de propano a poupança é de 6,206 euros.

De acordo com o simulador e comparador de preços do regulador, neste momento a tarifa transitória de venda a clientes finais, oferecida pelos 12 Comercializadores de Último Recurso (a maioria empresas do universo Galp (como a Lisboagás ou a Transgás, entre outras, mas também a EDP Gás serviço Universal, a Sonorgás e a Transgás) é a mais barata do mercado.

Neste caso, o KWh de gás está a custar 0,0526 euros (sem IVA), a que se soma o termo fixo do consumo, com um valor de 0,1036 euros por dia. Em julho, os preços no mercado regulado já tinham aumentado 2 euros por MWh, uma subida de 3,3% ditada pela ERSE, e vão subir de novo em outubro, mais 3,9% no ano/gás 2022/2023. O ministro do ambiente sublinhou que estes aumentos ficam muito aquém daqueles anunciados pelas comercializadores que operam no mercado livre.

Em resumo, olhe bem para a sua fatura e veja quanto está a pagar de kWh de gás. Se estiver a pagar mais de 8 cêntimos, veja lá isso porque pode estar a deitar dinheiro à rua sem necessidade.


 

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