Covid-19 | Cada família portuguesa já perdeu 944 € por causa da pandemia

Escrito por Pedro Andersson

22.05.20

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4 min de leitura

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Quanto perdeu a sua família com a crise?

Eu sei que as médias são uma coisa complicada. É a eterna questão das duas pessoas que em que uma comeu um frango inteiro e a outra não comeu nada: a média dá meio frango para cada um. Temo que estes números que vou partilhar consigo contenham o mesmo problema.

Acho que seria interessante que nos comentários (sem entrar na sua privacidade) comentasse em quanto a crise o afetou, com números. Perdeu em abril, face aos seus rendimentos habituais quanto? 300 euros, 500, 1.000? Nada? Só responde se quiser.

No meu caso pessoal posso dizer que no meu agregado familiar felizmente nenhum de nós perdeu rendimento. A minha mulher é professora numa escola pública e a SIC não mandou ninguém para Layoff. Não sei como será o futuro.

A minha mãe está reformada e manteve a sua reforma. É baixíssima mas manteve-se. Tenho amigos que mantiveram os salários intocados, a trabalhar em teletrabalho e outros que trabalham em restaurantes um foi despedido e outro esteve em layoff e regressou agora ao trabalho sem saber quanto tempo o restaurante vai conseguir aguentar. Como vê, as médias são uma coisa complicada. Vamos aos números divulgados pela DECO e ajude-me a perceber se na sua opinião correspondem à realidade.

Perdas médias de 944 euros

Cada família portuguesa perdeu, em média, 944 euros desde o início da crise provocada pela pandemia de covid-19, ascendendo o prejuízo total a 3,9 mil milhões de euros, segundo um estudo da Deco.

“Desde o início da pandemia no nosso país, em março último, até meados de maio, a perda de rendimento generalizou-se a 70% dos agregados familiares”.

944 euros multiplicado pelo número de agregados (perto de 4,2 milhões) traduz um prejuízo de 3,9 mil milhões de euros.

A redução do rendimento profissional passeu de 581 euros em março para 1.126 euros em maio. Por outro lado, os danos financeiros registados, no período em causa, justificam-se ainda com o cancelamento de viagens, eventos culturais e desportivos, perdas em rendas de imobiliário e em investimentos em produtos financeiros.

Do total de inquiridos, 9% registaram dificuldade em pagar o empréstimo da casa, em maio, 12% a renda, 13% telecomunicações, 12% gás, eletricidade e água e 11% a alimentação.

“As poupanças, como consequência, estão a ser bastante afetadas. Num terço dos casos, as economias já foram usadas para enfrentar as despesas diárias e outro terço das famílias antevê a necessidade de o vir a fazer. Dadas as circunstâncias adversas, uma em quatro famílias viu-se forçada a pedir auxílio financeiro”, lê-se no documento.

Conforme indicou a Deco, desde o início da crise, 65% dos portugueses mantiveram-se profissionalmente ativos e 42% destes continuam a receber o mesmo salário, enquanto 23% viram o seu rendimento ser cortado. Já 22% das famílias enfrentam “horizontes mais negros” com algum elemento que ficou temporariamente sem trabalho, por exemplo, devido ao regime de ‘lay-off’ (redução do horário de trabalho ou suspensão dos contratos) ou ao desemprego, que atingiu 13% dos inquiridos.

Os trabalhadores independentes foram os mais afetados, sendo que a maioria continua a trabalhar, mas com perda de rendimentos. Durante os próximos 12 meses, 26% dos inquiridos preveem ser “provável” a perda de emprego e 30% o corte salarial sem redução de horário, enquanto 23% afirmam ser igualmente “provável” o aumento da carga horária com a mesma retribuição. Adicionalmente, 31% dos inquiridos acham “provável” a perda ou redução de benefícios laborais, como subsídios de refeição ou prémios e 22% “muito provável ou certo”.

Para a realização deste estudo, a Deco enviou, entre 14 e 15 de maio, um questionário ‘online’ a “uma amostra representativa da população portuguesa”, com idades compreendidas entre os 18 e os 74 anos. No total, apuraram-se 1.002 respostas.

Revê-se em algum destes retratos? Para mim, que estou deste lado o grande desafio é dar conselhos (se me permitem a ousadia) a uns sem parecer ofensivo para os outros. É que as situações vão mesmo dos 8 aos 80. Há pessoas que nunca estiveram tão bem e outras que estão com rendimento zero sem saber o que fazer. É a primeira vez que verifico uma situação assim.

Falei disto neste episódio do Podcast.


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22 Comentários

  1. RL

    Felizmente, no nosso caso, conseguimos trabalhar em tele trabalho e manter os rendimentos, que acabou por ser positivo, pois temos gastos com carros na ordem dos 300 euros mensais.
    No entanto, toda gente será afectada economicamente de uma forma indirecta e aí já é mais difícil de calcular o prejuízo .

    Responder
    • S

      944€? Ahaha. Aí vem igualdade! Sou sócia gerente duma pastelaria com mais de 10 empregados. Lay-off? Para os empregados. Nós não temos direito… É para não dar,, baixa,, de actividade e mandar os empregados para o fundo de desemprego, e acreditava no futuro, tinha que ainda,, arranjar,, o dinheiro para pagar os 30% da nossa parte deo lay-off. (divida para mim) A ajuda do estado, o empréstimo, ainda não chegou! O Que é mais uma dívida para mim. As contas para pagar estão lá,da pastelaria. Em casa é outra história. Esqueci me, poupei no combustível. Gastei mais na luz, água, comida. Tenho 2 filhos, alunos da escola, aonde o almoço era 0,73€. E tinha que ir à poupança para comprar um tablet, porque 1 computador não chegava. Nem consigo fazer contas o quanto que eu perdi, porque ainda não acabou

      Responder
  2. LC

    No nosso caso, houve uma redução mensal de “Income” de 320€ em Abril e espera-se sensivelmente o mesmo para Maio, devido ao Lay-off e à diminuição de horas extra trabalhadas, bem como à quarentena obrigatório de 14 aplicada num dos casos.

    Cumprimentos.

    Responder
  3. Orlando

    Penso que isto so e relacionado com privados pois o publico como sempre sao uns intocaveis aqui se ve que temos portugueses de primeira e de segunda e com isto as desigualdades neste pais se vao agravar cada vez mais .

    Responder
    • Alberto

      Os do sector público estão em teletrabalho meu caro amigo. provavelmente queria que trabalhassem e não recebessem. Triste povo este, que quer trazer, mesmo em tempo de pandemia o fantasma público/privado. Isso tem tratamento.

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      • Miguel

        Alberto, estão em teletrabalho alguns. Os restantes ficaram em casa a receber a 100%! No privado, com o layoff recebem só 2/3!

        Responder
    • SM

      No meu caso estamos os dois em teletrabalho e portanto já não gastamos dinheiro em combustível, que era a nossa maior despesa. Poupamos + de 300€/mes desde março graças a isso, e com os reembolsos do IRS, subsídios de férias e reembolsos de viagens canceladas, conseguimos acabar de pagar o empréstimo do carro, colocar dinheiro no fundo de emergência e ainda fazer arranjos no carro sen ter de tocar nesse fundo. Tivemos sorte de trabalhar em áreas que não foram afetadas, mas temos amigos e família cujos contratos não foram renovados ou que estão em lay-off por exemplo. A média não deixa de ser uma média…

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  4. EM

    Boa tarde, no meu caso, estou em teletrabalho, a empresa tb não mandou ninguém para layoff e até às data manteve os vencimentos. No meu caso até consegui poupar algum dinheiro.

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  5. PJHS

    Investigador (precário) numa universidade. Em teletrabalho, rendimentos mantêm-se, e alguns gastos diminuem, como combustível e refeições fora de casa.

    Responder
  6. Rogério

    Empregado numa seguradora, todos estão em teletrabalho, mantiveram-nos os rendimentos sem cortes, e no meu caso alguns gastos diminuem consideravelmente, como combustível e refeições fora de casa (pequeno almoço, almoço e por vezes lanche). Mais difícil de contabilizar são eventuais aumentos nos custos da electricidade e água, por estar a passar mais tempo em casa, mas acredito serem inferiores aos ganhos.

    Responder
  7. Hugo

    Motorista, sem opção de teletrabalho. Sacrifiquei 2 semanas de férias e requeri o apoio parental pelo resto do mês. Foram 400€ de cortes no mês de abril, em maio, felizmente a minha actividade recomeçou na normalidade.
    Cps

    Responder
  8. António

    Desde o começo da pandemia aqui em casa mantivemos os ordenados e conseguimos aumentar a poupança em cerca de 300€/mes com a diminuição de gasóleo e de refeições fora

    Responder
  9. Anonimo

    Teletrabalho, 50€ de redução salarial líquida. Ainda assim com a poupança em combustivel e desgaste do carro compensa. Aproveitei para mudar de fornecedor de luz e gás

    Responder
  10. Maria

    Cá em casa, dois em teletrabalho, não houve redução de rendimentos. Houve: mais louça para lavar e mais comida a ser feita mas o saldo de poupança é muitíssimo superior. Em 3 meses, 3 idas ao supermercado. Legumes e frutas, são bio e entregues em casa, e ainda consigo ter alguns da horta dos meus pais. Carne e peixe, no comércio local. Sim, os frescos são mais caros se forem bio ou certificado ou de mar, mas o sabor é incomparável e faz-nos mastigar mais lentamente, apreciando melhor os produtos e, consequentemente, come-se “menos” e há um sentido de saciedade maior. Cá em casa, é absolutamente vital comer sopa. É barato, altamente nutritivo, e permite poupar em carne e peixe, também. Comemos muito melhor por muito menos dinheiro. Tudo o que anda na despensa há séculos está a sair. Não prevejo ir ao supermercado nos próximos 3 meses, tenho algum stock de promoções e estou numa fase de transição para menos plástico/consumo/químicos, e este período difícil tem sido bastante útil para nos fazer entender aquilo que, DE FACTO, precisamos. E não é de muito. É, aliás, muito pouco.

    Responder
  11. Miguel Caetano

    Mantive os rendimentos. Estive sempre a trabalhar fora de casa, mas como estava tudo fechado, levava refeições ou comia em casa. Nestes dois meses a poupança rondou os 300 euros devido ao confinamento.

    Responder
  12. Ana

    Os meus pais trabalham em fábricas diferentes e estiveram os dois em lay-off. O rendimento baixou em cerca de 300€ mas, por outro lado, os gastos com o combustível foram mais reduzidos e o reembolso do IRS ajudou bastante a equilibrar o orçamento, aliado ao facto de ter accionado a moratória bancária.

    Responder
  13. Mónica

    Muito complicado no meu caso, porque estive confinada e impedida de trabalhar na cerca de Ovar durante um mês , principalmente a nível psicológico. Em termos financeiros estivemos todos dependentes da Seg. Social e dos atrasos a nível de pagamento nesse mês.

    Responder
  14. Maria de Fátima Carvalho

    É interessante a diversidade de situações que a uns tanto afeta negativamente e outros ainda ficaram melhores. Realmente teletrabalho e rendimento 100 cento esconde muita coisa. Há situações fraudulentas. Mas enfim mais injustiça a somar a todas as outras já existentes

    Responder
    • Maria

      O teletrabalho com rendimento a 100% pode esconder falcatruas? Pode, mas também pode esconder o facto de muitas empresas e trabalhadores ainda viverem noutros tempos em que o trabalho significa estar no local do mesmo, mesmo que se passe o dia nas redes sociais ou a fazer que se faz, quando pode ser feito em casa. “Trabalhar” é “produzir”, e desde que eu produza o que me compete, tanto faz estar 8 horas em casa ou noutro local qualquer. O que interessa é cumprir o objectivo. E sim, é óbvio que nem todos os trabalhos o permitem mas, havendo essa possibilidade, não vejo qualquer desvantagem. Ah e tal mas gasto mais água e luz e papel higiénico… sim, mas não gasto combustível, parque, ou tempo de transportes. Conheço alguém que sempre trabalhou a partir de casa e é responsável por 70% da facturação da empresa para a qual trabalha. No meu caso pessoal, dispenso bem qualquer contacto com os meus colegas para além do profissional. Só os conheço por que temos o mesmo patrão, eles não são os meus amigos. Espero que esta situação faça as empresas e os trabalhadores poderem repensar estas novas formas de trabalho. Tenho a certeza que todos ficam a ganhar.

      Responder
  15. Ana

    Boa tarde,
    Só numa lógica de partilha, não tivemos qualquer perda de rendimento e no meu caso até consegui poupar em algumas despesas, como alimentação e combustível (valores que estou a canalizar para uma poupança).
    Infelizmente não é ainda previsível, de forma objetiva, perceber o que vai acontecer no futuro mais próximo.

    Responder
  16. SM

    Eu estou em teletrabalho, mas o contrato de trabalho termina no início de julho e não vai ser renovado, pois há pouco trabalho. O meu marido trabalha por conta própria, felizmente não tem funcionários. Em março faturou apenas 300 €, desde aí mais nada, mas continua a ter contas fixas para pagar. Apoios do estado às empresas são uma miragem, dizem que estão lá, mas pouco os alcançam. Conseguimos falar com senhorio e reduzir renda para 50% (temos o prazo de 1 ano para pagar o que está em atraso).
    Temos 2 dependentes.
    Felizmente reduziram-se custos com as viaturas, e passes. De resto gasta-se mais luz, mais em supermercado…
    Advinham-se tempos (ainda mais) complicados.

    Responder
  17. Hugo

    Somos um casal sem filhos. Eu mantive o meu rendimento, a minha companheira, trabalhadora independente, entre meio de Março e Abril todo, devem ter sido a volta de 900€ em falta, pois o seu rendimento foi zero, nesse período. Não contabilizei o gasto adicional em água, gás, eletricidade. Em Maio o trabalho ainda não voltou ao normal mas não está muito longe. Não tivemos dificuldade em pagar as contas, embora tenhamos um valor inferior ao esperado do fundo de emergência, o que temos de parte é mais que suficiente mesmo que repitamos outro mês e meio de confinamento.

    Responder

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