HEN deixa de fornecer energia e 3.900 clientes passam para SU Eletricidade
Como já lhe expliquei, os preços da eletricidade na produção estão a preços inimagináveis. E nós vamos pagar por isso mais cedo ou mais tarde. Hoje (dia 12 de outubro) estão um pouco mais baixos, mas mesmo assim a um preço altíssimo. Já tocou os 300 euros por MegaWatt, hoje está “só” perto dos 250 euros. (NOTA: Inicialmente escrevi que a empresa faliu. Não é o caso. As outras áreas da empresa continuam em boa forma. O meu pedido de desculpas. Só a área da eletricidade foi afetada severamente pelos preços na produção).
Mas a notícia a que deve estar atento é que pela primeira vez desde a escalada dos preços, uma das mais de 20 empresas em Portugal não aguentou e teve de suspender o fornecimento de energia. A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) acaba de informar que a HEN deixou de ter condições para fornecer serviços energéticos, por “incumprimento de obrigações”, e a SU Eletricidade passa a garantir o fornecimento dos seus cerca de 3.900 clientes.
A ERSE determinou que os cerca de 3.900 clientes do comercializador em causa passam a ser fornecidos pelo Comercializador de Último Recurso (CUR), função desempenhada pela SU Eletricidade, ou seja, voltam para o mercado regulado.
Segundo o regulamento de relações comerciais dos setores elétrico e do gás, o CUR – que fornece todos os clientes que não optaram por um comercializador de mercado — deve garantir o abastecimento aos consumidores no caso de o respetivo comercializador ficar impedido de o fazer, seja por impedimento legal, ou insolvência.
A ERSE enviou informação aos consumidores em causa, onde explica que têm a possibilidade de escolher, quando quiserem, um outro comercializador em regime de mercado.O regulador recomenda ainda que “os clientes do comercializador HEN — Serviços Energéticos, Lda. possam comunicar a leitura do consumo que consta do seu respetivo contador através dos meios disponibilizados pelo operador da rede de distribuição, designadamente pelo número de telefone 800 507 507”. Desta forma, prosseguiu, “garante-se que a faturação aos clientes é ajustada e mais rigorosa”.
Se a sua empresa também vier a ter problemas, já fica a saber qual é o processo. Ninguém vai ficar sem energia.
Mas o que é que eu tenho a ver com isso, se eu não for cliente da HEN?
É que prevejo, infelizmente, que esta empresa não vai ser a única a ter de parar ou a deixar de ter condições para estar no mercado.
A tempestade perfeita
Está a formar-se a “tempestade perfeita” no mercado da energia em Portugal com os preços da eletricidade e dos combustíveis. E não vejo as instituições muito preocupadas com isso. Presumo que estejam a empurrar o problema com a barriga, à espera que isto acabe por baixar nas próximas semanas e que o assunto caia no esquecimento. Se isso acontecer, será bom sinal.
Mas quero que se lembre que, caso isso não venha a acontecer, que o recordei aqui várias vezes que deve preparar o seu orçamento mensal familiar para um aumento de despesas nestas 3 áreas (eletricidade, gás e combustíveis). Se tem um orçamento mensal coloque mais 20 euros em cada uma destas categorias e avalie se tem de reduzir alguma das suas outras despesas mensais, se isso lhe fizer diferença.
Compreenda que mais 60 euros por mês são 720 euros ao fim do ano que vão para despesas absolutamente essenciais e que vai ter de pagar quer queira quer não queira. Esse dinheiro vai sair da sua conta e – se não foi aumentado – vai fazer-lhe falta para outras coisas. O importante é ter noção da alteração que isso representa no seu orçamento familiar.
Escrevo este artigo porque sei, por experiência própria, que sabemos que os preços aumentaram mas não nos lembramos que vamos ter de cortar noutras coisas para mantermos o nosso nível de vida. Caso contrário, a conta bancária vai começar a aparecer mais negativa e não vamos perceber porquê.
Perante estes aumentos prováveis (que espero que não sejam tão elevados como mencionei atrás) tem duas opções: Assumir esse aumento de despesas e cortar noutras despesas não essenciais; ou tentar cortar nesses gastos (consumindo menos eletricidade, gás e combustíveis) e ao mesmo tempo renegociar os preços que tem atualmente, se possível. O ideal é fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
É a minha sugestão para que se prepare para os aumentos mais que prováveis nas próximas semanas, meses ou a partir de janeiro do ano que vem. Se afinal não for necessário, também não perdeu nada. Só poupou. Quem o avisa…
Estamos atravessar um período absolutamente incrível com a especulação dos produtores/fornecedores energéticos. Estamos “nas mãos” de entidades internacionais muito potentes e os governos estão a compactuar em vez de contrariar esta vaga. Existem fortes interesses subjacentes a estes movimentos… A sociedade anda hipnotizada com o Covid e outras novelas e a revolta tarda.
A empresa Energia Simples também já fechou operação no mercado liberalizado
E mais um comercializador que caiu: a Enat.