Bancos defendem multibanco pago ou critério igual na zona euro

Escrito por Pedro Andersson

08.05.19

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6 min de leitura

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Multibanco – Ou é grátis para todos ou pagam todos

A banca continua a apertar o cerco às comissões bancárias. Como sabem, Portugal é uma espécie de “ilha” na Europa. O Multibanco cá é grátis e no resto da Europa não é.
Ora isso é uma grande preocupação para os bancos portugueses porque é dinheiro que não estão a ganhar. E por isso, sempre que podem fazem este apelo. Querem que paguemos comissões sempre que fazemos operações no Multibanco.
Estou a partilhar convosco esta informação não porque podemos fazer alguma coisa, mas para estarmos atentos enquanto consumidores para o que aí pode vir. Tenho algumas sugestões sobre o que podemos fazer no final do artigo. Mas desde já digo, pela minha parte, que com estas declarações os bancos tradicionais só me empurram cada vez mais para todas as outras alternativas como o N26 ou o Revolut ou os bancos Grátis como o CTT, ActivoBank, Best, BIG, BNI Europa, etc. Já abri contas nestes todos. Se começarem a cobrar o que quer que seja, fecho-as.

Fim do Multibanco grátis

Os presidentes dos bancos BCP, BPI, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e Novo Banco defenderam hoje, numa conferência em Cascais, que o multibanco deve ou ser pago ou ter critérios uniformes em toda a zona euro.
O presidente do BCP, Miguel Maya, defendeu durante o ‘CEO Banking Forum’, citado pela LUSA, que ou é gratuito para todos na Europa ou não é gratuito para ninguém.

“Estamos na união bancária ou em Portugal? Os concorrentes são os bancos da união bancária ou são os bancos portugueses? A minha opinião não é se deve ser pago ou não deve ser pago, deve ser que na união bancária haja as mesmas regras. Se for gratuito, deve ser gratuito em toda a zona euro. Se é pago, concretamente em que todos os serviços têm um custo suportado pelo cliente, então que seja uniforme na união bancária”.

Pelo BPI, Pablo Forero interrogou-se sobre as condições de concorrência face a outras instituições bancárias internacionais:

“Se alguém vem aqui fazer negócios sem investir em nenhuma caixa automática, por que têm de ser gratuitas?”.

Já Paulo Macedo, da CGD, disse que o entendimento do banco “é que se é uma questão de prestação de serviço, se o serviço tem valor, deve ser pago”, porque “não é justo achar que os trabalhadores do banco não devem ser remunerados pelo serviço que prestam”.
Por sua vez, António Ramalho, líder do Novo Banco, afirmou que “é muito difícil lá fora explicar que o Multibanco é um serviço subsidiado”, uma vez que normalmente cada banco tem a sua máquina automática.
António Ramalho considerou ainda que “20 euros” não são “caros” por um cartão “que faz um conjunto de funções notável”, referindo-se a anuidades.
Na terça-feira, durante a apresentação de resultados do Santander Totta, o presidente executivo do banco, Pedro Castro e Almeida, já tinha criticado por várias vezes a isenção de encargos para os clientes do sistema multibanco.

“Aqui em Portugal temos custos de contexto interessantes, não se paga taxas nas ATM (caixas multibanco automáticas) e isso tem custos para o banco, tal como o MB Way tem custos para o banco”.

As alternativas

Há cada vez mais alternativas. As chamadas Fintech estão a mudar o mundo financeiro e os bancos como os conhecemos têm os dias contados. Já invisto em ações sem passar pelos bancos, já empresto dinheiro a empresas portuguesas sem passar pelos bancos, todos os meus cartões de crédito são grátis (excepto o do crédito à habitação).
Já começo a pensar em amortizar o meu crédito à habitação o mais depressa possível só para me ver livre das comissões e seguros de vida e afins e destas (futuras) limitações dos bancos clássicos só para podermos mexer no nosso dinheiro.
Portanto, olhos abertos. Para já é ir fechando as contas em bancos que me cobram dinheiro por serviços acho que não deveria pagar. Claro que não me importo de pagar por serviços que os bancos me prestem. Mas então prestem-me serviços que me interessem e que sejam exclusivos. Mas cada vez mais sinto que não é o caso. Pagar só para ter lá o dinheiro, não obrigado.
(Sim, sei que isto é dramático para os funcionários dos bancos. Tenho plena consciência disso. Tal como tenho consciência que o meu trabalho como jornalista na televisão tem os dias contados também.
O que podemos fazer? Encontrar alternativas. É o que a SIC e as outras televisões estão a tentar fazer. Apostar na qualidade e em outras fontes de rendimento. É o que os bancos também têm de fazer. Imaginem que as TV’s como têm menos receitas de publicidade resolviam começar a cobrar assinaturas para as pessoas verem televisão. Acham que isso ia melhorar o negócio quando há alternativas grátis ou pagas mas que me dão o que eu quero em qualquer altura? Claro que não.
Os bancos em vez de carregarem nas comissões terão de pensar noutros caminhos que não afastem ainda mais os clientes. Mas é o que estão a fazer. Bom, é só uma breve reflexão minha enquanto consumidor. Admito outras opiniões.)

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20 Comentários

  1. jorge

    As cryptomoedas vão ser o futuro, como exemplo a mais conhecida o Bitcoin, a banca ao seguir este caminho, vai acelerar o volume das transações/compras em cryptomoedas.

    Responder
  2. oscar

    Pois, os srs dos bancos sempre a queixarem-se. Então, mesmo sem comissões no MB lucram milhões, que importância têm uns trocos. Além do mais, quando vão á falência quem é que os salva, quem é? E se cobrassemos também comissões por isso? Era justo. Só no NB já lá vão 2 mil milhões…

    Responder
  3. Horácio Rodrigues

    Acho uma piada quererem sempre comparar com a europa no que toca a pagar! E o resto? Impostos sobre os combustíveis…automóveis…portagens..salários…sabe-se lá que mais, porque não pagamos também o que a europa paga (que é bem menos).

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  4. Bruno Nunes

    Está presisamente a fazer quase dois anos, assim que me ligaram a informar que iam começar a cobrar mensalidade fechei a conta (tinha mais de 30 anos), pois não aceitei os produtos propostos para pagar menos. No meu caso, o CTT foi a alternativa e nem por isso estou mas servido.

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  5. Anonimo

    Mais outra acha para a fogueira. Infelizmente, eles falam assim por uma simples razão: devido à quantidade enorme de empréstimos que a banca anda a fazer, é lucro garantido, pois o cliente dificilmente consegue fugir às comissões pois é obrigado a ter conta aberta.
    Mas fica aqui a questão aos Sr presidentes dos bancos em questão: se permitem fazer operações gratuitas pelas aplicações do banco, porque razão querem cobrar pelas do multibanco? As da aplicação do banco não têm custos também? Não houve custos a desenvolver o software? Não existe também um serviço envolvido? Como não conseguem ir buscar noutro lado, lembraram-se agora do MBWay e dos multibancos.
    Da minha parte, só estão a perder com isso.

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  6. Manuel

    Dos cartões de crédito grátis que refere no artigo, pergunto qual o melhor visto que existem muitos e, aparentemente as condições são idênticas.

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  7. José Pires

    Muitos Parabéns pelo site, livro e assuntos pertinentes que são apresentados.
    Conheço muito bem a banca e, de tempos a tempos, voltam à carga com o intuito de inventar novas comissões…
    Só um apontamento:
    Sabem que a banca tira 5 Milhões de Euros todos os dias das contas dos clientes SÓ de comissões bancárias?
    Os 5 principais bancos em Portugal, de 2017 para 2018, aumentaram 75 Milhões de Euros SÓ em comissões!
    Proponho que verifiquem – só nas últimas duas décadas – quanto foi o aumento só em comissões bancárias.
    Pois bem, o multibanco foi uma das melhores soluções para todos mas especialmente para a Banca que consegue poupar milhões:
    Pessoal, energia, segurança, material informático, consumíveis, etc, etc… São milhões que poupam!
    Não podemos deixar seguir com essas ideias de nos extorquir ainda mais dinheiro com ainda mais comissões, agora no multibanco!
    Não comparem com o resto da Europa!
    Só conseguem ver para um lado… Então, e o resto?

    Responder
  8. Luís Reis

    Cada vez mais essas fintech’s irão ocupar um espaço relevante na nossa vida. Eu tenho Revolut, N26, invisto na Mintos e adiro sempre (nem que seja só em modo “experimental”) a todas as novidades tecnológicas que me podem fazer poupar ou ganhar dinheiro.
    Num futuro próximo (aponto para 10 a 15 anos) a banca, como a conhecemos hoje, será residual. Mesmo os bancos que “pensam” que podem segurar os clientes pelo crédito habitação já perceberam que os clientes já aprenderam a mudar de banco. Basicamente: ou repensam a sua estratégia ou serão extintos.

    Responder
  9. Jose Lapao

    Os bancos já ganham dinheiro, só por ter lá o meu dinheiro, depois estão os seguros, despesas de manutenção, ou comissões por transferências, comissões por levantar o dinheiro ao balcão, e agora também querem por levantar o dinheiro no multibanco? E já agora aqueles cartões onde se recebe o subsidio de refeição, também vão passar a pagar? É que já é tão pouco!!! O melhor é fechar a conta e pedir para receber em dinheiro, a única questão está que os outros operadores, tipo os de telecomunicações e outros fazem descontos se o pagamento for por debito directo, enfim esses gatunos deveriam era todos ir cavar batatas que davam mais rendimento, pois os bancos só dão lucro a alguns pois a maioria só prejuízo o BES/NOVO Banco já vai em 2 mil milhões como foi dito por alguém.

    Responder
  10. Nuno José Almeida

    O único “custo” que as ATM tê é serem muito mais baratas que um empregado.

    Responder
  11. Pedro Ribeiro

    Moral estão chorando por um monopólio, e já já o estado atende a esta outra exigência…

    Responder
  12. Vitor

    Os presidentes dos bancos falam muito é só o que lhes interessa.
    Na Europa os ATM servem para levantar dinheiro e alterar o pin. Pagamentos de serviços, pagamentos ao estado, compra de bilhetes ou carregamento de telemóvel.., nem sabem o que é!
    À afirmação de que no estrangeiro as operações em ATM são comissionadas é meia verdade.
    Se o cartão do banco A fizer operações no ATM do banco “A”, não existem comissões. Existem apenas se o cartão do banco “A” fizer operações no ATM do banco “B”.

    Responder
  13. Dan

    Começam com estas lágrimas de crocodilo a ver se alguém cai, governo, banco de Portugal, mas algum dia isso espero bem que não vai acontecer, já cobram por tudo e por nada prestam um mau serviço, tem serviço reduzido, não pagam juros pelo dinheiro que lá tem dos clientes, ainda dão cabo do dinheiro dos clientes, e só encher.
    Tenham vergonha banqueiros vigaristas

    Responder
  14. João Realista

    Nunca percebi e cada vez percebo menos, hoje foi notícia que o preço das comunicações desce na UE, mas em Portugal aumenta, ninguém contesta que deve igual para todos. Mas na banca o zé do povo tem de pagar para ter direito de acesso ao seu dinheiro.
    Não deve demorar muito que, o governo esteja a alterar a lei a favor dos banqueiros.

    Responder
  15. Luís Silva

    Os bancos acham injusto que o Multibanco não seja pago como serviço prestado.
    1.º Eu também acho injusto andar a alimentar parasitas;
    2.º Eu até não me importava de pagar esse serviço, se as caixas Multibanco descontassem para a segurança social – como descontavam os trabalhadores a quem elas roubaram trabalho.
    ### O Estado devia obrigar as máquinas que roubam o trabalho às pessoas a descontar para a segurança social. Assim havia mais emprego e as caixas de aposentações tinham dinheiro.

    Responder
  16. Luís

    Pedro,
    onde “compra/vende” as suas acções se não através de um banco? deGiro?

    Responder
  17. Paulo Sabrosa

    Parece-me que os “bancos” se esquecem, que o serviço que prestam e que reclamam dever ser pago, só existe porque os clientes lá colocam o dinheiro. Se os clientes levantarem o que lá têm, o banco fecha e não tem serviços para cobrar, nem CEO’s a quem pagar….

    Responder
  18. Acácio Lopes

    Caro Pedro Andersson,
    1º Um obrigado pelo seu trabalho inestimável!
    Embora sejam úteis, as associações de consumidores ainda não atingiram a utilidade que a sua iniciativa atingiu, apesar do que auferem.
    Tenho uma dúvida relacionada, porque razão os bancos cobram sempre o imposto de selo sobre comissões ao cliente, se são eles que recebem o benefício da comissão ?
    Porque que é que a legislação o permite?
    Ou seja um banco cobra um preço por um serviço e o cliente é que paga imposto sobre o mesmo! o imposto deveria ser devido pelo beneficiário da transacção !

    Responder

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