
A média das Taxas Euribor voltou a descer esta semana em todos os prazos, o que além de ser relevante para todos os que têm crédito à habitação, é também relevante para quem investe as suas poupanças em Certificados de Aforro. As últimas duas semanas ficaram marcadas por alguns acontecimentos impactantes que vão influenciar não só a rentabilidade dos Certificados de Aforro, mas também dos depósitos a prazo.
Depois de terem estado a subir por duas semanas consecutivas no mês passado, as médias das Euribor terminaram janeiro a descer e a tendência mantém-se na primeira semana de fevereiro. No prazo de três meses, a média semanal caiu para 2,539%, ao passo que a seis meses se fixou em 2,484%. A 12 meses, depois de ter estado a subir desde o final do ano passado, as médias voltam agora a cair para 2,379%.
Esta informação é relevante para que todos os que têm crédito à habitação possam manter-se a par da evolução das taxas e chegar ao final de cada mês com uma ideia do que se vai passar com a prestação da casa no mês seguinte, caso esteja na altura de ser revista. Para quem tiver a prestação a ser revista este mês, os valores finais da Euribor em janeiro indicaram mais uma descida.
No entanto, os valores da Euribor são igualmente relevantes para quem tem ou pondera subscrever Certificados de Aforro. Este mês, os aforradores ainda vão conseguir a taxa de juro mínima de 2,5%, mas o comportamento da Euribor a três meses esta semana indica que a desvalorização deste produto financeiro pode estar mais próxima.
No gráfico seguinte pode observar o comportamento das Euribor nos três principais prazos desde janeiro de 2023.
O que vai acontecer aos Certificados de Aforro?
Até ao final de fevereiro está garantido que os Certificados de Aforro vão continuar a render pelo menos 2,5% - recordando que 2,5% é a percentagem de juros base que qualquer cidadão que tenha subscrito a Série F vai receber -, uma vez que a média da Euribor a três meses, utilizada para calcular as taxas de juro deste produto financeiro, ficaram pelos 2,665% em janeiro.
Contudo, e sublinhando que fevereiro ainda agora começou, a média da Euribor a três meses esta semana ficou pelos 2,539%, valor já muito próximo de 2,5%. Mas o que é que isto significa? Se a tendência de descida da Euribor a três meses se mantiver ao longo de fevereiro, poderá chegar ao final do mês já abaixo dos 2,5%, o que significa uma desvalorização dos Certificados de Aforro em março.
Quer isto dizer que já não vale a pena apostar em Certificados de Aforro? Não, porque apesar das quebras, continuará a ser um dos produtos com capital garantido mais vantajosos, até porque oferece prémios de permanência. Isto é, mesmo que a taxa de juro base já não renda 2,5%, os aforradores com subscrições mais antigas têm direito a juros extra cujo valor sobe consoante o tempo.
Por exemplo, quem entre no segundo ano de subscrição já tem direito a um prémio de permanência de 0,25%, que acresce ao valor recebido pela taxa de juro base. Nestes casos, a desvalorização pode ser de alguma forma compensada pelos prémios de permanência, mas há sempre o risco de perder dinheiro para a inflação. É por isso que o investimento diversificado e que inclua produtos financeiros com mais risco, mas também mais rendimento, é aconselhado com a devida cautela.
E os depósitos a prazo?
Os depósitos a prazo têm vindo a desvalorizar e já desde outubro do ano passado que rendem menos que os Certificados de Aforro. Em dezembro, o mês mais recente para o qual o Banco de Portugal (BdP) disponibiliza dados, foi novamente de quebra na rentabilidade dos depósitos em vários prazos.
A quebra nas remunerações dos depósitos a prazo foi caindo ao longo do ano passado, tendo inclusivamente passado de 3,08% em dezembro de 2023 para 2,16% em dezembro de 2024.
Concretamente, nos novos depósitos com prazo até um ano, a taxa de juro média fixou-se em 2,18% no último mês do ano passado, quando na mesma altura de 2023 rendiam 3,10%. Nos novos depósitos com prazos de um a dois anos, que no final de 2023 rendiam 2,64%, em dezembro de 2024 já só rendiam 1,76%.
Já os novos depósitos com prazo superior a dois anos passaram de uma remuneração de 2,17% em dezembro de 2023 para 1,25% no final do ano passado. Apesar da quebra evidente, os portugueses continuam a colocar milhões de euros em depósitos a prazo, tendo 2024 sido o ano com o montante investido mais elevado desde 2003, de acordo com o BdP.
De sublinhar que as perspetivas económicas apontam para que a tendência de quebra continue considerando os vários cortes nas taxas de juro que o Banco Central Europeu (BCE) realizou o ano passado. Aliás, na última semana de janeiro aconteceu a primeira reunião do ano e o BCE decidiu baixar novamente as taxas de juro em 25 pontos base.