Painel solar fotovoltaico – Balanço de Outubro de 2020 (mês 47)

Escrito por Pedro Andersson

22.11.20

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7 min de leitura

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Balanço do mês de Outubro de 2020

Continuamos na fase descendente do ano. Outubro e Novembro são, pela minha experiência de 4 anos, os piores meses do ano em relação à produção de eletricidade do painel solar. 

O meu painel solar produziu em Outubro pouco mais de 32 kWh. Poucochinho, mas consumi quase tudo o que produziu. Já lhe mostro os gráficos. 

Faço este balanço mensalmente, sem interrupção, desde Dezembro de 2016. O objetivo desta minha aventura elétrica é ajudá-lo avaliar se deve comprar ou não um painel solar, ou mais. 

O painel produziu em Outubro 32,33 kWh, menos 5 kWh que em Setembro. Ou seja, 5,50 euros de desconto na fatura de eletricidade se a tivesse consumido toda no momento em que foi produzida.

Como já sei que 10 pessoas vão perguntar, comprar baterias custar-me-ia cerca de 5 mil euros. Eu não tenho esse orçamento e demoraria décadas a recuperar o investimento. Assim, o “acordo” com a E-Redes (como se chama agora a EDP Distribuição) é consumir em tempo real o que o painel fotovoltaico produz e o que não consumir é oferecido para a E-Redes vender aos outros consumidores. 

Os números de Outubro de 2020

Tem aqui o gráfico da produção do painel ao longo dos meses mais recentes. Para quem está aqui pela primeira vez, ou recentemente, quero relembrar que o painel solar instala-se no telhado (aparafusa-se), aponta para sul e a tomada que sai do painel liga a uma tomada normal em sua casa. Sempre que há sol ele produz eletricidade. É como se fosse um frigorífico, só que em vez de gastar eletricidade, injeta eletricidade em minha casa.

A sua casa consome sempre primeiro a energia do painel. Portanto, se ele produzir o suficiente para o frigorífico e uma ou duas luzes ligadas, não vai buscar nada à “EDP”. É eletricidade de “graça”. Só tem de levar em conta o investimento. 

Tem a seguir o gráfico que mostra os dias. Como pode ver, Outubro até teve bons dias de sol, mas como o sol é mais “”fraco” nesta altura do ano, produz menos.

As contas

O que o painel fotovoltaico de 250 W produziu em Outubro representou 5,50 € de poupança na minha fatura da luz, se tivesse consumido tudo o que o painel produziu no mês passado. 

Uma primeira nota diferente do habitual. Com esta produção era suposto – apesar de tudo – poupar mais. Acontece que, como faço sempre que vejo essa oportunidade, renegociei (novamente) o meu preço da eletricidade.

Estava a pagar na Endesa 0,1810 € (com IVA) por kWh em tarifa simples e, simplesmente por ligar para eles, baixei para 0,17 (com IVA). Isto quer dizer que estou a pagar quase menos 1 cêntimo por kWh. Ui, que fortuna dirão alguns…

Pois, é aí que somos diferentes. Se uma família gastar 400 kWh por mês (que é uma brutalidade) poupará – só por ter telefonado – 4 euros por mês. Ao fim do ano são 48 euros. Para muitos é uma fatura de eletricidade “grátis” por ano.

Mas isto vai, naturalmente prejudicar a minha poupança com o painel solar. Ou seja, como cada kWh é a partir de Outubro mais barato, a minha poupança vai ser menor e vou demorar um pouco mais a recuperar o meu investimento. Claro que isso não me preocupa nada, como deve imaginar. Quem me dera que não poupasse nada com o painel. Significava que não pagaria nada de eletricidade :). Já agora veja este artigo, porque estou quase a conseguir.

Se tivesse consumido tudo o que o painel produziu teria já poupado até agora 308,90 €. O retorno do investimento continua abaixo dos 8 anos. Pelo preço dos painéis hoje, já estaria pago. O meu foi barato na altura, mas caro para os dias de hoje (tudo ficou-me em 620 euros, com instalação e material extra).

No gráfico abaixo tem a produção total do painel em kWh. Não é influenciado pelo preço que pago pela eletricidade. Este gráfico é importante porque a poupança em dinheiro é uma coisa, mas a eletricidade que ele produz é outra. Eu posso produzir mais eletricidade, mas se o preço da eletricidade baixar, a minha poupança vai ser igual ou inferior. Assim consigo comparar as duas coisas.

Compensa comprar um painel solar?

Como não consumo tudo o que o painel produz, com o aparelho de medição de consumos que tenho instalado e que mede a exportação de eletricidade, sei que em Outubro “desperdicei” exatamente 10% . 

As barras são a quantidade de eletricidade que desperdiço para a rede. Se não gastar aquela eletricidade no segundo em que é produzida vai para a “EDP”/E-Redes vender a si. E eu não ganho nada com isso.

Aqui tem o meu desperdício por mês. Como pode verificar, Agosto por ser mês de férias e com a casa mais vazia, o desperdício foi quase de 25%. Nos meses normais, com apenas um painel, tenho um desperdício de 5% e agora de 10%. Agora imagine alguém que tem 4 ou 6 painéis (por indicação da empresa instaladora)  a quantidade de desperdício que tem, pensando que está a poupar.

Feitas as contas, dei à rede em Setembro 0,58 € (que não poupei). Não me parece ser muito relevante.

É por estas contas que deve avaliar bem se precisa mesmo mais do que um painel solar. Um, pode e deve ter de certeza, diria. Dois ou mais, só os deve instalar se tiver a certeza de que tem gente ou equipamentos elétricos suficientes para gastarem a energia que vai estar a produzir.

Assim, o retorno real (o chamado break even) continua pelas minhas contas perto dos 10 anos (reais). Depois de passado esse tempo, o painel estará pago e terei pelo menos mais 15 anos de “lucro”. Veremos se é assim. Mensalmente continuarei a fazer aqui o balanço para o ajudar a avaliar se deve ou não comprar um (ou vários) painéis solares.

Na foto acima tem o “eletrocardiograma” da minha casa. Este é o retrato minuto a minuto de um fim de semana em que ninguém esteve em casa.

Consigo perceber exatamente em que minutos o painel esteve a produzir para o “boneco”. Como pode ver, neste sábado e domingo, entre as 9 e as 17 não vou pagar quase um cêntimo de eletricidade; por outro lado podia ter aproveitado mais e não aproveitei. Os picos que são o frigorífico e a arca congeladora a ligar e desligar. É mesmo assim.

Novembro está quase a acabar. Para o mês que vem faço novo balanço.



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17 Comentários

  1. José

    Também meti 2 painéis, e pelas minhas contas e para o meu perfil de consumo compensa tarifa bi-horaria diária. Máquinas de lavar é à noite em tarifa reduzida, e durante o dia os painéis “reduzem” o consumo durante a tarifa mais cara. É poupar a dobrar. Ficaram-me pelo preço dos do artigo (fiz a própria montagem que fica mais econômico), e prevejo um retorno em 4 anos.

    Responder
  2. Francisco C

    Também irei brevemente montar 2 painéis. A propósito de tarifários de electricidade, já teve curiosidade de consultar os da Cooperativa Coopérnico?

    Responder
    • Pedro Andersson

      Olá. Sim. Na altura teria de me tornar sócio e considerei que não me compensva. Não sei se a situação se mantém. Se quiser tornar-se sócio de qualquer maneira, têm bons preços sim.

      Responder
      • Raul Gomes Santos

        Olá! Tornar-se membro da Cooperativa Coopérnico implica a aquisição de 3 títulos de capital social no valor total de 60,00€ (3×20,00€). A energia é 100% verde. O valor dos títulos é reembolsável numa pretensa saída da Cooperativa.

        Responder
  3. Carlos Pereira

    Olá Pedro,

    Sendo cliente da Endesa, qual o tarifário que tem? (Para validar se compensa manter a tarifa Aniversário ou não)

    Obrigado

    Responder
    • Pedro Andersson

      Olá. Com descontos e IVA incluído pago 17 cêntimos certos por kWh. A potência contratada varia, naturalmente.

      Responder
  4. André

    Excelente informação. Vejo que faz a comparação entre o que o painel produz e o que é consumido nesse período, mas terá forma de comparar isso contra o que é fornecido pela rede? Ou seja, haverá momentos em que a produção do painel, mesmo no seu máximo, não será suficiente para o consumo, pelo que além de usar o produzido pelo painel ainda tem de adicionar mais da rede. Não sei se haverá forma de medir isso, mas seria muito útil para avaliar se um segundo painel se justificaria – ainda que em outros momentos fosse gerar mais “desperdício” para a rede.

    Responder
    • Pedro Andersson

      Olá. Tem esse gráfico no artigo :). É o dos riscos vermelhos.

      Responder
  5. Nuno Teixeira

    Boa noite Pedro,

    O aparelho que reproduz o “electrocardiograma” da sua casa, vem com o painel solar ou adquiriu-o à parte? Tem possibilidade de dar marca e modelo?

    Obrigado

    Responder
  6. Hugo Quintino

    Caro Jose, pode-se saber onde adquiriu os ditos 2 painéis? Estou tentado a também eu fazer a instalação…

    Responder
  7. Carlos Sarmento

    O seu contador é bidirecional (trocaram quando instalou o painel)?

    Responder
  8. Afonso

    Ouvi dizer que depois de montar os painéis temos que pedir para trocar o contador. Essa troca tem custos?

    Responder
  9. Ze

    Com um retorno de 5 euros por mês, só para recuperar isso vai ser preciso mais quase um ano e meio. Por isso só instalei os painéis, sem nada desses medidores. É giro, claro, mas muito caro.

    Responder
    • Pedro Andersson

      De acordo :). Eu uso não apenas para medir o painel mas para descobrir “fugas” de eletricidade de equipamentos em casa e estancá-las antes que cheguem à fatura. Mas é um “luxo” sim.

      Responder
  10. Abbner Garcia

    Viva Pedro,
    relativamente a possibilidade de deduzir o investimento em painéis no IRS.
    Segundo o Artigo 333.º (OE Lei 2/2020), publicado no site da DRE, há uma autorização legislativa no âmbito do IRS. Passo a citar:

    1 – Fica o Governo autorizado a criar deduções ambientais que incidam sobre as aquisições de unidades de produção renovável para autoconsumo, bem como de bombas de calor com classe energética A ou superior, desde que afetas a utilização pessoal, para efeitos de, respetivamente, promoção e disseminação da produção descentralizada de energia a partir de fontes renováveis de energia e comunidades de energia e o fomento de equipamentos mais eficientes.

    2 – O sentido e a extensão da autorização legislativa prevista no número anterior consistem em permitir a dedução à coleta do IRS de cada sujeito passivo, num montante correspondente a uma parte do valor suportado a título daquelas despesas e que constem de faturas que titulem aquisições de bens e serviços a entidades com a classificação das atividades económicas apropriada, com o limite global máximo de 1000 (euro).

    3 – A presente autorização legislativa tem a duração do ano económico a que respeita a presente lei.

    Portanto, qual o anexo e código de dedução devo escolher na declaração de IRS de 2020?

    Um forte abraço.

    Responder

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