Balanço de Maio de 2022
Maio bateu o record de produção de eletricidade até agora. Por outro lado, foi simultaneamente o mês com o maior desperdício de sempre para a rede. Quanto mais produzo mais desperdiço. É também uma falha de organização da minha parte, eu sei. Este dado é importante para quem está a pensar instalar painéis solares sem baterias. Se está a pensar apenas em autoconsumo em tempo real, dimencione o seu sistema aos seus padrões de consumo durante as horas de sol. Comprar painéis a mais é um desperdício. Vender à rede é outra opção. Mas pense bastante e faça muitas contas antes de avançar.
O meu processo de reembolso de 85% do Fundo Ambiental continua parado. Não tive nenhum contacto após o início da repetição da minha candidatura. A candidatura estava já na fase de reembolso quando voltou tudo para trás porque as certidões de não dívida caducaram entretanto por causa da demora da análise do processo. Voltou tudo à estaca zero.
Mas avancemos para o balanço de maio de 2022.
Em maio, os 5 painéis produziram o total de 217 kWh. Estou a ter um desperdício gigante de 59%. Podia iniciar o processo de venda do excedente, mas tenho receio porque ainda me chegam relatos de muitos problemas com a e-redes para quem iniciou o processo. Como estou a pagar uma ninharia por mês de eletricidade (2 ou 3 euros por mês por causa dos códigos amigo da endesa – tenho 60 amigos) não vejo necessidade de ter pressa em meter-me em confusões.
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NOTA PERMANENTE: Como já sei que muitas pessoas vão perguntar, comprar baterias (com 6 painéis para ser suficiente para carregar as baterias) custar-me-ia vários milhares de euros. Tenho recebido mensagens de alguns leitores que dizem que já encontram baterias a preços muito razoáveis. Para já não me interessa porque demoraria décadas a recuperar o investimento. Assim, o “acordo” que fiz com a E-Redes (como se chama agora a EDP Distribuição) é consumir em tempo real o que o painel fotovoltaico produz e o que não consumir é oferecido para a E-Redes vender aos outros consumidores.
Os números de maio de 2022
A sua casa, por uma lei da física, consome sempre primeiro a energia dos painéis (porque são a fonte de energia mais próxima). Portanto, se eles produzirem o suficiente para o que a minha casa estiver a gastar naquele segundo específico (ou conjuntos de 15 minutos se tiver net metering), não vou buscar nada à “EDP” (no meu caso Endesa). É eletricidade de “graça”. Só tem de levar em conta o investimento.
Como pode ver no gráfico seguinte, os 5 painéis produziram 217,629 kWh em abril.
As contas
Os meus 5 painéis fotovoltaicos têm um potencial de produção imediata de 1.370 W no pico do sol.
O que produziram em Maio representaria cerca de 41 € de poupança na minha fatura da luz, se tivesse consumido tudo o que o painel produziu no mês passado. Mas tive um desperdício de 59%, que ofereci à rede. O meu aparelho (www.eot.pt, porque estão sempre a perguntar-me) mede tudo minuto a minuto por isso consigo saber ao detalhe. Assim, sei que poupei exatamente 17,09 € na minha fatura da luz (valores reais com IVA incluído).
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Entre 2016 e Novembro de 2021 poupei com um painel 376 €. O retorno do investimento estava nos 8 anos.
Portanto, a partir de Novembro de 2021, com a instalação de mais 4 painéis, “zerei” o meu investimento e vou apresentar-vos as minhas contas em relação ao que investi a mais e ao que estou a poupar desde esse momento (subtraindo o que já tinha amortizado do primeiro painel).
Nestes 7 meses já produzi 211 euros de eletricidade mas só aproveitei na realidade 102 euros, ou seja uma média de 14,57 euros de desconto “verdadeiro” na fatura. Se não tiver o reembolso do Fundo Ambiental vou demorar 11 anos a reaver o dinheiro investi. Com o reembolso, as minhas contas mantêm-se nos 5 anos, que é menos 3 anos do que o que calculei desde o início.
Esta é a minha situação atual, que atualizarei todos os meses.
No gráfico abaixo tem a produção total dos painéis em kWh. Não é influenciado pelo preço que pago pela eletricidade.
Este gráfico é importante porque a poupança em dinheiro é uma coisa, mas a eletricidade que ele produz é outra. Eu posso produzir mais eletricidade, mas se o preço da eletricidade baixar, a minha poupança vai ser igual ou inferior. Por outro lado, se o preço da eletricidade aumentar (como está a acontecer), a minha poupança vai ser maior. Assim consigo comparar as duas coisas e – ao mesmo tempo – avalio a eficiência do painel para saber se devo acionar a garantia ou não. Se a eficiência baixar para os 80% antes de 20 anos, posso reclamar.
Não gasto 1 cêntimo em manutenção. Vou ao telhado duas ou 3 vezes por ano passar um pano para tirar a poeira.
Compensa comprar um painel solar?
É por estas contas – que acabou de ver – que deve avaliar bem se precisa mesmo mais do que um painel solar. Um, pode e deve ter de certeza, diria. Dois ou mais, só os deve instalar se tiver a certeza de que tem gente ou equipamentos elétricos suficientes para gastarem a energia que vai estar a produzir em tempo real (nas horas de mais sol), ou então se os conseguir verdadeiramente a preço de saldo. Também tem a hipótese de vender o excedente, mas o preço tem de compensar e a e-redes tem de comunicar atempadamente e de forma rigorosa os valores à empresa que lhe está a comprar a energia.
É uma realidade que a E-Redes está com graves problemas de fiabilidade do seu sistema… durante alguns dias deste mês tenho tido registados no site da E-Redes produções/injeções dos meus painéis fotovoltaicos entre as 00h e as 01h30m (noite profunda, em que os painéis não produzem), o que é de todo impossível.
Em todo o caso, os problemas da E-Redes não impedem que se inicie o processo para venda do excedente… esses 128,61 kWh de excedente poderiam ter-lhe rendido em Maio um valor aproximado de 20€, ou seja um valor ainda superior ao valor que poupou diretamente com o autoconsumo. Era uma excelente ajuda para amortizar os painéis mais rapidamente.
128,61 kWh nunca daria um retorno de 20 euros nem parecido. O máximo que, atualmente, estão a pagar por 1 kWh vendido é 4 cêntimos. Por isso, esse excedente só renderia cerca de 5 euros… é triste, mas é a realidade.
Os painéis também produzem durante a noite, um valor muito baixo, mas é possível… Verifique se existe luz pública nas imediações. No meu caso, consigo produzir entre 5 a 10 Wh durante a noite.
Sim, máximo 6 cent foi o que me ofereceram… (opção valor FIXO).
Em relação à opção valor INDEXADO sabe como funciona?
Descontam uma taxa de processamento, mas será que compensa, pois o valor é o de mercado?
Obg
MARCO RAMOS, às propostas indexadas ao OMIE é subtraído uma Comissão de Gestão (CG), que andava à 15 dias pelos 0,015€/kWh ou de 10% a 20% dependendo das empresas que adquire os excedentes fotovoltaicos do autoconsumo.
Aos valores atuais compensa de certeza as propostas indexadas, e se o contrato for de 1 ano, duvido que o valor indexado – CG venha a ser inferior aos 0,06 €/kWh da proposta fixa. (mas como é óbvio é uma opinião minha, pode falhar)
Obrigado,
Era para o indexaso que estava mesmo mais inclinado, vou optar por esse.
Tenho tudo tratado, agora estou SÓ dependente da e-redes, que estão para me trocar o contador há mais de um mês.
Pelo meio trocaram (por engano) numa outra morada que tem o meu NIF no contrato, agora dizem que não têm contadores!
Sugeri irem buscar o que instalaram no outro local, pois pedi para a morada onde tenho os painéis e preciso do contador para avançar com a venda… Dizem que em 15 dão resposta, vamos ver…
Resumindo, desta saga épica que é tentar vender o excedente entre abrir atividade (fácil), reconhecer uma assinatura (fácil, 15€) e mandar a papelada para a empresa escolhida, até agora estou “empancado” com a e-redes… 🤷♂️
Miguel, o valor que referiu de 4 cêntimos, com certeza será um valor fixo proposto por alguma empresa algum tempo atrás, ou então para a microgeração.
De momento, todas as empresas que compram o excedente fotovoltaico do autoconsumo têm 2 propostas, uma fixa, que andará pelos 6 a 8 cêntimos (à 15 dias era mais ou menos isso) e uma proposta indexada ao OMIE, ao qual é subtraído uma Comissão de Gestão (CG).
Neste momento, o valor OMIE, por causa duma alteração dos governos português e espanhol, está mais baixo do que no mês passado, mas à data de hoje o valor médio é de 0,13213€/kWh. Poderá consultar os valores anteriores e atuais neste link https://www.omie.es/pt, ou fazendo uma pesquisa por OMIE. A este valor tem de retirar uma CG de 0,015€/kWh ou de 10% a 20% dependendo das empresas que compram.
Em Dezembro 2021, 56,25 kWh renderam-me 13,48€ (média de 0,239576 €/kWh). Em Fevereiro 2022, 125,75 kWh, renderam-me 22,64€ (média 0,180069 €/kWh), valores já recebidos por mim.
Quanto à produção noturna, no caso dos meus painéis isso não acontece… seriam 1 ,5kWh por noite (em algumas noites), algo completamente impensável.
Olá Tiogo
os seus inputs são muito esclarecedores e batem certo com alguma informação que tb recolhi, nomeadamente os preços.
tem experiência do processo junto das finanças? qual o imposto que tem de cobrar/pagar?
mt obg
Paulo
Paulo,
Nas finanças tem de abrir atividade independente se ainda não tiver, ou se já tiver aberta, acrescentar o Código CIRS ou CAE correspondente.
Quanto ao imposto, o valor da venda irá somar aos outros seus rendimentos, e todos juntos pagarão a mesma taxa.
Boa tarde,
relativamente aos painéis solares, existe agora uns vendedores que “oferecem” um contrato para a compra dos painéis com um sistema em que o contador caso exista um excesso de produção solar e não havendo consumo em casa, esse sistema calcula a energia não consumida enviada para a rede, e posteriormente, se o consumo interno aumentar de forma a ir à rede buscar energia, como existe um “crédito” na rede, essa energia não é cobrada. Claro que isto só é válido enquanto os painéis produzirem energia.
Será uma boa aposta nestas condições ou é mais uma venda da banha da cobra?
Cumprimentos
Candidato-me ao Fundo Ambiental e foi recusado só porque a EDP não emitia a fatura como eles queriam, por muito que reclama-se perante a EDP e o FA, fizeram-me perder tempo empurrando o assunto para o outro, só sei que prejudicado fui eu.
Recomendo a não comprarem está treta, o custo total dá para compensar mais do que poupam.
Uma completa fantochada.
Se instalou pela EDP e está a pagar em mensalidades, tal não é contemplado pelo Fundo Ambiental. Teria de pagar a pronto pagamento.
De qualquer das formas, não recomendo instalações fotovoltaicas pela EDP ou qualquer outro comercializador de energia (GALP, Endesa…)
Os painéis fotovoltaicos, se o sistema for bem dimensionado, proporcionam uma verdadeira poupança em meia duzia de anos, e se tiverem o apoio do Fundo Ambiental, em 2 anos estão pagos.
O crédito que fala, em teoria é em períodos de 15 minutos, e é calculado automaticamente pela E-Redes, é o chamado Saldo Quarto-horário (ou como se vê por aí escrito de forma não totalmente correta, “netmetering”).
O acerto de contas é feito de 15 em 15 minutos… por exemplo entre as 14:00 e as 14:15, consumiu da rede 1 kWh, e nesses mesmos 15 minutos injetou (da sua produção fotovoltaica) 0,25 kWh, só irá pagar 0,75 kWh.
Isto acontece qualquer que seja o instalador dos painéis fotovoltaicos e qualquer seja o seu comercializador de energia (EDP, Endesa, Goldenergy….)
Boa tarde Pedro! Sempre um gosto ler os seus artigos! Gostava de saber se tem alguma ideia do tempo de resposta que está a ser dado a quem solicita candidatura ao programa “Vale Eficiência”. Fiz a minha candidatura no dia 2 de Abril, com o objectivo de instalar painéis fotovoltaicos em casa, e até ao momento não recebi qualquer resposta. Grato pela ajuda! Cumprimentos
Rui Ribeiro, tem sido entre os 4 a 6 meses para ter alguma noticia do Vale Eficiência.