Pagar 180 euros para pedir uma bengala que custa 40?
Há coisas que me surpreendem. Esta foi uma delas. Como sabem, nas últimas semanas as reportagens do Contas-poupança têm sido sobre direitos que as pessoas mais frágeis da nossa sociedade têm e que ou são desconhecidos ou não são fáceis de perceber.
A primeira das reportagens sobre estes temas (mais virão) foi sobre os apoios financiados a 100% pela Segurança Social a pessoas com pelo menos 60% de incapacidade. São centenas de apoios/ajudas técnicas (Cadeiras de rodas, bengalas, andarilhos, colchões, almofadas, tabuleiros, talheres adaptados, computadores, carros adaptados, etc) que podem ser pedidos por quem precisa e que após aprovação da Segurança Social são financiados a 100%.
Logo desde o início percebi que o grande problema é a demora na atribuição desse financiamento. Quando é aprovado já passou 1 ano ou mais e a pessoa já não precisa ou preciso de outro diferente porque a doença é degenerativa ou até (nos casos mais graves) já não é preciso de todo porque, enfim. Mas esta mensagem que recebi tirou-me do sério.
Pagar 180 euros para fazer o pedido?
Na entrevista que me deram na Segurança Social disseram-me que o procedimento mais rápido e eficaz é recorrer aos “Centros de prescrição” destes produtos. São normalmente Associações de doentes ou Centros de Reabilitação de doenças específicas. Tudo bem. Parece-me razoável. Quem mais percebe é quem decide.
Confesso que, enquanto jornalista e cidadão, nunca questionei os custos do pedido. Pensei que ou era de graça ou no máximo pagariam a chamada Taxa moderadora, como no Centro de Saúde.
Eis senão quando recebo a mensagem de um espectador que me diz que por exemplo numa das capitais de Distrito, uma Associação que é um Centro Prescritor (E QUE É A ÚNICA ENTIDADE NO DISTRITO QUE FAZ ESSA PRESCRIÇÃO NESSAS CONDIÇÕES) cobra 80 euros para abertura de processo (como os bancos e financeiras) e mais 80 pela consulta em que a pessoa (muitas vezes com graves condições financeiras) pretende fazer o pedido.
Tem aqui a foto que me mandaram.
Nesta fase não estou a referir a entidade de propósito porque não a contactei ainda. Pretendo primeiro saber se conhecem casos semelhantes e quero saber quanto pagaram para fazer o pedido de uma ajuda técnica e onde. Estou a preparar reportagem.
Já contactei o Ministério da Segurança Social que me confirmou a situação (por isso estou a escrever este artigo), conhecem o problema e já fizeram um levantamento. Chegaram à conclusão que as Associações cobram o que querem aos cidadãos desde os tais 80 euros (?????) a NADA.
Mas os cidadãos não são todos iguais?
Não há um protocolo que limita e obriga a que o acesso às ajudas seja igual em todo o país e para todas as doenças? Pelos vistos não.
Neste caso é ridículo que para pedir GRÁTIS um andarilho ou uma bengala, ou um apoio para o banho ou outra coisa qualquer que custe menos de 80 (ou 180 euros) eu tenha de pagar um valor superior ao que ele custa. A uma Associação que tem por objetivo ajudar as pessoas com incapacidade. Não é normal.
Portanto, serve este artigo de alerta para que perguntem primeiro quanto custa o pedido, que me informem da situação que encontraram para fazer reportagem e alertar o Ministério (outra vez) se for o caso e que RECLAMEM por escrito na Associação respectiva e por e-mail para a Segurança Social, INR (Instituto Nacional para a Reabilitação) e para a Provedoria de Justiça para que esta situação mude. Repito, não é normal.
Pagar 180 euros para pedir um apoio GRÁTIS da Segurança Social? Como?!
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Triste país este…
Força Pedro.
Eu em Janeiro de 2018 fiz o pedido á Segurança Social de Vila Real, uma cadeira de rodas. Tive de ir a Gaia a um centro de prescrição, consulta gratuita no (centro de prescrição do Norte), e em vila Real, existe este centro de prescrição, A.P.P.C. – ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PARALESIA CEREBRAL, mas tinha de pagar 160 euros para a consulta de uma Fisiatra. E ia lá uma empresa privada, para eu escolher 3 orçamentos de cadeiras. Depois da consulta em Gaia tive de entregar 3 orçamentos de 3 empresas de cadeiras rodas diferentes e apresentá-los na Segurança Social de Vila Real. Só foi deferido o meu pedido em Novembro de 2018, e creditado o valor da cadeira de rodas manual na minha conta, aí tive de enviar 50% desse valor para a empresa que foi escolhida, e passado 1 mês em Dezembro fui buscar então cadeira de rodas.
Olá. E os outros 50%? Não percebi…
Boa tarde Sr Pedro,
Cada vez mais eu passo a palavra a toda a gente para não deixar de ver o seu programa , é extraordinário .
Mas não é só nisto que cada entidade pede o que quer…e vou dizer lhe já.
O meu marido infelizmente doente teve de realizar uma colonoscopia e uma endoscopia com sedação , pois ele não consegue de outra maneira
Por incrível que pareça , os dois exames são feitos na mesma altura , sendo que a sedação da colonoscopia também serve para fazer a endoscopia , até aqui tudo bem .
A questão levanta-se quando estamos tentar marcar e nos pedem só pela sedação da endoscopia os valores mais díspares que possa imagina..
O SNS não comparticipa esta sedação, vai daí pedem desde € 40,00 até € 180,00 só pela sedação
Pergunto: Mas afinal cada um cobra o que bem lhe apetece ? Não deveria haver uma tabela para taxar esta sedação ? Ninguém faz estes exames por prazer , tão triste…….
Como disse a Sra. Alda e muito bem, “ninguém faz estes exames por prazer” é claro que não, eu próprio já os fiz e tive tudo menos prazer. Que eu saiba ninguém gosta de estar doente.. é realmente muito triste. Em 2013 fui operado a um cancro, que me tirou aquilo a que chamamos, qualidade de vida. Aos 35 anos a minha vida deixou de ter sentido, por consequência da cirurgia fiquei com sequelas na cervical e braço, no início fizeram vários exames e tratamentos, tudo para as dores;.. Já lá vão mais de 6 anos e o que sinto é que, apesar de todo este sofrimento ninguém quer saber. Hoje tive consulta e disse o mesmo de sempre, (a verdade) que o meu estado de saúde, as minhas dores não desaparecem,… e a resposta da médica é a mesma de sempre, “teve azar” blá blá blá
Para terminar este desabafo, eu fui visto por um neurocirurgião à cerca de 2 ou 3 anos atrás, na esperança de que me tirassem as dores, aguardei um ano e a resposta foi, só estamos à espera do aval da administração (HUC) tentei falar com o médico para saber se sabia como é que estavam as coisas, e não houve qualquer resposta, disse que não tinha ainda conhecimento de nada, o tempo sempre a passar, até que no final do ano passado, veio a resposta, ao fim de de dois anos de espera.. “Lamento mas não é possível fazer a cirurgia, não há dinheiro para isso…” Os meus sinceros parabéns pelo seu trabalho, Pedro Andersson
Olá Carlos. Lamento muito a sua situação. Posso sugerir mais uma queixa na Provedoria de Justiça? Vale o que vale…