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Burlas financeiras: como proteger as suas poupanças das fraudes bancárias

Todos os anos, milhares de portugueses são vítimas de burlas financeiras. As fraudes estão cada vez mais sofisticadas e difíceis de detetar, e há quem perca todas as suas poupanças em poucos minutos. As vítimas são pessoas comuns — de todas as idades, profissões e níveis de escolaridade. O objetivo dos criminosos é sempre o mesmo: fazer com que a própria pessoa lhes entregue o dinheiro de livre vontade. É a reportagem desta semana do Contas-poupança.

Burlas financeiras: como proteger as suas poupanças das fraudes bancárias

O momento em que tudo desaparece

Imagine que vai ao multibanco ou consulta o saldo no telemóvel e percebe que o dinheiro da conta simplesmente desapareceu. Pouco depois, recorda-se daquela mensagem que recebeu por WhatsApp, de um SMS supostamente do banco ou até de um telefonema de alguém que parecia credível. Quando dá por isso, já é tarde demais: caiu numa burla. Tem aqui a reportagem em vídeo.

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Burlas familiares: “Olá pai, olá mãe”

A fraude conhecida por “Olá pai, olá mãe” continua a fazer vítimas em Portugal. O esquema é simples: alguém envia uma mensagem a fingir ser um familiar em apuros, a pedir dinheiro urgente para resolver um problema.
A regra é simples — nunca envie dinheiro sem confirmar pessoalmente. Ligue primeiro para o número habitual da pessoa. Se for uma burla, vai perceber de imediato.

Phishing: o clique que pode custar tudo

Uma das formas mais comuns de fraude chama-se phishing.
Recebe um e-mail, SMS ou mensagem nas redes sociais de uma entidade que aparenta ser o seu banco, a Autoridade Tributária, a EDP ou até os CTT, a pedir que confirme dados, senhas ou códigos.
As mensagens são falsas, mas estão cada vez mais bem feitas e até aparecem junto das comunicações verdadeiras no telemóvel. Nunca clique em links nem introduza dados pessoais. Se tiver dúvidas, ligue diretamente para o banco através do número oficial.

Spoofing: o engano perfeito

Outro esquema em crescimento é o spoofing, quando os burlões conseguem fazer parecer que estão a ligar de um número verdadeiro — o mesmo que aparece na lista de contactos do banco ou de uma empresa.
É uma das formas mais perigosas de burla porque até pessoas com experiência e conhecimentos técnicos são enganadas.
O objetivo pode ser o roubo direto de dinheiro ou a recolha de dados para futuras fraudes.

Falsos investimentos e falsas ofertas de emprego

Há também as burlas de investimento — anúncios e mensagens que prometem lucros rápidos e garantidos, muitas vezes em criptomoedas, plataformas de trading ou ações de grandes empresas.
Começam com valores pequenos, como 250 euros, mas rapidamente convencem as vítimas a investir milhares.
O mesmo acontece com falsas ofertas de emprego, que pedem “adiantamentos” para formação ou equipamentos antes de o contrato ser formalizado. Se algo parecer demasiado bom para ser verdade, normalmente é. O habitual é querem os seus dados pessoais para fazerem contratos, ou compras em seu nome ou usá-lo como "testa-de-ferro" para ações criminosas.

Roubo de identidade: quando falam em nome dos outros

Há ainda o roubo de identidade, quando alguém se faz passar por funcionários de bancos, Finanças, Segurança Social, Polícia Judiciária ou até dos recursos humanos da própria empresa onde trabalha.
A pessoa acredita estar a falar com alguém legítimo e acaba por fornecer dados pessoais ou bancários.
As instituições oficiais nunca pedem códigos de acesso, palavras-passe ou transferências por telefone ou e-mail.

As campanhas de alerta e o papel das telecomunicações

A Associação Portuguesa de Bancos (APB) lançou recentemente a campanha “Arnaldo”, para sensibilizar os cidadãos para este problema.
O presidente da APB, Vítor Bento, resume a situação: “Os burlões já perceberam que é mais fácil convencer o cliente a abrir o cofre do que arrombá-lo”.


Apesar das campanhas, o número de fraudes continua a crescer. Segundo dados da Polícia Judiciária, em 2024 foram registadas mais de 22 mil participações por crimes de burla informática e fraude em comunicações, um aumento de quase 40% face a 2022.

As autoridades defendem também que as empresas de telecomunicações devem reforçar os mecanismos de bloqueio de números falsos e de filtragem de SMS fraudulentos, para reduzir a exposição dos consumidores.

O que fazer se for vítima

Se, apesar de todos os cuidados, cair numa burla:

  1. Contacte imediatamente o banco e peça o bloqueio das contas e cartões.
  2. Apresente queixa na Polícia Judiciária (ou através da PSP/GNR).
  3. Guarde todos os registos — mensagens, e-mails, números e comprovativos de transferência.
  4. Informe a provedoria do cliente bancário, se sentir que o banco não lhe dá o apoio devido.

A recuperação do dinheiro nem sempre é possível, mas quanto mais rápido agir, maiores são as probabilidades de travar os movimentos.

Em resumo

  • Nenhum banco, Finanças ou instituição pública pede códigos por e-mail, SMS ou telefone.
  • Nunca clique em links estranhos, mesmo que pareçam legítimos.
  • Confirme sempre através dos canais oficiais.
  • Desconfie de lucros fáceis e promessas rápidas.
  • Se algo parecer suspeito, pare e pense — é melhor perder um minuto do que todas as suas poupanças.

5 regras de ouro para não cair em burlas

  1. Desconfie de tudo o que é urgente.
    Os burlões jogam com o pânico e o tempo. Se alguém lhe disser “tem de agir já”, é sinal de alerta.
  2. Nunca clique em links ou anexos não confirmados.
    Mesmo que pareça vir do banco, das Finanças ou dos CTT, vá sempre ao site oficial digitando o endereço manualmente.
  3. Confirme sempre por outro canal.
    Recebeu uma chamada ou mensagem estranha? Ligue de volta para o número oficial da instituição. Nunca use o número que aparece na mensagem.
  4. Nunca partilhe códigos ou palavras-passe.
    Nem com familiares, amigos ou funcionários do banco. Os bancos nunca pedem códigos por telefone, e-mail ou SMS.
  5. Tenha atenção a investimentos e promessas milagrosas.
    Ganhos garantidos e rápidos não existem. Se o retorno parecer impossível, é porque provavelmente é uma burla.

A segurança financeira depende, em grande parte, da atenção e da desconfiança de cada um. As burlas estão a tornar-se mais credíveis, mas o princípio é sempre o mesmo: enganar o cidadão para que entregue as suas próprias chaves. É apenas o "conto do vigário" com uma roupagem digital.
Mais do que nunca, é essencial pensar antes de clicar, confirmar antes de agir e desconfiar antes de transferir. Não caia nas burlas. Seja mais esperto do que eles.

Disponível online, livrarias e supermercados.