O podcast de sempre, agora mais inclusivo!
Como a literacia financeira é um aspeto fundamental para a boa gestão das finanças pessoais, os podcasts do Contas-poupança tornam-se agora mais inclusivos e passarão a ser publicados também em texto, nomeadamente para incluir a comunidade surda, pessoas que – não sendo surdas – têm dificuldades auditivas e, claro, todos os que ainda não perceberam como funcionam os podcasts ou que simplesmente preferem ler. Estamos também a trabalhar a possibilidade de traduzir o podcast para Língua Gestual Portuguesa, mas essa vai demorar mais tempo.
É o seu podcast de sempre, mas a partir de agora pode escolher lê-lo ou ouvi-lo. Aguardo as vossas criticas e sugestões.
Devo poupar por “cofrinhos”?
[Introdução]
[Pedro Andersson]
Olá! Sou o Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais e este é o Vamos a Contas, um episódio bónus, especial e semanal do podcast Contas-poupança. Respondo às vossas perguntas em áudio que enviaram para o número do WhatsApp 92 775 37 37. A sua pergunta é muito importante! Vamos à dúvida desta semana?
[João Pedro, ouvinte do podcast]
Boa tarde! Sou ouvinte assíduo do podcast e sou também ouvinte das orientações financeiras do Dave Ramsey. Tenho a minha vida financeira totalmente organizada com fundo de emergência, orçamento mensal, investimentos regulares e muitas das suas recomendações. Além das suas dicas, aplico algo que aprendi com o Dave Ramsey, que é o que ele chama envelopes.
Eu chamo-lhes cofres às vezes, mas é o que também se chama objetivos ou goals em inglês. Atualmente tenho alguns milhares de euros distribuídos nesses tais cofres numa conta à ordem divididos em categorias como, por exemplo, caridade, veículos, férias, escolas, obras, entre outros. O objetivo desses cofres é ter dinheiro reservado para despesas imprevistas nessas categorias não contempladas no orçamento mensal.
Por um lado, sinto-me tranquilo, pois sei que há poucas despesas inesperadas para as quais não esteja preparado. Por outro lado, preocupa-me a possibilidade de ter alguns milhares de euros parados na conta à ordem. Só para explicar, optei por manter os cofres na conta à ordem devido à facilidade que a aplicação de homebanking oferece para dividir dinheiro por objetivo.
Poderia investir em certificados de aforro, por exemplo, mas a gestão seria mais complexa porque me iria obrigar a manter uma folha de cálculo o que, pela experiência que já tive no passado, não é muito prático de fazer a gestão periódica. Gostava de saber a sua opinião e conselhos sobre esta abordagem. Obrigado pela ajuda!
[Pedro Andersson]
Olá, João Pedro. Muito obrigado pela sua pergunta! Em primeiro lugar, parabéns, porque ter a vida organizada e ter menos ansiedade financeira já por si são dois objetivos absolutamente fabulosos e que gostaria que todos já tivessem atingido essa fase, que considero ser a fase inicial da nossa corrida financeira, desta nossa carreira de gestores financeiros que vamos ter. É a nossa segunda profissão até ao nosso último dia de vida.
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Aquilo que o João Pedro está a explicar, é aquilo que sugiro às pessoas fazerem quando estão na fase inicial de pôr as suas contas em ordem, que é dividirem e, para já, identificar em todas as suas despesas e depois dividirem por cofres, por envelopes por contas bancárias, seja lá de que maneira for, mas de uma forma que consiga controlar.
Esse é o ponto principal. E depois anualmente já sabe que vai ter essas despesas, deve planeá-las. E o João Pedro referiu várias. Veículos, despesas que vai ter com o carro, manutenções, seguros, inspeções etc. Seguros, caridade, férias, etc. Portanto, muito bem, é isso que deve fazer. Agora, estou a identificar aí um problema.
E o problema é que sinto que o João Pedro não sabe o que fazer a seguir, porque já tem vários milhares de euros reservados nas várias categorias, nos vários cofres, e até gosto de que tenha utilizado a expressão cofre porque justamente transmite a ideia que é aquela que tem na realidade: quando põe dinheiro num cofre, se puser lá hoje e se só abrir esse cofre daqui a 20 anos, vai lá ter exatamente o dinheiro que pôs no cofre.
A questão é que daqui a 20 anos, daqui a 10, daqui a 5, daqui a um ano, diria até daqui a um mês, esse dinheiro que pôs nesses cofres já vale menos do que aquilo que lá pôs por causa da inflação. Porque com o mesmo dinheiro vai conseguir comprar menos coisas, porque as coisas aumentaram de preço e este é o perigo dos poupadores portugueses. É um desespero e reforço esta ideia de que é um desespero para mim, porque passei por isso, já estive aí desse lado, e agora aquilo que percebo é que empobrecemo-nos a nós próprios sem necessidade absolutamente nenhuma.
O que é que sugiro ao João Pedro fazer? Até mencionou na pergunta que até poderia pôr o dinheiro em certificados de aforro, mas isso depois exigiria algo que ele já tentou no passado e que não resultou, que é ter referências para cada tipo de despesa e é um trabalho que não quer ter. Também acho que não deve ter esse trabalho, é desnecessário.
O truque aqui é muito simples. É ver, por ano, qual é a soma total de todo o dinheiro que está a planear. Aquele dinheiro que é para gastar já no próximo mês ou daqui a dois meses ou daqui a 3 meses, sim senhor, pode estar a ordem, pode estar num desses cofres, não tem problema rigorosamente nenhum. Não vale a pena estar a ter trabalho desnecessário a transferir para um lado e depois para o outro.
Tudo o que seja despesas além desses cofres, porque além desses cofres tem de ter o seu fundo de emergência, que são entre seis e 12 meses das suas despesas. Para arredondar, são cinco mil euros ou dez mil euros que deve ter a render em certificados de aforro, em depósitos a prazo mobilizáveis ou em contas remuneradas, mas a render e com liquidez imediata. Portanto, se amanhã ou depois de amanhã eu precisar desse dinheiro, esse dinheiro está lá e eu não vou perder dinheiro por ter o dinheiro nessa ferramenta.
Os cofres são uma coisa diferente. O simples facto de ter lá esse dinheiro reservado, é que fiquei com a sensação de que estes cofres são o seu fundo de emergência. Posso estar enganado e tê-lo interpretado mal, mas se assim for é quase obrigatório que esse montante, a soma de todas essas pequenas despesas que pode vir a ter no futuro, as que não têm um dia marcado. Se têm um dia marcado, então pode e deve ir para esses cofres, mas está a desperdiçar dinheiro.
Pode perfeitamente utilizar os certificados de aforro, desde que o prazo para o pagamento dessas despesas seja superior a 3 meses, porque durante os primeiros 3 meses não pode mexer nesse dinheiro. Aconteça o que acontecer, mas passados 3 meses já pode. O que é que lhe quero dizer? Não tem de pôr os certificados de aforro também por cofrinhos.
Para já, deve manter a sua folha de Excel com os seus controlos e pode criar uma fórmula em que por baixo, no final de todas as suas despesas planeadas, todos os seus cofres, tem o total. Pega nessa soma e transfere para certificados de aforro. E depois é muito simples: se precisar de mexer nos certificados de aforro, aquilo que tem de fazer é tomar nota do valor que resgatou, retira esse dinheiro da sua folha de Excel e já sabe que assim que tiver uma nova fonte de rendimento, assim que voltar a ter dinheiro para repor esse valor, volta a colocar em certificados de aforro e volta a ter o montante de todos os seus cofres.
Mas quem diz certificados de aforro, diz outra ferramenta em que o dinheiro está disponível. Tem episódios para trás com várias sugestões de contas remuneradas em corretoras e até em bancos que estão a dar uns juros ainda razoáveis. São cada vez mais raros, mas ainda há alguns que têm. Agora, João Pedro, por favor, meta isto na sua cabeça, no sentido de criar esta imagem mental: ter cofres é prender o dinheiro e não o deixar crescer.
E é pior do que não deixar crescer o seu dinheiro, é não só proibi-lo de crescer como ele automaticamente, cada dia que está parado nesses cofrinhos, está a encolher. O seu dinheiro nos cofrinhos está a encolher a cada hora que passa. Não faça isso ao seu dinheiro.
O seu dinheiro merece ser melhor tratado do que isso, porque de certeza que lhe custou a ganhar esse dinheiro, portanto, o meu conselho é que faz muito bem em ter os cofrinhos, mas esse dinheiro tem de estar a render. Isto aplica-se tanto ao fundo de emergência como aos cofrinhos. E atenção: não confundir fundo de emergência com cofrinhos. Coisas com data marcada são cofrinhos, mas despesas com data incerta que podem nunca acontecer são fundo de emergência.
João Pedro, muito obrigado pela sua pergunta! Não se esqueçam de enviar as vossas perguntas em áudio para o numero do WhatsApp 92 775 37 37, de seguir este podcast, de subscrever, acionar as notificações, dar as estrelinhas que entender e de falar sobre ele a outros. Já sabe que há novos episódios às segundas-feiras e às quartas-feiras.
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