MEO, NOS e Vodafone subiram os preços e baixaram a qualidade (ANACOM)
A ANACOM acaba de divulgar um relatório que só vem confirmar o que já suspeitamos há muito tempo.
O estudo da ANACOM revela que entre outubro e novembro de 2020, os três principais prestadores de comunicações eletrónicas em Portugal (MEO, NOS e Vodafone), aumentaram as mensalidades das suas ofertas base “triple play” em 3,3% (+1 euro).
Na sequência deste aumento de preços, que surge ao mesmo tempo e na mesma proporção, e que é muito superior à taxa de inflação, a mensalidade mais baixa das suas ofertas “triple play” sobe para cerca de 31 euros.
Desde 2018 que não existem diferenças nas mensalidades deste tipo de ofertas, que incluem Internet fixa, telefone fixo e televisão por subscrição.
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Em simultâneo com o aumento de preços, registou-se também uma redução da qualidade deste tipo de ofertas nos três operadores, visto que a velocidade de download anunciada baixou de 100 Mbps para 30 Mbps.
Regista-se ainda que dois dos prestadores, MEO e NOS, impuseram igualmente limites mensais de tráfego de dados fixos (500 GB e 600 GB, respetivamente), algo que não existia nos mercados das comunicações em Portugal desde os primórdios das ofertas em banda larga. Trata-se de uma alteração substancial da configuração de produto tendo como referência, pelo menos, a última década. A NOS retirou, entretanto, o limite de tráfego acima indicado.
As alterações ocorridas afetarão potencialmente um grande número de subscritores. As ofertas “triple-play” são subscritas por cerca de 1,7 milhões de clientes em Portugal, representando cerca de 40% do total de subscritores.
Mais caros que a Europa
A Anacom alerta ainda que os preços destas ofertas já comparavam desfavoravelmente com a média internacional. De acordo com os estudos de comparações internacionais de preços promovidas pela Comissão Europeia, em outubro de 2018 os preços do pacote Internet + telefone fixo + televisão, eram superiores à média da UE28 entre 2% e 12,7%. A exceção eram as ofertas de 1 Gbps que apresentavam preços inferiores à média da UE28 (-22,3%), mas que só são subscritas por 1,6% dos clientes.
Este aumento de preços e degradação da qualidade das ofertas ocorre numa altura em que os utilizadores estão especial e crescentemente dependentes do abastecimento de conetividade para fins profissionais e educativos, entre outros, devido à segunda vaga da pandemia de COVID19, em que o teletrabalho voltou a ser obrigatório e existe um dever de recolhimento.
Acresce ainda que os consumidores não dispõem de alternativas equivalentes , pois a oferta do quarto operador não é um sucedâneo porque não tem a mesma cobertura do território. De facto, a NOWO, o quarto principal prestador de comunicações eletrónicas em local fixo, e que oferece as mensalidades de ofertas “triple play” mais reduzidas (cerca de 24 euros), não está presente em todo o território nacional e não dispõe de rede móvel própria, é um prestador móvel virtual (MVNO) que suporta as suas ofertas de serviços móveis em redes de terceiros.
Durante vários anos as mensalidades das ofertas “triple-play” da Vodafone foram consideravelmente mais baixas do que as dos restantes prestadores. Recorde-se que, no início de março de 2013, a Vodafone lançou uma oferta “triple play” com uma mensalidade de 24,90 euros. Esta oferta integrava 100 canais de televisão, uma velocidade de download de 50 Mbps e chamadas ilimitadas para as redes fixas nacionais e internacionais (30 países).
Após o lançamento desta oferta da Vodafone, a tendência histórica da sua quota de subscritores de pacotes alterou-se de forma estatisticamente significativa, tendo crescido mais que a dos restantes prestadores. A Vodafone foi, entretanto, aumentando a mensalidade destas ofertas (+20% em 5 anos), tendo deixado de existir diferenças relevantes entre as mensalidades praticadas pelos três principais prestadores durante o ano de 2018.
Estas alterações das mensalidades das ofertas da MEO, NOS e Vodafone afetam os novos subscritores e os anteriores subscritores no momento em que pretenderem renovar o seu contrato (por exemplo, no final dos respetivos períodos de fidelização).
Em resumo, e lendo bem este relatório da ANACOM, a minha interpretação é que estamos a pagar muito mais do que proporcionamente os nossos vizinhos europeus; que não há verdadeira concorrência entre os vários operadores (uma diferença de cêntimos entre propostas); que a qualidade em muitos casos está a piorar e que a Autoridade reguladora pode apenas relatar (fazer relatórios) mas isso não afeta de forma direta os preços.
Portanto, cabe-lhe a SI, enquanto consumidor fazer pela sua vidinha e tentar pagar o menos possível pelos serviços que quer MESMO usando a concorrência possível (ameaçar sair para a concorrência).
Aproveite também para comparar com o que está a pagar neste momento. Sei que há milhares de pessoas que continuam a pagar fortunas sem necessidade apenas porque têm “preguiça” de ligar para a sua própria operadora a dizer que estão a pagar demais e que se não baixarem o preço se vão embora para outra fornecedora de telecomunicações.
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A triste constatação da realidade. Vivo em França e pago 15€ de pacote fixo (chamadas ilimitadas para grande parte do mundo, a qualquer hora), velocidade de 300 Mb. Nem sei os canais, mas só por isso valia a pena. Telemóvel, 2€ com 1Gb de dados; ou 10€ com 40Gb de dados. Acompanho a situação há vários anos e realmente não há concorrência que nos salve. Graças pelas estatísticas europeias, para saber onde andamos. Também renegociei o pacote aqui, e, em caso de mudança, o próximo operador é super rápido para pôr tudo a funcionar. Eles fazem tudo para captar o cliente. Não vejo porque em Portugal não há de ser igual. Não há que ter medo de mudar. O problema resolve-se em poucos dias, ou até no dia seguinte. Se puderem dispor desse tempo, claro. Fica a dica.
Como é possível continuar a não haver punição para estes casos óbvios de cartel?
Como podem os consumidores defender-se contra este tipo de práticas? DECO? Outras opções que tenham verdadeiro impacto?
Muito obrigado.
Portugueses têm de começar a sair a rua a sério, aprender a manifestar! Fiz uma queixa a ANACOM sobre tudo o que está escrito neste artigo ainda em Abril e não valeu de nada. A única solução que me parece ser plausivel de resolver está situação é uma manifestação a sério ou abdicação completa dos serviços de telecomunicacoes – o que tambem é uma forma de manifestação ou então emigração. Que os estrangeiros venham viver cá, e nos vamos para os paises deles. Não somos árvores para morrermos no mesmo sitio onde nascemos.
Como é possível que portugueses, com o salario mínimo mais baixo que outros paises europeus pagam mais por telecomunicações do que estes paises?
Ridículo!
E fazer o que?
Ameaçar a sair para outra rede? Ja o fiz!
Se não há concorrência a outra rede nem é considerada concorrente.
Os diretores destas empresas não querem saber de clientes, é só dinheiro, dinheiro, dinheiro que vêm e devem pagar muito a políticos para os protegerem porque continua assim já há muito tempo.
E cada um de nós que direitos temos? Precisamos de comida em cima da mesa, teletrabalho é obrigatório, logo este ano telecomunicações deviam ser consideradas serviço essencial como água. Até porque se não trabalharmos, nem água teremos.
de facto os preços não param de subir, a qualidade não para de descer, isso é óbvio
Cartel.
Bom dia, vivo na Suiça fiz o contrato com a NOS em meados de Agosto de 2022. O pacote so com canais o minimo, não sei quantos canis são, e não peciso de internete nem telefone. o contrato ficou em 19,99€ passado uns meses aumentaram para 21.53€. ja a mais de 10 meses que não tenho televisão perdeu o sinal e não consigo voltar a colocar. gostaria de renunciar o contrato mas ainda estou no periodo de fidelizão ja não sei o que fazer.
Serà que alguem me pode ajudar?