Não se deixe enganar
Vários meses depois da reportagem sobre os conta-quilómetros martelados (tem o link para a reportagem no fim do artigo) continuam a chegar-me relatos de pessoas que por causa dessa reportagem conseguiram evitar (muito) más compras.
Um colega meu aqui na SIC está à procura de um carro híbrido na Alemanha. São muito mais baratos e não há grande escolha no mercado de usados cá. Ia comprar este Prius por cerca de 13 mil euros. Era de 2014. Tinha apenas 46 mil quilómetros. Portanto, parecia uma escolha perfeita.
Mas ele lembrou-se da minha reportagem sobre conferir os quilómetros através das inspeções passadas e comprou o relatório da AutoDNA (por cerca de 10 euros). Veja neste artigo se deve comprar este documento ou não e em que circunstâncias para não estar a desperdiçar dinheiro.
As fotografias no site alemão mostram um carro bonito e impecável. Mas será que os quilómetros seriam reais?
O que disse o relatório do AutoDNA
Em primeiro lugar, o registo do relatório dizia que sim, que a inspeção ou registo realizado(a) em 1/12/2016 apontava para os 45 mil km. Portanto tudo apontava para um carro com a quilometragem verdadeira. Estava bem encaminhado. Mas numa outra linha tinha uma ocorrência não mencionada na “publicidade” ao carro. Há uma pesquisa que o AutoDNA faz que se chama “Damage history”, ou seja, histórico de danos. E aí é que estava a novidade.
Afinal era uma perda total
O carro vendido na Alemanha veio dos Estados Unidos e teve um acidente em 2016 em Nashville. Uma colisão frontal. E não é que tinha as fotos do perito dos seguros e tudo?
O relatório diz que foi vendido para a Alemanha por 13 euros. Sim, leu bem: 13 euros. Uma perda total. Na Alemanha, ou ainda nos Estados Unidos, foi totalmente reparado e agora estava a ser vendido como “semi-novo” num stand na Alemanha e iria ser comprado para andar em Portugal e mais tarde seria vendido cá.
Tinha tão poucos quilómetros pela simples razão de que esteve meses parado a ser arranjado, em viagem para a Europa e depois à espera de comprador. Tudo lógico.
É só para verem como as coisas são e a importância de sermos consumidores informados e sabermos onde devemos procurar a informação que precisamos. Com 10 euros, o meu colega evitou uma compra que podia trazer-lhe muitos problemas.
Pode rever AQUI a reportagem sobre como pode descobrir se o seu carro foi “martelado”.
Portanto, antes de comprar um carro não se esqueça de pedir a Certidão do IMT em Portugal ou usar os dois sites mencionados na reportagem se souber ou suspeitar que o carro que lhe interessa veio do estrangeiro.
Se é um excelente negócio, provavelmente tem “gato”. Confirme sempre.
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Nos Estados Unidos os carros que disparam o airbag vão automaticamente para perda total (abate ou venda para outros países).
A batida pode ter sido só chapa (não afetando o motor), mas ao disparar o airbag é logo perda total.
Sempre a aprender
Nos Prius é até bastante simples controlar os kms reais, todos os anos fazem a revisão na marca para prolongar a garantia das baterias por mais um ano. Esse registo é cedido por qualquer concessionário Toyota.
Isso de ser “perda total” tem muito que se lhe diga…
Hoje em dia se as reparações excedem os 7 ou 8 mil € as seguradoras preferem declarar perda total e muitas vezes o carro só precisa reparar chapas, pára choques e airbags.
Esse prius bem inspecionado vai-se ver e até é capaz de ser mesmo um bom negócio. Mas não podendo confirmar eu também não arriscava.
Excelente artigo a alertar para cuidados a ter e estratégias para andar bem informado mas neste caso concreto:
– O carro NÃO está a ser anunciado em lado nenhum como semi-novo ao contrário do que sugere este artigo.
– Quem costuma ver carros no mobile.de sabe que quase todos apresentam a negrito na primeira linha da descrição: “accident free”. Este prius não tem lá o “accident free”. Pode ser uma diferença subtil mas faz toda a diferença e até se pode escolher no filtro de pesquisa se queremos ver só carros “accident free” ou todos. Portanto não vale a pena sugerir que o anúncio seja enganador. Temos é de estar atentos.
Obrigado. Não conhecia o detalhe do acident free. É um pormenor importante.
Concordo plenamente com este comentário. Quem conhece o site mobile.de sabe que se não houver a referência ao “accident free”, o carro tem ou teve qualquer problema.
Contudo, também se dever referir que o site mobile.de permite que o vendedor informe se o carro é reparado, aparecendo a referência “repaired damage”, o que não se verificou neste caso. E assim, podemos concluir que o vendedor poderia ter sido mais honesto.
Acabei por não entender este leigo artigo.
Desde quando um carro não pode ser reparado e depois vendido?
Acontece todos os dias.
Se calhar é de facto melhor as pessoas mentalizarem-se que carros usados teem que ser nacionais, e com livro de revisões.
Pode. Mas saber do acidente permite-lhe optar por não comprar ou renegociar o preço.
Que artigo de treta.
Carros acidentados desta forma e bem arranjados por cá é o que não falta e comem-nos todos, porque cá não há cá bases de dados de nada.
Sendo bem reparado não deixa de ser bom negócio. Pelomenos não aldrabaram kms como se faz todos os dias por cá.
Este artigo na realidade só serve para elucidar que comprar carro usado fora de Portugal é mais seguro, visto existirem mais formas de controlo de historial dos veículos.
Olá. Se elucidou isso já não é mau de todo… 🙂
Comecem a vender as sucatas todas porque o mercado de um momento para o outro vai ser inundado por carros elétricos nem dão por ela ficam com as sucatas e sem dinheiro.
Os senhores não percebem nada de carros sinistrados, um toque destes é trocar material e fica novo!! Em pirtugal as pessoas têm a mania que carro acidentado não presta, e um carro novo a sair do stand? Quando na linha de montagem ou transporte ha um problema, tambem vai para o lixo?? Abraço.
Obrigado Luís. Tem razão. Não percebo nada de carros acidentados. Mas percebi que posso saber se um carro bateu mesmo que queiram esconder o facto. E isso para mim faz toda a diferença.
Exato! Gato por lebre, ou pagar velho por ” novo”, só se eu não puder evitar.
Eu presenciei ao longo da minha vida de trabalho em Importador e em concessionarios, carros NOVOS a caírem de camiões de transporte, outros rasgados nas laterais, frentes que eram “arrancadas e ficavam completamente torcidas”, etc etc e nunca vi que algum desses veículos fosse enviado para sucata ou abatido, muito menos vendido para outros paises.
Sempre foram reparados e vendidos no estado de NOVO e eles andam aí nas n/ estradas sem quelquer “REGISTO” de incidente e acidente.
Eu já vi soldar barras de direção em carros batidos .Ficaram muito lindos , foram vendidos pelo stand e o motor não tinha nada.
Sempre a aprender.