É muito? É pouco?
A subida do salário mínimo para 635 euros em 2020, que consta da proposta apresentada pelo Governo, vai traduzir-se num aumento líquido de 31,15 euros por mês. Este valor foi calculado pela consultora EY e citado pela LUSA.
O novo valor do salário mínimo nacional (SMN), entra em vigor a partir de 01 de Janeiro de 2020, não trará qualquer implicação a nível do IRS já que quem o recebe continuará isento deste imposto, tendo apenas de descontar os 11% de contribuições para a Segurança Social.
De acordo com o Código do IRS, da aplicação das taxas do IRS “não pode resultar, para os titulares de rendimentos predominantemente originados em trabalho dependente (…), a disponibilidade de um rendimento líquido de imposto inferior a 1,5 x 14 x (valor do Indexante de Apoios Sociais)”.
Quanto ganho eu?
Assim, descontando o acréscimo de 3,85 euros nos descontos para a Segurança Social, a passagem do SMN dos atuais 600 euros para 635 euros irá fazer com que cada pessoa receba mais 31,13 euros líquidos no final do mês (um aumento de 5,83%), de acordo com a EY.
Em termos anuais, e tal como mostra um conjunto de simulações realizadas pela consultora, a alteração da remuneração mínima vai aumentar em 490 euros o montante bruto pago a cada pessoa, sendo que em termos líquidos o aumento será de 436 euros.
Com o salário mínimo fixado nos 600 euros, o desconto para a Segurança Social a cargo dos trabalhadores é de 66 euros por mês (924 euros por ano). Já com o novo valor de 635 euros, aquele encargo passará para os 69,85 euros mensais (977,90 euros anuais).
E o custo para as empresas?
Do lado das empresas, as mesmas simulações mostram que a atualização do SMN irá fazer com que o encargo mensal por trabalhador (que inclui o pagamento do salário mensal mais os 23,75% por conta da Taxa Social Única) aumente dos atuais 742,5 euros para 785,81 euros. Em termos anuais, a empresa pagará mais 490 euros a cada trabalhador e mais 116,38 euros de TSU à Segurança Social.
O que fazer com o aumento?
Mas isso ainda se pergunta? Claro que se pergunta. É aqui que o nosso chip de portugueses entra logo em ação. Para que vai servir este aumento? Para tapar buracos; para “sei lá… tenho tantas despesas”; para poder comprar um telemóvel novo ou ir jantar fora mais uma vez por mês; ou, no caso das famílias inteligentes, para viver melhor.
Não tenho a pretenção de ensinar ninguém a como usar o dinheiro que tem. Gosto apenas de chamar a atenção para a importância do dinheiro, mesmo que seja pouco.
Pense só no seguinte: Uma família com 2 salários mínimos costuma viver com regras, sabedoria e boa gestão (é o que diz a minha experiência). Sabe dizer não a compras supérfluas. Sabe o valor do dinheiro. Normalmente, são as pessoas que melhor gerem o dinheiro e, se tudo correr bem, ainda sobram 30 euros ao fim do mês ao contrário de muitos casos de quem ganha 1.000 ou 2.000 euros por mês.
Como vimos, por ano esse aumento representa mais 436 euros. Se for um casal são mais 872 euros por ano. Eu sei que as coisas também estão mais caras, mas depende do que comprarmos, porque a inflação está muito baixa.
Portanto, quem tiver inteligência financeira e essa possibilidade, pode aproveitar já esta futura folga para criar um fundo de emergência (no valor de 6 salários) para qualquer eventualidade e assim não ser apanhado desprevenido por um problema que surja. Experimente colocar esses 31 euros por pessoa todos os meses automaticamente no início do mês numa conta à parte em que só mexerá se precisar mesmo. Assim que puder, coloque essa verba a render mais juros do que um depósito a prazo normal. E vai começar a ver o seu dinheiro crescer em vez de diminuir.
Há fundos de investimento a partir de 20 euros por mês. Há várias plataformas de Crowdfunding (Raize, Housers, Bondora, Mintos, etc) de que já falei aqui no blogue. Pode comprar ações, fundos e ETF (um dia falo disto) em plataformas como a DeGiro e outras. Pesquise e leia muito. E faça muitas perguntas. Nunca use nestas ferramentas dinheiro de que vai precisar. Não têm capital garantido, pode perder algum dinheiro (eu já perdi e já ganhei). Mas acabemos de uma vez por todas com a ideia de que só os “ricos” é que podem ganhar dinheiro.
Eu comecei com 100 euros. Para perceber como funcionavam. No ano passado com 10% das minhas poupanças ganhei 20 vezes mais dinheiro do que com 90% num depósito a prazo. E continuo a aprender imenso. Se eu aprendi do zero, você também pode aprender, mesmo que ganhe o salário mínimo. O meu balanço é positivo. O seu poderá não ser. Só saberá se testar.
Experimente, se estiver nessa disposição. Não lhe estou a dizer para não “viver”, vai continuar apenas como está agora (se estiver razoavelmente bem) e vai começar a pensar em si, na sua família e no vosso futuro em vez de na última semana de cada mês. É assim que se começa.
Esta sugestão é a pensar sobretudo nas dezenas de mensagens que recebo do tipo “Isso é muito bonito, mas quem recebe o salário mínimo não consegue poupar…”. É sempre possível. As oportunidades (não apenas esta) estão disponíveis a todos, em escalas diferentes. Aproveita-as quem quer. Esta será mais uma.
E se não estou em erro, com esse valor, o salário mínimo nacional volta a estar equiparado ao salário base de entrada nas carreiras da função pública.
Boa tarde,
É tudo muito bonito. Mas os jovens que pretendam ser independentes em Portugal, não o conseguem. Bem sei que há apoios, mas ainda assim escassos.
Um jovem sozinho que pretenda a sua independência, é complicado. Basta ver o valor das rendas de casa, entre outros….!
Já agora, sem ter a ver com o assunto, mas, tendo a ver com o Estado Miserável, em que a maior parte dos Portugueses vivem. Relativamente a outro tema MUITO, Mas, mesmo muito importante: É o estado em que a Justiça neste País “à Beira-Mar plantado” se encontra…. não funciona, o ser HUMANO aguarda ANOS, por decisões das quais dependem as suas vidas, e em prol da mesma…… vivem miseravelmente….. isto a propósito dos processos de partilhas por divórcio, terem passado para a alçada dos notários, os mesmos pedem ABSURDOS de valores a pagar. Julgo um abuso, e um desrespeito por quem mais precisa.
Este País não respeita a CRP! Jamais….. a Segurança Social, leva MESES a fio sem dar resposta aos apoios judiciários. Enfim! Muito há para dizer….. mas, julgo que não vale a pena.
Recorremos a vários responsáveis, e nem respostas!!!
É triste, este MEU País!