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COMISSÕES BANCÁRIAS | Millennium BCP acaba com várias isenções de comissões em 1 de Novembro

O caminho dos bancos vai ser aumentar as comissões e acabar com a isenções que ainda existem Não se iluda. Mesmo que este não seja o seu banco, convença-se de que este foi o caminho que os bancos escolheram para manterem os lucros: alargar e subir as comissões. É a estratégia seguida por quase todos […]

COMISSÕES BANCÁRIAS | Millennium BCP acaba com várias isenções de comissões em 1 de Novembro

O caminho dos bancos vai ser aumentar as comissões e acabar com a isenções que ainda existem

Não se iluda. Mesmo que este não seja o seu banco, convença-se de que este foi o caminho que os bancos escolheram para manterem os lucros: alargar e subir as comissões. É a estratégia seguida por quase todos os bancos clássicos por toda a Europa.

Creio que já perceberam que os bancos cobram mais aos clientes “pobres” e menos aos clientes “ricos”. A lógica é: se tiverem muito dinheiro no nosso banco nós “perdoamos” as comissões. Mas neste caso em apreço, o BCP decidiu mesmo acabar – a partir de 1 de Novembro – com as isenções para quem tinha 10.000 € ou mais no banco. Basicamente, o caminho é ninguém (ou quase ninguém) ter direito a isenções. É pôr toda a gente a pagar.

A informação está na página principal do homebanking (mesmo que não seja cliente). Está aqui neste documento quando clica em “Preçário”.

AlteracoesFuturas_1nov2020

Se é cliente leia com atenção, para saber se vai ser afetado por esta alteração ou não.

Até ao momento, os clientes com mais de 10 mil euros na conta tinham isenção do pagamento de comissão de manutenção de conta. A partir de 1 de novembro, todos os clientes das contas Millennium Start, Conta U Millennium, Herança Indivisa e Standard vão passar a pagar uma comissão de 5,41 euros por mês (já com o imposto de selo). Ou seja, por ano, vai pagar no mínimo 64,90 €.

Mantêm-se algumas isenções para não pagar esta comissão e que estão no preçário que entrará em vigor em Novembro: se tiver menos de 23 anos; se tiver ordenado ou a pensão domiciliados; ou se fizer compras em cartões de crédito ou de débito acima de 400 euros todos os meses.

Por estas e por outras é que eu já fechei no início do ano a minha conta no BCP (e em todos os outros bancos em que poderia pagar comissões de manutenção de conta). Só pago na da CGD porque tenho lá o Crédito à habitação.

Fora isso nas contas que tenho em 10 bancos não pago nada em nenhuma.

A opção da conta de serviços mínimos bancários

Devo recordar-lhe sempre que se só tiver uma conta à ordem em Portugal, pode pedir para a transformar numa conta de serviços mínimos bancários e fica a pagar só cerca de 5 euros por ano (ou 30 e tal cêntimos por mês, conforme os bancos); pela conta e pelo cartão multibanco.

De acordo com o Banco de Portugal, são cada vez mais os portugueses que estão a aderir às Contas de serviços mínimos bancários. Cresceram 13,4% só no 1º semestre de 2020.

A 30 de junho de 2020, existiam 117 491 contas de serviços mínimos bancários, o que representa um crescimento de 13,4% em relação ao final de 2019 e de 49,2% relativamente ao final do primeiro semestre de 2019.

78,5% das novas contas resultaram da conversão de uma conta de depósito à ordem existente na instituição de crédito. Portanto, como vê, nada o impede de continuar no seu banco mas deixar de ficar agarrado a estes sucessivos aumentos de comissões.

No final do semestre, existiam 5302 contas de serviços mínimos bancários de titulares com mais de 65 anos ou um grau de invalidez igual ou superior a 60% contituladas por detentores de outras contas de depósito à ordem. Existiam também 1313 contas de serviços mínimos bancários cujos titulares eram contitulares de outras contas serviços mínimos bancários (detidas por pessoas com mais de 65 anos ou um grau de invalidez igual ou superior a 60%).

Tem aqui a reportagem que fiz sobre estas contas para ver como é fácil e como funcionam.Na altura em que fiz esta reportagem a CGD não cobrava nada pela conta de serviços mínimos. Atualmente já paga os tais 5 euros por ano.

O que são os serviços mínimos bancários?

(Fonte: Banco de Portugal) Os serviços mínimos bancários são um conjunto de serviços bancários considerados essenciais que os cidadãos têm direito a adquirir a um custo reduzido.

Estes serviços incluem a abertura e manutenção de uma conta de depósito à ordem – a conta de serviços mínimos bancários –, a disponibilização do respetivo cartão de débito e o acesso ao homebanking, bem como a realização de levantamentos ao balcão, débitos diretos, transferências para contas do mesmo banco, transferências para contas de outros bancos através dos caixas automáticos e 24 transferências, por ano civil, para contas de outros bancos através do homebanking.

O valor anual máximo da comissão cobrada pelos serviços mínimos bancários é de 1% do indexante dos apoios sociais (IAS), ou seja, 4,38 euros, de acordo com o IAS de 2020.

Qualquer pessoa singular pode aceder aos serviços mínimos bancários se não for titular de uma conta de depósito à ordem ou se detiver uma única conta de depósito à ordem, a qual pode ser convertida numa conta de serviços mínimos bancários.

As pessoas com mais de 65 anos ou com grau de invalidez permanente igual ou superior a 60% podem ter como contitulares de uma conta de serviços mínimos bancários pessoas singulares que detenham outras contas de depósito à ordem. Por sua vez, a conta de depósito à ordem destes contitulares também pode ser uma conta de serviços mínimos bancários.

A disponibilização de serviços mínimos bancários é obrigatória para todas as instituições de crédito que prestem ao público os serviços incluídos nos serviços mínimos bancários, ou seja, bancos, caixas económicas, caixa central e caixas de crédito agrícola mútuo.

Portanto, como vê – a menos que esteja com o crédito à habitação a prendê-lo ao seu banco – tem várias alternativas grátis (ActivoBank, Moey, Openbank, por exemplo) e as contas de serviços Mínimos Bancários.

Só continua a pagar comissões altas se quiser. Devo lembrá-lo, contudo, que é normal que os bancos sejam pagos pela sua existência. É preciso pagar as instalações, os funcionários, a segurança, etc. A questão é que até recentemente muitos dos serviços que nos prestavam eram grátis e agora estão a ser pagos de uma forma desmesurada.

Isso é incompreensível para o comum dos clientes bancários. Os bancos têm de encontrar maneira de nos prestarem serviços que estamos dispostos a pagar e não a sermos obrigados a pagar por serviços que supostamente deveriam ser grátis. A grande revolta é essa. A questão é que eles bem procuram, mas não encontram esse “caminho das pedras”. E há bancos (na banca digital sobretudo) que estão a mostrar que os bancos clássicos ficaram parados no tempo e são cada vez mais uma alternativa para o dia-a-dia. Isso vai custar-lhes caro (aos bancos clássicos que só aumentam as comissões) e a todos os clientes que continuarem neles também.



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