O gás de botija vai ficar mais barato para milhares de famílias

Escrito por Pedro Andersson

29.08.18

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5 min de leitura

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Foi publicada hoje a tarifa solidária no gás de botija, mas…

Se tem gás canalizado isto não lhe interessa. Mas pode interessar para os seus pais, avós ou tios que vivem em locais onde não há gás natural canalizado. Interessa, por exemplo, à minha mãe. Mas não muito, como vai ler nos últimos parágrafos deste artigo.

Se vive numa grande cidade pode achar que isto é coisa do antigamente. Engana-se. Em Portugal, 75% da população ainda compra botijas de gás para cozinhar e aquecer água. Os preços das botijas são muito caros, sem grandes explicações contabilísticas.

O Governo acaba de aprovar (foi publicado hoje) o projeto-piloto de aplicação da tarifa solidária de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) a aplicar a “clientes finais economicamente vulneráveis”.

Pagar metade?

Cada botija pode vir a custar cerca de metade para famílias com fracos rendimentos. O desconto vai variar conforme o distrito do país. Vão ser escolhidos (ainda não se sabe quais são) 10 municípios durante um ano para ver como vai funcionar. Assim que estiver tudo OK, alarga-se a todo o país.

Quem tem direito ao desconto

São elegíveis para beneficiar da tarifa solidária as pessoas singulares que são abrangidas pelo complemento solidário para idosos, rendimento social de inserção, subsídio social de desemprego, abono de família, pensão social de invalidez e também as pessoas cujo agregado tenha um rendimento anual igual ou inferior a 5.808 euros, acrescido de 50% por cada elemento (até ao máximo de dez) e que não receba qualquer outro rendimento.

Da mesma forma, vão ser considerados beneficiários os que usufruem da tarifa social de energia elétrica, devendo, para isso, a Direção geral da Energia e Geologia (DGEG) fornecer aos municípios requerentes a identificação dos beneficiários elegíveis.

Cada beneficiário terá direito a duas garrafas por mês a preço solidário, à exceção dos agregados constituídos por mais de quatro elementos, em que o número de botijas com a tarifa em causa sobe para três.

Os operadores do mercado titulares de marca própria vão ter de manifestar interesse em participar no programa.

Como vai funcionar

Pelo que percebi do que estive a ler na lei, a Câmara Municipal vai receber as botijas enviadas pelas marcas aderentes e é a Câmara Municipal que vai vender as botijas a preços “solidários” aos munícipes que preenchem os requisitos. Está no protocolo que terão de reservar um espaço com segurança para a venda destas botijas. O cliente vai ter de levar o documento que prova que preenche um dos requisitos mencionados (creio que basta uma vez?), como por exemplo os abonos ou o IRS. Pode haver aqui vantagem em entregar todos os anos o IRS mesmo que não tenha rendimentos. Fica a dica.

Ora, só aqui já estou a ver várias dificuldades. A minha mãe que mora a 15 km da Covilhã vai à Covilhã buscar a botija como? Para ir de táxi gasta mais de táxi do que o que vai poupar na botija… Para ir de autocarro, quem é que lhe carrega a botija? Humm… Estou cheio de dúvidas. Estou curioso para fazer esta reportagem. As marcas não vão ser obrigadas a dispensar botijas para este efeito? E se nenhuma quiser aderir a este projeto?

Quando ouvi a notícia, pensava que o cliente ia a qualquer revendedor e pagava só o valor da tarifa solidária de gás em qualquer zona do país. Não, é só num local indicado pela câmara. E quem vive nas aldeias, faz como? Estão a ver o que se aprende (jornalisticamente ou como cidadãos) quando vamos ler as leis para tentar perceber o que foi aprovado afinal?

Os números do governo dizem que face aos valores médios das botijas de gás butano por distrito as poupanças mensais por botija vão variar entre os 3,73 € em Viana do Castelo e os 16,10 € em Setúbal (o distrito com as botijas mais caras do país, vá-se lá perceber porquê). Já pedi esclarecimentos ao Ministério da Economia. Quando souber mais sobre isto digo.

É que, pode não parecer, mas isto é mesmo importante. O gás de garrafa está com preços absurdos e ninguém explica porquê. Parece um mercado à parte do qual ninguém fala porque são sobretudo idosos (e não só) que já estão habituados a pagar o que lhes dizem e porque precisam ter gás no fogão seja a que preço for.

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4 Comentários

  1. Ricardo

    Vivo na cidade no entanto uso botija, pura a simplesmente porque diminui-me a factura em 50%.. antes pagava gás canalizado à Digal que rondava os 50 euros mensais, achei estranho tais consumos e testes após testes a empresa dizia que o problema dos gastos eram meus e dos equipamentos. (Como é obvio…nunca é deles…). Comprei uma botija pelo cansaço e falta de competência da empresa e ví a poupança logo no primeiro mês. Já se passaram alguns anos e continuo com esta opção. Fica a dica para quem quiser poupar se achar algo de irregular com as suas facturas.

    Responder
  2. Nelson Branquinho

    De facto vamos ver como funciona esta situação pois a mim interessa-me por causa dos meus pais. É muito bonito dizer “vamos criar uma tarifa solidária” mas se depois as pessoas têm que se deslocar muitos Km só para ir buscar a garrafa mais barata ao invés de andar 1 ou 2 km que é da loja mais próxima… lá se vai a poupança…
    Isto é o que se costuma fazer, “as regras de funcionamento é assim” e muitas vezes nem sabem como é que realmente no terreno as coisas funcionam/são.

    Sr. Pedro eu acompanho-o já há muito tempo e graças a si estou alertado de muitas coisas. Tenho pena de não conseguir ajudar. Continue o seu grandioso trabalho. É muito muito muito útil e pertinente!

    Responder
  3. Manuel Peñascoso

    É urgente que os gases de petróleo liquefeitos designados por GPL, botijas e propano canalizado, deixem de ser vendidos a “balde” e passem a ser facturados como energia tal como é facturado o gás natural cujo caudal medido em metros cúbicos é corrigido pelo factor da energia contida em relação à energia de referência.
    Na realidade o butano e o propano comercias são misturas de gases cujos poderes caloríficos variam e muito consoante as caldeiradas que são feitas com os gases que são recebidos e os armazenados (misturas).
    Passando estes gases a serem vendidos como energia não só os consumidores estarão mais protegidos como poderão comparar os preços entre os do gás natural e da energia eléctrica.
    A venda do gás propano canalizado deve ser processada como a do gás natural.
    As botijas devem conter um selo que indicará o lote do gás, o peso do combustível e a energia total contida sendo o preço final obtido pela multiplicação da energia pelo respectivo custo unitário.
    No sítio da DGEG – Direção-Geral de Energia e Geologia devem serem publicitados os lotes dos GPL com a composição e as respectivas características físicas as quais devem ser auditadas por entidades credenciadas pela DGEG.

    Responder
  4. Patrícia Santos

    Sr Anderson onde me posso dirigir para ver se tenho direito a esta tarifa solidária de gás?

    Responder

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