Se quiser investir é melhor um PPR ou um ETF? (Mês #10 – Abril 2022)

Escrito por Pedro Andersson

02.05.22

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7 min de leitura

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PPR vs. ETF: Qual é melhor para investir a longo prazo? (Mês #10)

Passou mais um mês e as coisas não estão muito famosas para quem tem dinheiro investido. Por outro lado, poderá estar bom para quem quiser começar a investir. Praticamente todos os tipos de investimento estão em queda por causa da guerra na Ucrânia. Como vos tenho explicado, as coisas tanto podem melhorar daqui para a frente como podem piorar e muito nas próximas semanas ou meses. Nunca saberá de antemão.

Neste artigo mensal faço o comparativo entre os meus ETF e o PPR “Save & Grow” da Casa de Investimentos. Subscrevi estes 3 produtos exatamente no mesmo dia para que a comparação faça sentido.

Deve compreender que todos os investimentos referidos (ETF SP500 e ETF World) e o PPR “Save&Grow” da Casa de Investimentos devem ser encarados a MUITO longo prazo (5, 8 anos ou mais) para termos uma ideia da tendência real. Já lhe expliquei que estes dados que lhe estou a transmitir são apenas retratos temporais, sem nenhuma análise técnica ou formal. O meu objetivo é apenas partilhar literacia financeira para que saiba como funcionam estas ferramentas.

Até ao momento, os ETF continuam com uma enorme vantagem em relação ao PPR.

Claro que a diferença tem de se calcular mais à frente, só após 8 anos, por causa da diferença no valor dos impostos que ambos terão de pagar (8% dos PPR vs 28% dos ETF). Como o PPR continua negativo, ainda não faz muito sentido fazer esse gráfico, mas pela primeira vez fiz um quadro comparativo, caso estivessem todos posititvos. Não deixa de ser interessante. Investi 1.000 euros em cada um dos produtos. Tudo o que vai encontrar a seguir são valores reais (é o meu dinheiro e não valores teóricos).

Devo alertar também que estou a comparar 3 produtos específicos. Logo, não se trata “dos PPR” porque estou a comparar apenas um com uma fortíssima carga de ações (praticamente 100″%) com a estratégia de investimento em valor (apenas ações de empresas muito fortes e estáveis, que aguentam bem nas crises mais profundas), com dois ETF de corretoras específicas que podem tem ligeiras diferenças de comissões de gestão e políticas de formação do índice em relação aos mesmos ETF de outras corretoras.  Seja como for, creio que ficará – como eu – com uma ideia bem concreta da comparação em tempo real dos dois tipos de produtos financeiros.

Vamos a contas. 

Se não faz ideia do que é um ETF, ouça este episódio do meu podcast: O que é um ETF?

O que é um ETF e porquê comparar com um PPR?

ETF, também conhecido como tracker, significa Exchange Traded Fund (fundos de índices cotados). É um produto que segue um índice, mercadoria, obrigação ou composição de produtos. É, no fundo, uma cesta de títulos que são cotados em bolsa, mas que não tem de comprar nem vender individualmente. Em vez de comprar legumes um a um, compra um cabaz por um preço médio. No caso dos legumes, é para fazer uma sopa; no caso dos ETF é para os guardar e esperar que valorizem com o tempo (como se fossem peças de coleção ou um vinho que valoriza com o tempo). 

Quanto aos PPR, creio que já todos ouvimos falar deles pelos benefícios fiscais ou porque fomos “obrigados” pelo banco para nos baixar o spread do crédito à habitação. Há os seguros PPR (que não rendem quase nada e que têm capital garantido) e os fundos PPR (que podem render muito mais, mas não têm capital garantido). Os fundos PPR refletem o que se passa nas bolsas nas ações, índices e obrigações que compõem cada PPR. Paga uma comissão de gestão a quem gere esses PPR, que vão alterando a composição do fundo PPR ao longo do tempo. A partir de 8 anos, o imposto sobre os lucros que tiver no momento do resgate é de apenas 8 por cento.

Os ETF são uma “média” do que acontece numa bolsa, bolsas, setores de atividade, países, regiões, etc. Ninguém gere nada e é o “espelho” quase exato do que acontecer nas bolsas. Subscrevem-se em corretoras ou bancos. Como ninguém compra e vende nada e as comissões desses índices são muito pequenas ou inexistentes.  No dia em que resgatar, paga sobre as mais valias 28%, como nos depósitos a prazo, e paga-os no IRS no ano seguinte (recebe menos ou paga mais).

Leia mais: Como escolhi os ETF e o PPR

Uns acham que os PPR mesmo que ganhem menos ao longo do tempo, compensam no final porque pagam muito menos imposto.

Outros acham que historicamente compensam mais os ETF porque como ninguém anda a comprar e a vender são cometidos menos erros de gestão e como as comissões são baixíssimas, no final o que crescem a mais compensa a fiscalidade mais vantajosa dos PPR.

O meu “teste do algodão”

O desafio que propus a mim próprio foi tentar descobrir a resposta com casos reais (que são os meus). Ou seja, se você escolher um PPR diferente dos meus ou escolher ETF diferentes dos meus, os seus resultados também serão obviamente diferentes. Mas pelo menos fica com uma ideia.

Escolhi um PPR com uma enorme percentagem de ações (95%) e os dois ETF mais conhecidos mundialmente. Os 3 foram subscritos no mesmo dia para que a análise seja o mais exata possível. Os ETF e o PPR foram subscritos em simultâneo na última semana de julho de 2021.

Os dados seguintes referem-se a fim de abril de 2022.

Neste dois casos, para perder a totalidade do dinheiro investido, TODAS as 500 maiores empresas dos EUA teriam de ir à falência, ou todas as maiores empresas do mundo inteiro. Claro que o que investir vai subir e descer e pode em alguns momentos e durante certo tempo ter lá um saldo (muito) menor do que o valor que investiu. Nessas circunstâncias, é esperar com paciência que recupere. Não tem mais nenhum “truque”.

PODCAST | #107 – Estou a perder dinheiro com os meus investimentos. O que faço?

Para quem pergunta, subscrevo os meus ETF na plataforma digital Degiro. Digo-o por uma questão de transparência (não ganho nada com isto).

E o PPR?

O PPR “Save & Grow” da Casa de Investimentos é composto por 95% de ações das maiores e mais “seguras” empresas dos Estados Unidos, principalmente.

Seguem a estratégia do “investimento em valor”, ou seja só investem em empresas que são estáveis e com “garantia” de crescimento e que reforçam no PPR quando estão a bom preço. Na página deles encontra bem descrita toda esta estratégia que têm seguido ao longo dos anos. Subscrevi 1.000 euros, durante um breve período de tempo estive com uma pequeníssima valorização de 14 euros, mas está negativo há vários meses. Sstá a desvalorizar cerca de 10%. 

Passados 10 meses, há uma diferença de pelo menos 14% entre o rendimento dos meus dois ETF e o meu PPR Save and Grow.

Naturalmente, continua a ser muito cedo para estar a fazer comparações, mas quero que acompanhe esta “corrida”. São estratégias completamente diferentes. O PPR escolhe especificamente as ações que compra e que vende a cada momento, e os ETF não fazem nada a não ser replicar a média dos EUA e do mundo. Logo, o Save & Grow vai ter muitos momentos de quedas superiores aos ETF e crescimentos superiores também. Aguardemos. Vamos esperar que a guerra acabe para ver o que acontece. Agora seria um bom momento para reforçar um dos investimentos.

Comecei a fazer um gráfico Excel com a evolução dos juros que cada um está a render e mais abaixo o valor correspondente ao valor bruto proporcional ao juro de cada um numa carteira de 1.000 euros.

Para já, olhando para os números, passados 10 meses, os ETF estão a ganhar de longe a este PPR (tenho outros que estão a crescer mais ou a perder menos). 

Por onde começar a investir sem capital garantido (e ter a possibilidade de ter rentabilidades maiores)?

  1. Fazer um bom Fundo PPR (veja rendimentos e comissões, e defina o seu perfil – defensivo, moderado ou agressivo)
  2. Subscrever ETF
  3. Subscrever Fundos de Investimento

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6 Comentários

  1. Danny Pinto

    Boa tarde Sr. Pedro,
    Eu procuro um fundo de investimto do indíce S&P500 , poderá indicar algum ou poderá indicar – me onde os posso subscrever ?

    Cordialmente,

    Danny Pinto

    Responder
    • Alexandre Costa

      Boa tarde
      Também pretendo investir num ETF da degiro mas não sei como o fazer.
      Pode ajudar me?
      Obrigado

      Responder
      • Pedro Andersson

        Olá Alexandre. Comecemos pelo princípio. Já se registou e já transferiu o dinheiro para lá?

        Responder
  2. Jorge Martins

    Boa tarde Sr. Pedro Andersson,

    Pretendia saber se uma “Conta Poupança Mais” subscrita em 2017 e terminada em 2021, deve ser declarada em sede de IRS.

    Cumprimentos e obrigado

    Responder
  3. Ricardo Cardoso

    Olá Pedro,

    Quando sairá o próximo balanço sobre os ETFs?

    Responder

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