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Amortizar o crédito à habitação: Última oportunidade para evitar custos antes de 2026

O fim de 2025 marca o regresso de um custo que tinha desaparecido da vida de quem queria poupar juros no crédito à habitação: a comissão por amortização antecipada. Até 31 de dezembro, quem tiver um crédito a taxa variável pode amortizar – parcial ou totalmente – sem pagar um único euro de comissão. No dia seguinte, volta a aplicar-se a taxa legal de 0,5% sobre o valor amortizado.

Na reportagem desta semana do Contas-poupança, explicamos quanto pode poupar se tentar acabar com o seu crédito à habitação antes do fim do contrato.

Amortizar o crédito à habitação: Última oportunidade para evitar custos antes de 2026

Com a memória ainda fresca das prestações altas entre 2022 e 2024, muitos consumidores têm aproveitado esta oportunidade para reduzir o crédito e cortar milhares de euros em juros. Agora, o relógio está a contar.

Amortizar o crédito à habitação é sempre uma boa decisão se quiser poupar dinheiro em juros. Até ao fim do ano, está isento do pagamento da comissão por amortização antecipada, mas a partir de 1 de Janeiro, essa comissão vai regressar. 




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Porque a isenção existiu e porque está a acabar

Lembra-se das prestações altíssimas entre 2022 e 2024? A Euribor disparou e muitas famílias ficaram aflitas. Nessa altura, o governo decidiu suspender temporariamente a comissão por amortização antecipada para atenuar esses aumentos. A medida facilitou a gestão das famílias e incentivou a redução do capital em dívida, baixando os juros de cada prestação seguinte.

A comissão prevista por lei é de 0,5% se tiver taxa variável, e de 2% de tiver taxa fixa, sempre sobre o valor amortizado e não sobre o total do crédito.

A de 2% nunca foi suspensa, mas a de 0,5% termina agora a 31 de Dezembro de 2025, a menos que o governo decida prolongá-la agora em cima da hora. 

Ao longo destes anos, os resultados ficaram à vista:

  • As amortizações antecipadas cresceram 78% face aos quatro anos anteriores.
  • Os portugueses pouparam mais de 100 milhões de euros só com esta isenção, segundo a DECO.
  • Muitas famílias usaram as suas poupanças em vez de depósitos a prazo, porque amortizar significava um retorno garantido, superior ao dos juros bancários.

Portanto, se quiser aproveitar para amortizar parte ou a totalidade do seu crédito à habitação e poupar algum dinheiro, tem mesmo de ser muito rápido. Dependendo do banco, talvez só tenha esta semana para o fazer, porque alguns bancos só aplicam a amortização na prestação do mês seguinte ao pedido. 

A DECO defende que a comissão por amortização antecipada devia ser completamente abolida para quem tem taxa variável, como já acontece na Itália, Irlanda e Roménia, e que na taxa fixa devia baixar de 2 para 0,5%. 

Quanto pode poupar ao amortizar (com ou sem comissão)

Vamos a contas, para percebermos na prática importância das amortizações num crédito à habitação.

Num financiamento de 200 mil euros, a 30 anos, com um spread de 1%, a prestação normal seria de 843,21 €. Ou seja, no fim do contrato, só em juros, vai pagar 103.554,90 €.

Se amortizar 1.000 €, vai poupar  4 € por mês, mais de 500 € até ao final.

Se amortizar 10.000 €, baixa a prestação em 42 € por mês e paga menos 5 mil euros em juros.

Se amortizar 20.000 €, vai poupar 84 € por mês e mais de 10 mil euros em juros.

E se conseguir amortizar 50 mil, a prestação baixa imediatamente 210 euros e no final vai poupar quase 26 mil euros em juros.

Este é o impacto de cada amortização que fizer: mais dinheiro no seu bolso e menos dinheiro que paga ao banco.

Quanto à comissão por amortização antecipada é de 5 euros por cada 1.000 (0,5%)  ou 20 € por cada mil (2%). É fazer a conta.

O que quase ninguém considera: mais duas poupanças escondidas

Há mais dois efeitos que passam despercebidos a muitos consumidores:

1. O seguro de vida também baixa

O seguro de vida associado ao crédito é calculado com base no capital em dívida. Se o capital desce, o prémio mensal também desce. Em créditos longos, esta diferença acumula-se em dezenas ou centenas de euros por ano.

2. O efeito “bola de neve”

Quem amortiza e mantém o mesmo esforço mensal – por exemplo, continuando a poupar a diferença da prestação – consegue acelerar o fim do empréstimo.

Há famílias que conseguiram terminar o crédito 10 anos mais cedo apenas por aplicarem esta disciplina.

Transferir o crédito pode reforçar a poupança

Outro hábito que ganhou força desde 2023 foi a transferência de crédito para bancos com melhores condições. Hoje é mais simples e, nalguns períodos, foi até feito sem custos.

Trocar de banco pode reduzir:

  • Spread
  • Prestação mensal
  • Total de juros pagos
  • Baixar o seguro de vida

Para muitos portugueses, esta mudança representou poupanças de dezenas de milhares de euros.

Posso usar o subsídio de Natal? E pequenas poupanças?

Sim. Esta janela de isenção coincide com a altura em que muitos trabalhadores recebem o subsídio de Natal. Mesmo amortizações de 500 €, 1.000 € ou 2.000 € fazem diferença.

Se a isenção terminar mesmo no dia 31, todas as amortizações pedidas depois dessa data terão o custo de 0,5%. Por exemplo, amortizar 10.000 € custará 50 €. Apesar disso, mesmo com a penalização, continua quase sempre a compensar.

Assim, quem tiver poupanças disponíveis, ou estiver a planear usar um prémio, o subsídio de Natal, ou outra receita extraordinária, tem esta janela de oportunidade para reduzir o capital emprestado sem qualquer penalização.

Informações úteis no final de 2025

  • Confirme o prazo do seu banco: algumas instituições exigem aviso prévio de 7 dias úteis (ou mais) para agendar a amortização.
  • Peça o plano de amortização atualizado: permite ver quanto reduz o capital em dívida e qual será a nova prestação.
  • Verifique se o banco cobra comissões administrativas: a comissão de 0,5% está suspensa, mas alguns bancos podem cobrar pequenas despesas operacionais – confirme por escrito.
  • Decida entre reduzir prazo ou reduzir prestação: reduzir prazo quase sempre maximiza a poupança em juros, mas mantém uma prestação alta e não liberta dinheiro líquido.
  • Atenção à liquidez: não comprometa o fundo de emergência para amortizar o crédito.
  • Considere amortizar após renegociação da taxa: se tiver renegociado recentemente condições ou spread, a poupança pode ser ainda maior.
  • Se pensa transferir o crédito, compare antes de amortizar: pode compensar esperar alguns dias se a transferência estiver prestes a acontecer.

Conclusão

2025 encerra a última oportunidade – pelo menos conhecida – para amortizar créditos à habitação a taxa variável sem custos de comissão. Para quem tem alguma poupança disponível, este pode ser o momento certo para reduzir o capital, cortar juros e ganhar folga financeira.

Mesmo valores pequenos fazem diferença. E mesmo depois de janeiro, com a cobrança de 0,5%, amortizar continua a ser uma das melhores decisões financeiras que pode tomar.

A partir de 1 de Janeiro, a comissão regressa e é mais um custo sempre que quiser reduzir o empréstimo.  Faça bem as contas para perceber se faz sentido amortizar e, se tiver essa possibilidade, faça-o antes do ano acabar. Ainda pode poupar algum dinheiro…

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